quarta-feira, 3 de março de 2010


TSUNAMIS,

SOLIDARIEDADE E CORRUPÇÃO


Tsunami é o termo usual empregado para designar uma onda ou série de ondas gigantescas, formadas normalmente após perturbações abruptas que deslocam verticalmente a coluna de água, como, por exemplo, um sismo, atividade vulcânica, abrupto deslocamento de terras ou gelo ou devido ao impacto de um meteorito dentro ou perto do mar.

A energia de um tsunami advém de sua amplitude e velocidade. Assim, quando a onda se aproxima da terra, a sua amplitude (a altura da onda) aumenta à medida que a velocidade diminui. Os tsunamis podem caracterizar-se por ondas de trinta metros de altura, causando grande destruição em zonas litorâneas.

Os recentes terremotos ocorridos no Haiti e no Chile, de forte intensidade, promoveram enorme devastação e perda de muitas vidas. Embora o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), órgão do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, encarregado de emitir alertas sobre fenômenos climáticos, meteorológicos e geológicos tenha informado de maneira veemente que poderia haver tsunamis em toda a região do Pacífico, no último sábado, 27 de fevereiro, a previsão se confirmou apenas na costa do Chile, com ondas que atingiram até 10m de altura.

Esses acontecimentos trágicos que produzem morte e destruição desmedida, até por sua imprevisibidade, provocam ondas de solidariedade em todas as partes do mundo. No Haiti será necessário esforço descomunal para a reconstrução do país, já desestruturado por décadas de tirania, desgoverno, miséria e corrupção. O Chile também carece de ajuda internacional para minimizar o sofrimento da população atingida, mas possui infraestrutura invejável e não tardará a recuperar-se do sinistro, em que pese acreditarmos que para a perda de vidas não há redenção possível, tal qual no Haiti.

O que interessa discutir aqui, também, são duas outras qualidade de tsunami – o da solidariedade e o da corrupção.

Pela visualização das catástrofes recentes, através dos meios de comunicação, a sociedade internacional se compadece, governos enviam ajuda humanitária, técnicos em salvamento, médicos, medicamentos, água e alimentos. Até voluntários emprestam seu trabalho para auxiliar nas buscas aos desaparecidos ou qualquer outra tarefa solidária.

Por que será que nossa consciência solidária só desperta quando ocorrem tragédias de porte e não nos sensibilizamos para com a cotidiana condição de violência, miséria, doença e ignorância que acontece defronte os nossos olhos? Será que nossos concidadãos em estado fragilizado não merecem um olhar solidário concretizado em ações? Esse é o tsunami doloroso da insensibilidade. Acontece todos os dias e não precisa de alarme e previsão.

Há, também, entranhado na sociedade, o tsunami da corrupção, cuja amplitude aumenta à medida em que valores como a ética, o respeito, a dignidade, a probidade e a noção de justiça, consciência e responsabilidade vão se depauperando. Esse também de ocorrência diária, desnecessário alarme ou previsão.

A política que deveria ser a instância social em que seriam discutidas e solucionadas as demandas, apresenta a maior incidência, por metro quadrado, de escândalos, apropriações indébitas, vilipêndio ao erário, enriquecimento ilícito e uma série de outras falcatruas que desmerecem as instituições criadas para zelarem pelo bem do povo.

Há de chegar a hora do basta. Espero que não tarde. Tsunamis sempre representam desgraças. Os naturais são imprevisíveis. Mas os provocados por más intenções e falta de caráter podem ser eliminados definitivamente da nossa vida. Basta que a sociedade se mobilize e aja. Já! Está em nossas mãos criarmos tsunamis do bem! Pensem nisso.
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*Nivia Andres é jornalista e licenciada em Letras. Suas opiniões e vivências estão no blog Interface Ativa! Acesse: http://niviaandres.blogspot.com/
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