quinta-feira, 5 de março de 2009

PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL É PUNIDO NO "CASO MADONNA"

Edward de Souza

O presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, anda cada vez mais em baixa. E por conta de seus próprios erros. Ontem à noite o dirigente sofreu mais um golpe ao ser suspenso por 90 dias pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Ele foi goleado por cinco a zero. Tudo pelo constrangedor episódio protagonizado por ele na véspera da partida entre Goiás e São Paulo, na última rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado. O fato tirou o brilho da competição, cuja credibilidade foi colocada em xeque. Marco Polo foi condenado por unanimidade, já que todos os cinco auditores votaram pela suspensão. Quem vai assumir o cargo, ironicamente, é o vice-presidente, Reinaldo Carneiro Bastos. Este, por sua vez, é considerado desafeto do atual presidente. O dirigente foi julgado com base no artigo 221 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (oferecer queixa infundada ou dar causa, por erro grosseiro ou sentimento pessoal, à instauração de inquérito ou processo na Justiça Desportiva), cuja pena poderia chegar até um ano. Além da suspensão, a Federação Paulista de Futebol foi multada em R$ 10 mil. Um valor insignificante, tendo em vista que o próprio Marco Polo ganha mensalmente da FPF um gordo salário: R$ 60 mil. Apesar da decisão unânime do Tribunal, Marco Polo afirmou que vai recorrer da decisão.
"Não concordo com a decisão e por isso meus advogados vão entrar com o recurso. Tenho certeza que esta decisão não vai se manter. No Pleno será diferente, acredito neles e sei que lá o julgamento terá outro resultado", afirmou Del Nero, colocando claramente em dúvida a legitimidade dos auditores. Um dos defensores do dirigente foi o advogado João Zanforlim, que causou mal estar nos auditores ao afirmar, de forma arrogante, que a comissão que julgou o caso é a mais rigorosa do Tribunal. Alguns auditores se mostraram incomodados com a acusação leviana e descabida de Zanforlim.


Entenda o Caso Madonna
Na ocasião, Marco Polo acusou o São Paulo de tentar subornar o árbitro Wagner Tardelli, com apenas dois ingressos do show da cantora megastar Madonna. Tardelli acabou sendo substituído e não apitou o jogo que deu o sexto (hexa) título brasileiro para o Tricolor. Ele fora alertado por sua secretária de que o clube do Morumbi teria entregado um envelope para o vice-presidente da entidade, Reinaldo Carneiro Bastos, que por sua vez faria chegar ao árbitro Wagner Tardelli. O presidente da FPF, em princípio, tentou fazer a denúncia junto ao Ministério Publico que considerou o caso sem fundamento. Não satisfeito com esta resposta, Marco Polo então procurou o GAECO (Grupo de Atuação Especial), sendo aconselhado a procurar o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Para preservar Tardelli, a entidade optou em substituir o árbitro, que ficou de fora da decisão. Toda a fumaça armada pelo cartola manchou a conquista do seu filiado São Paulo Futebol Clube, que desde então rompeu oficialmente as relações com Marco Polo, que está cada vez mais isolado e sem apoio. Além disso, a sua administração tem sido marcada por dois pesos e duas medidas no tratamento aos filiados da entidade: dá apoio financeiro total aos grandes clubes e abandona os pequenos do interior.