terça-feira, 7 de setembro de 2010

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Hoje, 7 de setembro, comemora-se oficialmente a Independência do Brasil, uma vez que nesse dia, no ano de 1822, às margens do Riacho Ipiranga, em São Paulo, o Príncipe Regente D. Pedro, ao receber a correspondência da Corte, teria proclamado o chamado "grito da Independência" à frente da sua escolta, processo que culminou com a emancipação política do nosso país do reino de Portugal. O 7 de setembro simboliza a integração entre os diversos setores da sociedade. A garra de um povo que, desde 1822, unido ao longo do tempo diante de tantos desafios, vem conquistando vitórias e consolidando a soberania nacional.
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Sou do tempo em que havia dois desfiles para se comemorar o Dia da Pátria. Antes tinha um grande desfile escolar. Era muito bonita a participação dos colégios. No dia 7 de Setembro era a parada militar com o povo na rua. Havia uma vibração estonteante, todos com a bandeira do Brasil. Com a tão decantada “democracia” começou-se a se dizer que a parada de 7 de Setembro era coisa de militar. Deixou-se de se levar os colégios e foram colocando na cabeça do nosso querido povo que assistir os desfiles era coisa para gente atrasada. Homenagear o país, as suas datas nacionais, não tem nada de vergonhoso nem de atrasado, pelo contrário. Antigamente o 7 de setembro era realmente comemorado. Era uma semana sem aulas nas escolas em virtude dos preparativos para o desfile. Diariamente presenciávamos os colégios treinando a "marcha" pelas ruas do entorno dos colégios. Hoje tudo está mudado. E para pior. Observem as emissoras de televisão quando repórteres fazem entrevistas com pessoas de diversos níveis sociais e perguntam: "você sabe o que se comemora no dia 7 de setembro? Grande parte, pessoas até de idade, desconhecem o motivo da comemoração, mas sabem que é feriado. Os mais jovens, nem se fala, desconhecem totalmente o motivo. É uma vergonha o brasileiro não saber o dia da Independência de seu país.
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Nos meus velhos tempos de estudante, só eram iniciadas as aulas depois que todos os alunos assistissem ao hasteamento da Bandeira brasileira, do Estado, do colégio e da Capital, ao som deste belíssimo Hino Nacional Brasileiro. Com certeza Deus iluminou a mente dessas figuras exponenciais: Francisco Manuel da Silva e Joaquim Osório Duque Estrada, para comporem este inigualável hino que, sem bairrismo nenhum, é o mais bonito do mundo. As autoridades do nosso país deveriam inspirar-se nesses dois monstros sagrados para governarem o Brasil.
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Não mais se vê pelas ruas crianças agitando bandeiras, com as cores do pavilhão nacional adornando os cabelos! As moças não mais se interessam em aplaudir os garbosos militares em seus trajes de gala. Triste saber que a maioria do povo brasileiro desconhece o que se festeja no dia 7 de setembro. E são poucos aqueles que sabem cantar, pelo menos a primeira parte, do Hino Nacional. O que fizeram com o nosso patriotismo? Por que não há mais nas escolas as aulas de Moral e Cívica? Aonde foram parar os famosos cadernos "Avante" contendo o Hino Nacional na contracapa? Basta o povo recobrar a auto-estima e conscientizar-se de que é o legítimo senhor de seus desígnios, capaz de construir um presente mais justo e tranquilo, com os olhos voltados para o futuro, sem olvidar as glórias do passado. Assim, consolida-se o patriotismo que torna a Pátria melhor.
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O Brasil precisa liberta-se do medo e do complexo de inferioridade. Soltar do peito oprimido o grito de independência dos maus políticos e também dos alimentadores de intenções escusas. Assumir as suas vontades e decidir os seus caminhos. O Brasil coberto de verde amarelo. Vamos despertar esse gigante adormecido. Vamos extirpar as ervas daninhas dos nossos bosques que outrora tinham mais flores. Temos que transmitir de geração para geração o orgulho que temos de nosso país e ensinar nossas crianças a importância de datas. Nossas escolas precisam intensificar o ensino do civismo realizando programas que demonstrem e esclareçam algumas datas e porque são importantes para nós brasileiros. Cantar o Hino Nacional é cantar o nosso próprio orgulho em ser brasileiro, de mãos dadas com a igualdade, com a felicidade, com a alegria em viver num país sem igual, mas que precisa ser realmente para todos na verdadeira acepção da palavra. E já que estamos num ano eleitoral, onde serão escolhidos os novos representantes do Brasil, nada mais apropriado do que refletir sobre a responsabilidade dos brasileiros em escolher os candidatos que comandarão os rumos do país. Votar é um ato de cidadania e de compromisso com o Brasil que queremos. Escolher com critério e seriedade as pessoas que representarão os interesses do povo brasileiro e não os seus interesses próprios é uma atitude que poderá mudar o futuro das novas gerações. Precisamos criar essa consciência cívica, escolher bem e cobrar dos escolhidos o dever de servir ao povo acima de tudo. Não fujamos à luta! Salvemos a Pátria Amada!
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UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA

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Alguns pontos da história da nossa independência sempre chamaram a minha atenção, ainda nos bancos escolares. Um deles sobre os reais motivos que levaram D. Pedro a se insubordinar e desobedecer ordens de seu pai para que voltasse para Portugal, se submetendo ao rei e às Cortes. Nesse ponto, os livros de história, pelo menos a maioria, são contundentes. Pesou nesta decisão uma carta enviada a D. Pedro por José Bonifácio de Andrada e Silva, Membro do governo provisório de São Paulo, que aconselhava o Príncipe Regente a romper com Portugal, e uma outra da esposa, Maria Leopoldina de Áustria, apoiando a decisão do ministro e advertindo: "O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece". Impelido pelas circunstâncias, D. Pedro pronunciou a famosa frase "Independência ou Morte!", rompendo os laços de união política com Portugal.

Outro ponto interessante é sobre o começo do endividamente externo do Brasil. Diz a história que, para ser reconhecido oficialmente, o Brasil negociou com a Grã-Bretanha e aceitou pagar indenizações de 3 milhões de libras esterlinas a Portugal. Alguns historiadores afirmam que foram 2 milhões de libras esterlinas. A Grã-Bretanha saiu lucrando, tendo início o endividamento externo do Brasil. Esse empréstimo ficou conhecido como "empréstimo português", destinado a cobrir dívidas do período colonial e que na prática significava um pagamento à Portugal pelo reconhecimento de nossa independência. A independência não alterou as estruturas sócio econômicas e restringiu-se a um movimento político muito limitado, mantendo o regime monárquico e o herdeiro português no trono, aliado aos latifundiários conservadores sob o comando de José Bonifácio de Andrada e Silva.

A aceitação do pagamento da indenização está ligada aos vínculos mantidos com Portugal e ao mesmo tempo aos interesses ingleses, que somente reconheceu nossa soberania após o acordo com Portugal. Em 1829 foi realizado novo empréstimo que passou para a história como "o ruinoso" e serviu para cobrir parcelas não pagas do empréstimo anterior. Do total tomado emprestado, o Brasil recebeu apenas 52%, pois o restante serviu para cobrir os juros da dívida anterior. Dois novos empréstimos importantes foram realizados durante o Império - em 1843 e 1852 - utilizados ainda para pagar débitos relativos ao primeiro empréstimo, que somente foi saldado em 1890.
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Durante esse período o Brasil ainda endividou-se ainda mais com a Guerra contra o Paraguai. A Inglaterra forneceu os navios e empréstimos ao Brasil para o conflito que também interessava à ela. Daí por diante a coisa descambou. Durante a república do "café com leite" o endividamento aumentou ainda mais, sempre para garantir os privilégios da elite, até chegarmos ao período que ficou conhecido como "milagre econômico", quando a indústria brasileira cresceu a taxas elevadíssimas graças ao ingresso maciço de capitais estrangeiros, fazendo com que a dívida saltasse de 4 para 12 bilhões de dólares.
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O endividamento pós 64 tem dois estágios. O primeiro é o dos governos Costa e Silva e Médici, nos anos 68-73, do "milagre econômico". Nesse período, os empréstimos foram usados para, ao cabo de tudo, realizar operações de crédito na compra de geladeiras, secadores de cabelo, automóveis e outros bens supérfluos e também para financiar ar grandes obras urbanas e serviços que viabilizaram a existência dos automóveis e das geladeiras, tais como estradas, viadutos e redes de energia elétrica. Em 1982 foi o ano da falência declarada do modelo brasileiro de desenvolvimento e o país recorre ao FMI. Ao final do governo Figueiredo, que encerra a ditadura militar, a dívida externa chegava a casa de 100 bilhões de dólares. A Dívida atual, que o Presidente Lula afirma ter pago, alcança a casa dos 231 bilhões de dólares. Estes dados consegui no site do Banco Central.
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*Edward de Souza é jornalista, escritor e radialista
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Nesta quarta-feira, o vigésimo primeiro capítulo de "Memória Terminal", série inédita escrita pelo jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, falecido em 29/11/2008. Acompanhe!
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