terça-feira, 10 de novembro de 2009

UM FORTE ESQUEMA DE SEGURANÇA VAI GARANTIR A VOLTA DE GEISY ÀS AULAS

REPERCUSSÃO DO CASO FEZ UNIBAN SE ARREPENDER DA EXPULSÃO DE GEISY
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O vice-reitor da Universidade Bandeirante (Uniban) de São Paulo, Ellis Brown, negou nesta terça-feira que o Conselho Universitário tenha errado ao expulsar a estudante de Turismo Geisy Arruda, mas admitiu que a repercussão do caso influiu na mudança da decisão. Segundo ele, a revogação do afastamento da aluna e da suspensão de outros envolvidos foi a escolha de uma "abordagem educacional em lugar da punição disciplinar".
Geisy Vila Nova Arruda, 20 anos, 1,70, loira, olhos verdes, residente em Diadema, cidade do ABC paulista, cursa o primeiro ano de Turismo da Universidade Bandeirante, campus São Bernardo do Campo, ABC Paulista. Forte esquema de segurança deverá acompanhar Geisy em sua volta às aulas. Até o prédio onde Geisy estudava foi trocado para evitar tumulto. Mesclado ao texto deste blog, notas de agências de notícias. Acompanhem todo esse caso polêmico.

A nota divulgada pela Uniban não traz mais detalhes do recuo, feito logo após a repercussão negativa da notícia de que a estudante não poderia mais continuar seus estudos na entidade de ensino superior. Segundo notificação anterior da Universidade, publicada em jornais de São Paulo no domingo (8), a decisão de expulsar Geisy foi tomada após uma sindicância interna, que atribuiu a culpa pelo tumulto às atitudes da estudante, que teria desfilado pelos corredores, tirado fotos e passeado pelas salas de aula com um vestido provocante.
Antes da Uniban recuar em sua decisão, o Ministério Público Federal em São Paulo divulgou que instaurou um inquérito civil público para apurar as circunstâncias da sindicância que resultou na expulsão de Geisy. Também a Polícia Civil abriu na tarde de ontem um inquérito para investigar as ofensas sofridas pela estudante do curso de turismo. O caso teve grande repercussão, inclusive internacional, recebendo destaque nos jornais "The New York Times" e "The Guardian".
Ainda na tarde de ontem, antes da notícia da desistência da Uniban em expulsar Geisy, o advogado da estudante, Nehemias Melo, convocou uma coletiva em que avisou que deveria ir à Justiça para que a cliente tivesse o direito de terminar o semestre letivo na Uniban. Na ocasião, o advogado afirmou que deveria ir ao Fórum de São Bernardo do Campo para entrar com uma medida cautelar para que Geisy possa retornar à faculdade. Ele também alegou que deveria pedir a retirada os vídeos postados na internet com as imagens do dia em que ela foi agredida. Segundo o advogado, um inquérito foi aberto na delegacia da Mulher em São Bernardo do Campo para apurar o caso.
Geisy também participou da coletiva. Passou boa parte do tempo de cabeça baixa e chegou a se emocionar em alguns momentos. Ela respondeu a todas as perguntas feitas pelos jornalistas e disse que a única coisa que ela quer é terminar o ano letivo.
O Ministério da Educação (MEC), que também divulgou ontem um documento onde exigia que a universidade se manifestasse sobre a expulsão em dez dias, disse que não recebeu oficialmente nenhuma informação sobre o recuo da Uniban.
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VAIAS E TUMULTO DURANTE PROTESTO . .

Mesmo depois de revogar a decisão de expulsar a aluna Geisy Arruda, hostilizada por usar um vestido curto no último dia 22, a Uniban continua alvo de protestos. No início da noite de ontem, manifestantes fizeram batucadas em frente à universidade, levaram carro de som e acusaram a instituição de autoritarismo. Os alunos da Uniban não concordavam com a passeata. Muitos vaiaram a manifestação e gritaram para os militantes irem embora e calarem a boca. Parte do coro contra o protesto também partiu de funcionários da universidade. Os estudantes mais uma vez repetiram a postura do vídeo que gerou tanta polêmica: vaiaram e xingaram o protesto e perseguiram a apresentadora Sabrina Sato com seus celulares. Apesar do coro do grupo feminista Marcha Mundial das Mulheres e das faixas em prol da aluna, levantadas por integrantes da UNE (União Nacional dos Estudantes), de sindicatos, de ONGs e de partidos políticos, muitos não concordavam com a situação.
"Todo mundo tem culpa nessa história, inclusive a Geisy. Ela ficou desfilando e se exibindo e estava gostando do alvoroço até que tudo saiu do controle", conta Beatriz Carrera, aluna de nutrição da Uniban.
Maria Fernanda Marcelino, militante do grupo feminista, aproveitou o carro de som e denunciou a "mercantilização" do corpo das mulheres. Ao mesmo tempo, a universidade foi acusada de machista e autoritária. O clima foi tenso entre manifestantes e alunos da instituição.
Michele Alberdht, uma das alunas contrárias ao movimento, explicou o motivo pelo qual vaiou a manifestação. "Esse pessoal que veio protestar não sabe como era essa menina", diz, referindo-se a Geisy Arruda.
Angélica Fernandes, militante do Diretório Nacional do PT, relembrou o passado de São Bernardo do Campo para se queixar do presente. "Há 30 anos São Bernardo do Campo entrava pro noticiário nacional com a greve contra a ditadura. Agora nosso município volta mostrando que está nas trevas", declarou ao microfone, ainda sob as vaias dos alunos.
Quando o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Augusto Chagas, subiu ao carro de som para finalmente anunciar a decisão da Uniban de voltar atrás sobre a expulsão de Geisy, foi recebido com mais protestos. "Ele está pegando a Geisy", gritou um estudante. "É natural a polarização. Tem gente que não compreende o debate e acha normal a violência contra a mulher", afirmou o presidente da UNE.

A apresentadora da Rede TV, Sabrina Sato, tomou a atenção dos estudantes ao desfilar de roupas decotadas em meio aos gritos da multidão. Rodeada por dezenas deles, Sabrina foi filmada e chamada de "gostosa" pelos estudantes, que pediam para ela tirar a roupa. Os alunos da Uniban repetiram nesta segunda diante das câmeras de TV o que fizeram duas semanas atrás para os visores dos celulares: perseguiram uma mulher em um vestido rosa (no caso, Sabrina Sato) e hostilizaram quem pedia tolerância.