sábado, 15 de maio de 2010



ENTENDENDO AS RAZÕES DE DUNGA



Caros e caras, queridos e queridas, voltei! Acontece que nesta semana ocorreu um fato relevante, que requer minha intervenção. O senhor Carlos Caetano Bledom Verri, popularmente conhecido pelo codinome Dunga, convocou os 23 jogadores que irão defender a Seleção Brasileira, na Copa do Mundo da África do Sul.

A lista de convocados deixou a pátria de chuteiras atônita. Não deveria. Eu, pelo menos, não fiquei. E lhes digo porquê. Vou lhes contar uma pequena história, para que vocês entendam minha posição. Sabem que tenho ligações profundas com o mundo transcendente e, por isso, fui ter com Branca de Neve, no mundo encantado onde ela ainda reside, avec seu príncipe e os seis anões restantes.

Esclareço que não viajei para a terra da fantasia porque, na contemporaneidade, há meios eletrônicos sensacionais, que permitem uma interlocução competente, em tempo real e sem ruídos. Acontece que tenho o MSN da White Snow e dele me socorri para investigar os motivos que levaram o Dunga a fazer suas escolhas.

A gentil princesa atendeu-me prontamente e também demonstrou seu desapontamento com o menorzinho do clã. Para que eu entendesse melhor, contou-me como Dunga veio parar no Brasil, virou jogador de futebol e, mais recentemente, técnico da Seleção Brasileira.

Vocês conhecem muito bem os Sete Anões: Mestre, Feliz, Zangado, Atchim, Soneca, Dengoso e... Dunga. Pois eles trabalhavam numa mina de diamantes, extraindo o precioso mineral. Era um trabalho pesado, insalubre, em que pese os resultados auspiciosos, tal a valia do produto. Porém, Branca de Neve não aprovava que o caçula acompanhasse seus irmãos na faina diária. Ele era muito jovem, ainda não articulava direito as palavras, aliás, não se entendia nada do que dizia! Então, a princesa e o príncipe, responsáveis legais pelo menino, resolveram enviá-lo para um reino distante, chamado Brasil, para que pudesse estudar e transformar-se num homem de valor.

Nem preciso dizer que os irmãos foram terminantemente contrários à decisão, mas não ousaram desobedecer as determinações do real casal. Assim, por um sortilégio benigno, Dunga veio parar na meridional cidade de Ijuí, sob a proteção de uma acolhedora família, que o criou e lhe deu a educação desejada por seus pais adotivos primevos.

Entretanto, Dunga jamais esqueceu a sua origem, pois, na tenra infância, jogava futebol com pedras de diamante lapidadas tal qual uma bola... Com a intervenção do craque Claudiomiro (aquele que, ao jogar em Belém do Pará, sentiu-se feliz em visitar a terra em que Jesus nasceu...) Dunga foi parar no Internacional de Porto Alegre. Fez carreira, foi para a Seleção, tornou-se Campeão do Mundo e, agora, é o manda-chuva do escrete canarinho.

Pois bem, chegamos ao ponto crucial da questão. E desvendamos o mistério que paira no ar. Por que Dunga convocou alguns jogadores que consideramos medíocres e deixou de fora alguns novos e geniais talentos, a título da fadada coerência que ele tanto ressalta? Pois saibam, caros e caras, queridos e queridas que, na verdade, quem convoca e desconvoca, quem escala e desescala não é o Dunga e, sim, o Zangado!

A princesa real confidenciou-me que o Dunga e seus irmãos estão permanentemente ligados. Comunicam-se pelo MSN e pelo Skype, diariamente. Embora Dunga deseje seguir os razoáveis conselhos do Mestre, sempre teve sintonia maior com o Zangado, de quem podemos notar, claramente, índicios de belicosidade em suas intervenções públicas, especialmente nos colóquios algo ácidos com a imprensa. Entenderam agora, aquela testa franzida, a cara sisuda, de poucos amigos e de muitos inimigos?

Desta vez, Mestre e Feliz foram desconsiderados, pois queriam que Dunga convocasse Neymar e Paulo Henrique Ganso, dois jovens geniais, donos de futebol primoroso e alegre. Zangado só admitiu Robinho, porque três do mesmo time iria virar panelinha, os meninos poderiam esquecer que estavam em campo e querer comer um peixe durante a partida...sabe-se lá o que passa na cabeça desses moleques.. Ademais, o Ronaldinho Gaúcho é muito festeiro, poderia marcar encontro, à noite, com algumas sul-africanas bonitas e sumir da concentração... O Victor é belo demais e seria uma temeridade ter que aguentar um bando de tietes gritando por ele, dia e noite, sem parar!

Inconsolável está o Dengoso, que queria ver no time principal o Ronaldo Fenômeno e o Adriano! Dunga, disse-me Branca de Neve, respondeu, gentilmente, ao irmão que não haveria tempo hábil para plantar uma árvore no meio do campo, para que o Ronaldo descansasse após uma corrida rumo à linha de fundo e muito menos, infraestrutura para construir uma favela carioca nos locais dos jogos, aos moldes da que o craque do Flamengo aprecia para reconstituir as energias e inspirar-se. Haveria, inclusive, um impedimento de natureza alimentar, já que a tonelagem de grãos teria de ser aumentada para fornecer ração diária substanciosa aos dois jogadores e a carga do avião da TAM já atingiu o limite máximo. Ah! E também fracassaram as tentativas de abrir uma filial do Mc Donald’s na concentração da Seleção.

Agradeci a gentileza de Branca de Neve que ainda segredou-me pairar-lhe no peito uma dúvida atroz. Ela e o príncipe desconfiam que o Dunga comeu um ínfimo pedaço da maçã enfeitiçada pela Bruxa Malvada (de triste lembrança) e as reações, tardias, estão se manifestando agora. É de se pensar!

Enfim, caros e caras, queridos e queridas, recorri ao imponderável, ao que paira acima da realidade, para descobrir alguns dos mistérios insondáveis que habitam a mente do técnico Dunga. Espero ter desvendado a questão sem ter que recorrer à magia e outros quetais cósmicos.

Certo é, aqui entre nós, que é muito difícil abrir a cabeça para o novo, para a revelação da genialidade. Isso é coisa para quem tem ousadia e destemor. Em nome da coerência, da mesmice e da falta de criatividade, muitos figurões foram para o brejo.

Me admira, porém, constatar que um homem que, na infância, jogava futebol com bolas de brilhante, não consiga, na maturidade, perceber as gemas preciosas de que prescindiu, ao ignorar novos talentos, perdendo oportunidade única de revelá-los para o mundo e colher o título inédito do hexa. Entristecida, concluo que Dunga preferiu abandonar a magia que cercava suas origens, em nome da burocracia que rege suas decisões atuais, sem brilho, sem poesia... Ainda não compreendo porque conserva o apelido. Ou melhor, entendo, sim! Deve ser porque em sonhos, ainda joga com as pedrinhas de diamante...

De qualquer maneira, a decisão está tomada, a menos que o imponderável se manifeste... Como a maioria dos brasileiros que amam a sua Seleção, já estou preparando minha camiseta, bandeira e demais apetrechos verde-amarelos e vou torcer até o fim pela Canarinho, apesar de Dunga, ou melhor, de Zangado!

Aconselho que vocês façam o mesmo porque uma torcida amorosa é o 12° jogador em campo e o inconsciente coletivo propalado por Jung (um dos meus psicanalistas preferidos!) de 189.980.000 (20.000 são urubus agourentos) de brasileiros vai funcionar, mesmo que a distância seja transatlântica e os boleiros, meio murchos. Carinho, amor e paixão, multiplicados por milhões, fazem toda a diferença!

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*Strellitziah K. Dent é consultora para assuntos sentimentais, vidente, astróloga, guru & assemelhados. Absolutamente do bem.
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