domingo, 15 de novembro de 2009

ESTAMOS PERDENDO AS NOSSAS RAÍZES

Nossa memória e as datas importantes estão ficando esquecidas. Antigamente, na escola, a gente comemorava e era obrigado a saber todo tipo de data, hoje isso não acontece mais. Poucos, aos se levantar na manhã deste domingo, irão se lembrar que hoje é o Dia da Proclamação da República.
Muitos brasileiros nem sabem o que é república, quanto mais comemorar a sua proclamação. Vai ter gente perguntando nesse domingão, na hora da caipirinha e antes da macarronada, quem é essa tal de República. Isso reflete o desconhecimento sobre o calendário cívico brasileiro. Cada vez mais pessoas assumem ignorar datas como a Proclamação da República, e o Dia da Bandeira, no próximo dia 19.
Da mesma maneira são esquecidas a Proclamação da Independência, em 7 de setembro, e a Abolição da Escravatura, em 13 de maio. A falta de informação nas escolas e a escassez de comemorações oficiais são apontadas como as principais razões do desprezo pelos símbolos e eventos históricos nacionais.
As pessoas têm acesso aos hinos na escola, mas o brasileiro é um povo sem memória, não conserva alguns valores. Muitos se esquecem até mesmo do Hino Nacional, que não é totalmente lembrado nas suas execuções. Prova disso pode ser vista nas partidas de futebol, quando as pessoas se enrolam para cantá-lo.
Eu me lembro da época em que as escolas da cidade onde nasci eram convocadas para desfilar dia 15 de Novembro. Ficávamos o ano todo preparando o desfile. Cada escola levava uma quantidade imensa de alunos divididos em diversos setores. Nos desfiles de 15 de Novembro tínhamos até coreografias. Era bem organizado e os juízes davam notas para cada ala. Parecia um desfile de carnaval, só que muito bem organizado e ensaiado. Tudo isso regado a super banda da escola. Parávamos a cidade para ver qual escola tinha a banda mais organizada e que tocava melhor. Um espetáculo. O desfile era fechado com a banda da Polícia Militar que obviamente era muito melhor do que as bandas de qualquer escola. Sentia-me um verdadeiro servidor da pátria. Dava orgulho cantar e tocar os hinos nacionais, hino da república e hino da bandeira. Hoje sinto saudade. Saudade do tempo que a gente, além de marchar, estudava Organização Social e Política do Brasil, aprendendo os conceitos básicos de cidadania e democracia. Tempo em que a bandeira do Brasil tremulava nos mastros das escolas e não servia de saída de banho, como agora usam em estampa de cangas e biquínis. Hoje sobra desrespeito e falta patriotismo.
Os tempos mudaram. O progresso caminha rasgando até a alma. Já não se vê ninguém mais, com poucas exceções, que fale da imagem da pátria de boca cheia, ou que cante saudosos, os belos hinos impregnados de patriotismo, apregoando civismo. E assim, cada vez mais o brasileiro se sente inferior, sem perspectiva de futuro, de melhoria de vida, de oportunidades. Isso o leva a desvalorizar símbolos nacionais, a ter horror a política, a perder a esperança. Precisamos aprender isso definitivamente. Não existe uma grande nação sem um grande povo.
Hoje, nem em Brasília tem desfile de Proclamação da República. Acho que nem o presidente lembrou-se da data. República que às vezes acho que ainda não foi proclamada, devido a tanta dependência que temos. Mas sinto meu orgulho a flor da pele quando ouço o som de uma banda tocando um hino. Saudades dos tempos que nunca voltarão. Infelizmente, temos memória curta e esquecemos coisas simples que faziam a vida do povo um pouco melhor, nem que fosse por um único dia.
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A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
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O dia 15 de novembro de 1889 marca o fim do Brasil Imperial e o início como República Federativa. A proclamação foi feita no Rio de Janeiro pelo marechal Deodoro da Fonseca, que participou da repressão à Praieira, do cerco a Montevidéu e de uma dezena de batalhas na Guerra do Paraguai. Nascido em Alagoas, em 1827, Deodoro assumiu a chefia do governo provisório, na qualidade de comandante do movimento armado.
A primeira Constituição da República foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891 e estabeleceu no país o regime presidencialista. O voto devia ser direto e universal para homens alfabetizados maiores de 21 anos (mulheres e analfabetos não votavam). Entretanto, o primeiro presidente foi escolhido de forma indireta. Depois de promulgar a Constituição, a Assembléia Constituinte convocou eleições para o dia seguinte e elegeu o Marechal Deodoro da Fonseca o primeiro presidente do Brasil. Ele estava com 62 anos.