terça-feira, 3 de agosto de 2010


"A GENTE SE VÊ POR AQUI"
(ou para onde a Globo conduz nossas famílias)


Há anos, a TV Globo tem o domínio do mercado brasileiro pela qualidade da programação artística, esportiva, jornalística, de shows e, principalmente, de novelas.

No jornalismo, de maneira hipócrita, tenta ser imparcial, mantenedora da moral e dos bons costumes, critica, tenta dar lições de comportamento, ensinamentos éticos, combate à violência contra a mulher e a pedofilia, assuntos extremamente explorados pelo noticiário.

Insere, em suas novelas, campanhas de Vacinação, Criança Esperança, Teatro, Circo, etc., na base de "cultura e cidadania a gente vê por aqui".

Com a qualidade da programação e a extrema competência do grupo de atores que integra seu cast, a Globo não economiza suntuosidade e qualidade em suas produções. Porém, nas extravagâncias novelescas exagera na medida, sem se importar com os fins, nem com os meios que utiliza para alavancar audiência e, claro, anunciantes. As incoerências dos "gênios" autores do atual folhetim das nove, intitulado "Passione", que a princípio sugeria inocência nos capítulos ambientados em inocente povoado italiano e na gigante São Paulo.

Somente em "Passione" estão inseridas contravenções do cotidiano que desnuda perigosamente temas conflitantes como moral, ética e bons costumes. Entre as aberrações, escancara:
- traições em família;
- sexo, sexo, sexo;
- pegação aviltante que, ao contrário de amor, sugere transa;
- insubordinação de filhos aos pais;
- mãe perde o amante para a filha;
- rapaz tem filho e mulher italiana e outra, também com filho, em São Paulo;
- trapaceira trai marido italiano;
- garota que era filha e passou a ser neta da mãe e filha da irmã;
- vigarista tenta entrar em família para gerir negócios em metalúrgica;
- corredor playboy tenta se matar porque foi preterido pela mulher, que preferiu seu melhor amigo que, por sua vez, vai se casar com a filha da dona da fábrica a quem não ama;
- outro playboy, ciclista cuja mãe trai o pai com o namorado da filha, é pego no dopping (drogas);
- por ganância, filho quer interditar a mãe e sabotar a empresa;
- avó cafetina empurra garota (menor de idade) para um crápula transar, no maior flagrante de PEDOFILIA, via Embratel.

Pela ausência de atuação de canais competentes, que deveriam barrar cenas desnecessárias que aviltam as famílias, o circo está montado com espetáculos para todas as idades, já que é apresentado às nove da noite. As ações incentivam os menos avisados às contravenções e crimes, por enquanto, impunes, inseridos no tema do dramalhão global. Nenhum núcleo temático dessa novela sugere algo, mesmo remotamente, que seja puro, ético, moral, de cidadania e comportamento familiar exemplar.

Certamente, pela competência, recursos e poder, a Globo tem condições de oferecer entretenimento, espetáculos, novelas e jornalismo com qualidade, sem aviltar a moral e os bons costumes das famílias brasileiras, já cambaleantes, sem sugerir violência, trambicagem, uso de drogas, traições familiares e "incentivo" à pedofilia.

Longe deste comentário caracterizar puritanismo hipócrita e franciscano, indagamos para onde a Vênus Platinada pretende conduzir um povo carente de cultura e que ainda engatinha rumo a uma civilização estruturada?

Toda censura é abominável, porém a libertinagem segue na contramão da moral e da democracia.

Enfim, "a gente se vê por aqui"!

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*OSWALDO LAVRADO é jornalista e radialista, radicado no Grande ABC.
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