segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

DOMINGO, 27 DE FEVEREIRO DE 2011



Deixei o prédio da TV Tupi pouco antes das 11 horas da manhã, com a certeza de que jamais receberia um telefonema de Walter Foster. Não fui submetido a nenhum teste e não consegui mostrar a ele minhas qualidades profissionais. Não estava abatido por isso, ao contrário. Em meu bolso trazia uma lista com nomes de outras emissoras de rádio de São Paulo. Era preciso continuar, sem desânimo. Afastar escombros e seguir adiante. Agir com entusiasmo. Entusiasmo como paixão. Entusiasmo como motivação. Entusiasmo como ferramenta destinada a atingir as metas propostas. Tinha em mente que para obter os louros da vitória seria necessário superar dificuldades, reunir as forças interiores, manter a chama da confiança e prosseguir com determinação.

A primeira emissora que constava em minha lista, que eu visitaria depois da TV Tupi, era a Rádio América, cuja administração, três anos antes, em 1967, foi assumida pelos Padres e Irmãos Paulinos. A Rádio América estava em um prédio próprio, localizado na Rua Dr. Pinto Ferraz, na Vila Mariana, onde continua até os dias de hoje, agora com o nome de Nova Canção e dirigida por um grupo religioso. Nesta emissora de rádio trabalhava um francano, Adilson Machado, que eu não conhecia pessoalmente, mas como conterrâneo poderia dar-me uma força, acreditava. Antes de chegar a Rádio América, passei pela loja de calçados que pertencia a um tio, Antonio Leite, já falecido, na Domingos de Morais, Vila Mariana. Almoçamos juntos. Contei a ele meus planos e recebi conselhos e o seu apoio para seguir em frente sem desanimar nunca.
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Pouco mais de 13 horas cheguei ao prédio da Rádio América. Uma agitação enorme acontecia na portaria e eu mal conseguia aproximar-me. Os cantores Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa estavam fazendo uma visita a um programa de rádio, fui informado minutos depois. Por causa do tumulto de fãs que buscavam autógrafos dos cantores famosos, que faziam sucesso enorme junto a jovem guarda da época, demorou para que eu fosse atendido. Uma jovem de sorriso cativante aproximou-se. Disse a ela que eu estava a procura de um radialista, meu conterrâneo. Identifiquei-me e recebi um crachá, sendo encaminhado para uma confortável sala de espera.

Enquanto aguardava ser atendido, nuvens de saudade passeavam pelo céu da memória, formando desenhos de lembranças. Transportaram-me ao ano de 1966. Jovem locutor da Rádio Difusora de Franca, depois de apresentar o meu programa da tarde, estava na discoteca da emissora, ao lado da amiga Juracy Corrêa Dias, responsável por toda a programação musical. Dona de uma maravilhosa voz, Juracy exercia ainda as funções de radialista e atriz de radionovela, sempre com o papel principal feminino. Abria para mim uma exceção. Deixava que eu escolhesse as músicas que queria tocar em meus programas.

Pouco antes das 18 horas, um senhor bem vestido, trajando terno da cor azul forte - usava na época - e com cartazes debaixo dos braços, depois de um leve toque na porta da discoteca, solicitou licença. Queria urgentemente falar com o responsável pela rádio. Eu o acompanhei até a sala do gerente, mas ele já tinha ido embora. Este senhor lamentou-se, tinha pressa, estava num hotel da cidade, Hotel Francano, já demolido, e trazia uma proposta de interesse para a emissora. Abriu um dos cartazes e mostrou-me as fotos de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, ídolos da jovem guarda que jamais tinham visitado Franca. Roberto Carlos estourava na praça com a música “Quero que vá tudo pro inferno” gravada no final de 1965, um dos maiores hits de toda sua carreira. Febre nas rádios brasileiras, essa música elevou Roberto Carlos a condição de fenômeno musical no país.

Percebendo que o elegante senhor pretendia promover um show com os cantores em Franca, eu o convidei a tomar um aperitivo no boliche da cidade, que ficava perto da rádio. Se eu o deixasse ir, certamente levaria a oferta para a emissora concorrente. Para minha satisfação ele concordou, estendeu-me a mão e disse chamar-se Sergio, secretário de Roberto Carlos. Convidei o saudoso amigo radialista, Costa Junior (foto acima), um dos mais antigos da Difusora, a nos acompanhar. Depois de uma boa conversa no boliche, mesmo sem a presença do gerente da rádio, fizemos uma proposta ao Sergio. Caso ele aceitasse trazer os ídolos da Jovem Guarda a Franca, poderíamos convencer Luiz Carlos Facury, gerente da emissora, a aceitar promover este show se a bilheteria do evento fosse dividida, 50 por cento para cada parte. Depois de pensar e tomar mais alguns chopes, Sergio concordou. Mais ainda. Além de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa, garantia a presença dos cantores Ary Sanches, Jean Carlos (cantor cego) e Mary Pavão. Acertamos um encontro com o Sergio no dia seguinte, 10 horas da manhã na rádio e levamos alguns cartazes.

Logo cedo eu estava na Difusora, eufórico, imaginando ter a honra de apresentar em Franca os maiores ídolos do Brasil na época, mas sabia que para isso teria que convencer o gerente da rádio. Não foi fácil, lembro-me bem. Fiz de tudo, com a ajuda do Costa Junior, só faltou chorar. Facury não estava disposto a assumir essa responsabilidade, deixara isso claro, mesmo com a renda dividida. Nisso chegou o Sergio. Entrou na sala da gerência e o apresentamos ao Facury, sem esperanças que um acordo positivo pudesse ser selado.

Uma conversa de alguns minutos e Sergio, estendendo um contrato, perguntou ao gerente: “se aceitar a proposta, marcamos a data, basta assinar aqui”. Facury segurou a caneta e ia deixá-la de lado, quando exclamei, quase implorando: “por favor, assine”. O gerente ergueu os olhos me encarando, percebeu que se recusasse deixaria frustrado por toda uma vida aquele jovem locutor que ele havia introduzido com sucesso na radiofonia da cidade. Balançou a cabeça e antes de assinar, ordenou: “assino, mas vocês tomam conta disso”, jogando para nós a responsabilidade, prontamente aceita. Foi o dia mais feliz da minha vida!

Uma propaganda nunca vista antes em Franca foi feita, com chamadas na rádio e cartazes distribuídos por toda a cidade. Sergio vinha sempre, para fiscalizar os preparativos. No dia marcado para o show, as ruas próximas ao Clube dos Bagres, local do evento, estavam apinhadas de gente. Maria Abadia (foto), funcionária do escritório da Difusora comandava as bilheterias, fiscalizada atentamente pelo Sergio e outros funcionários. Nos bastidores eu aguardava a chegada dos cantores. Eu e Costa Junior estávamos preparados para apresentá-los.

A chegada dos cantores, ocupando vários carros, foi marcada por um tumulto, corre-corre e gritaria. Fomos apresentados a eles nos vestiários do ginásio, onde ficariam alojados. Roberto Carlos, de imediato, exigiu que a segurança fosse redobrada, caso contrário, ameaçava não se apresentar. Tomamos todas as providências exigidas e o deixamos tranquilo. Naquele show, Roberto Carlos lançaria a bota “Calhambeque”, produzida pela fábrica Saméllo, uma das maiores de Franca, conhecida internacionalmente até hoje. Depois, a bota seria levada para o programa Jovem Guarda, da TV Record de São Paulo e usada pelo cantor. Aborrecido quando “Vadinho” Saméllo lhe entregou nos bastidores a bota do pé direito para experimentar, Roberto Carlos despistou e reclamou: “não foi essa a cor que pedi, faça outra e despache para São Paulo”. Atirou a caixa com as botas em minha direção. Número 41, o mesmo que calço. Fiquei com elas, Vadinho concordou e deu-me o presente.
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O Show, com o nome “Festa de Arromba”, alusão a uma música de sucesso na época, cantada por Erasmo Carlos, foi um sucesso. Costa Junior e eu revezamos na apresentação. Fiquei com o privilégio de apresentar Roberto Carlos, o último cantor da noite (foto acima). O ginásio quase veio abaixo, assim que o cantor surgiu no palco. Um show inesquecível. Naquela mesma noite aceitei o convite feito por Sergio, o secretário de Roberto Carlos, para apresentar outro show, na sequência, que aconteceria em Ribeirão Preto, Cava do Bosque. Com o cachê alto no bolso, segui com a comitiva, tendo Erasmo Carlos como companhia no carro. Jantamos já de madrugada em Ribeirão Preto, fiquei com eles no mesmo hotel e voltei no dia seguinte para Franca. Poderia ter continuado apresentando shows do grupo, mas tinha que seguir minha carreira, por isso não aceitei a proposta feita por Roberto Carlos e seu secretário.

A gritaria que se fez ouvir nos corredores da Rádio América interrompeu minhas lembranças. Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa estavam indo embora. Passaram próximos, mas não me viram, empurrados por vários seguranças e ainda pelos fãs ensandecidos. Nisso, a jovem e bonita secretária da Rádio América se aproximou e avisou-me que em 5 minutos eu seria recebido pelo conterrâneo de Franca...
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*Edward de Souza é jornalista, escritor e radialista.
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Acompanhe o terceiro capítulo de “O dia em que gravei o Jornal Nacional", amanhã,
terça-feira.
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sábado, 26 de fevereiro de 2011

SEXTA-FEIRA, 25 DE FEVEREIRO DE 2011
Nos últimos dias, os jornais tem se ocupado com pequenas notas de casos de anencefalia que tiveram autorização da Justiça para interromper o processo de gestação. Aborto é a palavra certa! Dois desses abortos autorizados que são de gestantes moradoras de cidades do interior de São Paulo (São José do Rio Preto e Santa Adélia – Estadão - 5 e 12 de fevereiro/011). Em ambos os casos, a sentença foi baseada em que o anencefálo viveria poucos dias depois de nascer e que a mãe correria risco de vida.
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No dia 19 de fevereiro, o mesmo jornal ocupa uma página inteira para falar desse problema. A matéria informa que o STF retoma o processo que autoriza aborto de anencefálo, depois de sete anos engavetado. O jornal mostra em um pequeno quadro destacado na matéria, que “A anencefalia é uma malformação embrionária que atinge aproximadamente um em cada mil bebês. É caracterizada pela ausência parcial do encéfalo e da calota craniana e pode ser diagnosticada no terceiro mês de gestação. Não há tratamento nem chances de sobrevivência para o bebê anencefálico. A maioria dos afetados não sobrevive ao nascimento. Aqueles que não nascem mortos, geralmente morrem algumas horas depois, após parto”.

Com o título “Julgamento volta a opor ciência e religião”, em outro quadro, mostra que em 2003 uma jovem de dezoito anos pediu ao juízo criminal de Direito de Teresópolis, para interromper a gravidez, já que foi diagnosticada a anencefalia do feto. O pedido foi negado porque o Código penal não prevê autorização de aborto nesses casos. Entre vai e vem, como acontece sempre na burocracia judicial, uma desembargadora autorizou a interrupção da gravidez. Um padre católico entrou então com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça. Enfim, até o processo ser julgado desta vez no STF, o bebê nasceu e morreu. O processo foi arquivado.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu para participar da ação. O choque causado entre opiniões religiosas e científicas é proverbial e mais uma vez se faz presente. Ao longo da história, a ciência materialista de choca com os pensamentos espiritualistas da igreja. Entretanto, não pretendo discutir aqui religião e ciência e sim a questão MORAL que nada tem a ver com ciência e religião. A definição para “moral” no Aurélio é extensa. Ficamos com a primeira: “substantivo feminino – 1. Conjunto de regras de conduta considerada como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada”.

Não pretendo aqui neste simples artigo, impor ou mostrar de alguma forma que a doutrina espírita tem o dom da verdade. Nada disso. Apenas vou tentar dizer o que pensa o espiritismo a respeito do assunto uma vez que, a doutrina dos espíritos codificada por Allan Kardec, nada tem contra ou a favor de qualquer religião. A polêmica sobre a existência e a pré-existência do espírito e o momento de sua concepção, em relação ao corpo físico, perturba a ciência, a religião e a filosofia terrena. Os indivíduos materialistas dizem que o homem é apenas um composto de matéria densa, iniciando a vida no berço e terminando no túmulo e nada mais.

Os reencarnacionistas acreditam no fator “causa e efeito” ou carma para os indús. E, partindo daí, entende-se que onde há um efeito é porque houve uma causa. Indo direto ao assunto. Não teria como espírito programado, o anencéfalo, juntamente com aquela que lhe daria a luz, provocado toda essa situação? Um resgate moral. Eu disse MORAL e não religioso. A interrupção desse processo, segundo o espiritismo, traria sérias consequências em futuras encarnações, além de gerar conflitos obsessivos para a mãe que recusou dar a luz a um espírito que necessitava passar por esse transe.

Seria mesmo verdade que todos os anencefálos morrem ao nascer? Não estaria ai uma situação materialista ou de conveniência para se safar dos problemas que uma criança nessa situação acarretaria para a mãe? A Revista Internacional de Espiritismo, do mês de julho de 2007, depois de uma intensa repercussão na imprensa local (Franca) e nacional, publicou uma matéria de minha autoria sobre o caso da menina Marcela de Jesus Ferreira (sem cérebro sim, sem alma não), que morreu um ano e oito meses depois de seu nascimento, prova inconteste de que tais crianças nem sempre morrem logo após o parto. Esse fato ganhou repercussão nacional e internacional

O caso aconteceu na pequena cidade de Patrocínio Paulista, vizinha a Franca. E foi acompanhado por uma médica pediatra do início do nascimento até a morte do bebê. Os médicos, unânimes em seu diagnóstico, diziam que a criança, filha de Cacilda Ferreira (foto), não tinha cérebro e afirmavam que ela morreria dentro de dias. O tempo provou que eles não estavam certos e para se justificarem diziam que havia um pouco de massa encefálica. Fato desmentido categóricamente pela médica Márcia Beani Barcelos, que acompanhou o caso do começo ao fim. A pediatra afirmou ao Jornal "O Comércio da Franca", que não foi a anencefalia que matou a criança. De acordo com ela, Marcela aspirou leite, que vedou o pulmão direito. Além disso, a criança estava com pneumonia. O bebê morreu no dia 1º de agosto de 2008, na Santa Casa de Misericórdia de Franca.

Para encerrar esta matéria, transcrevo um trecho do Livro dos Espíritos, publicado pela primeira vez em 1857. Diz O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (foto), na questão 347: “que utilidade pode haver para um Espírito a sua encarnação num corpo que morre poucos dias após o nascimento? Resposta: “o ser não tem alta consciência de sua existência: a importância da morte é quase nula: como já o dissemos, é muitas vezes uma prova para os pais”. Também vem nos esclarecer a questão 355: “Há como indica a ciência, crianças que desde o ventre da mãe não tem possibilidades de viver? E com que fim acontece isso?”
Resposta: “Isto acontece frequentemente, e Deus o permite como prova, seja para os pais, seja para o espírito destinado a encarnar”.
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui:
jgarcelan@uol.com.br

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011




Ouço ainda as súplicas de minha mãe, 40 anos depois, implorando para que eu desistisse dos planos de deixar minha cidade Natal com a intenção de tentar a sorte numa cidade grande. Com 20 anos de idade eu estava decidido. Iria procurar emprego numa emissora grande de São Paulo. Percebia que em Franca não teria futuro algum em minha carreira como radialista. Tinha ainda o sonho de cursar uma faculdade de jornalismo que me ajudaria na carreira, e na minha pequena cidade, no final dos anos 60, isso seria impossível. Franca tinha então cerca de 80 mil habitantes e a única faculdade que possuía era de advocacia. Hoje, com quase 400 mil habitantes, possui várias, além de uma universidade que atende 10 mil estudantes da cidade e região.
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Meu pai, homem honesto e trabalhador, nunca deixou faltar nada, financiando os estudos dos filhos sem nunca ter exigido que o ajudássemos nas despesas da casa. Foi assim que estudei no Instituto Adventista de Campinas, cursando o ginasial num prestigiado estabelecimento de ensino, cujas mensalidades eram caríssimas. Sentia a falta dos irmãos, da minha casa, do carinho e das comidas gostosas da mamãe, mas com o tempo aprendi a viver só. Era ainda uma criança, tinha apenas 13 anos.

Em Franca, três anos depois, por obra do destino, aos 16 anos de idade comecei a trabalhar numa emissora de rádio, então pertencente à Rede Piratininga. Escondido do meu pai, a princípio. Queria ele que eu apenas estudasse e buscasse trabalho depois. E foi engraçado como tudo aconteceu. Um vizinho, Abrahão Facury, falecido ano passado, próspero comerciante em Franca, pediu-me que levasse um recado ao filho, Luiz Carlos, gerente da Rádio Piratininga de Franca. Essa emissora é a atual Difusora, pertence ao GCN - Grupo Corrêa Neves - proprietário do Jornal “O Comércio da Franca”.

.Assim que entrei no prédio, ouvi gritos e palavrões. Um locutor conhecido do horário desentendeu-se com o gerente da rádio e praticamente foi jogado para fora do prédio. Esperei a poeira assentar e procurei Luiz Carlos Facury, que ainda estava muito agitado e nervoso, para lhe entregar o recado do pai. O gerente da rádio sabia que eu e um amigo, Paulo Roberto Verzola, (foto acima), locutor hoje conhecido na cidade, por algum tempo apresentamos um programa estudantil na rádio. Sem ninguém no horário, não hesitou. Praticamente arrastou-me ao estúdio, entregou-me uma pasta com comerciais, a lista da programação musical que estava sobre a mesa do estúdio e gentilmente disse: “você tem boa voz, é inteligente, toque o programa”.


Não decepcionei. Não só comandei o programa como ainda criei frases e brincadeiras que agradaram os ouvintes. Várias ligações ocorreram no período em que eu estava no ar, atendidas pelo gerente da rádio, elogiando o seu novo “profissional”. Eu não tinha nenhuma ilusão, sabia que estava ali como “tampão” e seria substituído no dia seguinte, com a volta do profissional brigão ou com a contratação de outro radialista. Enganei-me. Assim que saí, Facury me esperava. Cumprimentou-me e pediu-me que voltasse no dia seguinte, o horário das 14 às 17 horas era meu, caso aceitasse o salário oferecido por ele.

Assim comecei em rádio e aprendi muito nestes quatro anos que exerci a profissão em Franca. Apresentei noticiários, fiz reportagens, narrei futebol e, acreditem, trabalhei em novelas, sucesso naqueles tempos em que a TV era objeto raro nas residências. Foi o meu primeiro registro na Carteira Profissional como radialista.

Devo destacar que desde pequeno meu pai incentivou-me a ler. Assinava o Diário de São Paulo (Diários Associados) e o Comércio da Franca. Anos depois, coincidentemente, assinei uma coluna no Comércio, na minha volta a Franca. Papai possuía enormes coleções de Machado de Assis, José de Alencar, entre outros. Quando saia para o trabalho entregava-me um livro e a noite queria ouvir a minha opinião sobre a leitura. Li todos os livros de sua coleção e, ainda pequeno, fiquei encantado com “O Guarani”, obra de José de Alencar.

Final dos anos 60. Enfrentando forte oposição de minha mãe, ouvi apenas alguns conselhos dados pelo meu pai, (foto recente), enquanto arrumava a mala para partir em busca dos meus sonhos, combustível essencial para enfrentarmos com motivação e esperança a difícil caminhada da vida. Por mais dura que ela pareça ser, é possível acreditar numa vida de realizações se sonharmos diariamente com os nossos projetos, os nossos ousados planos, nossos desejos de conquistas materiais e pessoais. O que difere pessoas bem sucedidas de outras fracassadas é a capacidade de sonhar. Você conquistará grandes coisas se tiver grandes sonhos. Mas deixará de conquistar tantas outras se não sonhar. Decidido e contando com a ajuda de tios que moravam em Santo André e não tinham filhos, parti com a certeza que conseguiria atingir meus objetivos. Sabia que a luta seria árdua numa cidade grande e estranha. Mas, tinha confiança e lutaria para vencer.
Recebido com carinho pelos tios, ele irmão de meu pai, ela irmã de minha mãe, eu estava em casa e minha mãe tranquilizou-se. Sabia onde eu estava e teria notícias minhas sempre. Meus tios são falecidos, ela, Dionir, morreu ano passado, ele, Ivan, faz muitos anos. Foram como pais e devo muito a eles, jamais esquecerei.

No dia seguinte, depois de bem acomodado na casa dos tios, sai pela manhã em busca de trabalho. De preferência numa rádio grande em São Paulo, por isso, bem cedo, eu estava na portaria da TV Tupi, que ocupava a quadra rodeada pelas ruas Piracicaba, Av. Professor Alfonso Bovero, Travessa Xangô e Catalão, no Sumaré. Havia uma padaria embaixo do prédio que abrigava a rádio e a TV e ali tomei um gostoso chocolate enquanto esperava o início da movimentação de pessoas na portaria. Nesta padaria fiz amizade com um funcionário da rádio, um antigo operador de som da Tupi, que se chamava Wilson, não lembro seu sobrenome. Expliquei que era locutor e queria trabalhar. Com sua ajuda, passei pela portaria e duas horas depois fui atendido por Walter Foster. Minhas pernas tremeram. Eu estava frente a frente com um dos maiores galãs da TV brasileira e não sabia que ele respondia, interinamente, pelo núcleo de locutores e de jornalismo da Tupi.

Calmo, atencioso, Foster (foto a esquerda) perguntou-me o que desejava. Contei a ele que vinha do interior em busca de um emprego, tinha experiência e poderia fazer um teste, caso ele permitisse. O ator percebeu meu nervosismo, tomou-me pelos braços e ofereceu-me um café. Depois de uma boa conversa, prometeu que assim que tivesse uma vaga iria me chamar. Dei-lhe o telefone da casa de meus tios e com um aperto de mãos lhe agradeci. Comecei a perceber que sem um “cacife” (recomendação de alguém importante), eu nada conseguiria em São Paulo. Mas, não iria desistir na primeira tentativa...
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“O dia em que gravei o Jornal Nacional” volta domingo, 27 de fevereiro, com o segundo capítulo. Nesta sexta-feira e sábado vamos apresentar o especial do jornalista J. Morgado.
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*Edward de Souza é jornalista, escritor e radialista
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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011


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A Globo lançou recentemente um livro sobre a história dos 60 anos da emissora e não fui convidado a escrever casos de bastidores ocorridos no começo dos anos 70, quando trabalhei naquela emissora, situada na época na Praça Marechal Deodoro, na altura da Av. Angélica, ao lado do Minhocão. Nem tinha esta pretensão. Na Avenida Angélica ficava o prédio de RH da emissora e também a sala de Luiz Eduardo Borgerth, diretor da Globo e amigo querido por todos os funcionários da época. Borgerth faleceu em 2007.
A discussão entre dois amigos no final de tarde numa lanchonete transportou-me aos anos 70, quando fui o único locutor a gravar os comerciais daquela emissora e também as chamadas de filmes, novelas e o Jornal Nacional para todo o Brasil. Eu tinha apenas 21 anos de idade. Esses amigos discutiam se a Copa do Mundo em 70 foi transmitida em cores para o Brasil, ou não. Consegui dar a resposta a eles. Foi, na verdade, meia dúzia de telespectadores privilegiados, com muito dinheiro para comprar os aparelhos que assistiram em cores. Custavam caras as TVs, praticamente o preço de um carro zero da época. Os jogos do México chegaram em cores no Brasil em transmissão experimental para as estações da Embratel, que retransmitia para esses raros possuidores de televisão colorida no Brasil. Durante muito tempo era comum que as salas de visita recebessem, para assistir aos programas, vizinhos, conhecidos por "televizinhos". Não era qualquer um que conseguia comprar um aparelho de TV. Eu, por exemplo, só assisti em cores a Copa de 70 no cinema, dois anos depois, quando, antes dos filmes, o Canal 100 mostrava lances de jogos do Mundial no México. Na verdade a primeira transmissão pública de TV em cores ocorreu em 19 de fevereiro de 1972, com a transmissão da Festa da Uva, em Caxias do Sul - RS.
O patrocinador do Jornal Nacional no final de 1970 era o Banco Português. Com o fundo musical usado na ocasião, semelhante ao de hoje, na tela explodia um coração, enquanto minha voz anunciava: “Banco Português, o banco que tem um grande coração, apresenta... Jornal Nacional”. O mistério começa aí. Encontrei todas as gravações e aberturas do Jornal Nacional, menos do período de 1970 até 1972, exatamente quando o Banco Português patrocinava o jornal, já apresentado pelo Cid Moreira. Antes, em 1969, era apresentado por Hilton Gomes e Cid Moreira. Entrei em contato com a Globo e a única resposta que recebi, com sacrifício e muita insistência, foi que um incêndio destruiu parte dos arquivos da emissora e possivelmente tenha eliminado esta parte da história da TV e do Jornal Nacional.
Indicado para a TV Globo pelo saudoso amigo Luiz Lombardi Neto, o Lombardi do Silvio Santos, falecido no ano passado, tenho histórias incríveis e outras cômicas sobre os bastidores da TV, que pretendo relatar nestes dois ou três capítulos que passo a escrever para este blog. Uma delas a briga entre diretores da Globo de todo o Brasil e um moleque de 21 anos, ousado, magro, cabelos longos e do signo de touro, segundo os astrólogos, teimoso e sempre disposto a brigar pelo que acha correto. Logo mais, não deixem de acompanhar...


OS BASTIDORES DA TV GLOBO NOS ANOS 70

O DIA EM QUE GRAVEI O JORNAL NACIONAL

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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DOMINGO, 20 DE FEVEREIRO DE 2011


Os velhos e bons filósofos já ensinavam e os novos e não tão bons também. Uma boa e ponderada conversa resolve qualquer pendenga, por mais acirrada que seja e acalma o mais feroz dos homens. Foi exatamente isso que aconteceu num ensolarado domingo do começo da década de 1990, quando a equipe de esportes da Rádio Diário do Grande ABC se preparava para transmitir um jogo entre Santo André e São Paulo, pelo Campeonato Paulista, no Estádio Bruno Daniel, em Santo André.
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Como não poderia ser diferente o Brunão (foto), recebia grande público e praticamente todas as emissoras de rádio de São Paulo estavam lá, afinal o Tricolor do Morumbi era o líder do Paulistão e estava no ABC com todos os seus titulares, entre eles o goleiro Zetti, Muller e Raí. O técnico era o consagrado Telê Santana. A Imprensa, tanto rádio como TV, sempre chega ao local do jogo muito antes dos torcedores e também das equipes. Isso igualmente acontece com o pessoal da Federação Paulista de Futebol (FPF) que cuida da fiscalização e outros preparativos.
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Por volta das 11h30, a equipe da Rádio Diário do Grande ABC já estava a postos com o narrador Edward de Souza, o comentarista Oswaldo Lavrado, o repórter Sidney Lima e faltava um repórter, Valmir Fracarolli, um gordinho bonachão, competente, que residia na Vila Ema, em São Paulo, quase divisa com São Caetano. O time da Diário entraria no Ar às 13h, como era de praxe. As 12h chega o repórter retardatário, um tanto esbaforido e apressado, pois estava bem atrasado para minha apreensão e desespero, já que eu era o comandante da equipe. Da cabine, vimos o Valmir em campo, porém sem o jaleco da FPF que identifica os integrantes da Imprensa autorizados a trabalhar. Pior, discutia acirradamente com um fiscal da Federação. Em determinado momento, a pinimba parou e, minutos depois, Valmir estava ao nosso lado na cabine.
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Não muito amistoso resmunguei: “Ei, cara, teu lugar é lá embaixo, não aqui. Já estamos atrasados". Meio sem jeito o repórter tentava justificar: “sai de casa com muita pressa e esqueci a credencial. Sem ela o chefe dos fiscais não me deixa trabalhar". Respondi, sem esperar outras desculpas: "não podemos trabalhar só com um repórter num jogo desta importância. Vai lá, fala com o homem, tasque-lhe um beijo, prometa uma viagem a Paris, um churrasco depois do jogo, mas arrume um jeito de trabalhar no campo". A coisa estava pegando fogo entre eu e o Valmir. Faltavam uns 40 minutos para a rádio entrar no Ar. Vendo que nossa discussão não renderia nada o Edward entrou na história e decretou: "deixa comigo que vou dar um jeito". Pegou o Valmir pelo braço e determinou: "vamos embora" e sumiram cabines abaixo. Logo apareceram na boca do túnel do campo.
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Durante 10 minutos o chefe dos fiscais, soube depois chamar-se Dácio, gesticulava, o Edward também e o Valmir ao lado, em silêncio. Os gestos foram diminuindo, Dácio e Edward já não gritavam e em instantes estavam abraçados, como se fossem velhos e bons amigos. Observei o Edward cochilar alguma coisa ao pé do ouvido do fiscal, que em seguida entregou um jaleco laranja ao Valmir, deixando-o apto a exercer sua função de repórter. Respirei aliviado.

Ofegante, Edward (foto) chegou a cabine, peito estufado, olhou para mim e, maroto, disparou: "Não fosse eu aqui a transmissão de hoje iria para o brejo". Bem mais calmo indaguei: "o que você fez para domar o fiscal?" "não precisou muito" disse, e não escondendo seu ar de satisfação, explicou: "primeiro falei ao Dácio que nosso chefe que está na cabine é um sujeito ignorante, não aceita desculpas e promete despedir o rapaz, caso ele não trabalhe hoje, já que esqueceu a credencial" e prosseguiu: "o Dácio, com uma arrogância de fazer inveja a Calígula, bateu o pé, chamou o Valmir de irresponsável, grosseiro e ignorante. Retruquei, pedindo sua compreensão, já que o repórter é casado, tem dois filhos e não podia ficar desempregado. Pedi, por favor, quase supliquei e repeti que nosso comandante é um imbecíl e iria demitir o pobre rapaz. Em seguida, disse baixinho em seu ouvido: “percebi, assim que olhei em seus olhos, que você é um homem bom e justo e tem um grande coração. Nessa eu ganhei o Dácio, o Valmir recebeu o jaleco. Agradeci, dei forte abraço no chefe dos fiscais e tudo acabou bem", finalizou nosso narrador, sem esconder um sorriso de satisfação de quem resolveu uma pendenga crucial graças a sua fértil e providencial imaginação.

Transmitimos o jogo com a garra que sempre caracterizou a equipe da Diário, voltamos rindo e felizes à base e convidei todos da equipe para uma saborosa pizza no Fornello, uma pizzaria classe A que havia ao lado da Rádio Diário, em São Bernardo. Na despedida para tomar o rumo de casa fiz a derradeira advertência: "olha, Valmir, que isso sirva de lição, nunca mais esqueça a credencial, pode ser que da próxima vez o Edward não esteja, aí a vaca vai pro brejo...".

Meses depois Dácio passou a fiscalizar as portarias dos estádios de São Paulo. Morumbi (foto), Pacaembu, Canindé, Parque Antarctica e algumas vezes aparecia no ABC, no Bruno José Daniel, em Santo André e Baetão, em São Bernardo do Campo, o Primeiro de Maio ainda não estava autorizado a mandar grandes jogos. O Edward apresentou-me ao Dácio uma tarde no Morumbi. No entanto, como não foi dito ao fiscal da FPF que eu era um sujeito legal, continuo sendo para ele um cara grosseiro, ignorante e imbecil. Edward e Dácio tornaram-se grandes amigos e se abraçavam sempre que se encontravam. O fiscal não exigia de nenhum de nós as credenciais, só dizia sorrindo: “vão entrando, sejam bem vindos”.
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Detalhe: nesta partida o Santo André venceu o esquadrão do São Paulo por 1 x 0. Neste ano de 90, este mesmo elenco do São Paulo ganharia a Libertadores e o Campeonato Mundial no Japão.
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*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista radicado no Grande ABC
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sábado, 19 de fevereiro de 2011

SEXTA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO DE 2011

Enquanto tomo meu cafezinho aqui junto ao teclado do computador, tento dar início a minha coluna “O Trabuco”. Não sei por onde começar, uma vez que as notícias são muitas e de relevância. O furacão da liberdade que se espalha pelos países africanos e Oriente Médio e as consequências para o Ocidente. As quadrilhas de criminosos infiltradas na polícia do Rio de Janeiro. A luta do PT para negar o mensalão, uma vez que o julgamento está próximo. Libertação de dissidentes em Cuba e outros que continuam presos por discordarem do regime comunista. E vamos por ai afora...
.Começo pelas declarações do ex-presidente Lula, durante o aniversário de criação do PT. Dizendo que sua relação com a “presidenta” Dilma é “indissociável”, em resposta aos que apontam diferenças entre o seu governo e o atual: “eu apenas não estou no governo, mas eu sou governo tanto quanto qualquer outro que está no governo”. Pelas últimas atitudes do ex-excelentíssimo, viajando para a África entre outros eventos, nota-se que, por baixo do pano, o cara é um ministro plenipotenciário do Brasil, Será que estou enganado?
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O tetra-presidente do Senado, José Sarney está comendo e bebendo exageradamente. A Casa reservou cerca de R$ 64 mil para compras de comestíveis. Todas as mercadorias serão entregues na residência oficial do velho senador. Cerca de 120 salários mínimos! E tem mais: mais de cinco mil reais para garantir a limpeza da casa (UOL). A Folha de São Paulo do dia 11/2, publicou que cada vereador da Paulicéia custa por mês 115 mil reais; praticamente igual ao um deputado federal. Pode? Se houver um efeito cascata, quanto custará aos cofres municipais manter vereadores nos mais de cinco mil municípios deste país?

Os bancos suíços estão congelando os bens dos ditadores que se encontram na berlinda. Hosni Mubarak e toda sua família além dos mais chegados não vão poder sacar a grana que afanaram (pelo menos por enquanto). Estão também nessa jogada, os ex-presidente da Tunísia, Zine al-Abidine e Laurent Gbagbo, da Costa do Marfim (Estadão-12/2). Tem até alguns brasileiros (de origem árabe) com conta congelada e não eram ditadores. São corruptos.
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A deputada federal Keiko Ota (foto), que teve seu filho assassinado (Ives Ota) em 1997, com oito anos de idade, depois de muita luta conseguiu se eleger e agora apresenta um projeto que aumenta para 100 anos a pena máxima para os crimes hediondos. Acredita ela que com a progressão continuada, o preso ficará ou cumprirá 40 anos no mínimo. Antes, depois de uma intensa campanha, ela havia apresentado ao Congresso Nacional uma lista com mais de três milhões de assinaturas pedindo que fosse instituída a prisão perpétua. Parece que ninguém deu importância ao assunto! Agora, como parlamentar, ela vai lutar intensamente para que o projeto ande. Mas, parece que os vermelhinhos dos Direitos humanos são contra, como sempre. Onde estavam ou onde estão quando acontecem crimes hediondos? Vá em frente deputada.

O Esporte – Campeonato Mundial de Futebol em 2012 e as Olimpíadas de 2016 e o filme “Tropa de Elite 2”, parece que mexeram com os brios das autoridades federais e estadual do Rio de Janeiro. Resolveram finalmente dar um fim nas quadrilhas de criminosos infiltradas na polícia da “Cidade Maravilhosa”.
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Depois dessas notas fedorentas, encerro com uma auspiciosa notícia e de muita relevância. “Cientistas criam vacina contra todas as gripes”, título de uma matéria publicada no Estadão de 8 de fevereiro. Aconteceu na Universidade de Oxford (foto), na Inglaterra. Os homens da ciência constataram a eficácia de uma droga que poderá funcionar contra todas as variações do vírus.
Obrigado, homens da ciência.

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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Clique
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