sexta-feira, 7 de agosto de 2009

SOMOS TODOS PRISIONEIROS NA CARNE
INDIVIDUALIDADE
*
J. MORGADO

Lost, uma palavra inglesa que quer dizer desaparecido (s), mostra a individualidade de dezenas de passageiros de um avião que caiu em uma ilha misteriosa. A maneira de proceder, o modo de pensar, agir, ou seja, a característica de cada sobrevivente tendo que conviver com a individualidade particular de cada um deles é deveras interessante e, porque não dizer, “impressionante”. A cada cena do filme (disponível nas locadoras) os protagonistas, devido a uma série de acontecimentos, são coagidos pelas circunstâncias a agirem de forma selvagem, egoística, covarde, heróica. O medo e a coragem estão presentes em vários daqueles seres. Suas histórias são reveladas de momento a momento; atitudes positivas e negativas da encarnação presente e outras que herdaram de uma encarnação passada e que se refletirá no futuro junto aquele grupo de pessoas ou além deles. Assim, o espectador poderá avaliar em cada personagem, seu passado. Histórias que nos levam a pensar de como a humanidade ao assistir tais filmes pode extrair lições que muito provavelmente poderão ajudá-los com seus problemas. O filme, com suas nuances, é bastante educativo para aqueles que sabem ver além da ação e do suspense. O “Eu” de cada um dos perdidos se manifesta de forma exterior. E, com várias exceções, há os que aguardam com calma o dia-a-dia e, sempre que possível, buscam ajudar os demais.
A religião é totalmente esquecida, salvo duas ou três pessoas que, mesmo assim, estão comprometidas com seu passado e o misticismo, entendendo de uma maneira fanática, alguns fenômenos que ali acontecem.
Na verdade, somos todos prisioneiros na carne; Espíritos que somos livres na erraticidade, ao reencarnarmos nos tornamos perdidos e prisioneiros em um mundo de expiação e provas. Sem sabermos dos acontecimentos que nos envolveram no pretérito, por obra e Graça do Senhor nosso Pai, aprendemos por várias vias, em especial a do ensinamento de Jesus que o AMOR é o barco da redenção que nos salvará do sofrimento por nós provocados. Ao ver a ficção mostrada no filme, imediatamente nos identificamos com aqueles personagens tão bem elaborados por um escritor que provavelmente têm conhecimentos profundos sobre o ser humano e suas mazelas. Enfim, a frustração de cada um deles é mostrada “nua e crua”, fazendo com que nos lembremos das nossas, e o “mea-culpa” cala profundamente em nosso íntimo, nos vendo assim espelhados.
A individualidade se mistura ao individualismo de algumas pessoas ali perdidas, mesmo sabendo que sua vida e subsistência poderão depender de seus colegas de infortúnio. Assim ocorre com parte da humanidade que, não conseguindo raciocinar, esquecem que todos somos irmãos e, busca nos conflitos armados atingir seus objetivos, não se importando quantas vidas poderão ser ceifadas pelas armas, fome, doenças, etc.
Não há dúvida que o mundo progride lentamente a nossos olhos de encarnados. Ao final do século XIX existiam muitos conflitos armados no mundo. Hoje, em pleno século XXI, já são poucos os que buscam na guerra a solução para resolver problemas. A guerra foi substituída pela pressão econômica e, porque não dizer, pelo fanatismo religioso seguido de brutalidades em alguns lugares do Planeta. Tudo isso se traduz em uma palavra: “IGNORÂNCIA”. Ignorância de tudo aquilo que já foi ensinado por sábios em diversas épocas.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em seu capítulo V, Causas Atuais das Aflições, item 4 (IDE - 40ª. edição), há um parágrafo que diz: “a quem, pois, culpar de todas as suas aflições senão a si mesmo? O homem é, assim, num grande número de casos, o artífice de seus próprios infortúnios; mas, ao invés de o reconhecer, ele acha mais simples, menos humilhante para sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a chance desfavorável, sua má estrela, enquanto que sua má estrela está na sua incúria”.
Infelizmente, ao tomar conhecimento do que acontece no mundo e em particular ao nosso redor, podemos verificar que os nomes DEUS e JESUS estão associados a dificuldades passageiras, ou simplesmente a meros desejos materialistas. As pessoas hoje se fecham em seu mutismo, não por querer paz e sossego, mas por puro individualismo ou medo da violência desenfreada que ocorre neste mundo. Nada fazem para melhorar a situação, mas esperam que outros façam por elas o “milagre” que lhes dê um mundo melhor. As religiões, de uma maneira geral, minimizam essa situação, mesmo quando algumas são deturpadas por interesses escusos. É através delas que o ser humano vem evoluindo moralmente, lentamente, é verdade, mas, evoluindo. “Não pronunciar seu nome em vão” é o que diz em breves palavras o Terceiro Mandamento: A humanidade deverá cada vez mais entender O QUE É DEUS e atentar para os ensinamentos de Jesus, trazidos na sua pureza pela Doutrina Espírita.
Encerro este artigo transcrevendo o item 54 do Livro dos Espíritos: “Se a espécie humana não procede de um só indivíduo, os homens devem deixar por isso de se considerarem irmãos? – Todos os homens são irmãos perante Deus, porque são animados pelo Espírito e tendem para o mesmo objetivo. Por que deveis sempre tomar as palavras ao pé da letra? (Petit Editora/99).
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*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. Morgado escreve quinzenalmente neste blog, sempre às sextas-feiras. E-mails sobre esse artigo podem ser postados no blog ou enviados para o autor, nesse endereço eletrônico:
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