quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ISABEL ALLENDE: "INÉS DA MINHA ALMA"




Através dos tempos, a literatura nos tem fornecido, em milhares de títulos, heróis e heroínas de notável grandeza. De construção ficcional ou copiados da realidade, com os inevitáveis ajustes para tornar as obras mais interessantes ao leitor, certo é que nos defrontamos, seguidamente, com personagens fascinantes, que nos apaixonam por sua coragem, inteligência, força, dignidade e beleza, seja física ou da alma. É o caso de Inés Suárez, protagonista de Inés de Minha Alma, livro gerado da inesgotável verve criadora de Isabel Allende, que hoje recomendo a vocês.
Com o realismo mágico de A Casa dos Espíritos e a sensualidade de Filha da Fortuna e Retrato em Sépia, Isabel Allende apresenta-nos Inés Suarez, uma mulher cheia de força e paixão que conquistou o Chile no século XVI e promete, agora, conquistar o coração dos leitores.
“Suponho que colocarão estátuas minhas nas praças, e existirão ruas e cidades com o meu nome, tal como de Pedro de Valdivia e outros conquistadores, mas centenas de esforçadas mulheres que fundaram as aldeias, enquanto os seus homens lutavam, serão esquecidas”, revela Inés, a certa altura, pensando no desprendimento das tantas mulheres anônimas que ajudaram na conquista e construção do Chile.
Inés Suárez é uma jovem e humilde costureira espanhola, oriunda da Extremadura que embarca em direção ao Novo Mundo para procurar o marido, extraviado com os seus sonhos de glória do outro lado do Atlântico. Anseia também por viver uma vida de aventuras, vedada às mulheres na pacata sociedade do século XVI.
Na América, Inés não encontra o marido, mas sim uma grande paixão: Pedro de Valdivia, mestre-de-campo de Francisco Pizarro, ao lado de quem Inés enfrenta os riscos e as incertezas da conquista e fundação do reino do Chile. Neste romance épico, a força do amor concede uma trégua à rudeza, à violência e à crueldade de um momento histórico inesquecível. Através da mão de Isabel Allende, confirma-se que a realidade pode ser tão ou mais surpreendente que a melhor ficção, e igualmente cativante. O romance de Isabel Allende conta a história de uma heroína chilena esquecida, Inés Suárez, uma das poucas mulheres a participar da conquista do país, no século XVI. Allende narra a epopéia em primeira pessoa, como autobiografia que Inés escreve, à beira da morte, para sua filha adotiva. O resultado é um painel fascinante, de aventura e paixão, dos primeiros anos da presença espanhola na América.
Inés é uma mulher do campo, rude e com pouca instrução, mas inteligente, observadora e habilidosa – na cozinha, na costura e na cama. Ela se casa com um galanteador fanfarrão, que parece um personagem de Jorge Amado. O marido a engana repetidamente e acaba por partir para a América, mas não sem antes ensiná-la a ser uma grande amante. Anos mais tarde, ela se cansa da falta de notícias e embarca para o Novo Mundo. Menos por amor e mais pelo descontentamento com o tédio e as poucas perspectivas de sua vida.
Na América, Inés passa rapidamente pelo que hoje são Venezuela, Colômbia e Panamá, e acaba na Cidade dos Reis – a Lima do conquistador Francisco Pizarro, uma sociedade de imensas riquezas, mas também de corrupção e violência extrema, exemplarmente retratada no livro. Mas é lá que ela conhece Pedro de Valdivia, militar veterano das guerras do Imperador Carlos V em Flandres e na Itália. Os dois se apaixonam e Inés se lança ao grande sonho de Pedro: a conquista do Chile, que no passado fora o limite austral do império Inca.Isabel Allende é estupenda contadora de histórias e recria de modo bastante verossímil os detalhes do alvorecer da dominação colonial espanhola – a violência, o luxo desmedido, a ânsia de poder, os choques e trocas entre as culturas européias e os povos indígenas. As batalhas são descritas com exatidão de arrepiar, seja o célebre saque de Roma, sejam as campanhas dos conquistadores espanhóis contra os mapuche chilenos. Índios devotados à guerra que não se dobraram nem diante dos Incas, e logo aprendem as táticas da guerra moderna européia e passam a utilizá-las contra os invasores, com eficácia arrasadora.
Inés é uma mulher ativa e vibrante, senhora do próprio destino, protagonista do nascimento de uma nova colônia, a quem entregou o seu coração e a sua alma, a sua alegria e a sua dor. Isabel Allende usou toda a sua capacidade investigadora para resgatar a trajetória dessa mulher de fibra e trazê-la até a nós, para que possamos conhecê-la e aprender um pouco mais sobre a história da conquista da América espanhola. Ao livro, pois, amigos! Vão gostar!
Sobre a autora: Isabel Allende nasceu em Lima, no Peru, em 1942, tendo no entanto a nacionalidade chilena. Trabalhou infatigavelmente como jornalista e escritora desde os 17 anos. Publicou o seu primeiro romance, o sucesso mundial A Casa dos Espíritos, em 1982, já no exílio, depois do golpe militar de Augusto Pinochet, contra o tio da autora, Salvador Allende. Os seus livros estão traduzidos em mais de 30 idiomas e constituem um caso ímpar de sucesso. Muitos deles já foram adaptados ao cinema, teatro, ópera e ballet, conferindo-lhe uma brilhante trajetória literária que com os anos não deixou de aumentar o seu prestígio. Todas as suas obras, A Casa dos Espíritos, Eva Luna, Contos de Eva Luna, De Amor e de Sombra, O Plano Infinito, Paula, Afrodite, Filha da Fortuna, Retrato a Sépia, A Cidade dos Deuses Selvagens, O Reino do Dragão de Ouro, O Bosque dos Pigmeus, O Meu País Inventado, A Soma dos Dias e Zorro, Começa a Lenda, estão publicadas no Brasil, com excelente resposta do público leitor. Atualmente reside nos Estados Unidos, onde casou com um americano, e onde vivem também os seus filhos e netos.
E não esqueçam, o melhor comentário acerca do desejo de ler o livro vai receber "Inés de Minha Alma" de presente do Blog de Edward de Souza!
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Nivia Andres, jornalista, graduada em Comunicação Social e Letras pela UFSM, especialista em Educação Política. Atuou, por muitos anos, na gestão de empresa familiar, na área de comércio. De 1993 a 1996 foi chefe de gabinete do Prefeito de Santiago, Rio Grande do Sul. Especificamente, na área de comunicação, como Assessora de Comunicação na Prefeitura Municipal, na Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACIS), no Centro Empresarial de Santiago (CES) e na Felice Automóveis. Na área de jornalismo impresso atuou no jornal Folha Regional (2001-06) e, mais recentemente, na Folha de Santiago, até março de 2008.
Blog: http://niviaandres.blogspot.com/
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