sexta-feira, 30 de abril de 2010

MELINDRE,

FILHO DILETO DO ORGULHO


Sabemos que o ORGULHO é um dos maiores males da humanidade. Desde eras remotas o homem se deixou levar por essa terrível praga moral. Nem mesmo as mais angustiantes e dolorosas doenças, epidemias ou pragas que passaram pela Terra desde a existência do ser humano, mataram tantas pessoas do que as consequências que advierem do orgulho de muitos indivíduos que aniquilaram milhões e milhões ou bilhões de pessoas nas guerras e tramas armadas. Tudo pela ânsia do poder, da ganância ou pelo simples ato de ter. O homem da caverna, já lutava pela fêmea e se sentia ferido em seu orgulho quando se via privado daquilo que queria, seja o que fosse. A luta pela liderança de um grupo ou tribo era uma questão de honra e de orgulho.

No Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa encontramos uma definição bastante extensa para o Orgulho. Há um item denominado Uso Pejorativo que diz: sentimento egoísta, admiração pelo próprio mérito, excesso de amor-próprio; arrogância, soberba, imodéstia. Acrescenta, ainda: atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros; vaidade, insolência. O antônimo para essa palavra é HUMILDADE.

Já a palavra MELINDRE, que consideramos filho dileto do Orgulho, o mesmo dicionário expressa esta definição: disposição para se RESSENTIR DE COISA INSIGNIFICANTE; SUSCETIBILIDADE.

Desta forma, em minha opinião, o Orgulho, na verdade, é o cancro da humanidade e enquanto não nos livrarmos dele ou o erradicarmos, não conseguirá ser promovida de um Mundo de Expiação e Provas para o Mundo em Regeneração.

Os dramas familiares são ocasionados pelo orgulho excessivo. Quando da programação da Reencarnação, promessas de força de vontade e de se regenerarem através do amor são esquecidas, pois basta uma “picada” de orgulho para que as pessoas se percam e se desvairem no mar do desentendimento.

Assim, o MELINDRE, filho dileto do ORGULHO, tem ocasionado muitas e muitas desavenças por esse nosso mundo tão sofrido. Basta que o indivíduo fique ressentido ou magoado por uma palavra insignificante e a vingança e a inveja se fazem presentes em seu âmago.
Nos Centros Espíritas, infelizmente essa terrível praga está presente. Os Espíritos que nos assistem não conseguem erradicar esse mal, pois são obrigados a respeitar o livre-arbítrio de cada um. A falta de estudo, o esforço para uma reforma íntima prometido quando no interior do Centro, principalmente quando estão compenetrados ou concentrados para receber o passe, são esquecidos logo em seguida, quando os apelos do consumismo dos vícios se fazem mais fortes do que os ensinamentos de JESUS.

Mas, o pior é quanto aos trabalhadores da Seara Espírita. A História do Espiritismo no Brasil registra vários fatos de dissidências dentro do movimento. Essas dissidências não serão comentadas aqui nessas linhas, mas idéias diferentes e maneiras de ver a Doutrina e principalmente o MELINDRE ocasionaram esses problemas. Nada disso aconteceria se a leitura de KARDEC estivesse presente em seus mínimos detalhes. O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, cuja primeira edição se deu em 1862, em seu Capítulo VII – BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO, item 11, O Orgulho e a Humildade, traz o seguinte trecho “A humildade é uma virtude bem esquecida entre vós; os grandes exemplos que vos foram dados são bem pouco seguidos e, todavia, sem a humildade, podeis ser caridosos com vosso próximo? Oh! Não, porque esse sentimento nivela os homens; diz-lhes que são irmãos, que devem se entre ajudar e os conduz ao bem. Sem a humildade vos adornais de virtudes que não tendes como se trouxésseis um vestuário para esconder as deformidades de vosso corpo. Recordai “Aquele que vos salva; recordai sua humildade que o fez tão grande, e o colocou acima de todos os profetas.”

“Herculano Pires em seu livro “O Centro Espírita”, editado pela Livraria Allan Kardec, em sua terceira edição, maio de 1990, traz o seguinte trecho “Sem a humildade que gera e sustenta o amor ao próximo, nem o estudo pode dar frutos”. Por outro lado, sem estudo da humildade não produzem amor, mas fingimento, hipocrisia de maneiras e fala melosa, de voz impostada para imitar anjos.”
Verificamos, então, que o Melindre é um inimigo poderoso da Raça Humana e particularmente, dos trabalhadores dos Centros Espíritas. Basta que alguém se sobressaia com um pouco mais de sabedoria ou se destaque em trabalhos sociais, ou ainda em trabalhos mediúnicos, para que um irmãozinho menos preparado sinta a tal de suscetibilidade, mencionada no Dicionário Houaiss. Se porventura, o dirigente ou outro trabalhador da Seara responsável por qualquer setor da casa chamar a atenção de alguém por algum motivo, é bem possível que o tal de melindre se faça presente, salvo raras exceções, mesmo que o tom de voz e a maneira de falar do dirigente sejam cheias de amor e compreensão.

O que seria preciso fazer então, para ajudar os Guias Espirituais a manterem a Casa Espírita livre, ou quase livre desse terrível mal? Palestras, palestras, palestras, estudos, e correção de posturas. Para isso, basta nos espelharmos em Jesus e num infindável número de Espíritas e não espíritas que passaram por este mundo, nos dando magníficas lições de humildade, coragem e amor. Desde a chegada do Espiritismo no Brasil, que se deu, se não me falha a memória, por volta do ano de 1868, nunca a Doutrina esteve só. Sempre houve alguém se sobressaindo para incentivar e empurrar o Espiritismo para frente e para o alto. Silveira Sampaio, Bezerra de Menezes, Cairbar Schutel, Eurípedes Barsanulfo, Chico Xavier e tantos outros; Irmã Dulce, Tereza de Calcutá, etc. E há ainda os antigos filósofos gregos, chineses, que nos deixaram lições de humildade e razão. Se nos dedicarmos a revê-los de quando em vez, fatalmente muito faremos para diminuirmos esse terrível mal chamado MELINDRE.
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*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista: jgarcelan@uol.com.br
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