sábado, 25 de abril de 2009

OS TEMPOS DE OURO DO NOSSO FUTEBOL

J. Morgado
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ESPECIAL DE SÁBADO
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Como seria bom que o futebol de hoje fosse como o de ontem. O velho Pacaembu, recebendo famílias inteiras para assistirem as partidas que ali se realizavam. Quando garoto, meus tios me levavam pela mão e eu vibrava. No início da década de 50, eu ali ia ter com minha namorada, hoje minha esposa. Viajava para Campinas, Piracicaba e Santos, para ver uma partida, acompanhando o time de meu coração. Ao término do jogo, a retirada do estádio era tranqüila. Não havia brigas, nem rivalidades exageradas.
Joguei futebol até os 19 anos. Um “pega prá capá” no então campo do Lins de Vasconcelos acabou com minha carreira. Tudo ia bem. Estávamos ganhando, quando de repente, um grupo de desordeiros, saindo do matagal que cercava o campo, começou a nos agredir com paus e pedras. Levei umas pauladas e depois de pegar minhas roupas, sai correndo junto com meus companheiros. Despedi-me do esporte. “Cara que a mamãe beijou, vagabundo nenhum põe a mão”, assim pensei naquela época (1954). No futebol de várzea, como era conhecido, ocorrência como essa era comum. Lembro-me de meu pai com seu guarda-chuva se defendendo de uma briga, durante uma partida entre o Metal F.C e Monte Alegre. Essas agremiações eram rivais, mas quem brigava eram os torcedores. Brigas sem nenhuma conseqüência e que sempre acabavam no bar em uma roda de cerveja e petiscos. Bons tempos...
Competição era o que existia na época. Havia as agremiações: São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos, Portuguesa, Ipiranga, Juventus e tantos outros. É claro que surgiam ligeiras discussões a respeito deste ou daquele time. Não me lembro de ter visto o fanatismo exacerbado dos dias de hoje. Não importava para que time pertencia, todos gostavam dos craques da época: em 1953, Gilmar, Cláudio, Baltazar (o cabecinha de ouro), Ademir Menezes, Dida, do Corinthians; em 1950, o São Paulo, Rui, Bauer, Friaça, Ponce de Leon, Leônidas, Teixeirinha... O Palmeiras, representado pelo periquito, juntamente com os outros dois mencionados eram os grandes times paulistanos. Em 1950, o “verdão” como hoje é chamado, ganhou cinco títulos consecutivos. Quem ia ao Pacaembu aos domingos, às vezes assistia a duas partidas. A primeira dos aspirantes e depois a do time principal. Era um espetáculo!
Hoje, o que se vê, são torcidas organizadas, armadas com porretes, bombas caseiras, facas e até armas de fogo se digladiando nas ruas. Mortes e ferimentos graves se sucedem... Cadê as famílias, os casais de namorados, as crianças? Desaparecerem! Em torno do futebol de então, havia os clubes. As pessoas a eles se associavam e exibiam com orgulho a carteirinha. Não sei onde foi parar a minha. Deve estar em um baú qualquer entre as velharias. Essas quadrilhas organizadas a quem chamam disso e daquilo não existiam. Quando garoto, na década de 1940, as balas futebol, coqueluche dos meninos contribuíam para uma fraternidade futebolística. Não se colecionava os craques deste ou daquele time, e sim de todos. As figurinhas carimbadas e as difíceis eram separadas. As trocas se faziam em rodas de uma camaradagem maravilhosa. Esse episódio das Balas Futebol merece uma crônica à parte.
E agora, estamos no final de mais um campeonato paulista. Os chamados quatro grandes se classificaram. Santos, Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Disputadas as primeiras partidas, restaram os grandes finalistas: CORINTHIANS X SANTOS. Quem será o campeão de 2009? Espero que seja o time de meu coração!
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*J. Morgado é Jornalista e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. Morgado escreve quinzenalmente neste blog, sempre às sextas-feiras. E-mails sobre esse artigo podem ser postados no blog ou enviados para o autor, nesse endereço eletrônico:
jgacelan@uol.com.br
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*Oswaldo Lavrado conta neste domingo as dificuldades do jornalismo esportivo durante as transmissões de futebol pelo Brasil. São muitos relatos, histórias engraçadas, problemas que precisavam ser resolvidos na hora, trapalhadas e acima de tudo, o profissionalismo que marcou, durante décadas, a equipe de esportes da Rádio Diário do Grande ABC, intitulada “Os Craques do Rádio”, Não deixem de acompanhar.
(Edward de Souza)
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