sexta-feira, 1 de maio de 2009

EXCLUSIVO: PARADOXOS EXISTENCIAIS

J. Morgado

“Estes são tempos de refeições rápidas e digestão lenta; de homens altos e caráter baixo; de lucros expressivos, mas relacionamentos rasos. Estes são tempos em que se almeja paz mundial, mas perdura a guerra nos lares; temos mais lazer, mas menos diversão; maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição”. Essas linhas iniciais são um pequeno trecho de uma crônica de autoria desconhecida enviada por um leitor. Como se pode notar, o mundo atual é um paradoxo. Visitamos templos religiosos, nos confessamos na igreja católica, evitamos bebidas e determinados tipos de comida no islamismo, adoramos animais e deuses vários no hinduísmo, clamamos por entidades nas religiões afro-brasileiras, vamos ao centro espírita em busca de “milagres” de curas ou soluções para nossos problemas materiais, etc. No entanto procedemos completamente ao contrário daquilo que nos ensinam essas religiões citadas, ou seja, vivemos na “contramão”. No momento da reflexão, da oração para tentar se conseguir uma cura, um bem material, ou seja lá o que for, prometemos tudo. Prometemos até dividir o prêmio de uma loteria com os pobres se formos os felizardos. Realmente vivemos em mundo paradoxal. O materialismo fala mais alto. A gula, os lucros, os relacionamentos interesseiros, as guerras domiciliares, as noites de bebedeiras e comilanças em nome do lazer (?) é o que conta.
Alguns leitores que porventura estarão lendo este artigo poderão pensar: “acho que J. Morgado está exagerando!” E eu responderia: “caro leitor, basta observar a sua volta, ver os noticiários e se auto-analisar (eu faço isso todos os dias e os resultados não são muito agradáveis). Ainda somos por demais materialistas e, em conseqüência, egoístas e paradoxais.
“Temos casas maiores e famílias menores; mais medicina, mais menos saúde. Temos maiores rendimentos, mas menor padrão moral”.
Outro trecho da crônica que condiz com que foi comentado acima. Qual seria a explicação para esses fatos tão reais? A competição ou o esquecimento e total alheamento a respeito das leis morais ensinadas por Jesus? O comportamento humano em situações as mais diversas é surpreendente! Alguém já disse: “Essencial é lembrarmos que a nossa passagem por aqui é finita, e que em breve seremos chamados a partir...” Acontece que, em nosso estágio atual de evolução, ainda não conseguimos assimilar com a devida sensatez e realidade, que a oportunidade da vida encarnada para um aprendizado sadio é uma dádiva de Deus. Desde tempos imemoriais temos recebidos mensagens e lições para um comportamento moral saudável e assim nos livrarmos de sofrimentos inúteis.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo” (IDE/1984), nos mostra no Capítulo II – Introdução – Sócrates e Platão, Precursores da Idéia Cristã e do Espiritismo -, nos mostra que quase 500 anos a.C. esses filósofos gregos já anunciavam ao povo a idéia da reencarnação e a imortalidade da alma.
“Enquanto tenhamos nosso corpo, e a alma se encontre mergulhada nessa corrupção, jamais possuiremos o objeto de nossos desejos: a verdade. Com efeito, o corpo nos suscita mil obstáculos pela necessidade que temos de cuidá-lo; ademais, ele nos enche de desejos, de apetites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices, de maneira que, com ele, é impossível ser sábio um instante. Mas, se não é possível nada conhecer com pureza enquanto a alma está unida ao corpo, é preciso de duas coisas uma: ou que não se conheça jamais a verdade, ou que se venha a conhecê-la depois da morte.” A lição continua. Recomendo a leitura de todo o texto para se ter um melhor entendimento. Outros filósofos deixaram seus ensinamentos através dos séculos. Mas foi Jesus quem nos trouxe o “Código Universal de Comportamento Moral”, deturpado também através dos séculos para atendimento de desejos materiais. O Espiritismo, codificado por Allan Kardec em 1857, esclareceu e recolocou em seus devidos eixos a doutrina cristã.
Tivemos e teremos ainda oportunidades sem fim para evoluir. Deus não nos abandona nunca, pois ele não é paradoxal. Nós, com nossa vil fraqueza, deixamo-nos envolver pelos prazeres enganosos de vícios morais e materiais, nos tornando contraditórios com o progresso que criamos para nosso próprio bem-estar. Encerro com a frase encontrada do “Aurélio”, na palavra paradoxo: tese socrática – paradoxo socrático; “Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis”.
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*J. Morgado é Jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. Morgado escreve quinzenalmente neste blog, sempre às sextas-feiras. E-mails sobre esse artigo podem ser postados no blog ou enviados para o autor, nesse endereço eletrônico: jgacelan@uol.com.br
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