segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

BLOG DESTA SEXTA-FEIRA...
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O JORNALISTA J. MORGADO
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ESCREVE:
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"UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL".
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Todo cidadão tem direito e dever de apoiar políticas públicas do governo que considere benéficas à sociedade. Sem alinhamento automático e sem a cegueira dos apaixonados e comprometidos. E todo cidadão tem por dever e obrigação criticar tudo aquilo que considerar errado. Sem a hidrofobia de quem faz oposição sistemática, sem distinguir erros de acertos.

Com esse posicionamento, de quem viu com simpatia e apoiou as políticas sociais do governo Lula, quero também dizer que em diversas ocasiões o ex-presidente confundiu a cadeira de presidente com trono real. O caso mais emblemático aconteceu quando já se fechavam as cortinas da sua encenação marqueteira ao longo de oito anos: Lula distribuiu passaportes diplomáticos para a família, incluindo um garoto de 14 anos, como se fosse o dono do poder. Antes de tudo, convém salientar que nenhum presidente é dono do poder. Ele está lá temporariamente, por delegação da maioria dos eleitores, amparado nos dispositivos constitucionais democráticos. Não apenas a estes, mas a todos os brasileiros, o presidente deve satisfações de todos os seus atos, sejam grandes ou pequenos.

Ao beneficiar a família com regalias ilegais, e aqui foi um caso típico, Lula mandou às favas o respeito que deve a todos nós. Não é o custo nem o porte da decisão que estão em questão: é o exemplo! Ao cometer uma ilegalidade, o ex-presidente passou um péssimo exemplo ao funcionalismo público e ao conjunto da sociedade. Esse tipo de coisa avaliza tanto o guarda de trânsito achacador como o grande empreiteiro que frauda em licitações. De alto a baixo, em todos os segmentos da organização social, as atitudes do presidente vão se refletir, seja para o bem ou para o mal.

O ministro da Defesa Nelson Jobim (foto), que foi meu vizinho nos tempos de adolescência, em Santa Maria (RS), e cuja trajetória acompanhei ao longo dos anos, sempre foi conservador, claramente de direita, e chegadinho numa boca boa em cargos públicos. Ao declarar que considera ridículas as críticas a hospedagem de Lula & família numa base militar paradisíaca, a beira mar, acaba de incorrer no mesmo erro do ex-chefe.

Lula tem direito à segurança paga pelo Estado, pelo resto da vida, e só um insano criticaria isso. Mais que direito, é uma necessidade para qualquer ex-presidente. Mas não precisa de uma base militar inteira, até porque sempre se jogou (literalmente) nos braços do povo sem qualquer temor, embora sempre com algum risco, porque loucos não faltam neste mundo. Novamente, para não dar mau exemplo, poderia ter escolhido outro local para seu merecido repouso. Até no exterior. E duvido que fossem cobrar dele pela hospedagem. Repito: não é o custo que está em discussão. Esse custo é sim ridículo. Mas o mau exemplo não é ridículo, é apenas algo a se lamentar.
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Independente de várias coisas boas para o país que aconteceram durante seus dois governos - das quais a principal foi a administração impecável da crise econômica internacional - Lula & família sempre cometeram o erro de confundir o público com o privado, achando que tinham todos os direitos vetados aos demais mortais. O cargo não era dele. Como não é de Dilma, em quem votei. É nosso! Lá o presidente é apenas nosso representante. Não pode fazer o que bem entende, e sim o que nós entendemos, através das leis, que precisam ser claramente interpretadas e, sobretudo, seguidas. Se a lei não for boa, que se abra o debate e se mude a lei. Mas a ilegalidade, em qualquer plano, será sempre intolerável.
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*Milton Saldanha, 65, é jornalista e escritor, além de tangueiro amador
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Ainda nesta segunda-feira, o jornalista
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Milton Saldanha rasga o verbo e
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afirma que o ex-presidente Lula confundiu
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a cadeira de presidente com trono real.
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Aguarde!