Futurologia é sempre um risco. Lembro-me, quando era garoto, década de 1960, dos desenhos que faziam sobre o mundo do ano 2000, com carros flutuantes, rampas em curvas em torno de prédios mirabolantes, tudo muito sofisticado num excesso de fantasias. O ano 2000 já se foi, há dez anos, e nada daquilo que previam os desenhos aconteceu. Fazer futurologia em política é mais arriscado ainda, porque lida com seres humanos, que são de carne e osso, e tão imprevisíveis agora quanto a meteorologia do dia de Natal, se vai chover ou não. Isto posto, vamos partir da ideia de que este artigo não tem nenhum compromisso com acertos. Vamos deixar isso para os cartomantes, que se calam nos 99% de erros e alardeiam algum eventual 1%, se tanto, de acerto. O que acontecerá se vencer Dilma? Ou se vencer Serra? A curiosidade é
grande. E este exercício analítico uma mera diversão deste autor. Poderá ser tudo diferente. Vamos começar por Dilma, que até o momento em que escrevo lidera as pesquisas com uma vantagem de 11 pontos, que não significam que a eleição esteja ganha. Que o diga Luiza Erundina e sua espetacular virada na véspera da eleição para a Prefeitura de São Paulo. Uma semana antes ninguém apostaria nela, olhando só pelo prisma das pesquisas.
Essas bravatas do Lula em campanha não contam. São apenas agora, e
para vencer a eleição. Sem conciliação e negociação ninguém governa, muito menos ele, que assumiu sob a desconfiança do capital, hoje em grande parte seu apoiador. Collor que o diga, tentando governar sem respaldo parlamentar. Caiu. Dilma dará um chega prá lá no Lula e baterá na mesa dizendo “a presidente agora sou eu, não se meta”...? Acho pouco provável, porque o acordo já está todo costurado. Ou por que acham que, na prática, não existiram prévias no PT? Lula, montado em sua indiscutível popularidade, sem precedentes na História, impôs a candidatura Dilma. Será, digamos, seu grande conselheiro em todas as questões cruciais. Nessa hora, nos bastidores, vão governar juntos. Já nas questões menores Dilma tocará sozinha, administrando o cotidiano.
Dilma não tem carisma público nem cacife partidário para desalojar o
patrão. E ele não arriscaria suas fichas em alguém que apresentasse a possibilidade desse risco. Nem o PT tem entre seus caciques um nome capaz de competir com o próprio Lula em espaço político. Ficam todos em sua sombra, além de pulverizados em lideranças apenas regionais. Dilma terá que fazer um bom governo para assegurar que a volta do chefe ocorra sem grandes percalços. Não pode ser um novo Pitta. Não terá muito trabalho para isso, porque a economia vai muito bem, obrigado, e o índice de desemprego nunca foi tão baixo, em torno dos 6%. As reservas cambiais são astronômicas. Numa crise internacional, como ocorreu recentemente, o país pode novamente se sair muito bem.
patrão. E ele não arriscaria suas fichas em alguém que apresentasse a possibilidade desse risco. Nem o PT tem entre seus caciques um nome capaz de competir com o próprio Lula em espaço político. Ficam todos em sua sombra, além de pulverizados em lideranças apenas regionais. Dilma terá que fazer um bom governo para assegurar que a volta do chefe ocorra sem grandes percalços. Não pode ser um novo Pitta. Não terá muito trabalho para isso, porque a economia vai muito bem, obrigado, e o índice de desemprego nunca foi tão baixo, em torno dos 6%. As reservas cambiais são astronômicas. Numa crise internacional, como ocorreu recentemente, o país pode novamente se sair muito bem. Tente embarcar em Cumbica num feriadão. Observem os anúncios das
agências de viagens. A classe média está tranquila. Claro que não é mérito exclusivo do governo Lula; a semeadura começou no governo Itamar Franco; se consolidou com FHC; e Lula fica com o mérito de ter surfado bem sobre a onda, sem tombar. Malandro, invoca para si toda a obra, mas isso teria sido impossível em apenas oito anos, muito menos em quatro. Nenhum presidente teria alcançado a estabilidade econômica numa única gestão. É todo um processo, que passa por fases, como uma planta que cresce aos poucos e requer todos os cuidados. Dilma pode fazer um bom governo e é o que gente espera. Exceto quem torce sempre contra o Brasil, vislumbrando tão somente um projeto pessoal de poder. E esses, a gente sabe, infelizmente existem. E podem estar tanto no PT como no PSDB, ou em qualquer outro partido, não faz diferença.
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Serra e Aécio disputam aberta e duramente nesse cenário, com Geraldo
Alckmin (foto), também tentando ocupar um espaço. É diferente do PT, onde Lula reina absoluto, deixando as refregas entre os peixes menores. Vencendo, Serra terá também que fazer um bom governo de olho em 2014. O caroço duro será decidir lá na frente: reeleição ou candidatura Aécio? A briga SP - Minas, como pano de fundo, vai crescer. Ainda que tenha que fazer todo esse teatro entusiástico por Serra, no fundo, para Aécio, a melhor perspectiva seria um governo Dilma opaco, com os escândalos de sempre (que vão continuar ocorrendo, ganhe quem ganhar).
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*Milton Saldanha, 65, é jornalista e escritor, além de tangueiro amador. Quando acha um tempinho gosta de brincar de futurólogo. Comentários para esta crônica logo abaixo do texto que noticia o falecimento do Senador Romeu Tuma.
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MORRE ROMEU TUMA
O Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, informou nesta terça-feira que o senador Romeu Tuma (PTB-SP) morreu por volta das 13h de hoje. Segundo a Agência Senado, o corpo do parlamentar será velado na Assembleia Legislativa de São Paulo. Tuma (PTB-SP) estava internado no Sírio-Libanês desde o dia 1º de setembro para tratar um quadro infeccioso de afonia (perda ou diminuição da voz). Além de exigir cuidados médicos, o problema impediu Tuma de fazer campanha nestas eleições. O candidato ficou em quinto na disputa pelo Senado em São Paulo e não se reelegeu.
No dia 2 de outubro, o senador foi submetido a uma cirurgia para colocação de um dispositivo de assistência ao coração chamado Berlin Heart. O dispositivo auxiliava a regular a pressão e circulação sanguínea do paciente. Paulistano, Romeu Tuma completou 79 anos no último dia 4 de outubro e foi investigador e delegado da Polícia Civil do Estado antes de ingressar na política. Casado com a professora Zilda Dirane Tuma, deixa quatro filhos e nove netos. (Fonte: Redação Terra).
No dia 2 de outubro, o senador foi submetido a uma cirurgia para colocação de um dispositivo de assistência ao coração chamado Berlin Heart. O dispositivo auxiliava a regular a pressão e circulação sanguínea do paciente. Paulistano, Romeu Tuma completou 79 anos no último dia 4 de outubro e foi investigador e delegado da Polícia Civil do Estado antes de ingressar na política. Casado com a professora Zilda Dirane Tuma, deixa quatro filhos e nove netos. (Fonte: Redação Terra).
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