terça-feira, 10 de agosto de 2010


ESCOLHAS


Todos os dias fazemos escolhas e delas depende, invariavelmente, a qualidade da nossa vida.

O problema é que, hoje em dia, está cada vez mais difícil sermos os artífices das nossas escolhas. Tem muita gente escolhendo por nós, como se fôssemos marionetes, como se não tivéssemos opinião nem vontade; como se não pudéssemos discernir o que é melhor para cada um de nós – o que é justo, o que é correto, o que é bom. E assim, vamos nos deixando levar por escolhas alheias, afrouxando as correntes que nos retêm nos limites da nossa capacidade discricionária de efetuar julgamentos.

Pois é, a condição de cidadania, a missão individual dentro do ambiente coletivo, as aspirações pessoais, a integridade do comportamento face a um ambiente contraditório e hostil são patrimônio do qual não podemos abrir mão, sejam quais forem os impactos e as consequências. A ética é um valor elementar, impregnado em nossos registros básicos. É preciso coragem, maturidade e elevado nível de consciência para escolher a opção ética, que permite ao indivíduo desenvolvimento sem amarras, liberdade de comportamento e tranquilidade moral que lhe dá cada vez mais condições de avançar em termos de realizações, pessoais e profissionais. E comportamento ético pressupõe que desejemos bem-estar coletivo.

A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento fundamental na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, que poderíamos chamar de consciência moral, a possibilitar constantemente avaliação e julgamento de suas ações para perceber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Porém, nem sempre o que nós acreditamos ser justo e certo é o julgamento de outrem...

Há condutas humanas classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas categorias sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos.

A ética está relacionada à escolha, ao desejo de realizar a vida, mantendo, com os semelhantes, relações justas, aceitáveis e harmoniosas. Via de regra está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa vida plena e feliz para todos.

Agir eticamente é poder escolher, é ser competitivo, comprometido consigo mesmo, em sintonia com a essência, descartando a aparência que fere e afasta o que temos de melhor. Esse é o comportamento desejável. Decisões e ações geram consequências que precisam ser sempre medidas, porém a atitude ética e íntegra, vai permitir que ultrapassemos nossas limitações e tentações diárias.

É muito mais fácil deixarmos de fazer escolhas e alugar nossa integridade aos gentios, agindo dentro dos cânones do oportunismo que grassa descaradamente no cenário nacional, aonde o maior exemplo vem daquele que nada vê, nada sabe e nada faz, mas é o senhor oculto e in-culto de todos os destinos, en passant, é claro! Continuar fazendo escolhas deve ser a meta elementar de todos os cidadãos e ainda há instrumentos muito poderosos ao nosso alcance. Basta que não nos esqueçamos deles, que sonhemos com eles e os façamos prosperar. E a ferramenta mais valiosa, com certeza, é o voto, que vamos exercitar proximamente.

Um bom exercício de análise do cenário que se avizinha é prudente e interessante. Até mesmo porque a escolha terá consequências como quase nunca antes na história deste país.

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*Nivia Andres é jornalista e licenciada em Letras. Suas experiências e vivências estão no blog Interface Ativa! Dê uma espiadinha em http://niviaandres.blogspot.com
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