sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"O PRIMEIRO PASSO PARA O BEM

É NÃO FAZER O MAL"

O título deste artigo é um pensamento de um famoso filósofo que apesar de contraditório deixou uma obra extensa e que de certa forma ainda é bastante atual. Trata-se de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), francês nascido na Suíça. Seus pensamentos conflitavam com os ensinamentos da Igreja Católica e doutrinas políticas de então. Mas, especificamente para este pensamento, nota-se a profundidade de raciocínio coerente, filosófico e até mesmo religioso, em uma época em que o ensino e as “ditaduras” religiosas se faziam presentes na Europa, na Ásia, África, América, enfim, em quase todo o mundo. As imposições de crenças geravam conflitos, prisões, tramas políticas e torturas horríveis para aqueles que não professavam o mesmo credo.
Sabemos que Deus não criou o Mal, fato este detectado por Rousseau, naquela época, verificando-se então a profundidade de raciocínio e estudos do filósofo. Qual teria sido a reação dos chefes maiores dessas religiões quando tomaram conhecimento de tal pensamento? Não encontrei na História a resposta. Mas, para um homem que não era reconhecidamente um religioso, podemos fazer divagações a respeito do assunto.
Rousseau, “acertou na mosca” ao descobrir que o homem nasceu para fazer o BEM. O MAL é o desvio de conduta de cada ser humano. O Velho Testamento, mesmo que seja de forma alegórica, nos mostra que a ausência de Moisés para receber os Dez Mandamentos fez com que o povo se desviasse do bom caminho (por algumas “batatas podres”) e se dedicassem ao desvario da embriaguez, da luxúria, da adoração pelo bezerro de ouro, esquecendo-se completamente de Deus e de Moisés. Esse exemplo é apenas para ilustrar o quanto o homem vem perdendo tempo em aprimorar seu espírito através de séculos e séculos de história, desde o início da humanidade. Poderíamos nos lembrar de muitos outros povos, desde que a história teve seu início registrado. Bastaria que os homens raciocinassem com lógica para chegarem ao mesmo resultado a que chegou Rousseau no século XVIII. Mas antes desse filósofo houve outros pensadores – gregos, orientais, ocidentais, etc. que aqui estiveram para alertar a humanidade de então.
O ser humano prefere jogar a culpa de ter sido tentado para o mal por um ser criado por Deus a quem chama “Lúcifer” ou o diabo como quiserem. Figuras alegóricas muito usadas por várias religiões ou a tal serpente (que seria a mesma coisa) mencionada no Velho Testamento quando do episódio do fruto proibido. É comum nossos irmãos, quando erram, não assumiram a culpa; preferem buscar uma alternativa para justificar seus erros; e quase sempre apontam para outras pessoas a culpa do erro cometido. Nem chegam a notar que o mal ali está inserido, tal o estado evolutivo que se encontra aquela criatura que foi criada para o BEM.
“Não queira para o outro o que você não quer para si”. Uma fórmula eficaz de descobrir a felicidade relativa que vivenciamos aqui na Terra. Aliás, frases bem parecidas como essa foi proferida por várias criaturas sábias, ao logo dos séculos, em várias partes do mundo.
O Evangelho segundo o Espiritismo no Capítulo VIII – BEM AVENTURADOS AQUELES QUE TÊM PURO O CORAÇÃO, item 3, diz: A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade e exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho; por isso, Jesus toma a infância por emblema dessa pureza, como a tomou para o da humanidade.
Esta comparação poderia não parecer justa, considerando-se que o Espírito da criança pode ser muito velho, e que traz, em renascendo para a vida corporal, as imperfeições das quais não se despojou nas suas existências precedentes; só um Espírito que atingiu a perfeição poderia nos dar um modelo da verdadeira pureza. Contudo, ela é exata no ponto de vista da vida presente, porque a criancinha, não tendo ainda podido manifestar nenhuma tendência perversa, nos oferece a imagem da inocência e da candura. Também Jesus não diz de um modo absoluto, mas para aqueles que se lhes assemelham. - IDE – 4oa. Edição/1984 - Tradução Salvador Gentile.
Não raro. Aparece na mídia, detentos e ex-delinquentes que, assistido por entidades religiosas ou encaminhado por si só a livros de ensinamentos elevados, no caso a Bíblia, entre outros, se convertem. Isso acontece também com ex-tóxicomanos e diversos tipos de párias da sociedade; resultado: deixaram de fazer o MAL para praticar o BEM.
Quanto às crianças citadas por Jesus, ou criancinhas, sabemos que, enquanto não se assenhorearem de seu livre arbítrio e isto se daria por volta dos sete nos de idade, são símbolos de inocência. A partir daí, pouco a pouco, há uma metamorfose, e o espírito senhor de reminiscências do pretérito terá a oportunidade de perdoar e amar seus desafetos ou, simplesmente, vingar-se (Lei de Causa e Efeito). “A gangorra” do MAL e o BEM começam a funcionar. É evidente que há outros fatores e o mais importante é a escolha da “Porta Larga ou Estreita”.
No Capítulo XXVIII, item 19 do Evangelho Segundo o Espiritismo (Coletânea de Preces Espíritas) há um parágrafo que diz: “Não me criastes culpado, porque sois justo, mas com uma aptidão igual para o bem e para o mal; se sigo o mau caminho é por efeito do meu livre arbítrio. Mas, pela mesma razão que tenho a liberdade de fazer o mal, tenho a de fazer o bem; por conseguinte, tenho a de mudar de caminho”.
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*J. Morgado é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, escrevendo crônicas, contos, artigos e matérias especiais. Contato com o jornalista:
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