terça-feira, 22 de fevereiro de 2011


.
A Globo lançou recentemente um livro sobre a história dos 60 anos da emissora e não fui convidado a escrever casos de bastidores ocorridos no começo dos anos 70, quando trabalhei naquela emissora, situada na época na Praça Marechal Deodoro, na altura da Av. Angélica, ao lado do Minhocão. Nem tinha esta pretensão. Na Avenida Angélica ficava o prédio de RH da emissora e também a sala de Luiz Eduardo Borgerth, diretor da Globo e amigo querido por todos os funcionários da época. Borgerth faleceu em 2007.
A discussão entre dois amigos no final de tarde numa lanchonete transportou-me aos anos 70, quando fui o único locutor a gravar os comerciais daquela emissora e também as chamadas de filmes, novelas e o Jornal Nacional para todo o Brasil. Eu tinha apenas 21 anos de idade. Esses amigos discutiam se a Copa do Mundo em 70 foi transmitida em cores para o Brasil, ou não. Consegui dar a resposta a eles. Foi, na verdade, meia dúzia de telespectadores privilegiados, com muito dinheiro para comprar os aparelhos que assistiram em cores. Custavam caras as TVs, praticamente o preço de um carro zero da época. Os jogos do México chegaram em cores no Brasil em transmissão experimental para as estações da Embratel, que retransmitia para esses raros possuidores de televisão colorida no Brasil. Durante muito tempo era comum que as salas de visita recebessem, para assistir aos programas, vizinhos, conhecidos por "televizinhos". Não era qualquer um que conseguia comprar um aparelho de TV. Eu, por exemplo, só assisti em cores a Copa de 70 no cinema, dois anos depois, quando, antes dos filmes, o Canal 100 mostrava lances de jogos do Mundial no México. Na verdade a primeira transmissão pública de TV em cores ocorreu em 19 de fevereiro de 1972, com a transmissão da Festa da Uva, em Caxias do Sul - RS.
O patrocinador do Jornal Nacional no final de 1970 era o Banco Português. Com o fundo musical usado na ocasião, semelhante ao de hoje, na tela explodia um coração, enquanto minha voz anunciava: “Banco Português, o banco que tem um grande coração, apresenta... Jornal Nacional”. O mistério começa aí. Encontrei todas as gravações e aberturas do Jornal Nacional, menos do período de 1970 até 1972, exatamente quando o Banco Português patrocinava o jornal, já apresentado pelo Cid Moreira. Antes, em 1969, era apresentado por Hilton Gomes e Cid Moreira. Entrei em contato com a Globo e a única resposta que recebi, com sacrifício e muita insistência, foi que um incêndio destruiu parte dos arquivos da emissora e possivelmente tenha eliminado esta parte da história da TV e do Jornal Nacional.
Indicado para a TV Globo pelo saudoso amigo Luiz Lombardi Neto, o Lombardi do Silvio Santos, falecido no ano passado, tenho histórias incríveis e outras cômicas sobre os bastidores da TV, que pretendo relatar nestes dois ou três capítulos que passo a escrever para este blog. Uma delas a briga entre diretores da Globo de todo o Brasil e um moleque de 21 anos, ousado, magro, cabelos longos e do signo de touro, segundo os astrólogos, teimoso e sempre disposto a brigar pelo que acha correto. Logo mais, não deixem de acompanhar...


OS BASTIDORES DA TV GLOBO NOS ANOS 70

O DIA EM QUE GRAVEI O JORNAL NACIONAL

_____________________________________________________________