segunda-feira, 30 de novembro de 2009

MATÉRIA PUBLICADA NA FOLHA DE S. PAULO

LULA TERIA TENTADO ABUSAR SEXUALMENTE
DE UM GAROTO QUANDO ESTEVE PRESO

César Benjamin - Folha de S.Paulo

A PRISÃO na Polícia do Exército da Vila Militar, em setembro de 1971, era especialmente ruim: eu ficava nu em uma cela tão pequena que só conseguia me recostar no chão de ladrilhos usando a diagonal. A cela era nua também, sem nada, a menos de um buraco no chão que os militares chamavam de "boi"; a única água disponível era a da descarga do "boi". Permanecia em pé durante as noites, em inúteis tentativas de espantar o frio. Comia com as mãos. Tinha 17 anos de idade. Um dia a equipe de plantão abriu a porta de bom humor. Conduziram-me por dois corredores e colocaram-me em uma cela maior onde estavam três criminosos comuns, Caveirinha, Português e Nelson, incentivados ali mesmo a me usar como bem entendessem. Os três, porém, foram gentis e solidários comigo. Ofereceram-me logo um lençol, com o qual me cobri, passando a usá-lo nos dias seguintes como uma toga troncha de senador romano. Oriundos de São Paulo, Caveirinha e Português disseram-me que "estavam pedidos" pelo delegado Sérgio Fleury, que provavelmente iria matá-los. Nelson, um mulato escuro, passava o tempo cantando Beatles, fingindo que sabia inglês e pedindo nossa opinião sobre suas caprichadas interpretações. Repetia uma idéia, pensando alto: "O Brasil não dá mais. Aqui só tem gente esperta. Quando sair dessa, vou para o Senegal. Vou ser rei do Senegal". Voltei para a solitária alguns dias depois. Ainda não sabia que começava então um longo período que me levou ao limite. Vegetei em silêncio, sem contato humano, vendo só quatro paredes -"sobrevivendo a mim mesmo como um fósforo frio", para lembrar Fernando Pessoa- durante três anos e meio, em diferentes quartéis, sem saber o que acontecia fora das celas. Até que, num fim de tarde, abriram a porta e colocaram-me em um camburão. Eu estava sendo transferido para fora da Vila Militar. A caçamba do carro era dividida ao meio por uma chapa de ferro, de modo que duas pessoas podiam ser conduzidas sem que conseguissem se ver. A vedação, porém, não era completa. Por uma fresta de alguns centímetros, no canto inferior à minha direita, apareceram dedos que, pelo tato, percebi serem femininos. Fiquei muito perturbado (preso vive de coisas pequenas). Há anos eu não via, muito menos tocava, uma mulher. Fui desembarcado em um dos presídios do complexo penitenciário de Bangu, para presos comuns, e colocado na galeria F, "de alta periculosia", como se dizia por lá. Havia 30 a 40 homens, sem superlotação, e três eram travestis, a Monique, a Neguinha e a Eva. Revivi o pesadelo de sofrer uma curra, mas, mais uma vez, nada ocorreu. Era Carnaval, e a direção do presídio, excepcionalmente, permitira a entrada de uma televisão para que os detentos pudessem assistir ao desfile. Estavam todos ocupados, torcendo por suas escolas. Pude então, nessa noite, ter uma longa conversa com as lideranças do novo lugar: Sapo Lee, Sabichão, Neguinho Dois, Formigão, Ari dos Macacos (ou Ari Navalhada, por causa de uma imensa cicatriz que trazia no rosto) e Chinês. Quando o dia amanheceu éramos quase amigos, o que não
impediu que, durante algum tempo, eu fosse submetido à tradicional série de "provas de fogo", situações armadas para testar a firmeza de cada novato. Quando fui rebatizado, estava aceito. Passei a ser o Devagar. Aos poucos, aprendi a "língua de congo", o dialeto que os presos usam entre si para não serem entendidos pelos estranhos ao grupo. Com a entrada de um novo diretor, mais liberal, consegui reativar as salas de aula do presídio para turmas de primeiro e de segundo grau. Além de dezenas de presos, de todas as galerias, guardas penitenciários e até o chefe de segurança se inscreveram para tentar um diploma do supletivo. Era o que eu faria, também: clandestino desde os 14 anos, preso desde os 17, já estava com 22 e não tinha o segundo grau. Tornei-me o professor de todas as matérias, mas faria as provas junto com eles. Passei assim a maior parte dos quase dois anos que fiquei em Bangu. Nos intervalos das aulas, traduzia livros para mim mesmo, para aprender línguas, e escrevia petições para advogados dos presos ou cartas de amor que eles enviavam para namoradas reais, supostas ou apenas desejadas, algumas das quais presas no Talavera Bruce, ali ao lado. Quanto mais melosas, melhor. Como não havia sido levado a julgamento, por causa da menoridade na época da prisão, não cumpria nenhuma pena específica. Por isso era mantido nesse confinamento semiclandestino, segregado dos demais presos políticos. Ignorava quanto tempo ainda permaneceria nessa situação. Lembro-me com emoção -toda essa trajetória me emociona, a ponto de eu nunca tê-la compartilhado- do dia em que circulou a notícia de que eu seria transferido. Recebi dezenas de catataus, de todas as galerias, trazidos pelos próprios guardas. Catatau, em língua de congo, é uma espécie de bilhete de apresentação em que o signatário afiança a seus conhecidos que o portador é "sujeito-homem" e deve ser ajudado nos outros presídios por onde passar. Alguns presos propuseram-se a organizar uma rebelião, temendo que a transferência fosse parte de um plano contra a minha vida. A essa altura, já haviam compreendido há muito quem eu era e o que era uma ditadura. Eu os tranquilizei: na Frei Caneca, para onde iria, estavam os meus antigos companheiros de militância, que reencontraria tantos anos depois. Descumprindo o regulamento, os guardas permitiram que eu entrasse em todas as galerias para me despedir afetuosamente de alunos e amigos. O Devagar ia embora.
São Paulo, 1994. Eu estava na casa que servia para a produção dos programas de televisão da campanha de Lula. Com o Plano Real, Fernando Henrique passara à frente, dificultando e confundindo a nossa campanha. Nesse contexto, deixei trabalho e família no Rio e me instalei na produtora de TV, dormindo em um sofá, para tentar ajudar. Lá pelas tantas, recebi um presente de grego: um grupo de apoiadores trouxe dos Estados Unidos um renomado marqueteiro, cujo nome esqueci. Lula gravava os programas, mais ou menos, duas vezes por semana, de modo que convivi com o americano durante alguns dias sem que ele houvesse ainda visto o candidato. Dizia-me da importância do primeiro encontro, em que tentaria formatar a psicologia de Lula, saber o que lhe passava na alma, quem era ele, conhecer suas opiniões sobre o Brasil e o momento da campanha, para então propor uma estratégia. Para mim, nada disso fazia sentido, mas eu não queria tratá-lo mal. O primeiro encontro foi no refeitório, durante um almoço. Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci.
Lula puxou conversa: "Você esteve preso, não é Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns anos...", desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: "Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta". Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de "menino do MEP", em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do "menino", que frustrara a investida com cotoveladas e socos. Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o "menino do MEP" nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram. O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu.
Dias depois de ter retornado para a solitária, ainda na PE da Vila Militar, alguém empurrou por baixo da porta um exemplar do jornal "O Dia". A matéria da primeira página, com direito a manchete principal, anunciava que Caveirinha e Português haviam sido localizados no bairro do Rio Comprido por uma equipe do delegado Fleury e mortos depois de intensa perseguição e tiroteio. Consumara-se o assassinato que eles haviam antevisto. Nelson, que amava os Beatles, não conseguiu ser o rei do Senegal: transferido para o presídio de Água Santa, liderou uma greve de fome contra os espancamentos de presos e perseverou nela até morrer de inanição, cerca de 60 dias depois. Seu pai, guarda penitenciário, servia naquela unidade. Neguinho Dois também morreu na prisão. Sapo Lee foi transferido para a Ilha Grande; perdi sua pista quando o presídio de lá foi desativado. Chinês foi solto e conseguiu ser contratado por uma empreiteira que o enviaria para trabalhar em uma obra na Arábia, mas a empresa mudou os planos e o mandou para o Alasca. Na última vez que falei com ele, há mais de 20 anos, estava animado com a perspectiva do embarque: "Arábia ou Alasca, Devagar, é tudo as mesmas Alemanhas!" Ele quis ir embora para escapar do destino de seu melhor amigo, o Sabichão, que também havia sido solto, novamente preso e dessa vez assassinado. Não sei o que aconteceu com o Formigão e o Ari Navalhada. A todos, autênticos filhos do Brasil, tão castigados, presto homenagem, estejam onde estiverem, mortos ou vivos, pela maneira como trataram um jovem branco de classe média, na casa dos 20 anos, que lhes esteve ao alcance das mãos. Eu nunca soube quem é o "menino do MEP". Suponho que esteja vivo, pois a organização era formada por gente com o meu perfil. Nossa sobrevida, em geral, é bem maior do que a dos pobres e pretos.
O homem que me disse que o atacou é hoje presidente da República. É conciliador e, dizem, faz um bom governo. Ganhou projeção internacional. Afastei-me dele depois daquela conversa na produtora de televisão, mas desejo-lhe sorte, pelo bem do nosso país. Espero que tenha melhorado com o passar dos anos. Mesmo assim, não pretendo assistir a "O Filho do Brasil", que exala o mau cheiro das mistificações. Li nos jornais que o filme mostra cenas dos 30 dias em que Lula esteve detido e lembrei das passagens que registrei neste texto, que está além da política. Não pretende acusar, rotular ou julgar, mas refletir sobre a complexidade da condição humana, justamente o que um filme assim, a serviço do culto à personalidade, tenta esconder.
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*CÉSAR BENJAMIN,
55, militou no movimento estudantil secundarista em 1968 e passou para a clandestinidade depois da decretação do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro desse ano, juntando-se à resistência armada ao regime militar. Foi preso em meados de 1971, com 17 anos, e expulso do país no final de 1976. Retornou em 1978. Ajudou a fundar o PT, do qual se desfiliou em 1995. Em 2006 foi candidato a vice-presidente na chapa liderada pela senadora Heloísa Helena, do PSOL, do qual também se desfiliou. Trabalhou na Fundação Getulio Vargas, na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na Prefeitura do Rio de Janeiro e na Editora Nova Fronteira. É editor da Editora Contraponto e colunista da Folha.
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domingo, 29 de novembro de 2009

MAPA DO BRASIL VISTO PELO PAULISTANO

VOCÊ SABE QUE ALGUÉM É PAULISTANO QUANDO...

Na fala:
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a) chama o semáforo de 'farol';

b) diz 'bolacha' em vez de biscoito;

c) diz 'cara' em vez de menino;

d) diz 'mina' em vez de menina;

e) diz 'bexiga' em vez de balão;

f) diz 'sorvete', tanto para picolé como para sorvete de massa;

g) acha que não tem sotaque nenhum;

h) ri do sotaque de todo mundo (gaúcho, nordestino, carioca, mineiro, etc...);

i) vê uma pessoa mal vestida e chama de 'baiano';

j) é extremamente possessivo, pois emprega a palavra 'MEU' em praticamente todas as frases.

No clima:
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a) fala sobre o tempo para puxar assunto;

b) enfrenta sol, chuva, frio, calor, tudo no mesmo dia e acha legal...

c) sai todo agasalhado de manhã, tira quase tudo a tarde e põe tudo de volta à noite;

d) tem mania de levar o carro para polir no sábado ou no domingo. O carro fica brilhando, só que toda vez que vai sair com ele para passear... CHOVE.
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Na praia:
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a) fala que vai para praia sem especificar qual;

b) fica a temporada no Guarujá, Maresias ou Ubatuba, mesmo que chova mais do que faça sol;

c) chama Ubatuba de 'Ubachuva';

d) fala mal da Praia Grande, mas toda virada de ano fica sem dinheiro e acaba indo para lá.

Nas esquisitices:
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a) faz fila para tudo (elevador, banheiro, ônibus, mercado, banco, casquinha do MC'DONALDS, etc.);

b) repara nas pessoas como se fossem de outro planeta;

c) cumprimenta os vizinhos apenas com 'oi' e 'tchau';

d) espera a semana inteira pelo final de semana e quando ele chega, acaba não fazendo 'nada';

e) convida: 'Passa lá em casa', mas nunca dá o endereço;

f) chama o povo do interior de São Paulo de 'caipira'.
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Domingo é dia de descontração e de muita alegria, faça chuva ou sol. Dia de boa leitura, papo com amigos no "buteco" perto de casa, caipirinha, macarronada da mama, uma bela sesta depois do almoço e curtir a penultima rodada do Brasileirão com jogos eletrizantes, que tanto podem apontar o São Paulo como campeão antecipado, como também mudar o rumo desse campeonato, com Inter, Palmeiras ou Flamengo surgindo na ponta. Um bom final de semana a todos!
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PS: enviei na última sexta-feira para a Drª Marcia Costa Ribeiro Conrado, escolhida pelos jurados deste blog, o livro da escritora Isabel Allende, "Inés da minha alma". Ela nos enviou, quinta-feira, um e-mail constando seu endereço, na Capital Paulista, para onde o livro foi encaminhado, via sedex.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ABORTO, UM ATO INCONSEQUENTE
.No dia 26 de fevereiro de 2008, estava eu comodamente sentado em minha poltrona predileta assistindo o jornal da TV Bandeirante, quando foi apresentada uma reportagem que me deixou muito triste, abordando um assunto que ainda me surpreende apesar de minha avançada idade e consequente experiência. Sei que nos encontramos ainda na infância de nosso aprendizado, daí o sofrimento e a ignorância que impera em nosso Planeta de Expiação e Provas, mas não podemos deixar de nos esforçarmos para levar conhecimento para aqueles que menos sabem.
O aborto tem sido o assunto constante em pauta nos meios de comunicação existentes. Os pontos de vista dos que são a favor e dos que são contra são mostrados a todos. Naturalmente há os que tentam ignorar o que se passa a seu redor e por conveniência praticam o aborto sem medir o que lhe poderá acontecer no futuro. Na reportagem aludida, foi mostrado o comércio ilegal de remédios químicos e naturais proibidos por lei. O endereço de médicos e os preços cobrados por esse procedimento. O local, uma feira em Salvador na Bahia, mostra vendedores de ervas, agenciadores ou intermediários desse comércio nefando. Digo nefando para nós, que sabemos das consequências para quem o pratica. Para essas pessoas que ignoram ou fingem ignorar a imoralidade dessa ação, apesar de se declararem religiosas, apenas o imediatismo. Pobres irmãos!
A ciência não chega a um acordo quanto ao início da vida no feto. A religião (católica) diz que é na hora da concepção. Outras mais liberais divergem quanto ao assunto, mas não vamos aqui tecer pormenores a esse problema no que diz respeito ao ponto de vista religioso e muito menos médico, mas sim no campo da moralidade. Para isso, vamos abrir uma exceção e nos ater ao Espiritismo, codificado por Allan Kardec a partir de 1857 com a publicação do Livro dos Espíritos. A questão 372 do Livro dos Espíritos é esclarecedora: “a opinião de que os cretinos e os idiotas teriam uma alma de natureza inferior, tem fundamento? – Não. Eles têm uma alma humana, frequentemente mais inteligente do que pensais, e que sofre com a insuficiência dos meios de que dispõe para se comunicar, como o mudo sofre por não poder falar. As perguntas e respostas seguintes esclarecerão o leitor meticulosamente sobre o assunto.
Como meus irmãos podem notar, estou rodeando o tema para chegar ao cerne desse problema grave que a humanidade ainda não consegue assimilar tendo em vista o excesso de materialismo em que vivemos. No aborto em que a mãe sofreu estupro, por exemplo, a pergunta é a seguinte: a criança deve nascer? A lei dos homens diz que não há crime nesses casos e autoriza a prática. Pergunto novamente: o ser que foi gerado é culpado do crime? Respondo: é evidente que não!
Emmanuel em psicografia de Francisco Cândido Xavier no livro VIDA E SEXO, capítulo 17, edição FEB, trás um esclarecimento bem elucidativo: “admitimos seja suficiente breve meditação em torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando vastos departamentos de hospitais e prisões”.
Em outra manifestação de Emmanuel, inserida no livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS, edição FEB/1988, página 17 Aborto Delituoso, “Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião. Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais... Furtos espetaculares que inspiram vastas medidas de vigilância... Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos criam guerra de nervos em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinquência... (...) Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da natureza...
Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes que possam sorrir para a benção da luz. Homens da Terra, e, sobretudo vós, corações maternos chamados à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho! Fugi do satânico propósito de sufocar os rebentos do próprio seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência, assonantes no lar em vosso próprio socorro, e, se não há legislação humana que vos assinale a torpitude do infanticídio nos recintos familiares ou na sombra da noite, os olhos divinos de Nosso Pai vos contemplam do Céu, chamando-vos, em silêncio, as provas de reajuste, a fim de que se vos expurgue da consciência a falta indesculpável que perpetrastes”.
A literatura espírita tem abordado incansavelmente o assunto “aborto”. Romances que tem com fundo esse tema são publicados para que as pessoas através do entretenimento possam assimilar as consequências que advirão em sucessivas reencarnações.
Os meios de comunicação abordam quase que diariamente o assunto no aspecto moral e médico, mas, infelizmente, as pessoas parecem não querer acordar para uma realidade palpável no dia-a-dia. Nosso sofrimento físico e interior e o que nos rodeia seria suficiente para perguntarmos: “Meu Deus, o que foi que eu Fiz”? Mas, fazendo como o avestruz que esconde a cabeça em um buraco e deixa o restante do corpo para fora para não ver o seu inimigo, o ser humano visando seu bem estar finge ignorar o sofrimento culpando a “má sorte” pelas suas desditas.
O Espiritismo é concorde com a religião católica no que diz respeito ao momento em que alma se une ao corpo. A resposta da questão número 344 do Livro dos Espíritos diz: “a união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz; o grito que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus”.
Mas nos sabemos que antes da concepção existe todo um planejamento para reencarnação do Espírito. Um desvio de conduta, um mau uso do livre-arbítrio certamente ocasionará o retardo da oportunidade que um espírito terá para se reajustar e avançar na sua evolução. Mas isso é assunto para outro artigo...
“E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais. (João, 8: 10 e 11.).
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*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, escrevendo crônicas, contos, artigos e matérias especiais. Contato com o jornalista pelo e-mail: jgarcelan@uol.com.br
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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

LULA – O FILHO DO BRASIL: VOCÊ
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IRIA AO CINEMA VER ESSE FILME?

Lula, o Filho do Brasil, cinebiografia sobre o petista, será lançado em 1º de janeiro de 2010 com uma estratégia de distribuição que tem como objetivo torná-lo um dos maiores lançamentos do cinema nacional, desde a retomada da produção cinematográfica do País, em 1995. Para isso, a produção recorrerá a tradicionais bases de sustentação política de Lula, como sindicatos, e a regiões onde ele tem alta popularidade, como no Nordeste. Um universo de 10 milhões de pessoas sindicalizadas poderá comprar ingressos a preços populares para assistir ao filme, que pretende chegar aos rincões do País em 2010. Ainda surfando no anúncio dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e nos sinais de retomada do crescimento econômico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara-se para colecionar mais dividendos políticos, dessa vez nas telas do cinema e em pleno ano eleitoral, quando todos os esforços estarão voltados para eleger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua sucessora. .

O QUE NINGUÉM COMENTA
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Numa noite de junho de 2005, Zé Dirceu, então chefe da Casa Civil do governo petista, considerado pelo procurador-geral da República como o chefe da "Quadrilha Organizada" operante no Planalto, reuniu-se em ambiente domiciliar, no Rio de Janeiro, com representantes da "classe artística", entre eles o lobista Luiz Carlos Barreto, o aríete-mor do cinema caboclo.
A tropa de choque do cinema, como sempre à cata de privilégios e regulamentações coercitivas, queria, com urgência, maior volume de verbas públicas para tocar a cornucópia da fortuna. O clima era de tensa expectativa. Depois da choradeira de praxe, o chefe da Casa Civil - logo depois varrido do cargo por força das denúncias do deputado Roberto Jefferson - arregaçou as mangas e encarou friamente a platéia ansiosa. Só então, dedo em riste, foi incisivo na sua convocação para fazer do cinema um ativo instrumento da propaganda oficial. Disse ele: "organizem-se e cheguem a nós".
O ex-guerrilheiro (sem guerrilha) não precisava chegar a tanto, afinal todos ali presentes não tinham outra intenção senão servir ao governo Lula, mas Barreto, cobra criada nos pântanos pouco ortodoxos de "O Cruzeiro" do "Dr. Assis", captou a mensagem. E logo após o interregno de alguns filmes sem o menor apelo, "matou no peito" a produção cinematográfica que ele, rápido no gatilho, transformou num "negócio de ouro": "Lula - o filho do Brasil", melodrama adaptado da "biografia autorizada" de Denise Paraná (assessora política de Lula na campanha contra Collor, em 1989), publicada pela Fundação Perseu Abramo, organismo criado pelo PT para dar suporte ideológico (marxista) aos "companheiros de luta" e lavar a cabeça dos "inocentes úteis" em âmbito universitário - está implícito, também com apoio das generosas verbas públicas.
Como por milagre, aos 80 anos, o lobista Barreto tinha em mãos, para abrir os cofres bilionários da Ambev, Odebrechet, Embraer e das grandes empresas nacionais, todas dependentes da boa e má vontade de Lula, a chave-mágica da "comovente história de um menino miserável do Nordeste que chegou à presidência da República" (depois de passar, já se vê, pela escola matreira do sindicalismo vermelho).
A primeira tarefa de Luiz Carlos Barreto ao levantar o esquema foi anunciar o orçamento daquele que se diz ser o "mais caro filme brasileiro de todos os tempos". Numa conta de chegar sempre elástica - sobretudo quando se trata de levar à tela a vida de presidente de um "Estado forte", em pleno gozo das funções -, de início a produção de Barreto foi orçada em R$ 12 milhões, em seguida revista para R$ 16 milhões, e logo depois elevada para R$ 17 milhões e R$ 18 milhões - sendo muito provável que "Lula, o filho do Brasil", quando do seu lançamento no ano eleitoral de 2010, ultrapasse a casa dos 30 milhões de reais, pois, como o lobista gosta de afirmar, é um "sujeito que pensa grande". De fato, com o dinheiro que já arrastou dos cofres públicos para fazer cinema, desde os tempos da Embrafilme dos militares, desconfio que o lobista, se quisesse, poderia construir não sei quantos palácios da Alvorada, embora tenha "pipocado" na hora de comprar o espólio da estatal do cinema.
Pois bem: é neste clima de diluição moral e de completa mistificação ideológica, no qual o cidadão indefeso precisa ser logrado a todo custo, que vai ser lançado em 2010, ano das eleições presidenciais, "Lula - o filho do Brasil", o "negócio de ouro" de Barreto, uma indisfarçável peça de propaganda a serviço do culto à personalidade.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PESCARIAS NAS CABECEIRAS DO RIO GARÇA

Na década de 70 frequentei algumas vezes as cabeceiras do Rio Garça, localizadas na região de Tesouro, Mato Grosso. Essa corrente é um afluente do Araguaia e desemboca na localidade de Barra do Garças, hoje uma cidade de crescimento e progresso rápido. O município de Tesouro está localizado na região sul de Mato Grosso á 365 km de Cuiabá, capital do Estado, 150 km de Rondonópolis, 40 km de Guiratinga e a 143 km pela rodovia BR 070, que passa em Primavera do Leste. Se bem que quem sai de São Paulo não precisa, necessariamente, passar por aquela capital do Brasil Central. Lugar mágico, de grande potencial hídrico, banhado pelo rio Garças, Tesouro é repleto de cachoeiras, rios e córregos e bom para pescas, banhos refrescantes ou para a apreciação, pura e simples, de suas belas paisagens. Na época, apenas uma pequena pensão abrigava os pescadores que ali iam ter. Hoje, segundo informações, há hotéis e pousadas esperando turistas de todas as partes devido às belezas naturais. Região de gado e garimpo, principalmente diamantes, há até momentos históricos preservados como foi o caso da Coluna Prestes que por ali passou e deixou na lembrança dos habitantes e seus descendentes, interessantes histórias. Falarei sobre minhas pescarias no passado, pois não tenho informações sobre o que acontece hoje ali.
Impressionante a quantidade de pintados (cacharas), barbados e outros peixes de couro que se fisgava. Entretanto, os maiores exemplares não passavam de doze quilos. Mas é justamente por essa razão e devido ainda a situação do rio nessa localidade, correndo entre montanhas e com muitas corredeiras, que a pesca esportiva era muito emocionante. Os pesqueiros eram procurados ao fim de cada corredeira, onde havia poços profundos. Muitas vezes era necessário entrar na água para se fazer bons lances. O material leve, carretilha ou molinete médio e linha de diâmetro 0,50 mm, proporcionava ao pescador momentos de gostosa tensão emocional. Certa ocasião fisguei um pintado de bom tamanho. O material usado era uma carretilha Mar e a linha de diâmetro 0,40 mm. A luta com o peixe já durava uns 10 minutos quando, lentamente, consegui trazê-lo para a margem. Cansado de dar e recolher linha firmei o caniço para encalhar o peixe na praia. Desesperado, o peixe num último esforço conseguiu romper a linha. Se tivesse munido de um bicheiro ou um puçá, o peixe não teria escapado.
Naquela época e naquele lugar, a isca mais apropriada para a pescaria do pintado era o muçum. Com um tolete era possível se pescar cinco ou seis pintados, uma vez que sendo esta bastante dura, quando mordida violentamente pelo peixe escapa do anzol e sobe pela linha, ou seja, escorrega do anzol deslizando linha acima. Essa era uma das preferidas não só do pintado como de outros peixes de couro. O barbado, chamado de barba-chata na região do Rio Garça, atacava vorazmente a isca constituída de muçum.
O muçum podia ser encontrado na região em pequenas lagoas e riachos, mas eram de tamanho bem pequeno, ao contrário dos que eram levados de São Paulo, mais precisamente comprados dos criadores do ABC.
Cortados em toletes de oito centímetros, o muçum sangra abundantemente, atraindo de imediato os peixes de couro, entres eles o cobiçado pintado. Dois muçuns de tamanho médio davam para pescar o dia inteiro.
O tipo de pescaria ideal naquela região do Garça era e, acredito até hoje, a de barranco, nas proximidades dos poços existentes no fim das corredeiras, mas, o uso de barco com motor de rabeta curta trazia conforto e podia-se percorrer vários poços num só dia e assim efetuar pescarias mais producentes, além de diversificar o aprisionamento de espécies.
Em uma de minhas pescarias, realizada em um mês de outubro, uma linha 0,90 mm rompeu-se facilmente na junção com o encaste. O peixe era um barbado de mais ou menos dez quilos. Isso ficou patente, quando, duas horas depois da fuga do peixe, consegui fisgá-lo novamente. O anzol e o encaste com o pedaço de linha e até a isca estavam fincados na goela do dito cujo. Os companheiros ficaram abismados não acreditando no que viam. Mas o fato de se fisgar o mesmo peixe duas vezes não é raro, principalmente quando a espécie é de couro.
As corredeiras são inúmeras e proporcionavam ao pescador a esportividade esperada quando tinha peixe na linha. Os pintados, uma vez fisgados procuravam as fortes correntes, obrigando o pescador a um esforço maior. Os pescadores que pescavam com linha de mão (ou linha-larga), acompanhavam o peixe rio abaixo ou acima, dando e recolhendo linha para cansar o bicho. O cuidado era maior, pois quando o pintado de aproximava da margem costumava correr novamente tentando se libertar do anzol. Nessa corrida, a linha queima os dedos do pescador, daí, a necessidade de usar luvas ou mesmo uma dedeira para proteger o dedo indicador, evitando-se assim queimaduras e cortes profundos.
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*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, escrevendo crônicas, contos, artigos e matérias especiais. Contato com o jornalista pelo e-mail: jgarcelan@uol.com.br

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domingo, 22 de novembro de 2009

DOMINGO É DIA DE CAIPIRINHA E FUTEBOL

Hoje é domingo, dia de descanso. Uma boa caipirinha, a macarronada da mama e cair na rede para uma bela soneca. Mais tarde curtir essa final eletrizante do Campeonato Brasileiro, cuja rodada começou ontem, com o "Coringão" entregando o jogo para ajudar o Náutico a se livrar do rebaixamento. Assim será na próxima semana, quando o time do Ronaldo Gordo deverá entregar o jogo de bandeja para o Flamengo, tentando evitar o quarto título seguido do São Paulo, o sétimo de sua história. Muito dificil, o São Paulo depende apenas dele e dos menudos, apesar da derrota contra o Botafogo por 3 x 2. O Flamengo "pipocou" no Maracanã lotado e empatou com o Goiás em 0 x 0. O São Paulo continua líder sózinho, mesmo roubado hoje, com 62 pontos, faltando duas rodadas. O Palmeiras é isso que estão vendo nessa ilustração. Faltou gasolina, apesar da rápida abastecida que deram neste domingo em seu fusquinha...
Bom domingo!

sábado, 21 de novembro de 2009

CELSO PITTA É SEPULTADO NO MORUMBI

O corpo do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta foi enterrado às 17h15 deste sábado no cemitério Getsêmani, no Morumbi, zona sul da cidade. O sepultamento ocorreu sob chuva, com a presença dos filhos de Pitta, Vitor e Roberta, e do investidor Naji Nahas. Celso Pitta morreu às 23h50 de sexta-feira, aos 63 anos, em decorrência de um câncer disseminado no intestino, que vinha sendo tratado desde janeiro deste ano. Pitta estava internado no hospital desde o último dia 3.
Pitta foi prefeito de São Paulo de 1997 a 2000, teve a gestão marcada por uma série de denúncias e chegou a ser afastado do cargo por 18 dias. Era afilhado político de Paulo Maluf (PP) e tentou duas vezes ser deputado federal pelo PTB, sem sucesso.
Conheça a vida do ex-prefeito:
O primeiro emprego de Pitta foi como contínuo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vindo de uma família classe média do Rio de Janeiro, Pitta é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em economia pela Universidade de Leeds, na Inglaterra, com curso de Administração Avançada em Harvard, nos Estados Unidos. Trabalhou por muitos anos como executivo de várias empresas. Uma delas, a Eucatex, da família Maluf. Em março de 1987, Pitta foi convidado por Roberto Maluf, irmão do ex-prefeito Paulo Maluf, para ser diretor financeiro da Eucatex. Pitta trabalhou por dez anos na empresa. Em 1996, Paulo Maluf lançou seu secretário de finanças como candidato a prefeito de São Paulo e lançou a célebre frase: “Se Celso Pitta não for um bom prefeito, não votem mais em mim”, repetiu Maluf na televisão, lendo o script do publicitário Duda Mendonça.
Prefeito de São Paulo entre 1997 e 2000, após ter ocupado o cargo de secretário de Finanças na gestão anterior (de Paulo Maluf), assumiu a prefeitura suspeito de uma série de irregularidades, inclusive de desvio de recursos públicos. Sua situação piorou quando, em março de 2000, sua ex-mulher, Nicéa Pitta, o acusou de corrupção na administração da cidade e compra de vereadores. Na ocasião, foi apontado como um dos participantes do "escândalo dos precatórios". O relatório final da CPI que investigou o caso estimou em quase U$ 240 milhões o rombo nos cofres de oito governos estaduais e prefeituras.
As acusações de Nicéa fizeram com que Celso Pitta perdesse o mandato por 18 dias, mas um recurso lhe devolvera o cargo. Ao fim da gestão, era réu em 13 ações civis públicas. Segundo as denúncias, o valor dos desvios, somados, alcançou R$ 3,8 bilhões, o equivalente a quase metade do orçamento do município na época. Na sua gestão, a dívida paulistana passou de R$ 8,6 bilhões para R$ 18,1 bilhões.
Tentou, sem sucesso, se eleger deputado federal por duas vezes, em 2002 e 2006. Lançou um livro, "Política e Preconceito - A História e a Luta do Prefeito que Enfrentou os Poderosos", em que se dizia vítima de esquemas políticos. Com ele, perdeu uma ação na Justiça e teve que pagar indenização com os direitos autorais do livro ao vereador José Eduardo Martins Cardozo (PT) .
Em 2003, quando foi instalada a CPI do Banestado, para apurar evasão de divisas do Brasil, seu nome apareceu e Pitta acabou indiciado, no fim de 2004, com outras 91 pessoas por remessa ilegal de dinheiro ao exterior. Antes disso, em maio de 2004, o ex-prefeito depôs no Senado munido de liminar que lhe dava o direito de ficar calado. Quando o senador do PSDB Antero Paes de Barros lhe questionou como reagiria se fosse perguntado se é corrupto, Pitta lhe indagou o que responderia se lhe perguntassem se ainda bate em sua mulher. O ex-prefeito recebeu voz de prisão por desacato a autoridade, ficou duas horas detido na Polícia Federal em Brasília e foi liberado.
Em 2006, o Ministério Público do Estado de São Paulo pediu, por meio de ação cível por má administração pública, a devolução de R$ 11,8 milhões aos cofres da prefeitura paulistana. Em 2008, a Justica Federal o considerou culpado pelo "escândalo dos precatórios" e lhe imputou uma pena de quatro anos de prisão.

O ex-prefeito de São Paulo Maluf enviou, na manhã deste sábado, um telegrama à família de Celso Pitta, no qual lamenta sua morte. Segundo a assessoria de Maluf, ele não deve comparecer ao velório nem ao enterro. "Nossos pêsames pelo falecimento de Celso Pitta, lamentamos", diz a mensagem. Maluf está hospedado em um spa no interior do Estado de São Paulo.
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VIÚVA DIZ QUE PITTA FOI INJUSTIÇADO

Muito emocionada, a viúva do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, Rony Golabek, afirmou que o político foi um injustiçado e que pretende provar isso. "Ele foi o Judas da política e eu ainda vou provar isso", disse chorando. Ela afirmou que o marido era uma pessoa realmente boa e foi uma vítima das circunstâncias na vida pública. "Na política, você tem que ter um escudo, e ele não tinha esse escudo", disse. Questionada se Pitta sofria com as supostas perseguições, Rony disse: "eu é que sofria com as injustiças contra ele. Ele nunca reclamou de nada".
Amiga de Celso Pitta desde 1997, a dermatologista Ligia Kogos disse no velório do ex-prefeito, na Assembléia Legislativa de São Paulo, que ele "sabia ter caído em uma armadilha política da qual dificilmente conseguiria sair". Apesar disso, Pitta se ressentia pelo abandono dos antigos parceiros políticos. "Ele não esperava tal abandono. Isso o abalou muito", afirmou.

CONFIRA AQUI QUEM GANHOU O LIVRO

A Drª Marcia Costa Ribeiro Conrado foi escolhida pelos jurados deste blog para receber o livro da escritora Isabel Allende, "Inés da minha alma". Pedimos que a Drª Marcia entre em contato conosco o mais urgente possível para fornecer seu endereço e receber seu brinde através do e-mail: edwardsouza@terra.com.br
Caso a premiada pelo blog não entre em contato no prazo de uma semana, esse livro voltará a ser sorteado entre os participantes dessa resenha postada pela jornalista Nivia Andres.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ISABEL ALLENDE: "INÉS DA MINHA ALMA"




Através dos tempos, a literatura nos tem fornecido, em milhares de títulos, heróis e heroínas de notável grandeza. De construção ficcional ou copiados da realidade, com os inevitáveis ajustes para tornar as obras mais interessantes ao leitor, certo é que nos defrontamos, seguidamente, com personagens fascinantes, que nos apaixonam por sua coragem, inteligência, força, dignidade e beleza, seja física ou da alma. É o caso de Inés Suárez, protagonista de Inés de Minha Alma, livro gerado da inesgotável verve criadora de Isabel Allende, que hoje recomendo a vocês.
Com o realismo mágico de A Casa dos Espíritos e a sensualidade de Filha da Fortuna e Retrato em Sépia, Isabel Allende apresenta-nos Inés Suarez, uma mulher cheia de força e paixão que conquistou o Chile no século XVI e promete, agora, conquistar o coração dos leitores.
“Suponho que colocarão estátuas minhas nas praças, e existirão ruas e cidades com o meu nome, tal como de Pedro de Valdivia e outros conquistadores, mas centenas de esforçadas mulheres que fundaram as aldeias, enquanto os seus homens lutavam, serão esquecidas”, revela Inés, a certa altura, pensando no desprendimento das tantas mulheres anônimas que ajudaram na conquista e construção do Chile.
Inés Suárez é uma jovem e humilde costureira espanhola, oriunda da Extremadura que embarca em direção ao Novo Mundo para procurar o marido, extraviado com os seus sonhos de glória do outro lado do Atlântico. Anseia também por viver uma vida de aventuras, vedada às mulheres na pacata sociedade do século XVI.
Na América, Inés não encontra o marido, mas sim uma grande paixão: Pedro de Valdivia, mestre-de-campo de Francisco Pizarro, ao lado de quem Inés enfrenta os riscos e as incertezas da conquista e fundação do reino do Chile. Neste romance épico, a força do amor concede uma trégua à rudeza, à violência e à crueldade de um momento histórico inesquecível. Através da mão de Isabel Allende, confirma-se que a realidade pode ser tão ou mais surpreendente que a melhor ficção, e igualmente cativante. O romance de Isabel Allende conta a história de uma heroína chilena esquecida, Inés Suárez, uma das poucas mulheres a participar da conquista do país, no século XVI. Allende narra a epopéia em primeira pessoa, como autobiografia que Inés escreve, à beira da morte, para sua filha adotiva. O resultado é um painel fascinante, de aventura e paixão, dos primeiros anos da presença espanhola na América.
Inés é uma mulher do campo, rude e com pouca instrução, mas inteligente, observadora e habilidosa – na cozinha, na costura e na cama. Ela se casa com um galanteador fanfarrão, que parece um personagem de Jorge Amado. O marido a engana repetidamente e acaba por partir para a América, mas não sem antes ensiná-la a ser uma grande amante. Anos mais tarde, ela se cansa da falta de notícias e embarca para o Novo Mundo. Menos por amor e mais pelo descontentamento com o tédio e as poucas perspectivas de sua vida.
Na América, Inés passa rapidamente pelo que hoje são Venezuela, Colômbia e Panamá, e acaba na Cidade dos Reis – a Lima do conquistador Francisco Pizarro, uma sociedade de imensas riquezas, mas também de corrupção e violência extrema, exemplarmente retratada no livro. Mas é lá que ela conhece Pedro de Valdivia, militar veterano das guerras do Imperador Carlos V em Flandres e na Itália. Os dois se apaixonam e Inés se lança ao grande sonho de Pedro: a conquista do Chile, que no passado fora o limite austral do império Inca.Isabel Allende é estupenda contadora de histórias e recria de modo bastante verossímil os detalhes do alvorecer da dominação colonial espanhola – a violência, o luxo desmedido, a ânsia de poder, os choques e trocas entre as culturas européias e os povos indígenas. As batalhas são descritas com exatidão de arrepiar, seja o célebre saque de Roma, sejam as campanhas dos conquistadores espanhóis contra os mapuche chilenos. Índios devotados à guerra que não se dobraram nem diante dos Incas, e logo aprendem as táticas da guerra moderna européia e passam a utilizá-las contra os invasores, com eficácia arrasadora.
Inés é uma mulher ativa e vibrante, senhora do próprio destino, protagonista do nascimento de uma nova colônia, a quem entregou o seu coração e a sua alma, a sua alegria e a sua dor. Isabel Allende usou toda a sua capacidade investigadora para resgatar a trajetória dessa mulher de fibra e trazê-la até a nós, para que possamos conhecê-la e aprender um pouco mais sobre a história da conquista da América espanhola. Ao livro, pois, amigos! Vão gostar!
Sobre a autora: Isabel Allende nasceu em Lima, no Peru, em 1942, tendo no entanto a nacionalidade chilena. Trabalhou infatigavelmente como jornalista e escritora desde os 17 anos. Publicou o seu primeiro romance, o sucesso mundial A Casa dos Espíritos, em 1982, já no exílio, depois do golpe militar de Augusto Pinochet, contra o tio da autora, Salvador Allende. Os seus livros estão traduzidos em mais de 30 idiomas e constituem um caso ímpar de sucesso. Muitos deles já foram adaptados ao cinema, teatro, ópera e ballet, conferindo-lhe uma brilhante trajetória literária que com os anos não deixou de aumentar o seu prestígio. Todas as suas obras, A Casa dos Espíritos, Eva Luna, Contos de Eva Luna, De Amor e de Sombra, O Plano Infinito, Paula, Afrodite, Filha da Fortuna, Retrato a Sépia, A Cidade dos Deuses Selvagens, O Reino do Dragão de Ouro, O Bosque dos Pigmeus, O Meu País Inventado, A Soma dos Dias e Zorro, Começa a Lenda, estão publicadas no Brasil, com excelente resposta do público leitor. Atualmente reside nos Estados Unidos, onde casou com um americano, e onde vivem também os seus filhos e netos.
E não esqueçam, o melhor comentário acerca do desejo de ler o livro vai receber "Inés de Minha Alma" de presente do Blog de Edward de Souza!
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Nivia Andres, jornalista, graduada em Comunicação Social e Letras pela UFSM, especialista em Educação Política. Atuou, por muitos anos, na gestão de empresa familiar, na área de comércio. De 1993 a 1996 foi chefe de gabinete do Prefeito de Santiago, Rio Grande do Sul. Especificamente, na área de comunicação, como Assessora de Comunicação na Prefeitura Municipal, na Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACIS), no Centro Empresarial de Santiago (CES) e na Felice Automóveis. Na área de jornalismo impresso atuou no jornal Folha Regional (2001-06) e, mais recentemente, na Folha de Santiago, até março de 2008.
Blog: http://niviaandres.blogspot.com/
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terça-feira, 17 de novembro de 2009

GEISY ARRUDA HOJE NA TELINHA DA GLOBO

Com o vestido vermelho que a tornou uma legítima celebridade, Geisy Arruda gravou uma participação no Casseta & Planeta, Urgente! da Globo. Na gravação, Geisy apresenta a "Uniburka", uma universidade onde todas as alunas usam burka. "Foi uma experiência única. Adorei! Sempre fui fã dos cassetas. É um humor muito inteligente", comentou. As cenas com a estudante de Turismo vão ao ar nesta terça-feira, após a novela Viver a Vida.
Geisy ficou conhecida após ser hostilizada na universidade Uniban de São Bernardo do Campo, em São Paulo, por usar este mesmo vestido vermelho - considerado curto demais pelos outros estudantes. Com os xingamentos, os alunos obrigaram a estudante a se retirar da faculdade sob escolta da polícia.
Geisy Arruda poderá se tornar mais célebre ainda ao ganhar as páginas de uma revista masculina. Edson Aran, diretor de redação da Playboy, disse que "para sair na revista a mulher precisa ser gostosa e ter notoriedade". Já a assessoria da concorrente, a Sexy, ressaltou que apesar de ainda não ter pensado em um ensaio especial feito com Geisy, a publicação tem grande interesse em qualquer mulher que tenha exposição, seja bonita e tenha o perfil da publicação.
E tem mais. A escola de samba Porto da Pedra vai convidar a estudante de turismo da Uniban Geisy Villa Nova Arruda, para desfilar na escola no próximo carnaval. O convite, segundo o presidente da agremiação, é um ato contra o preconceito e de valorização da jovem, que não cometeu nenhum erro e se tornou alvo de uma grande polêmica.
"Nosso enredo é sobre a moda e queremos mostrar com esse convite que as pessoas podem até não gostar das roupas que os outros usam, mas jamais podem fazer o que fizeram. A Geisy será tratada com todo o carinho e respeito que merece", afirmou o presidente.

domingo, 15 de novembro de 2009

ESTAMOS PERDENDO AS NOSSAS RAÍZES

Nossa memória e as datas importantes estão ficando esquecidas. Antigamente, na escola, a gente comemorava e era obrigado a saber todo tipo de data, hoje isso não acontece mais. Poucos, aos se levantar na manhã deste domingo, irão se lembrar que hoje é o Dia da Proclamação da República.
Muitos brasileiros nem sabem o que é república, quanto mais comemorar a sua proclamação. Vai ter gente perguntando nesse domingão, na hora da caipirinha e antes da macarronada, quem é essa tal de República. Isso reflete o desconhecimento sobre o calendário cívico brasileiro. Cada vez mais pessoas assumem ignorar datas como a Proclamação da República, e o Dia da Bandeira, no próximo dia 19.
Da mesma maneira são esquecidas a Proclamação da Independência, em 7 de setembro, e a Abolição da Escravatura, em 13 de maio. A falta de informação nas escolas e a escassez de comemorações oficiais são apontadas como as principais razões do desprezo pelos símbolos e eventos históricos nacionais.
As pessoas têm acesso aos hinos na escola, mas o brasileiro é um povo sem memória, não conserva alguns valores. Muitos se esquecem até mesmo do Hino Nacional, que não é totalmente lembrado nas suas execuções. Prova disso pode ser vista nas partidas de futebol, quando as pessoas se enrolam para cantá-lo.
Eu me lembro da época em que as escolas da cidade onde nasci eram convocadas para desfilar dia 15 de Novembro. Ficávamos o ano todo preparando o desfile. Cada escola levava uma quantidade imensa de alunos divididos em diversos setores. Nos desfiles de 15 de Novembro tínhamos até coreografias. Era bem organizado e os juízes davam notas para cada ala. Parecia um desfile de carnaval, só que muito bem organizado e ensaiado. Tudo isso regado a super banda da escola. Parávamos a cidade para ver qual escola tinha a banda mais organizada e que tocava melhor. Um espetáculo. O desfile era fechado com a banda da Polícia Militar que obviamente era muito melhor do que as bandas de qualquer escola. Sentia-me um verdadeiro servidor da pátria. Dava orgulho cantar e tocar os hinos nacionais, hino da república e hino da bandeira. Hoje sinto saudade. Saudade do tempo que a gente, além de marchar, estudava Organização Social e Política do Brasil, aprendendo os conceitos básicos de cidadania e democracia. Tempo em que a bandeira do Brasil tremulava nos mastros das escolas e não servia de saída de banho, como agora usam em estampa de cangas e biquínis. Hoje sobra desrespeito e falta patriotismo.
Os tempos mudaram. O progresso caminha rasgando até a alma. Já não se vê ninguém mais, com poucas exceções, que fale da imagem da pátria de boca cheia, ou que cante saudosos, os belos hinos impregnados de patriotismo, apregoando civismo. E assim, cada vez mais o brasileiro se sente inferior, sem perspectiva de futuro, de melhoria de vida, de oportunidades. Isso o leva a desvalorizar símbolos nacionais, a ter horror a política, a perder a esperança. Precisamos aprender isso definitivamente. Não existe uma grande nação sem um grande povo.
Hoje, nem em Brasília tem desfile de Proclamação da República. Acho que nem o presidente lembrou-se da data. República que às vezes acho que ainda não foi proclamada, devido a tanta dependência que temos. Mas sinto meu orgulho a flor da pele quando ouço o som de uma banda tocando um hino. Saudades dos tempos que nunca voltarão. Infelizmente, temos memória curta e esquecemos coisas simples que faziam a vida do povo um pouco melhor, nem que fosse por um único dia.
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A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
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O dia 15 de novembro de 1889 marca o fim do Brasil Imperial e o início como República Federativa. A proclamação foi feita no Rio de Janeiro pelo marechal Deodoro da Fonseca, que participou da repressão à Praieira, do cerco a Montevidéu e de uma dezena de batalhas na Guerra do Paraguai. Nascido em Alagoas, em 1827, Deodoro assumiu a chefia do governo provisório, na qualidade de comandante do movimento armado.
A primeira Constituição da República foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891 e estabeleceu no país o regime presidencialista. O voto devia ser direto e universal para homens alfabetizados maiores de 21 anos (mulheres e analfabetos não votavam). Entretanto, o primeiro presidente foi escolhido de forma indireta. Depois de promulgar a Constituição, a Assembléia Constituinte convocou eleições para o dia seguinte e elegeu o Marechal Deodoro da Fonseca o primeiro presidente do Brasil. Ele estava com 62 anos.

sábado, 14 de novembro de 2009

O BRASILEIRO COITADO É QUE LEVA A FAMA

Com um histórico de inovação, criatividade e exploração, Bristol é uma cidade que tem sempre algo interessante a cada esquina. Nomeada como a " Cidade da Ciência", é famosa por seus inspirados engenheiros e pela primeira turma de ciências técnicas da universidade. Localizada no sudoeste da Inglaterra, Bristol é o centro de energia e cultura graças ao cenário musical vibrante, da vanguarda, excelentes restaurantes e museus de primeiro mundo. Com suas duas prestigiadas universidades, Bristol possui uma próspera população internacional de estudantes. É considerada a capital de todo o Sudoeste da Inglaterra. Tem numerosos museus, teatros e festivais famosos, como o dos balões aerostáticos. Tem ainda um zoológico que agora ganhou fama mundial, por causa da criatividade de um homem.
Ao lado desse Jardim Zoológico, existe um parque de estacionamento para 150 carros e 8 ônibus. Por 25 anos, a cobrança do estacionamento era efetuada por um muito simpático atendente. As taxas eram o correspondente a US$ 1.40 para carros e US$ 7.00 para ônibus.
Um dia, após 25 sólidos anos de nenhuma falta ao trabalho, o atendente simplesmente não apareceu. A administração do Zôo, então, ligou para a Prefeitura e solicitou que enviassem outro atendente. A Prefeitura fez uma pequena pesquisa e respondeu que o estacionamento do Zôo era da responsabilidade do próprio Zôo e não dela.
A administração do Zôo respondeu que o atendente era um empregado da Prefeitura. A Prefeitura, por sua vez, respondeu que o atendente do estacionamento jamais esteve na sua folha de pagamento. Enquanto isso, descansando em sua bela residência em algum lugar da costa da Espanha (do Brasil ou algo parecido), existe um homem que, aparentemente, instalou a máquina de cobrança por sua conta e então, simplesmente começou a aparecer, todo dia, coletando e guardando as taxas de estacionamento, estimadas em US$ 560 por dia... Durante 25 anos!
Presumindo que ele trabalhava os 7 dias da semana, arrecadou algo em torno de US$ 7 milhões de dólares. E ninguém sabe nem mesmo seu nome! Depois dizem que brasileiro é que é 171, mas, convenhamos, que brilhante idéia...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

CONVERSAR COM DEUS É UMA NECESSIDADE

"Digo-vos: as preces não chegam a Deus senão quando passam pela porta do coração". A frase é de nosso querido codificador Allan Kardec. Não me recordo no momento onde está inserida, mas é um bom exercício para os espíritas pesquisarem e constarem o que aí estou afirmando.
Quando criança aprendi com minha mãe a orar. Mas minha genitora, como espírita que é, não ensinou orações mecânicas, isto é, frases ditas como se fossem poemas que deveriam ser repetidos todos os dias, principalmente ao deitar. Na minha infância (e isso já faz muito tempo), não havia uma pedagogia infantil espírita e muito menos livros da doutrina destinados as crianças. Por isso, meu pai colocou-me em uma escola de ensino básico paroquial, no interior de uma igreja e ali tive uma educação religiosa, além de aprender a ler e escrever. Criei gosto pela leitura e acabei virando um “rato de biblioteca”, como se diz popularmente. Mas a frequência aos Centros Espíritas, principalmente a Federação Espírita Paulista era constante, pois minha mãe como médium cumpria sua tarefa e eu, pequerrucho, a acompanhava, tirando longas sonecas enquanto se desenvolviam os trabalhos.
Como seria bom se todas as crianças tivessem uma educação religiosa nos dias de hoje, não importa a crença, desde que seja direcionada para o bem.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XXVIII – Coletânea de Preces Espíritas em seu Preâmbulo – item 1 diz: Os Espíritos sempre disseram: “A forma não é nada, o pensamento é tudo. Orai, cada um, segundo as vossas convicções e o modo que mais vos toca; um bom pensamento vale mais que numerosas palavras estranhas ao coração.”
“Os Espíritos não prescrevem nenhuma fórmula absoluta de preces; quando as dão é para fixar as idéias e, sobretudo, para chamar a atenção sobre certos princípios da Doutrina Espírita. É também com o objetivo de ajudar as pessoas que têm dificuldades para expressar suas idéias, porque existem as que não crêem ter realmente orado, se seus pensamentos não foram formulados.” (IDE -1984- Tradução Salvador Gentile).
Lembro-me ainda que naquela época, início da década de 40, os espíritas, mesmo os mais esclarecidos, ainda se apegavam ao sincretismo (resultado de séculos e séculos de uma religião predominante). Havia os que ainda mesmo frequentando assiduamente as searas espíritas não conseguiam se desraigar de certos costumes religiosos a que haviam professado. Lembro-me de meu pai, sempre quando necessitava orar para falar com Deus, dizia: “vou ao meu quarto tranco as portas e me confesso diretamente ao Pai.” Isso é apenas um comentário sobre aqueles tempos. Felizmente e rapidamente as coisas mudaram. As pessoas estão começando a compreender e entender como falar com Deus.
Existem doutrinas orientais que ensinam como se concentrar, ou se desligar do mundo que o cerca para meditar e em seguida orar e isso nada tem a ver com misticismo. São técnicas psicológicas (se bem que eles não entendem assim). Nós espíritas podemos, a exemplo de nossos irmãos orientais, fazer o mesmo, em qualquer lugar, sem nos atermos a um local qualquer. Muitos Centros Espíritas se localizam em locais movimentados e barulhentos, no entanto, os médiuns conseguem, desligando-se totalmente do burburinho e de seus problemas pessoais, concentrar-se e cumprir com seus deveres.
Cada um tem uma maneira muito pessoal de se desligar e se concentrar para uma oração ou realizar seu trabalho na Seara Espírita. No meu caso, quando no início de minha vida mediúnica, tinha um método: fechava os olhos, e começava a contar com a mente de l00 para trás, ou seja, 99, 98, 97, 96... E assim, lentamente, ia me desligando do mundo exterior. Raramente chegava aos 50. A partir daí estava completamente voltado para os trabalhos espirituais e minhas orações partiam de meu coração, muitas vezes, ou a maior parte delas, junto com lágrimas de emoção.
Hoje, não utilizo mais esse método, mas quem quiser experimentar... Esteja onde estiver, consigo me desligar e orar, mesmo porque, cercado como estamos, por irmãos doentes, temos necessidade de ORAR E VIGIAR, como nos foi recomendado. Em agindo desta forma, estaremos sempre cercados por bons amigos da espiritualidade.
Lembrem-se, meus irmãos, Deus e nossos amigos tutelares nunca se afastam. Nós e que nos afastamos deles com nossas ações erradas. Nosso Pai ali está juntinho de cada um de nós. Por isso, basta um pensamento sincero e comovido para alcançarmos as graças que merecemos, de acordo com a nossa evolução espiritual e a lei de Causa e Efeito. O Pai não revoga suas próprias leis, mas há sempre um lenitivo para cada ocasião. Há um velho dito popular que diz “Deus fecha uma porta e abre outra”. No Velho Testamento há o salmo 30:5: “O choro pode durar uma noite; mas a alegria vem pela manhã.”
Na verdade, estamos falando com Deus cada vez que tratarmos nosso semelhante e as outras criaturas com respeito e carinho; quando olhamos para o céu com suas nuvens formando figuras estranhas; quando vemos as árvores com suas cores vivas e suas flores coloridas; quando olhamos pequenos insetos percorrendo nosso jardim ou as aves cantando alegres; quando sentimos a chuva molhando a terra e abastecendo nossas necessidades fisiológicas; quando o sol nos aquece e faz com que as sementes germinem para nos alimentar. Deus está em toda parte.
E para encerrar vou contar uma pequena história: João, um velho escravo, todos os dias antes do sol nascer saia em direção ao eito com sua ferramenta. Ao chegar, o sol começava a aparecer. João pegava sua enxada, colocava-a em pé e com o queixo encostado na ponta do cabo, olhava para o “astro-rei” e dizia: "sinhô, eu estou aqui!"
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*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, escrevendo crônicas, contos, artigos e matérias especiais. Contato com o jornalista pelo e-mail:
jgarcelan@uol.com.br
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