segunda-feira, 1 de novembro de 2010

DOMINGO, 31 DE OUTUBRO DE 2010

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Ontem, pensava com meus botões, decididamente Deus não gosta do Haiti! Depois de toda destruição do terremoto, agora a cólera ceifa a vida dos poucos sobreviventes daquele país, o mais pobre das Américas. A afirmação é certa ao definir a situação de extrema miséria e devastação natural a que nosso irmão caribenho está submetido, graças aos anos de invasão e ocupação estrangeira, ditaduras e golpes de estado ao longo de sua história. Hoje, depois que Dilma Rousseff foi eleita presidente do nosso país, tive uma certeza. Além do Haiti, Deus também não gosta do Brasil! Desde que Caminha anotou que aqui, se plantando, tudo dava que a gente é movido a fé. E essa fé já nos levou a equívocos desastrosos, como Getúlio, Jânio Quadros e mais recentemente Collor.
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Dilma Vana Rousseff, 62 anos, é uma incógnita. Será a 40ª pessoa a ocupar a Presidência. Sua vitória tem outras características inéditas: será a primeira vez em 84 anos em que haverá um ciclo de três presidentes eleitos diretamente. Sem quase nenhuma experiência administrativa, dona de uma arrogância indiscutível, ela foi empurrada goela abaixo do povão pelo carisma do Lula. Serra, sem discurso, sem dinheiro e sem simpatia, amargou uma derrota que já estava sendo anunciada pelos institutos de pesquisas. E começou a perder estas eleições ao anunciar como vice o desconhecido Índio da Costa. Não que Temer, o vice de Dilma, seja melhor que Índio. Para Lula e o PT, nomear um vice foi apenas uma jogada de marketing. Diria, uma média com o PMDB. Lula sabia que o povão votaria em quem ele indicasse para presidente, sem se importar com o vice. Acertou na mosca e a estas alturas deve estar promovendo uma festa de arromba, comemorando a sua vitória mais uma vez, afinal ele foi o grande vencedor. A terceira vitória consecutiva nas urnas.
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Como o peixe morre pela boca, vamos aguardar os acontecimentos e todos nós, brasileiros, que votamos contra ou a favor, devemos, a partir de agora, ser oposição e cobrar da primeira mulher presidente do Brasil, que cumpra as promessas que fez em campanha. Vale lembrar algumas das 13 propostas de seu governo. Delas constam, o fortalecimento da Democracia, a expansão do emprego e da renda, a defesa do meio ambiente, promoção do desenvolvimento, a erradicação da pobreza absoluta, a garantia da educação e a transformação do País numa potência científica e tecnológica.
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O futuro, diz o ditado, a Deus pertence. Mas, gosto de arriscar, e abro o jogo aqui neste blog, usando emprestada a bola de cristal do amigo jornalista Milton Saldanha. Entendo que, se Lula não quiser voltar ao poder nos braços de suas inúmeras bolsas, depois de Dilma pode surgir José Dirceu, aquele do escândalo do “mensalão”, que deveria estar atrás das grades, pode ser seu cavaleiro andante e com certeza o brasileiro, esse mesmo que elegeu Dilma neste 31 de outubro de 2010, esquecerá aquela que foi considerada a maior operação de rapinagem já montada por um grupo político neste país. Porque não temos memória e porque tripudiam de nossa memória e fizeram isso agora, ao locar José Dirceu, um cidadão condenado - já que não conseguiu provar sua inocência em nenhum dos crimes de que foi acusado - como uma das estrelas da campanha vitoriosa de Dilma.
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É preciso fé para nos livramos de tudo isso, e já que Deus não é mais brasileiro, vamos nos apegar aos orixás baianos e aos santos romanos para encarar esse Brasil, que Jobim já dizia não ser coisa para principiantes. Que os orixás nos ajudem!
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*Edward de Souza é jornalista e radialista
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