quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sarney apronta, mas a culpa é da imprensa

Milton Saldanha
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REI DO MARANHÃO PEGO COM A BOCA NA BOTIJA

A revista Veja desta semana vem se somar ao Estadão, Folha de S.Paulo, O Globo e outros veículos de alcance nacional e denuncia mais uma sacanagem do nosso ex-presidente e ilustre presidente do Senado Federal, José Sarney, também conhecido como Rei do Maranhão. Desta vez, amigas e amigos, é a denúncia da Veja sobre uma conta de nada menos que US$ 870.000,00 (haja zeros) no exterior. Vejam, não estamos falando de reais, o que já seria uma bela grana, estamos falando em dólares, movimentados através do Banco Santos, de triste memória. Não vou aqui entrar em detalhes, recomendo a leitura, na fonte original. Está tudo documentado, revelando a conta secreta. Seria a primeira e única? Como não acredito em Papai Noel já há algum tempo, acho que nem precisamos responder.
Mas a culpa é da mídia, diz o Rei do Maranhão, colocando-se como vítima de uma campanha de desmonte da sua imagem. Imagem? Que imagem? A do homem que se tornou parlamentar de alta confiança da ditadura militar e presidiu a antiga Arena? A do presidente que fez um governo falido e repleto de denúncias de corrupção? A imagem do presidente do Senado que montou uma verdadeira máquina de produção de escândalos, apostando na impunidade e na impossibilidade de ser descoberto? “Tenho 50 anos de vida pública”, alardeia o rei maranhense, como se isso fosse credencial e passe livre para tanto descalabro. Com tal folha corrida, seria melhor o silêncio.
Enquanto isso, o presidente Lula, que no passado baixava o pau no Sarney sem escolher palavras, tornou-se seu defensor perpétuo e juramentado. Quem mudou, o Lula ou o Sarney? Creio que nenhum mudou. No fundo, sempre foram iguais. Eles se merecem. Isso nada teria de ruim, seria problema deles, se pagassem suas contas. O problema é que tudo sai do bolso do sofrido povo brasileiro. Desde os tempos do José Dirceu na Casa Civil, ele mesmo, aquele do mensalão, o governo Lula vem usando uma palavra para definir sua política: governabilidade. Na teoria retórica, isso significa conciliação, paz, entendimento com todos. Na prática é bem diferente. É fechar os olhos a tudo, e fazer qualquer tipo de aliança, para que o governo seja minimamente incomodado. Já que fiz tantas perguntas, não custa fechar este comentário com mais uma, convidando todos ao debate democrático aqui no blog: alguém pode me provar o contrário?
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*Milton Saldanha, 63 anos, gaúcho da fronteira, é jornalista profissional, com mais de 40 anos de atividades. Começou em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 1963. Foi repórter e exerceu cargos de chefia em alguns dos principais veículos do Brasil, como Rede Globo, jornais O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde, Diário do Grande ABC, revista Motor 3, Folha da Manhã (RS) e outros. Foi repórter em Última Hora, trabalhando com Samuel Wainer. Já assinou artigos e reportagens em mais de uma centena de publicações de todo o Brasil. Trabalhou também em assessoria de imprensa, para empresas e entidades públicas, como Ford Brasil, Conselho Regional de Economia e IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas. É autor do livro “As 3 Vidas de Jaime Arôxa”, pela Editora Senac Rio, e participou como cronista da antologia “Porto Alegre, Ontem e Hoje”, pela Editora Movimento, do Rio Grande do Sul. Assinou também orelhas de diversos livros sobre dança e música, de autores brasileiros. Um ano antes de se aposentar, quando era editor-chefe do Jornal do Economista, em São Paulo, fundou o jornal Dance, que em julho completa 15 anos. Tem novo livro pronto, ainda inédito. É “Periferia da História”, onde conta de memória 45 anos da recente história brasileira. Trabalha em novos projetos editoriais, como jornalista e escritor. Na área de dança, organiza uma coletânea com os melhores editoriais publicados no Dance. Atualmente prepara um livro sobre Maria Antonietta, grande mestra da dança de salão carioca, que morreu recentemente. Apaixonado por viagens conhece quase todo o Brasil e já visitou cerca de 40 países. Por hobby e paixão é dançarino de tango.
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