terça-feira, 6 de julho de 2010

ORGULHO DE SER BRASILEIRO!


Responda, rápido, sem pestanejar! Você lembra em quem votou para deputado federal e deputado estadual, nas últimas eleições? Em caso afirmativo, se foram eleitos, você acompanhou o desempenho desses parlamentares na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa ou, pelo menos, se interessou em investigar, agora, se eles têm a “Ficha Limpa”? Aliás, você sabe o que é “Ficha Limpa”?

Tenho certeza de que, se essas perguntas fizessem parte de uma pesquisa, 90% das pessoas responderiam que não lembram, não se interessaram e não sabem o que é a tal de ficha limpa...Igualmente, estou certa de que, pelo menos, 70% dos entrevistados saberiam citar a escalação da Seleção Brasileira, quem fez os gols na África do Sul e quais são os possíveis candidatos a técnico para a Copa de 2014 que eles sabem, vai ser no Brasil..

É impressionante a capacidade que tem o futebol de mobilizar o povo brasileiro. Há poucos dias, tudo era festa, alegria e encantamento. Bandeiras tremulavam em todos os cantos do país e a nossa gente explodia nas ruas o seu orgulho verde, amarelo, azul e branco. A Câmara Federal não trabalhou no mês de junho, entrou em “recesso branco”; os bancos ajustaram o horário de atendimento; universidades, escolas, empresas e até mesmo órgãos governamentais adotaram horários especiais que permitissem a todos assistirem os jogos da Seleção.
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Após a derrota para a Holanda, restaram a tristeza e a frustração. É como se fosse uma epidemia patriótica, com requintes de tragédia - da euforia da vitória à dor da derrota em curto espaço de tempo, ultrapassando o significado da derrota esportiva, entranhada na vida brasileira e no nosso cotidiano político-social. Parece que tudo o mais não tem importância, nem mesmo a dura realidade do dia-a-dia. Ainda persiste um vazio que não tem preenchimento...
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Será que já não chegou a hora de crescermos como povo e nação? Abandonando aquela sina que nos acompanha desde o tempo do descobrimento, de povo colonizado, acorrentado e manso, que espera e aceita migalhas e ainda agradece as benesses da corte? Será que já não passou o tempo da simples indignação e chegou o da ação?
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Logo mais, em outubro, o povo brasileiro precisa tomar uma decisão importante. Vai escolher um novo mandatário para o país. A época pré-eleitoral confundiu-se com a Copa do Mundo de Futebol, abafada pelo som das vuvuzelas africanas multicoloridas e estrondosas.
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Claro, é muito melhor, mais prático, confortável e cômodo apenas torcer, emocionar-se e gritar gol, ou chorar e sofrer pela derrota...isso não envolve a nossa vida, o nosso emprego, o nosso estudo ou falta dele; não interessa como está o mercado de trabalho; o câmbio; a cesta básica; a taxa de juros; o salário mínimo; a fila do SUS; a morte na curva da estrada esburacada; o preço da gasolina; a epidemia de dengue; o crack destruindo famílias inteiras; o crime organizado ditando regras; a enchente; a seca; a poluição; a falta de ética; a corrupção que campeia no executivo, no legislativo e no judiciário...Deixa que o governo resolva, ele é muito bem pago para isso!
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Perfeito. Chegamos ao ponto. O governo é tão bem pago, tão livre, leve e solto que se arvora em dono da consciência de quase todos os brasileiros, daqueles que, por séculos, se deixaram enganar, se calaram e esqueceram, até, que têm voz, por absoluta falta de uso.

Mas o governo vai mudar ou não vai mudar, porque se aproximam as eleições. A decisão, como em outras vezes, passa pelo voto. Será que já não chegou a hora de qualificarmos a maneira de escolhermos nossos representantes, acrescentando informação consistente sobre os candidatos que se apresentam? Por que não aproveitamos um pouquinho do orgulho de ser brasileiro que restou da Copa e arregimentamos as energias para provocar mudanças na nossa vida? O mínimo que podemos aprender é que podemos ser protagonistas.

A dor de agora, decorrente de uma derrota no futebol, é mais uma advertência à nossa secular mania de criar deuses e incensá-los.

Precisamos crescer como povo para que a nação tenha identidade em todas as suas ações. Vamos torcer, sim, mas por dignidade, consciência crítica, qualidade de vida, inclusão social, solidariedade. Só assim podemos ser felizes, sempre!
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*Nivia Andres é jornalista e licenciada em Letras. Suas experiências e vivências estão no blog Interface Ativa! Dê uma espiadinha em http://niviaandres.blogspot.com
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SEMIFINAIS DA COPA DO MUNDO 2010 NA ÁFRICA DO SUL. TERÇA-FEIRA - 06-07:
HOLANDA 3 X URUGUAI 2 (HOLANDA FINALISTA)
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Problemas técnicos impossibilitaram a publicação, nesta quarta-feira, de mais um capítulo da série "Memória Terminal", escrita pelo jornalista José Marqueiz. O texto, excepcionalmente, será postado nos primeiros minutos desta quinta-feira. Gratos pela compreensão. Edward de Souza/Nivia Andres
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