terça-feira, 26 de janeiro de 2010


TODOS OS CLONES DO PRESIDENTE

Certa vez vi uma foto do ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein, cercado de sósias, todos fardados, boina preta inclinada na cabeça e bigode, como ele. O terrorista, ou benfeitor da humanidade, depende só do ponto de vista de cada um, que tentasse matá-lo, ficaria atônito, sem saber quem era o verdadeiro Saddam Hussein. Aliás, ninguém garante que tenham enforcado o verdadeiro, pode ter sido um daqueles.

Mesmo detestando a figura, confesso que achei muito divertido e original esse esquema de segurança, que poderia ser adotado por outros ditadores ou mesmo presidentes democraticamente eleitos. Imaginem, por exemplo, o Lula cercado de lulas. Se um Lula falando bobagens já é material para o regozijo de qualquer humorista, imaginem então vários deles. A tática poderia ser adotada também por outros personagens, como o Arruda, do Distrito Federal, como também por deputados e senadores acusados de trambiques, envolvimento em mensalões e outros quetais. Os repórteres chegariam para entrevistar um desses pilantras e ouviriam: “Calma, meu filho, eu sou apenas clone! O verdadeiro Arruda é outro, mas não posso indicar por medida de segurança”.

Políticos clonados às centenas. Seria uma maravilha! Na campanha eleitoral poderiam se dividir, o mesmo candidato estaria ao mesmo tempo em muitos lugares, prometendo as mentiras de sempre e garantindo votos. Enquanto o verdadeiro candidato ficaria em sua mansão, coordenando tudo pelo celular e contando a grana que naquele dia carregou nas cuecas e meias. No fim da campanha se reuniria para comemorar numa pizzaria com sua equipe de clones, com direito a panetone na sobremesa.

No caso do Lula, teria que comprar um segundo avião só para carregar os diversos lulas. Seriam divididos entre as aeronaves, de modo que ninguém jamais saberia em qual delas estava o verdadeiro presidente. Quando cansado dos rapapés oficiais, poderia chamar seu melhor clone e instruir, com aquela voz rouca: “Companheiro, tô de saco cheio, hoje só quero tomar uma lisinha e dormir, vai lá e aguenta o Chaves”.

O Sarney não precisaria explicar as nomeações dos seus clones. Bastaria instruir para que não dessem bandeira em grupo, ninguém notaria. E todos teriam que carregar aquela expressão de eterno indignado, para dissimular sempre.

Outra vantagem dos clones é que haveria muito mais cuecas e meias disponíveis para carregar as doações das empreiteiras. Poderiam até pleitear um reajuste, considerando os novos custos de manutenção do pessoal. Só em ternos e gravatas estariam gastando uma fortuna, sem contar cabeleireiro e manicure.

Fica aí a sugestão para os encarregados da segurança das nossas queridas autoridades. E se alguém ler por aí alguma crônica parecida com esta, tenha certeza: é clone. A original é esta!
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*Milton Saldanha, 64 anos, é jornalista e dono de notável memória, que adora manter sempre viva.
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