sábado, 29 de janeiro de 2011

SEXTA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2011
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O título desta matéria sugere uma discussão interessante. Uma discussão que certamente a nada levará, uma vez que como diz o dito popular “nada mais certo do que a morte”. Entretanto, a humanidade ainda é hiper-materialista e não consegue compreender que um dia, a matéria desgastada perecerá como os demais elementos da natureza.
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Talvez, justamente por não pensar na morte como o fim do corpo físico, a maioria dos indivíduos abusa do que pensa ser seu direito, como por exemplo, viver para comer, beber, e vícios de toda sorte. Além dos vícios materiais, há os de cunho moral: excesso de orgulho, egoísmo, vaidade, rancor... Elementos negativos que a ciência comprova atingir os órgãos físicos do corpo material. Além disso, existem aqueles que se regozijam em praticar atos de risco. Atos que muitas vezes levarão os autores a morte e consequentemente serão computados como suicídio.

Infelizmente, a humanidade ainda engatinha moralmente. Até pouco tempo atrás ela se arrastava. Levará ainda muito tempo para começar a dar os primeiros passos. Enquanto isso a humanidade vai sofrer toda sorte de problemas. Doenças várias e aleijões ocasionados por desastres de toda a espécie. Poderia usar a palavra “acidentes”. Não a usarei, porque os acidentes não acontecem, são provocados.
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O ser humano de hoje, fruto de nossa sociedade consumista, gasta todo seu tempo de vida procurando ter e gozar do que tem, chegando ao momento da morte totalmente despreparado. Pensar na morte de maneira serena e calma não é uma questão de morbidez, masoquismo, ideação suicida, falta de vontade de viver, porque é bom deixar de existir ou algo assim. Na realidade, trata-se da conscientização de que ela vai acontecer de qualquer forma e com todos que andaram, andam ou venham a andar sobre a Terra. É a adaptação para com algo que vai acontecer, queiramos ou não, uma hora ou outra.
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O Espiritismo, junto com algumas religiões espiritualistas de origem oriental, se devidamente compreendidos, ajudam a entender a morte como apenas uma viagem de volta ao mundo espiritual. Detentores do livre-arbítrio, o homem pode escolher caminhar com o bem ou com mal. A humanidade, de uma maneira geral, se diz religiosa. Será? Acredito que não! A hipocrisia impera no âmago de cada ser vivente. Acreditam em um mundo melhor ao desencarnar (ou morrer), mas nada fazem para merecer o tal “nirvana”, pregado pelo Budismo.
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Conheci, certa ocasião, em uma cidade do interior paulista, uma senhora que aprontava poucas e boas. Toda vizinhança dessa mulher sabia das maldades que praticava, principalmente com seus empregados. Certo dia, em conversa com ela, disse-me: “Seu Fulano, Deus é bom demais. Na hora de morrer é só confessar os pecados para o sacerdote e ele nos perdoará”. Essa atitude se chama cinismo. E ela era tida como carola!

“Eu afirmo que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito. A pessoa nasce fisicamente de pais humanos, mas nasce espiritualmente do Espírito de Deus. Por isso não se admire de eu dizer que todos precisam nascer de novo. O vento sopra para onde quer e ouve-se o barulho que faz, mas não se sabe de onde vem e nem para onde vai. O mesmo acontece com todos os que nascem do Espírito”. (Evangelho de João, capítulo 03, versículo 05).
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O que se pode entender até agora, segundo história da humanidade, é que mesmo ameaçados pelo inferno e purgatório entre outras malignidades, o homem não consegue se desvencilhar do materialismo. Finge que acredita nas Divindades e tenta mandar um “171” (Código Penal Brasileiro – estelionato) para si mesmo, pensando assim livrar-se das provações futuras. “A semeadura é livre, a colheita, obrigatória”. Não tem como mudar isso. Na medida em que nos desprendemos do excesso negativo inserido em nossas vidas, vamos adquirindo serenidade e aceitando a morte como uma nova oportunidade.
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui:
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