sexta-feira, 8 de outubro de 2010


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Nasci e me criei em uma época em que a frequência na igreja católica era uma obrigação familiar. Havia outras opções, é claro. Todavia, os templos protestantes (luteranos) e evangélicos eram uma minoria absoluta. Os seguidores dessas religiões eram considerados párias. As procissões eram constantes, as quermesses, os ritos do batismo, da crisma, da primeira comunhão, as confissões e o comungar nas missas... Aliás, quem deixasse de comungar no Domingo de Páscoa, cometia pecado mortal. Ia para o inferno ou no mínimo para o purgatório!
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Nas igrejas da época havia muitos confessionários. Dependendo do tamanho do templo, quatro, cinco ou até mais. Aos sábados, os fieis faziam fila para confessar seus desvios (pecados) da verdade que a igreja pregava. Para as crianças era ensinado que ler gibis e travessuras mil era pecado! Os padres ameaçavam com o inferno quem não cumprisse os mandamentos da igreja (em número de cinco).
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Historicamente, a igreja católica que nasceu mais ou menos no ano 400 d.C. criou a partir daí, uma série de dogmas para poder subjugar pela fé, os fiéis de então e os que se seguiram. Na Igreja Católica, um dogma é uma verdade absoluta, definitiva, imutável, infalível, inquestionável e absolutamente segura sobre a qual não pode pairar dúvida. O tal mistério da santíssima trindade (pai, filho, espírito santo), a virgindade de Maria, etc., nasceram em um convento na Capadócia, uma região da Turquia. Na época, um reduto cristão. Quem quiser conhecer a história da Igreja Católica, a internet oferece extenso cabedal.
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Vezes sem conta escutei e vi pessoas baterem no peito e dizerem que eram católicos apostólicos romanos. Perguntado o que isso significava, ignoravam! Não vai aqui nenhuma censura aos seguidores dessa religião ou aos evangélicos (que são oriundos do catolicismo). Mesmo porque sou favorável que todas as pessoas tenham uma religião. O problema está em não saberem por que seguem esta ou aquela religião. Aceitam os preceitos ditados pelos padres ou pastores sem nenhum questionamento. Por tradição ou herança de seus antepassados, as pessoas vão seguindo... Talvez por acreditarem serem recebidos no paraíso quando morrerem, apesar de todo o mal cometido, ou ressuscitarem quando do juízo final!
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Enfim, durante séculos a humanidade foi condicionada a temer a Deus. “Deus castiga”, “você vai para o inferno”... Frases criadas para massificarem os fiéis aos ditames das religiões. Em nome de Deus foram cometidas as maiores atrocidades. Com o avento do evangelho de Jesus (Segundo Testamento) os absurdos e a barbárie se instalaram de vez. Livres das perseguições, os católicos se organizaram e, os mais “sabidos”, conseguiram transformar a doutrina numa ditadura/político/religiosa! Começaram a perseguir os não católicos e, pela espada ou leis canônicas, passaram a subjugar os adversários.
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As Cruzadas e as chamadas Santa Inquisição cometeram barbaridades. Quantas pessoas mortas pela espada e na fogueira... Quanta tortura... Mesmo tendo conhecimento desses acontecimentos pela vasta literatura a respeito e os inumeráveis filmes feitos sobre o assunto, os “fiéis” insistem em ignorar esses fatos históricos e dizem quando arguidos a respeito: “aprendi quando pequeno”, referindo-se a herança recebida dos pais. Em João 4:18 – “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”.
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui: jgarcelan@uol.com.br
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