O ano de 1934 é, do ponto de vista político, um dos mais produtivos para o Brasil, pois a Assembléia Nacional Constituinte elabora uma nova constituição, mantém o sistema democrático republicano, elege Getúlio Vargas presidente e estabelece eleições presidenciais livres e diretas em 1938. Ainda em 1934, os constituintes estaduais escolhem os governadores, acabando provisoriamente com a figura do Interventor.
Em São Paulo, os constituintes elegem governador - sem o voto do perrepista Adhemar de Barros - o engenheiro Armando de Salles Oliveira, cunhado de Júlio de Mesquita Filho, os dois principais responsáveis pela criação da USP (Universidade de São Paulo). Com a eleição de Salles, o jornalista Paulo Duarte, amigo da família Mesquita, retorna do exílio na França ao qual se sujeitou após a revolução de 1932. Em decorrência desses fatos, os paulistas consideram a sua revolução vitoriosa e passam a celebrá-la no mês de julho, pois o propósito de fazer o país retornar ao estado de direito, ou seja, o de limitar o poder do governo ao cumprimento das leis, havia sido alcançado, a despeito de terem sido derrotados pelas armas.
Teriam limitado mesmo Getúlio Vargas
ao cumprimento das leis?
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Não só em O Estado de São Paulo, do qual havia sido diretor, Armando
Salles Oliveira aparecia diariamente, nos outros três jornais também, por obra de Paulo Duarte. A efervescência política cresce, com manifestações de ruas também de integralistas e comunistas (curiosamente, Plínio Salgado, fundador do movimento integralista, escreve o livro Espírito da Burguesia, que serve até hoje de inspiração para os textos dos escritores da esquerda brasileira, que não o citam por vergonha). Nessa ebulição, surge o boato da existência de um plano comunista para a tomada do poder, então no dia 10 de novembro desse ano Vargas dá o golpe:
Salles Oliveira aparecia diariamente, nos outros três jornais também, por obra de Paulo Duarte. A efervescência política cresce, com manifestações de ruas também de integralistas e comunistas (curiosamente, Plínio Salgado, fundador do movimento integralista, escreve o livro Espírito da Burguesia, que serve até hoje de inspiração para os textos dos escritores da esquerda brasileira, que não o citam por vergonha). Nessa ebulição, surge o boato da existência de um plano comunista para a tomada do poder, então no dia 10 de novembro desse ano Vargas dá o golpe: Ao saberem dos acontecimentos, os estudantes da Faculdade de Direito do
Largo São Francisco saem às ruas para protestar, um dos quais é Roberto de Abreu Sodré, que viria a ser governador e deixaria gravada a sua memória em letra de forma no livro No Espelho do Tempo – Meio Século de Política e no qual relata as suas prisões e de colegas de faculdade. Nesse livro, Sodré lembra que os panfletos contra a ditadura de Vargas eram impressos numa gráfica “da estrada do Vergueiro, caminho para Santos”, ou seja, em São Bernardo do Campo.
Largo São Francisco saem às ruas para protestar, um dos quais é Roberto de Abreu Sodré, que viria a ser governador e deixaria gravada a sua memória em letra de forma no livro No Espelho do Tempo – Meio Século de Política e no qual relata as suas prisões e de colegas de faculdade. Nesse livro, Sodré lembra que os panfletos contra a ditadura de Vargas eram impressos numa gráfica “da estrada do Vergueiro, caminho para Santos”, ou seja, em São Bernardo do Campo. .
Armando segue para o exílio
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O jornal O Estado de S. Paulo o critica, por considerá-lo homem do
interior, sem experiência para governar o estado, então para mostrar que “homem do interior” também sabe governar Adhemar dá início à construção de três grandes obras: a Rodovia Anhanguera, para facilitar o transporte da produção agrícola e industrial do interior à capital; a Via Anchieta, para transportar a produção industrial ao porto de Santos e o Hospital das Clínicas, que seria o maior do país. Nesse ambiente começa a circular um jornal de nome Brasil, que esculhamba o Interventor e o ditador.
A turbulência na política paulista vai aumentar, o sofrimento dos seus principais personagens, também. Aliás, a amargura e a angústia seriam tão grandes que Armando de Salles Oliveira não resistiria e Júlio de Mesquita preferiria retornar ao Brasil e ser preso a continuar no exílio sem dinheiro e sem perspectivas de vida.
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Diretor do POLÍTIKA DO ABC e do JORNAL DO LIVRO, o jornalista Carlos Laranjeira é autor de vários livros, o mais recente, POLÍTICA PARA PRINCIPIANTE.
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NA PRÓXIMA QUARTA-FEIRA, ACOMPANHE O QUARTO CAPÍTULO DE "HISTÓRIAS DE ADHEMAR", COM EXCLUSIVIDADE PARA ESTE BLOG. (EDWARD DE SOUZA).
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