sábado, 12 de fevereiro de 2011

SEXTA-FEIRA, 11 DE FEVEREIRO DE 2011

O índice de suicídios é alarmante. Dizem às estatísticas que é a décima causa de mortes no mundo. No Brasil, cerca de 30 pessoas acabam com a própria vida todos os dias. Fora as tentativas que são muito mais (Wikipédia). O que leva essas pessoas a ter medo de viver? Drogas, depressão, alcoolismo, dívidas... Enfim, as causas são as mais diversas possíveis e imaginárias. Albert Camus (1913/1960) filósofo e escritor argelino escreveu certa vez: "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia”.
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Para ilustrar esta matéria, peço permissão para transcrever uma história de autoria desconhecida: "Numa terra em guerra, havia um rei que causava espanto. Sempre que fazia prisioneiros, não os matava: levava-os a uma sala onde havia um grupo de arqueiros de um lado e uma imensa porta de ferro do outro, sobre a qual se viam gravadas figuras de caveiras cobertas por sangue. Nesta sala ele os fazia enfileirar-se em círculo e dizia-lhes, então: ”Vocês podem escolher entre morrerem flechados por meus arqueiros ou passarem por aquela porta e por mim serem lá trancados". Todos escolhiam serem mortos pelos arqueiros. Ao terminar a guerra, um soldado que por muito tempo servira ao rei dirigiu-se ao soberano:
- Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?
- Diga, soldado.
- O que havia por detrás da assustadora porta?
- Vá e veja você mesmo.
O soldado, então, abre vagarosamente a porta e, na medida em que o faz, raios de sol vão adentrando e clareando o ambiente... E, finalmente, ele descobre, surpreso, que a porta se abria sobre um caminho que conduzia à liberdade!

O medo de enfrentar as consequências de alguns erros cometidos ou sequelas físicas que a vida nos apresenta são considerados pela sociedade ato de covardia. Seria? Desesperado, impacienta-se e não consegue ultrapassar a porta lacrada que se encontra a sua frente. O excessivo orgulho gera o medo e mostra um quadro futuro sem nenhuma solução. Não seria por acaso, o excesso de materialismo? De uma maneira geral, cada um a sua moda, a humanidade acredita em uma vida após a morte. Os cristãos, entre outras doutrinas religiosas condenam o suicídio.
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Indivíduos despreparados para a vida tropeçam nos obstáculos existências que a vida se lhes apresenta e pensam que acabar com a própria vida seria a melhor solução, pois assim dormiriam o sono eterno da morte. Tudo resolvido! Outros apenas desaparecem do meio onde vivem, pensando assim fugir dos problemas que o afligem. Um fenômeno mundial. Ninguém foge de si mesmo. Há ainda aqueles que se refugiam em monastérios, conventos (foto) e assemelhados para viver uma vida totalmente reclusa. Uma atitude totalmente egoística.
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Então, qual a utilidade dessa atitude para com o semelhante? Nenhuma se temos a convicção que devemos amar ao próximo e sermos úteis uns aos outros. Só que a coisa não é bem assim... Somos seres viventes, com matéria e espírito. E como espíritos, somos eternos. A se acreditar nisso, e religiosa como é a humanidade, chega-se a conclusão que o imediatismo que se encontra inserido na maior parte dos humanos é a causa desse terrível mal.
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O Evangelho Segundo o Espiritismo em seu Capítulo V, Bem Aventurados os Aflitos, item 15 diz o seguinte: “o mesmo se dá com o suicídio. Se excetuarmos os que se verificam por força da embriaguez e da loucura, e que podemos chamar de inconscientes, é certo que, sejam quais forem os motivos particulares, a causa geral é sempre o descontentamento. Ora, aquele que está certo de ser infeliz apenas um dia, e de se encontrar melhor nos dias seguintes, facilmente adquire paciência. Ele só se desespera se não ver um termo para os seus sofrimentos. E o que é a vida humana, em relação à eternidade, senão bem menos que um dia?
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Mas aquele que não crê na eternidade, que pensa em acabar com a vida, que se deixa abater pelo desgosto e o infortúnio, só vê na morte o fim dos seus pesares. Nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar as suas misérias pelo suicídio". Não importa qual a crença ou religião de cada indivíduo. Os muitos problemas existenciais como já disse, é uma realidade. Mesmo os ateus que acreditam no nada, temem o amanhã, e o índice de suicidas entre eles é muito alto. Qual a razão?
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui:
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