domingo, 30 de maio de 2010

TENHO MUITA PENA E MEDO DESTE BRASIL

.
.
Os crimes de lesa-pátria no Brasil não tiveram início durante o período dos tucanos e aliados. Eles remontam do Brasil-Colônia e foram se sucedendo. A independência, que na prática nunca existiu, custou a saída do nosso ouro e o início da dívida externa (o País foi obrigado a assumir a dívida da Coroa Portuguesa com os ingleses). Ao final da segunda guerra mundial, estávamos abarrotados de dólares, resultado da venda de produtos estratégicos que somente nós possuíamos. Foi quando desgraçadamente apareceu um presidente nascido em Mato Grosso chamado Eurico Gaspar Dutra, um entreguista de primeira linha.
.
Eleito presidente da República com o apoio de Getúlio Vargas (até tu, Getúlio?), o general Gaspar Dutra "queimou" todas as nossas reservas monetárias de maneira impatriótica, adquirindo sucatas dos Estados Unidos que haviam sobrado da guerra. Eram aviões, tanques, caminhões e outras bugigangas imprestáveis. Um verdadeiro entulho que se nos fosse entregue de graça, ainda sairia demasiadamente caro. Ora, um chefe de Estado que guardasse o mínimo de respeito ao País e à sua gente exigiria que os Estados Unidos removessem imediatamente daqui as suas quinquilharias. O "governo" Dutra, que durou de 1946 a 1950, já começou reduzindo a intervenção do Estado na economia, procedimento idêntico ao dos tucanos 50 anos depois, para vender o nosso patrimônio. E sabe-se lá quanto rolou de comissão...
.
Tenho pena e medo deste Brasil nascido sob a égide da Santa Cruz, mas que se afasta a cada dia do santificado em busca da orgia pagã. Erros ônticos permanecem como uma doença endêmica, uma maleita cívica que não cura e só piora. Roubam, traficam influência, superfaturam preços e os mesmos grupos sócias permanecem no poder desde a época das colônias, ditando leis e normas que visam cada vez mais aumentar seu poder e fortuna.
.
Quase todos os dias os escândalos com políticos, com governos, com más gestões públicas escandalizam nossa população. É muito fácil e simples dizer, para justificar, que políticos são frutos de uma sociedade em crise e que eles são apenas representantes dessa sociedade problemática. Não penso assim! Ao longo dos anos o sistema político criou, através de inconcebíveis leis, uma grande proteção à própria organização política. Altos salários, vantagens, regalias, penduricalhos, tudo protegido por um conjunto de regras ineficientes e inoperantes que possibilitam ao setor público condições para acobertar tamanha incompetência e desonestidade.
.
Lula e Dilma, a dupla maravilha, vivem a pregar que a grande opção deles é social. Os PACs da vida. Segundo afirmam, em clara tapeação, os programas não terão cortes, mas recursos crescentes a cada mês, principalmente num ano eleitoral onde só existem duas opções - matar ou morrer, como no filme do Gary Cooper. Uma dupla com prioridade pelos pobrezinhos. Quer dizer: alimentação, habitação, saúde, assistência e educação para 180 milhões.
A Dilma falando é um desastre tranquilo. Como o Nordeste, num pega nacional, não elege ninguém, mas tem a Bahia, jegues e rapaduras, ela e Lula contam com redutos eleitorais de ficção, o suficiente - imaginam - para ajudar a candidata a subir a rampa do Palácio das Assombrações (onde JK aparece de meias e Jânio conversa com Lincoln). Para tapear os pobres-diabos que acreditam por ignorância ou indução aristotélica, os dois receberão o Nobel da carochinha. Enfim, nosso Nobel.
.
Tenho pena e medo deste Brasil onde a histeria ecológica impede hidroelétricas para que sejam construídas usinas atômicas, onde o fervor da Igreja enche a rua de milhares de crianças sem pais, filhos do obscurantismo do Papa. Tenho pena desse país que vende a salvação em confortáveis dízimos e se faz plástica em trinta e seis meses de módicos pagamentos. Tenho muita pena deste Brasil, onde juízes da mais alta corte vendem sentenças em atacado. Seria como um cardeal fazer macumba em pleno Vaticano. Tenho medo desse País e do histórico abismo que nos espera. Um abismo que um dia nos engolirá como uma tropical Atlântica que não deixará memórias nem saudades além de uma infinita melancolia.
____________________________________________________________
*Edward de Souza é radialista e jornalista.
____________________________________________________________