domingo, 8 de novembro de 2009

ESTAMOS VOLTANDO À IDADE MÉDIA?

O caso da estudante de turismo Geisy Arruda (fotos), voltou a ser abordado neste domingo por todos os jornais do Brasil e muitos do exterior, após a decisão da Universidade de São Bernardo de expulsá-la pelo uso de uma minissaia. Geisy Vila Nova Arruda, 20 anos, 1,70, loira, olhos verdes, residente em Diadema, cidade do ABC paulista, está no primeiro ano de Turismo da Universidade Bandeirante, campus São Bernardo do Campo, ABC Paulista. Mesclado ao texto deste blog, notas de agências de notícias. Acompanhem todo esse caso polêmico.
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EXPULSA DA UNIVERSIDADE
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A Uniban publicou anúncio em jornais de São Paulo deste domingo (8) em que afirma ter decidido expulsar a aluna Geisy Arruda, 20, hostilizada por colegas no dia 22 de outubro. A estudante foi xingada nos corredores da universidade, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), por usar um microvestido rosa. O tumulto foi filmado e os vídeos acabaram na internet. Geisy parou de frequentar as aulas - ela está no primeiro ano do curso de turismo. No anúncio, intitulado "A educação se faz com atitude e não com complacência", a universidade afirma que a sindicância aberta para apurar o acontecimento concluiu que houve "flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade" por parte da aluna. Segundo a nota, foram colhidos depoimentos de alunos, professores e funcionários, além da própria Geisy, para embasar a sindicância. Em seu depoimento, a Uniban diz que "a aluna mostrou um comportamento instável, que oscilava entre a euforia e o desinteresse". As imagens gravadas no dia e divulgadas na internet também foram analisadas, e os alunos identificados foram suspensos temporariamente das atividades acadêmicas. A universidade afirma que a aluna frequentava a unidade com trajes inadequados "indicando uma postura incompatível com o ambiente" e chegou a ser alertada sobre o assunto, mas não mudou o comportamento. No dia do acontecimento, segundo a Uniban, Geisy percorreu percursos maiores para aumentar sua exposição, "ensejando, de forma explícita, os apelos de alunos".
"A atitude provocativa da aluna buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar."
O advogado da reitoria da Uniban, Décio Lencioni Machado, disse que a aluna "sempre gostou de provocar os meninos. O problema não era a roupa, mas a forma de se portar, de falar, de cruzar a perna, de caminhar". O advogado da estudante, Nehemias Melo, disse que ainda não foi notificado da decisão da Universidade em expulsar a estudante e que tomou conhecimento apenas pelos jornais deste domingo.
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. COMO TUDO ACONTECEU
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No dia 22 de outubro, uma quinta-feira, a estudante foi à universidade, localizada em São Bernardo do Campo, no ABC, com um vestido rosa curto. Quando subia uma rampa, alguns alunos começaram a assobiar e cantá-la, mas, em pouco tempo, os gracejos deram lugar a ofensas e palavrões. Ao entrar no banheiro, Geisy relatou que uma roda se formou e ela precisou da ajuda dos colegas para conseguir chegar até a sala de aula. Diversos alunos tiraram fotos e filmaram com o celular. A confusão só acabou por volta das 22h com a chegada da Polícia Militar, que abriu caminho entre os estudantes com ajuda de spray de pimenta e escoltou a jovem até a casa dela. Por cima do vestido, Geisy colocou um jaleco branco fornecido por um professor. No dia seguinte ao fato, o vídeo com os xingamentos já estava no YouTube e contabilizava milhares de acessos.
Em entrevista, a jovem classificou o episódio como "um ato de vandalismo" e disse não ter entendido as reações violentas causadas por sua roupa. "Já havia usado o vestido outras vezes e nunca tinha acontecido nada", disse. Ela também disse ter vivido momentos de "terror" por conta da ação dos colegas. "Fiquei presa na sala de aula junto com os meus colegas e professores, que tentavam me defender. Do lado de fora, o pessoal chutava a porta, dava murros. Eles chegaram até a quebrar a maçaneta. Estavam totalmente possuídos". Geisy deixou de frequentar as aulas desde o ocorrido.

ESPECIALISTAS CRITICAM A MEDIDA
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O promotor de Justiça Roberto Livianu, do Movimento do Ministério Público Democrático, disse que a decisão é um “exagero” e lembra “posturas fundamentalistas”. O caso, segundo ele, não poderia ser enquadrado como ato obsceno, tanto por não ter ocorrido em lugar público como porque não há norma legal para proibir a mulher “de andar com seu vestido mais para cima ou mais para baixo”. “Isso tudo só mostra como a mulher ainda é vista como objeto por muita gente”, diz.
Para Sônia Coelho, militante da Sempreviva Organização Feminista (SOF), a expulsão da estudante é um retrocesso e mostra a falta de compromisso da instituição com a educação e a cidadania. “Isso demonstra que a faculdade não tem nenhuma preocupação com a formação de seus alunos.”. “O Ministério da Educação não pode se omitir e deve entrar com alguma medida para que a universidade se retrate ou até feche. Daqui a pouco as mulheres serão apedrejadas também”, diz Sônia. A polêmica está armada e vai dar muito pano pras mangas. Você que nos acompanha neste blog, o que pensa sobre o assunto?