domingo, 15 de fevereiro de 2009

CRIANÇAS BRINCANDO DE PAPAI E MAMÃE

Edward de Souza

Certos assuntos vira-e-mexe servem de temas para acalorados debates no rádio, televisão ou por interessantes reportagens jornalísticas. A gravidez na adolescência, por exemplo, não foge á regra, pois volta e meia vemos psicólogos, médicos, sociólogos aflitos tentando esmiuçar a questão. A gravidez precoce é uma das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade da adolescência, com sérias consequências para a vida dos adolescentes envolvidos, de seus filhos que nascerão e de suas famílias. São crianças, meninas ainda, de 13, 14 anos, que nunca tiveram a oportunidade de ninar uma boneca, mas já seguram um filho no colo ou guardam no ventre um bebê que aguarda a hora de nascer. Em quase todas, nos olhos, no rosto e no corpo, sobressaem as marcas de um futuro que virá sem a mínima perspectiva de um dia melhor, cada vez mais incerto, para elas e para os filhos. No Brasil, a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos de 15 anos grávidas que na década de 70. Especialistas revelam que a gravidez ocorre geralmente entre a primeira e a quinta relação, sendo o parto normal a principal causa de internação de brasileiras entre 10 e 14 anos. Pelos dados oficiais temos hoje uma média de 36.000 adolescentes grávidas no Brasil. Calcula-se que ocorram 1,4 milhão de abortos clandestinos no Brasil. Procedimentos malfeitos são a principal causa de mortalidade materna no país, deixando um “saldo” anual de cerca de 6.000 vítimas fatais. O problema não é só aqui na Terrinha, é mundial. A incidência de gravidez na adolescência está crescendo e, nos EUA, onde existem boas estatísticas, vê-se que de 1975 a 1999 a porcentagem dos nascimentos de adolescentes grávidas e solteiras aumentou 74,4%. Nesse final de semana uma notícia publicada pelo jornal sensacionalista The Sun, mostrava fotos (essa que ilustra coluna é uma delas), dos pais mais jovens do Reino Unido. Alfie Patten, o pai, com apenas 13 anos de idade e ela, Chantelle Steadman, a mãe, com 15 anos. Nasceu Maisie que aparece com os pais na foto.
A gravidez entre adolescentes deve ser encarada como um problema não apenas médico, mas de toda a sociedade. É importante a participação da família, serviços médicos e instituições, tanto governamentais como não-governamentais, no combate à gravidez precoce e indesejada.