quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

ESTRELA DO ORIENTE

Sob a luz de uma estrela, os magos Gaspar, Melquior e Baltasar marcharam para encontrar o sítio que acolhia o Cristo “nascido Rei dos Judeus”. Segundo registra o evangelho, a estrela os precedia e parou exatamente por sobre onde estava o menino Jesus. “E vendo a estrela, alegraram-se eles com grande intenso júbilo” (Mt 2, 10).
"Entrando na casa viram o menino (Jesus) com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e abrindo seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra.” (Mt 2, 11). “Sendo por divina advertência, prevenidos em sonho a não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho à sua terra” (Mt 2, 12).
Historicamente pode hoje ser considerada a troca de presente na celebração do nascimento do Nazareno, - 25 de dezembro - uma herança da atitude dos Magos com suas oferendas. Entre os símbolos do Natal, muitos originados pagãos foram cristianizados com o correr de longos anos. Aqui cabe uma referencia ao papa Silvestre І, pontificado exercido entre anos 314/335, paralelamente ao governo do imperador Constantino. Silvestre em seu período foi responsável por uma formação eclesiástica de maior independência da igreja, vivendo na época grande influencia da tradição imperial romana onde o imperador se achava legitimo Pontífice maior, dominador da igreja ou qualquer outra organização religiosa. O espírito de paz e tranquilidade do Papa Silvestre conseguiram bom diálogo e apoio de Constantino que autorizou a edificação da basílica de São Pedro. No clima de simpatia deu-lhe também o palácio Lateranense, morada dos papas por muitos séculos.
A primeira Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém teve início de construção em 326 por ordem do Imperador Constantino, graças à relação cordial com Silvestre. Ela foi erigida no sítio de um templo e santuário romano do século II que, segundo uma tradição local, tinha sido construída sobre o lugar onde Jesus fora crucificado e sepultado.
O dia 25 de Dezembro, como suposta data de nascimento de «Jesus», foi fixado em 320, pelo papa Silvestre І. As datas do nascimento tinham variação conforme as interpretações à época vigentes. No início do séc. III festejava-se em 20 de Maio, mas também houve calendários que apontavam para 28 de Março. 25 de Dezembro era o dia pagão em que se celebrava o nascimento de Mitra, festividade oficial.
Símbolos marcantes pontuam as festividades do Natal. Estrelas: os Reis Magos para adorar Jesus em Belém tiveram como guia a Estrela do Oriente. Sinos: mensageiros de notícias na antiguidade sendo hoje usados em todas as festas e cerimônias religiosas. No Natal obedece ao ritual especial anunciando o nascimento do Menino Deus. Árvore de Natal: Ela simboliza a vida tendo sido escolhido o pinheiro por nunca perder folhas e verde mesmo no inverno. A lenda informa que Martinho Lutero, -1483/1546- Eisleben, Alemanha, monge agostiniano, teólogo, reformista da Igreja Católica, “Pai do Protestantismo” - foi seu introdutor na festa natalina com enfeites e bolas coloridas significando os frutos da árvore viva que é Jesus. Música: embora uma extensa variedade de melodias circule o mundo no Natal, no Brasil especialmente duas - universais -Jingle Bell de 1857, a mais festiva, no entanto, sem aludir ao nascimento de Jesus são repetidas anualmente. Traduzida em vários idiomas a volta do mundo portadora de grande ternura, “Noite Feliz” composta há quase dois séculos -192 anos - na Áustria, pelo padre Joseph Mohr em parceria com o celebre Franz Gruber.
O presépio, símbolo absolutamente cristão, é deles o mais significativo. Quem mais difundiu o culto do presépio foi São Francisco de Assis. Em 1224, na cidade de Greccio, montou o primeiro com a cena da manjedoura repleta de feno, o asno e um boi de verdade. No século 8 a Igreja de Santa Maria de Maggiori, próximo à estação Roma Termini, no centro velho de Roma, montou em madeira o ambiente de nascimento de Jesus.
Transformou-se em costume dos povos o culto do presépio como incentivou São Francisco de Assis. Em Franca, Thomaz Tardivo, um fiel seguidor dos princípios, se dedica ao carinho de cuidar e aprimorar o projeto que estabeleceu há 55 anos, anualmente, no Clube dos Bagres, para encantamento de tantos que o visitam.
Papai Noel, cuja história todos conhecem, entre as crianças, simbologia mais expressiva com seu trenó e sacos vermelhos carregados de presentes, ainda permanece para muitos o sonho de esperanças que nunca deve abandonar os sentimentos humanos.
A retrospectiva aqui deixada tem o propósito de acordar relações urbanas em um mundo conturbado, repleto de mutações que o homem vai aceitando sem refletir na urgência de paz e perdão, entendimento e amor entre os povos. Estamos festejando o aniversário de Jesus Cristo. Pensemos nele convidando-o para a festa a presidir nossa reflexão.
Não fiquemos ocupados somente com o desfrute de prazeres comuns o ano todo. Feliz Natal!__________________________________________
Garcia Netto é jornalista, radialista e escritor francano. Autor do livro "Filhos Deste Solo" - Medicina & Sacerdócio.
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