segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DOMINGO, 30 DE JANEIRO DE 2011
2011 (MMXI) é o atual ano do calendário gregoriano que se iniciou num sábado. Não sendo um ano bissexto, tem 365 dias. As Nações Unidas designam 2011 como o Ano Internacional das Florestas e o Ano Internacional da Química. Deveria ser também da matemática, acompanhe estas curiosidades que recebi ontem do amigo Francisco Heitor. Desconheço se algum blog já publicou, como também não sei quem é o autor desta intrigante dança de números que, certamente, vai deixá-los (as) intrigados, como eu fiquei.
A primeira curiosidade. Este ano tivemos duas datas fora do comum... 1/1/11 e 11/1/11 e teremos outras duas: 1/11/11 e 11/11/11...
Muito bem, agora tente entender isto... Separe os dois últimos números do ano em que você nasceu e some com o número da idade que você fará este ano... O total será 111... Para todos!
Vou citar um exemplo: meu pai nasceu em 1919 (os dois últimos dígitos: 19).
Vou somar o número 19 com a idade do próximo aniversário de papai. Dia 7 de junho ele irá completar 92 anos.
92 + 19 = 111.
Agora tente você, eu confesso que ainda não encontrei uma explicação lógica, quem sabe um matemático possa nos ajudar.


Uma ótima semana!
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Nesta terça-feira tem "histórias do rádio", de Oswaldo Lavrado e em breve, você não deve perder: "Confidências de um aloprado". Um relato verídico, feito através de e-mails enviados a este blog... Simplesmente chocante!
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Edward de Souza
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sábado, 29 de janeiro de 2011

SEXTA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2011
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O título desta matéria sugere uma discussão interessante. Uma discussão que certamente a nada levará, uma vez que como diz o dito popular “nada mais certo do que a morte”. Entretanto, a humanidade ainda é hiper-materialista e não consegue compreender que um dia, a matéria desgastada perecerá como os demais elementos da natureza.
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Talvez, justamente por não pensar na morte como o fim do corpo físico, a maioria dos indivíduos abusa do que pensa ser seu direito, como por exemplo, viver para comer, beber, e vícios de toda sorte. Além dos vícios materiais, há os de cunho moral: excesso de orgulho, egoísmo, vaidade, rancor... Elementos negativos que a ciência comprova atingir os órgãos físicos do corpo material. Além disso, existem aqueles que se regozijam em praticar atos de risco. Atos que muitas vezes levarão os autores a morte e consequentemente serão computados como suicídio.

Infelizmente, a humanidade ainda engatinha moralmente. Até pouco tempo atrás ela se arrastava. Levará ainda muito tempo para começar a dar os primeiros passos. Enquanto isso a humanidade vai sofrer toda sorte de problemas. Doenças várias e aleijões ocasionados por desastres de toda a espécie. Poderia usar a palavra “acidentes”. Não a usarei, porque os acidentes não acontecem, são provocados.
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O ser humano de hoje, fruto de nossa sociedade consumista, gasta todo seu tempo de vida procurando ter e gozar do que tem, chegando ao momento da morte totalmente despreparado. Pensar na morte de maneira serena e calma não é uma questão de morbidez, masoquismo, ideação suicida, falta de vontade de viver, porque é bom deixar de existir ou algo assim. Na realidade, trata-se da conscientização de que ela vai acontecer de qualquer forma e com todos que andaram, andam ou venham a andar sobre a Terra. É a adaptação para com algo que vai acontecer, queiramos ou não, uma hora ou outra.
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O Espiritismo, junto com algumas religiões espiritualistas de origem oriental, se devidamente compreendidos, ajudam a entender a morte como apenas uma viagem de volta ao mundo espiritual. Detentores do livre-arbítrio, o homem pode escolher caminhar com o bem ou com mal. A humanidade, de uma maneira geral, se diz religiosa. Será? Acredito que não! A hipocrisia impera no âmago de cada ser vivente. Acreditam em um mundo melhor ao desencarnar (ou morrer), mas nada fazem para merecer o tal “nirvana”, pregado pelo Budismo.
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Conheci, certa ocasião, em uma cidade do interior paulista, uma senhora que aprontava poucas e boas. Toda vizinhança dessa mulher sabia das maldades que praticava, principalmente com seus empregados. Certo dia, em conversa com ela, disse-me: “Seu Fulano, Deus é bom demais. Na hora de morrer é só confessar os pecados para o sacerdote e ele nos perdoará”. Essa atitude se chama cinismo. E ela era tida como carola!

“Eu afirmo que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito. A pessoa nasce fisicamente de pais humanos, mas nasce espiritualmente do Espírito de Deus. Por isso não se admire de eu dizer que todos precisam nascer de novo. O vento sopra para onde quer e ouve-se o barulho que faz, mas não se sabe de onde vem e nem para onde vai. O mesmo acontece com todos os que nascem do Espírito”. (Evangelho de João, capítulo 03, versículo 05).
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O que se pode entender até agora, segundo história da humanidade, é que mesmo ameaçados pelo inferno e purgatório entre outras malignidades, o homem não consegue se desvencilhar do materialismo. Finge que acredita nas Divindades e tenta mandar um “171” (Código Penal Brasileiro – estelionato) para si mesmo, pensando assim livrar-se das provações futuras. “A semeadura é livre, a colheita, obrigatória”. Não tem como mudar isso. Na medida em que nos desprendemos do excesso negativo inserido em nossas vidas, vamos adquirindo serenidade e aceitando a morte como uma nova oportunidade.
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui:
jgarcelan@uol.com.br
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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

QUARTA-FEIRA, 26 DE JANEIRO DE 2011
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PRAGA ELETRÔNICA

Edward de Souza

Pedimos a compreensão dos nossos amigos e amigas que diariamente nos prestigiam neste blog, pela pequena pausa obrigatória, promovida nestes três dias da semana, provocada pela invasão de hackers durante a madrugada. Para passarem despercebidos, entram sempre em postagens anteriores, comunicando-se em grupos e muitas vezes infestando o blog com mensagens sem nexo ou com palavras de baixo calão, em idiomas diversos. Japoneses são os que mais usam nosso blog, 24 horas liberado para as postagens. Resolvemos fazer uma faxina – temendo o envio de vírus - retirando todos estes spams, a começar pela primeira matéria editada no dia 4 de janeiro de 2009. Isso leva tempo, somos obrigados a ler matéria por matéria e temos hoje mais de 530 editadas, por esta razão, espero que entendam esta paralisação. Tudo voltará ao normal nesta sexta-feira, quando estaremos editando mais uma matéria especial e sempre muito aguardada, escrita pelo jornalista J. Morgado. Por enquanto os comentários estão sendo moderados e vamos estudar uma fórmula para que sejam liberados durante a manhã, tarde e parte da noite, passando a ser monitorados durante a madrugada, período escolhido pelos ratos estrangeiros para bagunçar nosso blog.
Spam, para quem não conhece a expressão, é o nome dado para as mensagens eletrônicas, e-mails, recados em blogs (nosso caso), sites ou mensagens no celular, que são enviadas sem o seu consentimento. Em outras palavras, spam é um lixo eletrônico, utilizado principalmente para fazer propagandas e em casos mais graves, enviar pornografia, vírus ou pior ainda, roubar informações de sua conta corrente, por exemplo.
Encontrei explicações melhor no Wikipédia, a enciclopédia livre, sobre a origem deste nome spam, na verdade, um alimento feito de carne pré-cozida e enlatada pela empresa Hormel Foods Corporation. Seu nome vem do acrônimo formado a partir dos termos ingleses Spiced Ham, que em português significa fiambre condimentado. Este tipo de comida era considerado de baixa qualidade, desta forma, na década de 70, um grupo de comediantes chamado Monty Python fez um esquete satirizando a duvidosa qualidade do presunto. O esquete se passa em um restaurante, que serve grandes quantidades de Spam em todos os pratos, mesmo contra a vontade dos fregueses. A partir de então, spam virou sinônimo de tudo que é enviado em grande quantidade e sem o consentimento do destinatário.
Se quiserem deixar algum comentário ou recado sobre o assunto, ou mesmo qualquer outro, fiquem a vontade, todos serão liberados na medida do possível.
Grato pela compreensão e reitero o pedido para que acessem o blog nesta sexta-feira, logo pela manhã e acompanhem mais uma crônica especial de J. Morgado.

Obrigado...

Edward de Souza
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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

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Na tentativa de desanuviar um pouco o clima tenso dos últimos dias, carregado pelo noticiário cotidiano sobre catástrofes provocadas por excesso de chuvas, ou a falta delas, que assola várias regiões do Brasil, relatamos algumas aventuras por que passam os profissionais da imprensa esportiva. Na maioria das vezes, os personagens são figuras pouco conhecidas do público, porém tem igual ou mais importância de locutores, comentaristas ou repórteres. São os operadores de som, responsáveis pelo sucesso ou fracasso de uma transmissão externa.
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Um domingo de calor intenso, de uma tarde de março dos anos 80, a equipe de esportes da Rádio Diário do Grande ABC estava na cidade de Novo Horizonte para transmissão de um jogo de futebol entre Novorizontino e Santo André, pelo Paulistão. O time da casa debutava no campeonato e tudo na cidade referente ao futebol era novidade. O estádio da cidade passou por reformas improvisadas como a construção de arquibancadas e cabines de Imprensa para o que campo pudesse ser aprovado pela Federação Paulista de Futebol (FPF). Para tanto, foi necessário dividir uma avenida em dois espaços para abrigar as novas instalações. A praça em frente ao campo fervilhava, já que, mesmo sendo um time modesto, o Santo André era atração.
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Para alcançar as cabines, os jornalistas passavam por, no mínimo, cinco portarias com a obrigação de apresentar a credencial aos fiscais do clube e da FPF. Superados os obstáculos, chegamos ao espaço reservado à Rádio Diário. Um tanto atrasado com as paradas pelo caminho para a apresentação do documento, nosso operador de som, Aristides Murara, jovem de cabelos longos e encaracolados, porém de pavio pequeno, não conseguia fazer contato com a central da rádio, em São Bernardo. O tempo passava e essa pendenga irritava cada vez mais o pessoal da equipe, especialmente eu que comandava o grupo e ficava no pé do rapaz, já a ponto de explodir. Murara corria entre a cabine, o campo, (onde estava a linha do repórter) e, claro, se desgastava em discussões com o pessoal da telefônica, responsável pela conexão Novo Horizonte/São Bernardo.
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Em determinado instante entra na cabine uma moça, identificando-se como Salomé e dizendo ser relações públicas do G.E. Novorizontino. Interrompeu nosso trabalho, já que o espaço da cabine era pequeno, uma vez que lá se encontravam dois caras da telefônica, o Murara, eu, e o narrador Edward de Souza. O clima era tenso, habilmente ignorado por Salomé. Simpática e falante (não poderia ser diferente) a moça, mesmo percebendo nosso desespero por não conseguir colocar a rádio no ar, falou que o clube iria presentear cada integrante da Imprensa com um par de sapatos oferecido por uma fábrica da cidade. Para tanto ela precisava saber o número que cada um calçava.
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Por azar, ou destino, Salomé elegeu o Murara como o primeiro a revelar o tamanho de seu calçado: "por favor, senhor, qual o seu número?", perguntou Salomé. Com o fone nos ouvidos, irritado, vermelho do sol e espumando de raiva, Murara reperguntou: “não entendi, quer repetir". A moça, com uma prancheta e uma caneta nas mãos, renovou o apelo: "qual o seu número?". Sem atinar direito o que Salomé queria, e lembrando o bando de fiscais que lhe pediram o número da credencial, Murara foi curto e grosso: "254 e, por favor, deixa a gente trabalhar". Salomé não entendeu bulhufas e, sem se despedir, deixou a cabine. Mesmo tensos com o piripaque da linha, todos caímos na gargalhada. Murara forneceu a Salomé o número de sua credencial. Pendenga com a linha resolvida, jogo transmitido, retorno a São Paulo, o assunto, até pra descontrair, foi o presente prometido pela Salomé, que, claro, nunca chegou a nossas mãos, muito menos aos pés.
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Um ano depois o Novorizontino já possuía outro estádio, mais moderno e aconchegante, construído em uma das fazendas de seu presidente, Dr. Jorge Ismael de Biasi, um dos agropecuaristas mais abastados da região. Das cabines de imprensa podia se avistar as vacas pastando tranquilamente. Voltamos a Novo Horizonte outras vezes, porém nunca mais tivemos notícias da simpática Salomé. O mesmo Aristides Murara, meses depois, se envolveu em pendenga com um fiscal da Federação, pois estava sem camisa no campo do Guarani, em Campinas, uma tarde onde o calor beirava 40 graus. Porém isso é assunto para outro artigo, mais à frente, aqui neste blog.
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*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista radicado no Grande ABC
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domingo, 23 de janeiro de 2011

SÁBADO, 22 DE JANEIRO DE 2011
A imprensa nestes últimos dias tem se ocupado das tragédias que ocorreram em várias partes do Brasil e, especialmente, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Centenas de mortes e muitos desaparecidos além de uma infinidade de desabrigados. Fotos e imagens tristes de se ver. Caixões enfileirados esperando uma cova rasa que não existe. O cemitério (os) não tem vaga para tantos enterros. De quem seria a culpa por essa tragédia?

Nas matérias de Oswaldo Lavrado e Edward de Souza, “Tragédia Brasileira”, “Dilúvio Esperado” e “ABC é Agora a Bola da Vez”, muito foi escrito pelos jornalistas e comentaristas. Acredito que ainda não foi dito tudo. Nos próximos dias, provavelmente surgirão novidades mais estarrecedoras. Afinal, os culpados que tentam se eximir de qualquer responsabilidade farão discursos demagógicos. Aproveitar-se-ão da ingenuidade daqueles que usam os jornais apenas para “higiene pessoal” e, certamente, ganharão muitos votos nas próximas eleições.

Os “ratos de esgoto”, aqueles de duas pernas, estão aparecendo. Surpreendidos, mostram uma cara de espanto e de medo como aqueles exibidos pelo jornal da TV Bandeirante no dia 18. Os indivíduos estavam desviando donativos para uso próprio. Policiais rodoviários federais os surpreenderam, prendendo-os em flagrante. Serão processados e condenados certamente. Mas, e aqueles ratões? Enormes, ambiciosos, que esfregam as patinhas de satisfação pelo botim? Um botim continuado e sem fim!

Com todas essas tragédias, o mundo continua girando. Notícias aqui e ali. Infelizmente a maior parte delas, negativas. Mas há sempre algumas que nos dão esperança de dias melhores. Os ex-desabrigados de Alagoas oferecem ajuda para nossos irmãos do Rio de Janeiro (UOL). Eles que há sete meses sofreram com as enchentes. São muitos os atos de solidariedade. Exemplos que se multiplicarão e um dia...

Por outro lado, a burrada do ex-presidente Lula que manteve o bandido Battisti no Brasil como refugiado político está fedendo cada vez mais. O Congresso italiano, por unanimidade, exige que o Primeiro Ministro não meça esforços para a extradição do assassino.

Uma decepção. O senador Pedro Simon (foto) (PMDB), que, particularmente eu pensava ser um político impoluto está se aproveitando da fragilidade das leis feitas por corruptos e pediu aposentadoria por ter sido Governador do Rio Grande do Sul. Já está recebendo uma grana preta. Tudo isso e mais os proventos dos parlamentares. Provavelmente dentro em pouco também receberão aposentaria pelo tempo que serviram ao Congresso.

Mais um escândalo envolvendo uma das cavernas de Ali Babá (Folha de São Paulo do dia 17/1/011). Desta vez, é na Funasa, um órgão ligado ao Ministério da Saúde. 500 milhões de Reais. Desde 2005, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é controlada pelo PMDB. Um órgão sempre disputadíssimo pelos donos do “puder”.

Lembra-se do Delúbio? Aquele que foi tesoureiro do PT e acusado do “escândalo do mensalão”. O cara está articulando para voltar ao Partido e tem apoio dos ministros da Dilma (Folha de São Paulo -17-1-011). Dentro de alguns meses, o caso será julgado pelo STF. Estou achando que aí tem coisa!
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui:
jgarcelan@uol.com.br
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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

QUINTA-FEIRA, 20 DE JANEIRO DE 2011
Ao que parece São Pedro resolveu transformar São Paulo e a Região do ABC Paulista na bola da vez. O amigo Mauricinho de Castro, chefe do cerimonial da Prefeitura de São Bernardo do Campo, nos enviou estas fotos, tiradas por ele e amigos pelos celulares, do ocorrido nesta última terça-feira na cidade de São Bernardo do Campo, “Capital do Automóvel”, berço das grandes montadoras, com mais de um milhão de habitantes e um PIB superior a 29 trilhões de reais por ano, superando 9 capitais do Brasil. A cidade foi encoberta pelas águas, conforme mostram as fotos, a maioria delas tiradas no centro da cidade, onde pode ser avistado o Paço Municipal alagado. Em duas fotos o desespero de um cidadão tentando, a princípio, empurrar o carro, como não conseguiu e estava também sendo levado, não pensou duas vezes e subiu sobre o capô do veículo. Vão-se os anéis, ficam os dedos, deve ter pensado neste momento de tremendo sufoco. O caos atingiu também as cidades de Santo André, São Caetano, Diadema, Ribeirão Pires e Mauá. Esta última cercada de morros e encostas, já contabiliza 6 mortes até este momento.
Eu conversava, terça-feira a noite, pela internet, no momento em que as chuvas alagavam o ABC, com a deputada estadual Vanessa Damo, eleita por Mauá, onde reside. Seu pai, Leonel Damo, foi prefeito da cidade. Hoje o prefeito é Oswaldo Dias, do PT, que foi reeleito. Vanessa estava aflita e em determinado momento exclamou: “meu Deus, uma mulher acaba de ser arrastada pelas chuvas no Jardim Zaíra e morreu”. A deputada havia recebido a informação pelo celular. Logo nossa conversa foi interrompida. Soube que toda a cidade de Mauá tinha ficado sem energia elétrica. Horas depois o nosso querido amigo “Bola” entrava no blog e dava a triste notícia da morte desta senhora que tentava salvar os netos, atirando-se nas águas. Foi a sexta vítima fatal em Mauá, das fortes chuvas que continuam castigando São Paulo e o ABC.
O cenário nas ruas de muitas destas cidades do ABC ainda no dia de hoje é arrasador, com muita lama, árvores e galhos de árvores espalhados em todos os cantos. No Jardim Zaíra, em Mauá, um reservatório que comporta 105 mil metros cúbicos, não suportou a quantidade de água e extravasou, informam os jornais da região. Quem mora vizinho perdeu praticamente tudo. A cidade está sem água, a última notícia que acabo de ler no Diário do Grande ABC. A Prefeitura desta cidade decretou estado de emergência nas áreas atingidas. O decreto vale por 90 dias e será encaminhado nesta quinta-feira para homologação do governo do Estado. Se aprovado, a população atingida poderá sacar parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), entre outros benefícios.
É preciso muita atenção com a situação das dezenas de casas que foram construídas no Morro do Macuco, em Mauá. Eu tinha uma foto, não encontrei, mas prometo ainda mostrá-la, deste local. A semelhança onde ocorreram as tragédias na Região Serrana do Rio de Janeiro com este morro em Mauá é enorme. Para quem vê a foto e não conhece o Morro do Macuco, pode até imaginar que tenha sido tirada naquela região do Rio de Janeiro. Providências urgentes devem ser tomadas, o Morro do Macuco, em Mauá, é, hoje, mais uma tragédia anunciada.

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CAOS NO ABC PAULISTA
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*Edward de Souza é jornalista e radialista
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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

TERÇA-FEIRA, 18 DE JANEIRO DE 2011

FOTOS AE: WILTON JUNIOR - MARCOS DE PAULA E JOSÉ PATRÍCIO
As águas que despencam do campo azul inundam não apenas cidades, mas também almas. Muitas ainda secas de sentimentos e isentas de esperanças. O sonho de ver um rio de alegrias jamais sentido por tais seres. Outras almas fartas de tudo, imponentes, intocáveis para os homens, mas frágeis aos céus. Não há como saber o propósito e a intensidade dessas águas das chuvas, dos dilúvios que sempre alastram a terra. Mas uma coisa é certa, é preciso chover, deixar a chuva cair. É preciso ajudar constantemente, deixar os braços se abrirem.

As enchentes, as ventanias, os fenômenos naturais que assolam o homem despertam o lado humano dos seres. O homem, em sua totalidade, só consegue ser o reflexo da benevolência divina em momentos trágicos. A constância do bem não faz parte da natureza humana. As ações cotidianas de ajuda, raras vezes, são tão fortes quanto à comunitária e apelativa solidariedade dos tempos de pavor. É claro que existem almas repletas de altruísmo que agem caladamente. Abrem suas gargantas para os mais necessitados e, em momentos de grande crise, não economizam palavras para clamar auxílio. A essas almas deveriam se ajuntar todas as outras almas que, frente a um terror tão intenso, abrem os braços, outrora fechados, para estender um pedaço de pão ou um agasalho.

Campanhas de solidariedade bem marcadas durante o ano, como o Natal sem fome. Único momento anual de certeza da não mendicância. No Natal, poderão comer um pouco mais de arroz e feijão que, durante todo o ano, são tão minguados quanto o sentimento vital de tais seres. Roupas, brinquedos, presentes natalícios que crianças só vêem uma vez ao ano. Seus brinquedos devem durar exatamente doze meses, instante em que são renovados. Nesse intervalo, a imaginação e criação pueril entram em vigor. Assim são os olhos racionais que não querem ver o seu próximo sem um sorriso nos lábios durante o nascimento do Senhor.
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Aos períodos de festividades, sobretudo religiosos, atrelam-se os tempos de horror ocasionados pela natureza. Há aqui um vocativo marcadamente conativo. O tão conhecido sensacionalismo televisivo desperta uma comoção originária inexistente. Vibra-se mais por uma morte que por um nascimento. Nas capitais, quando uma criança é arremessada de uma janela, campanhas contra violência e morte aos culpados. Entretanto, no grotão brasileiro, crianças são lançadas todos os dias na lama, violentadas, trastes imundos.

O choro dos que perdem moradias por causa das enchentes deve, sim, ser lamentado. O desespero deve ser, sim, acalentado. Campanhas devem ser feitas. As cenas trágicas devem, sim, aparecer nas telas de cada casa não submersa. Porém, todos os dias, há milhares de casas que são inundadas de ódio, desespero; casas que são inundadas de calor e sequidão. No sertão nordestino e em gretas desse vasto Verde-Amarelo, há tantos querendo aparecer na mídia para que a Defesa Pública olhem para eles. Há tantos querendo um copo d’água, ainda que seja dos lamaçais dessas enchentes.
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Por que fechar os olhos para os que perpetuamente sofrem desde arcaicas eras? Não perderam casas em enchentes nem familiares, mas não vivem dignamente há tempos. Suas vidas são enchentes. Que as tragédias da vida permitam descerrar os olhos e enxergar durante todo um ano, toda uma vida. E ver que as mãos que hoje levantam provisões possam levantá-las perenemente. E que as lentes das câmaras possam se tornar autônomas e flagrarem o sofrimento oculto de seres que esperam um dilúvio. Um dilúvio de humanidade...
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*Edward de Souza é jornalista e radialista
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Os municípios mais afetados pelas chuvas estão recebendo doações de dinheiro em contas abertas pelo Banco do Brasil em nome das prefeituras municipais. Para fazer doações, os números de agência e conta são os seguintes:

Areal

Agência: 2941-6

Conta corrente: 15708-2

Bom Jardim

Agência: 1652-7

Conta corrente: 20000-X

Nova Friburgo

Agência: 0335-2

Conta corrente: 120000-3

Petrópolis

Agência: 0080-9

Conta corrente: 76000-5

São José do Vale do Rio Preto

Agência: 0080-9

Conta corrente: 77000-0

Teresópolis

Agência: 0741-2

Conta corrente: 110000-9

A cidade de Sumidouro, até a tarde de ontem, segunda-feira, não tinha conta corrente para doações devido à dificuldade de comunicação entre a agência bancária local e a Prefeitura.
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

DOMINGO, 16 DE JANEIRO DE 2011


Os repetidos desastres ocorridos nos últimos tempos em várias localidades brasileiras e em diversas partes do mundo merecem, muito mais que lamentações, reflexões objetivas. O que está acontecendo com os deslizamentos de morros no Rio de Janeiro é reprise, em maior escala, do registrado no ano passado, que desnuda a insensatez dos governos e o desdém da população. A quota do desastre carioca, que supera 600 mortes, não é mais simples advertência, é fato. Alguém, em outros tempos, já preconizava: “a natureza não se vinga, retoma o que é seu". Faz sentido.

Para nós aqui do ABC fica claro que acidentes do tipo emergentes estão prestes a acontecer, já que é grande o número de moradias (barracos e alvenaria) ao redor dos morros e a beira das represas Billings e Guarapiranga, que margeiam toda a região e parte da Zona Sul capital paulista. O entorno desses mananciais está loteado por gente humilde que, premida pela necessidade, construiu residência em áreas de risco e, mesmo alertados pelo óbvio, insiste em permanecer no local. Em Mauá, também aqui no Grande ABC, há menos de um mês, o movimento de terra provocou a morte de várias pessoas, entre elas crianças e idosos. Pela topografia, o Rio de Janeiro e cidades semelhantes são o alvo preferido de catástrofes anunciadas. Nesse quesito, o ABC está incluído.
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A ocupação de glebas em pé de serra, no topo da montanha e nos arredores de rios, lagos e represas, indica com visibilidade cristalina que a indevida invasão de áreas pertencentes a natureza terá como retorno a inevitável tragédia. Em todo o ABC, exceto São Caetano, cerca de 200 mil pessoas vivem em áreas de risco. Na Região Metropolitana de São Paulo esse número supera aos dois milhões. O Litoral paulista é, igualmente, imenso manancial perigoso de moradias construídas em áreas de risco, que a qualquer momento pode explodir em desgraças naturais. E a chuva não para. O argumento da necessidade premente e absoluta falta de opções dos que insistem em ocupar ou permanecer nesses locais, não justifica colocar em risco a vida de pessoas, especialmente filhos, pais, avós e a própria.

Os recentes acontecimentos ocorridos em várias partes do Brasil não sensibilizam os que moram a alguma distância das tragédias. A desgraça salta aos olhos e alerta para o bom senso, porém o infortúnio parece rondar apenas a casa alheia. A TV mostra, à exaustão, todos os lances do epílogo carioca que comove o País e é notícia no mundo, mas que não serve de alerta aos que insistem em desafiar o imponderável. Daqui alguns dias a tragédia da Cidade Maravilhosa, como todas as outras, irá se perder no tempo e no espaço, ficando apenas na lembrança dos diretamente envolvidos.
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Aliás, e a propósito, parte do povo carioca parece mesmo ter pouco se comovido com a dantesca cena que enluta e abala o Brasil, pois durante o caos, estava na Gávea, festejando, ao som de bateria de escola de samba, a chegada de Ronaldinho Gaúcho ao Flamengo. Uma heresia.
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Os governantes, insensíveis às tragédias alheias, e o povo, que insiste em montar barraco ao pé do morro ou construir mansão no topo da montanha, não podem ficar isentos de responsabilidades e culpas. Em ambos os casos as vítimas caminham em direção a mesma vala, sem discriminação à miséria ou opulência. Desta vez a natureza decidiu reaver seu espaço e, para tanto, está agindo com força total. E, ao que tudo indica, a ação não irá cessar apenas no trágico aviso enviado ao Brasil, via Cidade Maravilhosa, e outras paragens tupiniquins.
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*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista radicado no Grande ABC
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