quarta-feira, 12 de maio de 2010

"E o amanhã?
Ah, o amanhã. Não estou mais preocupado com o amanhã.
Quero viver o hoje.
E usufruir ao máximo de todos os hojes que surgirem em minha vida".



A primeira etapa do tratamento quimioterápico teve início na semana dedicada aos três dias de Carnaval. Começou na sexta-feira à noite e só terminou na madrugada da Quarta-Feira de Cinzas, período em que a população menos favorecida economicamente, procura se divertir, não mais com drogas altamente tóxicas, mas com bebidas alcoólicas baratas. Muitos extrapolam e passam a maior parte desses dias retidos em algum cubículo de algum distrito policial, enquanto outros perdem a vida em violentos acidentes automobilísticos. Ou, ainda, com brigas com tiros e outras agressões fatais. Nunca, nunca tem um saldo positivo.
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Mesmo nos tempos mais antigos, principalmente nas primeiras décadas da segunda metade do século XX, quando era liberado o lança-perfume, um produto considerado de “bom-tom”, não havia tanta barbárie. Na época desse vasilhame contendo uma espécie de éter perfumado, a violência ainda não havia se instaurado como normal nas grandes cidades. Era ainda um tempo de convivência pacífica e a arma mais perigosa que poderia ser utilizada era uma faca de cozinha ou uma navalha. Era um tempo de delicadeza, com predominância da educação, do respeito entre as pessoas.
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Por volta do final da década de 60 do século passado, o então presidente Jânio Quadros baixou decreto proibindo o uso desse produto em todo o território nacional e, assim, o Carnaval perdia, de acordo com os seus adeptos, o seu glamour. Lembro-me desse passado recente para fazer uma comparação do que existe hoje. Aqui, nesse hospital, nem as pessoas sãs, que vêm visitar os internados, falam sobre o que antes também era chamado de tríduo momístico, uma vez que é o Rei Momo quem governa os três dias, ao menos simbolicamente.
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Certamente, por ser um local de doentes, as pessoas procuram evitar tocar nesse assunto e provocar um sentimento maior de desolação. Acredito, no entanto, que é a perda do entusiasmo mesmo pela festa que leva a esse silêncio, a esse esquecimento inclusive do feriado, que ocorre na terça-feira – amanhã, por sinal -, quando faz o segundo dia em que me encontro aqui deitado nessa cama hospitalar, recebendo soro e uma série de medicamentos por meio do cateter implantado ao lado direito do meu peito. Melhor assim, que não machuca as veias dos braços e não dificulta a locomoção. Graças ao avanço da Medicina...
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Recebi a visita do Paulo Pereira. Não estou bem nesse dia. Sinto-me bastante debilitado e vejo que ele percebe o meu desalento. É muita fraqueza, grande o desânimo. Não tenho forças sequer para andar pelo corredor do hospital. Revelo a ele que receio ser encaminhado para o setor de Unidade de Terapia Intensiva e digo: se eu for para aquele lugar, pode acreditar, não voltarei. Paulo é quatro anos mais velho que eu. Eu o conheci ainda adolescente, quando tinha 14 anos, no Bairro Paraíso, em Santo André, local onde nasci, de onde sai com dois meses de idade com destino a Bálsamo, pequena cidade do interior paulista, e para onde voltei com meus pais. Fiquei sabendo depois que meus irmãos e eu precisávamos trabalhar e ajudar na manutenção da casa e no interior não havia essa possibilidade.
Paulo foi quem me encaminhou para a literatura, me fez ler os grandes escritores e poetas brasileiros, russos, franceses, ingleses e alemães. Dentre os brasileiros, destacava-se Jorge Amado e, entre os estrangeiros, Gustave Flaubert, Honoré de Balsac, Hermann Hesse, Dostoiévski e tantos outros.

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Nesse bairro, fiz, junto com o Paulo, o primeiro jornal que recebeu o nome de “Nabo”. Não tinha praticamente noticiário e era basicamente um resumo dos boatos ocorridos na vila entre os nossos amigos e conhecidos. Esse jornal não teve vida longa. Mas nossa amizade perdurou e já está quase completando meio século.
Paulo, anos atrás, também foi vítima do câncer, uma fase difícil de sua vida. Fez a cirurgia em um hospital mantido pelo governo estadual e saiu-se bem após o tratamento, que incluiu quimioterapia. Passados mais de cinco anos, julga-se um homem livre da doença, mas ficou um pouco apreensivo ao saber que tumor que havia sido extirpado de minha garganta há três anos, retornara, desta vez atrás do ouvido esquerdo.
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Separado da mulher, com quem viveu quase 40 anos e teve três filhos, Paulo pode ser considerado um homem realizado. È poeta, mas um poeta sem ilusão com a vida, que faz poemas sem lirismo nem emoção. Um João Cabral de Mello Netto inédito, que traz seus poemas escritos na alma, em seu interior. Apesar de se considerar um homem com saúde, perdeu a fé em Deus, no ser onipotente e onipresente. Mesmo assim, não sai sem uma pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida, guardada em sua carteira, junto aos documentos. Paulo, eu percebo pelo seu olhar, sabe que não estou bem. Sai, com uma despedida lacônica. Sei que há lágrimas em seus olhos.
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Acostumado com a tranquilidade de Bálsamo, de início me espantei com a grandeza e o movimento de Santo André que, ainda no início dos anos 60 do século passado, se constituía numa província, se comparada com a metrópole destes primeiros anos do século XXI. Para arcar com as despesas com a mensalidade da escola - me matriculei no terceiro ano do curso básico da então Escola Técnica de Contabilidade Senador Fláquer - e gastos pessoais, consegui emprego como entregador em um escritório responsável pela distribuição de exemplares do Clube do Livro
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Para quem não se lembra, o Clube do Livro na época era dirigido por conhecidos intelectuais como Mario Graciotti e Afonso Schimdt. Na abertura do livro, sempre trazia alguns artigos de seu estatuto e um desses esclarecia: Mensalmente, a partir de julho de 1943, o Clube do Livro edita um livro de notório reconhecimento, a exemplo deste (referia-se ao exemplar do mês) escolhido pelo seu Conselho de Seleção, e o envio ao seu sócio que, mediante o pagamento de cinco cruzeiros, se torna proprietário do mesmo livro.
Esse clube tornou-se bastante popular por editar obras de escritores consagrados, brasileiros e estrangeiros. Entre esses, Charles Dickens, Walter Scott, Fiódor Mikhailovich Dostoiévski, Gustavo Flaubert, Guy de Maupassant, Honoré de Balsac, José de Alencar, Machado de Assis e tantos outros. Eu, como funcionário desse escritório, tinha direito a um exemplar – um acontecimento que incentivou ainda mais o meu gosto pela leitura, meu interesse pela literatura mundial.
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Nesse meu primeiro emprego fiquei apenas alguns meses, apesar de gostar por causa dos livros e pelo conhecimento das ruas da cidade. O motivo foi um dos proprietários, chamado de Toninho – jamais soube o seu nome completo - que aporrinhava minha vida. Assim, fui parar no escritório de contabilidade do Elpídio Dalla, uma pessoa afável, bondosa e compreensiva. Para esse escritório, buscava e entregava os livros e a documentação fiscal do comércio e das pequenas empresas clientes.

Dalla não se importou quando o avisei de minha saída, ao completar quatorze anos de idade, para ingressar numa companhia fabricante de eletrodomésticos – geladeiras, principalmente, em São Bernardo do Campo, com salário mais alto e oportunidades para aprender e progredir: a Brastemp. Fui levado a essa empresa pela minha prima Nadir, filha de meus tios-padrinhos Antonio e Carmem Padeiro, esta, irmã de meu pai. Nadir trabalhava como secretária de um dos diretores de uma fábrica ao lado e conhecia o pessoal da Brastemp – uma das razões pela qual comecei a trabalhar com registro em carteira logo após completar quatorze anos. Mais duas: possuía o curso de datilografia e já estava cursando o segundo grau – mérito de poucos jovens naquele início da década de sessenta do século passado.

Também foi a Nadir quem me orientou a fazer a matrícula na Escola Técnica de Contabilidade Senador Fláquer, conhecida na época como a Escola do Mattei, por causa do sobrenome do fundador-proprietário do estabelecimento, professor Valdemar Mattei. Muitos anos mais tarde, escreveria uma pequena biografia desse pioneiro do ensino em Santo André, e que seria publicada no ano em que a escola completou setenta anos de fundação e aproveitava para comemorar a sua transformação em centro universitário, com vários cursos de nível superior, a maioria destinada a classe média.

Permaneci na Brastemp pouco mais de dois anos, quando os setores administrativos e financeiros tinham sido transferidos de São Bernardo para São Paulo. E por motivos já explicados: a edição de um jornal interno com críticas veladas ao movimento militar de 1964, que havia derrubado o governo democrático de João Goulart. Da Brastemp fui para a agência do Banco Auxiliar de São Paulo, em Santo André, e regredi: voltei a trabalhar como contínuo, utilizando uma bicicleta para a entrega de avisos de cobrança e outros documentos bancários.

Fiquei pouco tempo, também: desta vez, porque escrevia crônicas no hoje extinto jornal Folha do Povo, falando da miséria das famílias vivendo estiradas nas ruas e dormindo sob viadutos em Santo André. De imediato, Paulo Pereira me chamou para trabalhar na empresa onde ele já estava, em São Bernardo. Aceitei, por um só dia. No outro, já me transferia para uma indústria de arames em Santo André. Este seria o meu último emprego em empresas que não fossem jornalísticas. Aproveitei esse meu período para cumprir com o serviço militar obrigatório e concluir o curso de contabilidade, ainda na Escola do Mattei. Ainda trabalhava nessa fábrica quando entrevistei Vinicius de Moraes, o que resultou na minha contratação como repórter pelo jornalista Fausto Polesi, diretor de redação do então News Seller, que estava prestes a se transformar no Diário do Grande ABC.
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NOTA: A charge que ilustra boa parte deste capítulo de hoje foi um trabalho do grande amigo Juarez, um dos maiores chargistas do Brasil. Nossos agradecimentos a ele, que é radicado na Região do ABC Paulista.
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Na próxima quarta-feira, o quinto capítulo de Memória Terminal, do jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, falecido em 29/11/2008. Nesta quinta-feira continua a série do jornalista Milton Saldanha, com o penúltimo capítulo do emocionante relato “O Dia Em Que Morri”. Não deixem de acompanhar. (Edward de Souza / Nivia Andres) Arte: Cris Fonseca.
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37 comentários:

  1. Bom dia amigos (as) deste blog...
    Voltamos nesta quarta-feira com a sequência da série inédita escrita pelo saudoso amigo, jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo. Nesta segunda e terça-feira acompanhamos os dois capítulos de “O Dia Em Que Morri”, do também consagrado jornalista e escritor Milton Saldanha, que continuará nesta quinta, encerrando-se na sexta-feira. José Marqueiz, em cada capítulo nos traz novidades. Nos três capítulos anteriores falou sobre seus amores, a bem sucedida expedição comandada pelos irmãos Villas Boas, que deu a ele, Marqueiz, o prêmio mais cobiçado do jornalismo brasileiro, o começo de sua doença e o todo o sofrimento durante o tratamento a que se submeteu.

    Em quase todos os capítulos Marqueiz cita a Ilca, com quem viveu mais de 30 anos e foi o grande amor de sua vida. Foi com a Ilca que encontrei essa charge que resolvi, de improviso e na última hora, postar para ilustrar o quarto capítulo de hoje, trabalho do grande Juarez, um dos maiores chargistas que conheci neste País e com quem trabalhei algum tempo. Juarez ilustrou vários artigos meus em jornais e revistas. Bom amigo e extraordinário profissional. Neste capítulo de hoje muitas curiosidades para comentar. Uma delas, que chamou minha atenção foi o Círculo do Livro, citado pelo Marqueiz e um de seus empregos antes de se firmar como jornalista profissional. Assinei durante anos e comprava sempre quatro ou cinco livros por mês, do Círculo.

    A página está aberta, comentem.

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

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  2. Amigas e amigos: costumo dizer que não ter memória equivale a não ter tido vida. Quando a gente está no fio da navalha, caso do Marqueiz, e foi também meu caso, surge a necessidade de fazer o inventário, o balanço geral. Tentar mostrar que não passamos inutilmente aqui pela terra. E que nossa experiência, pequena ou grande, pouco importa, pode algum dia ser útil a alguém. Brota então com todo o vigor o espírito do escritor. Curiosamente, também escrevi minhas memórias, transformada no livro "Periferia da História", movido por esse sentimento de finitude. A morte é a única certeza que todos temos sobre o futuro. A incerteza é quando e como acontecerá. Então, quando a gente se vê próximo dela, numa situação dramática, muda todo o sentido das coisas. Esse encontro do Marqueiz, como a gente o chamava, com esse amigo, é de uma preciosidade fantástica. São relações de profunda afetividade, sem interesses pontuais de momentos. Ele tinha passado pela mesma situação, via-se no Marqueiz. Sentia a dor do amigo. Ponderava, como na frente de um espelho, suas próprias chances e riscos. O Marqueiz sacou isso, foi o que li nas entrelinhas. Foi marcante esta parte, e ainda que não esteja embalada em preciosismos literários, é tudo de uma simplicidade forte e encantadora.
    Beijos a todos!
    Milton Saldanha

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  3. *-* acompanhando...

    Adorei a charge... o texto é triste, mas também delicado!...

    Entrevistar Vinicius... Ah, que privilégio!


    Abraços carinhosos =)

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  4. Nossa! Eu também tomei gosto pela boa leitura através do Clube do Livro que nos brindava, todos os meses com jóias da literatura mundial. Eram brochuras de fácil leitura, letras grandes e não eram tão grossos (se o romance fosse muito extenso, dividiam a obra em dois volumes).
    Aliás, caro amigo Edward, acho que o Clube do Livro e o Círculo do Livro são coletâneas distintas, estes mais recentes e com edições mais esmeradas.
    A juventude de Marqueiz tem muito a ver com a de todos nós, adolescentes da década de 60. Tínhamos que sair de nossa vidinha simples do interior para a cata de empregos nos grandes centros e apesar dos apertos e da nostalgia, vivíamos "metendo o pau" na cidade natal.
    Joao Gregório

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  5. Edward, bom dia!
    Comecei a ler esse quarto capítulo de José Marqueiz emocionada com essa frase maravilhosa: "E o amanhã? Ah, o amanhã. Não estou mais preocupado com o amanhã. Quero viver o hoje. E usufruir ao máximo de todos os hojes que surgirem em minha vida". Uma poesia curta e sensível, simplesmente maravilhosa. Lutando contra esse mal terrível que é o câncer e escrevendo frases maravilhosas. Marqueiz, sem dúvida aproveitou todos os hojes de sua vida. Está maravilhosa a série.

    Bjos,

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  6. Bom dia Edward e pessoal do blog!
    Neste relato de José Marqueiz, percebe-se que o gosto pela leitura o transformou num grande jornalista. Nada melhor do que ler para saber escrever bem, isso aprendi com meu pai, antes de entrar na faculdade. Não conheci o "Círculo do Livro" ou como comentou acima o João Gregório, o " Clube do Livro", mas seria tão bom se hoje isso ainda existisse. Incentivaria ainda mais a leitura e o Brasil é um País que poucos lêem, infelizmente. Essa série do José Marqueiz está ótima. Para chegar neste capítulo de hoje, li os anteriores em postagens antigas, uma vez que quando a série começou eu ainda não acessava este blog que aprendi a gostar.

    Beijos a todos,

    Giovanna - UNIFRAN - Franca - mSP.

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  7. Edward, uma postagem linda essa do quarto capítulo de José Marqueiz. A charge do seu amigo Juarez ilustrou de uma forma emotiva todo esse texto maravilhoso em que o jornalista relata o começo de sua vida lutando até como office-boy, até conseguir seu primeiro emprego como jornalista profissional. Sinceramente, dá gosto acompanhar essa série, que, sem dúvida, poderia ser editada e publicada em um livro.

    Bjos

    Tatiana - Metodista - SBC

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  8. Atenção amigos e amigas que estavam tentando postar comentários e não estavam conseguindo. Entrei em contato com o Google e o sistema está restabelecido. Pelo menos neste instante. Por favor, podem voltar a postar seus comentários. Por via das dúvidas, recomendo que salvem o texto que irão postar antes de enviar a mensagem.

    Obrigado!

    Edward de Souza

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  9. Gostei demais dos primeiros versos, nossa vida é feita de hojes.

    http://meuprojetopiloto.blogspot.com/

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  10. Bom dia, amigos e amigas!

    Olá, Edward!

    Como era sensível o José Marqueiz! Sensível, inteligente e culto. Um homem cheio de virtudes que enfrentou com galhardia a doença e registrou todos os seus "hojes", bons e ruins.

    Interessante que o Marqueiz, desde muito jovem, interessou-se pela literatura e tornou-se um leitor voraz. O que o ajudou muito a tornar-se um grande jornalista, porque o exercício da leitura nos dá instrumentos para aumentarmos nossa expressão vocabular, elaborarmos textos mais preciosos e interessantes.

    Como o João Batista, creio que o Clube do Livro é diferente do Círculo do Livro. Fui sócia, durante alguns anos, do Círculo do Livro, quanddo pude adquirir alguns exemplares ricamente encadernados. Tenho em minhas mãos um dos livros, "O canibalismo amoroso" de Affonso Romano de Sant'Anna, que comprei em 1988. É um dos meus preferidos. Trata-se de uma análise bastante profunda sobre o desejo e a interdição na nossa cultura através da poesia. Recomendo sua leitura a todos que se interessam pela literatura e, especialmente, aos estudantes do curso de Letras.

    Está belíssima esta série que a Ilca e o Edward, tão gentilmente, nos oferecem. São registros de vida de um homem notável, que enfrentou o sofrimento com dignidade e ainda foi capaz de nos legar a matéria dos seus sonhos...

    Brilhante!

    Um abraço a todos!

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  11. Boa tarde, Nivia, como você, também fui assinante do Círculo do Livro, lembrado pelo jornalista José Marqueiz, neste brilhante texto de hoje. Como nos anos 80 a gente nem sonhava ainda com a internet, adquiri a coleção completa do Delta Larousse, que acabou servindo para os meus filhos e ainda tenho encadernada e bem guardada em minha estante de livros. São 30 ou mais volumes, capa azul, ótimos, principalmente para pesquisas. Quanto ao Clube do Livro, penso que já ouvi falar, mas não sei como é que funcionava.
    Está muto bom mesmo acompanhar a série de José Marqueiz. Excelente! Parabéns a todos vocês do blog, Edward, Nivia, Cristina, pela iniciativa.

    Abraços,

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

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  12. Edward, acabei de imprimir o quarto capítulo escrito pelo jornalista José Marqueiz. Como a maioria do pessoal que postou comentários aqui no blog, também fiquei encantada com a frase inicial desse texto de hoje. Lindíssima e mostra que o jornalista, além de muita sensibilidade, vivia intensamente os seus hojes. Sabe outra coisa que gostei hoje? Essa charge que acredito tenha sido feita para homenagear o José Marqueiz depois de sua morte, certamente. Ficou linda e emotiva essa ilustração.

    Beijinhos, vou continuar seguindo essa série.

    Carol - Metodista - SBC

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  13. Edward ou Nivia, esse da foto, abrindo o texto é José Marqueiz em tratamento? Vi uma foto dele, mas essa não está muito parecida com as já postadas. Seria o curativo?
    Antes de ler esse texto postado hoje, fui em postagens anteriores e lá encontrei fotos dele e li os três primeiros capítulos. Olha, estou adorando essa série.
    Obrigada,

    Bj

    Anna Claudia - Uberaba - MG.

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  14. José Marqueiz.
    Reconhecer a boa qualidade de um jornalista fica obrigatório a partir da leitura de seus textos, a graça das colocações de palavras na intenção de passar assuntos. O objetivo do necessário: o que, quando e onde. Mostrar com inteligência a vocação jornalística e magistralidade sábia da mistura de assuntos estranhos, uns aos outros, — aspectos do carnaval — em bons relatos pessoais de uma expectativa amarga, era valor literário do Marqueiz. O capítulo de hoje aqui publicado, indica a sensibilidade do autor, o condicionamento de esperança, resignação e alto espírito de equilíbrio e saber, ficou para os pósteros, como hábil lição e exemplo no pós-vida material do bom arquiteto de textos.
    Não fui honrado com a alegria de conhecê-lo no vigor de sua labuta, cuja história escancara-se agora, brotada de sua cabeça e mãos no autorretrato que fez com fertilidade mantida mesmo em momento final.
    Peço permissão aos seus amigos de primeiros momentos, para incorporar-me ao grupo fiel a suas lembranças, aduzindo meu apreço a sua ação e obra deixada. Garcia Netto

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  15. Hoje de madrugada acordei assustado com a campainha insistente do meu celular.
    Era um chamado para uma extrema unção.
    Chegando à casa do moribundo, ele fez um sinal com os olhos, que eu entendera que era para abaixar a minha cabeça, deixando o meu ouvido próximo a boca dele.
    Fiquei espantado quando ele me disse, “eu sou uma memória terminal”.
    Ele fez revelações que me arrepiou do iapoque ao Chuí.
    Mas eu continuei com a minha autoridade de clérigo na simplicidade de cumprir a minha missão.
    Ouvi com atenção e cumpri os rituais da santa igreja.
    O infeliz sentiu-se aliviado e deu um suspiro final.
    Acho que foi a força da minha oração da libertação que enviou o psicossoma desse individuo, sabe Deus pra onde, pois as suas revelações eram assustadoras.

    O motivo da minha inserção nessa caixa de diálogos hoje, é justamente pela semelhança do título da crônica, com os mesmos dizeres do meu moribundo, quero dizer, do filho do alem.

    Padre Euvideo.

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  16. Tudo bem, Edward?
    Olha, meu amigo, tenho a impressão que tanto você quanto eu desconhecíamos esse início de carreira do Marqueiz até chegar ao Diário do Grande ABC. Ou estou enganado? A única coisa que eu sabia era que se formou em contabilidade, pelo menos contava sempre essa história. Eu achava estranho, um baita jornalista como ele ser contador, mas agora deu para entender. Fez o curso de contabilidade e seguiu o jornalismo, ficou claro. Não vi ainda nossa turma por aqui, Edward. O Renato Campos, Amílcar, Soninha Nabarrete, o Bola, Édison Motta, Morgado. Sumiram? Um abraço, bom amigo e meus cumprimentos por resgatar esse histórico imperdível do nosso saudoso amigo José Marqueiz. Seu blog, cada vez melhor, parabéns.

    Flávio Soares - Jornalista

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  17. Hildebrando Pafundiquarta-feira, 12 maio, 2010

    Caro amigo jornalista e escritor Edward de Souza.

    Agradeço a você a idéia de publicar neste seu blog as memórias do Marqueiz, pois estou revivendo os velhos tempos de nossa amizade de quase irmãos. Neste quarto capitulo de Memória Terminal, José Marqueiz me transportou ao inicio dos anos 60 do século XX, quando nos conhecemos e estudamos na Escola Senador Flaquer, mas em cursos diferentes: ele frequentava as aulas de Contabilidade e eu as do antigo Curso Normal, que formava professores para lecionar em escolas primárias. O Marqueiz morava no Bairro Paraíso e eu na Vila Assunção, que são bairros vizinhos, e nessa época também conheci o Paulo Pereira, que foi um dos mais fiéis amigos do Marqueiz. Nós três e mais alguns amigos acabamos criando um grupo informal de jovens que gostavam de literatura e jornalismo.

    Lembro-me também que há uns quatro anos atrás, quando minha filha Ana Vitória trabalhava com artesanato, aos domingos eu a transportava no meu carro junto com a barraca e o que iria vender, em meu carro, até o Parque Ipiranguinha. Nesse local, com frequência eu encontrava o Marqueiz e o Paulo Pereira fazendo caminhadas. Paravam em frente a barraca, batíamos um papo, e depois ambos prosseguiam na caminhada, enquanto eu seguia para o antigo Parque Duque de Caxias, para fazer aulas de dança de salão, que no meu caso, até hoje substituem as caminhadas.

    Eu já era colunista colaborador da Folha do Povo, quando o Marqueiz começou a fazer reportagem nesse mesmo jornal. Como a minha coluna era cultural, com certa frequencia eu publicava poesias ou crônicas do Marqueiz e do Paulo Pereira no meu espaço. Depois surgiu outro jornal, Ação, que durou pouco tempo. Fomos os dois para lá, e quando fechou retornamos para a Folha do Povo. Mais tarde o Marqueiz acabou indo trabalhar no News Seller, futuro Diário do Grande ABC, quando fez uma entrevista com Vinicius de Moraes, contratado que foi pelo Fausto Polesi, que era diretor de redação. Eu também fui contratado pelo Faustão, mas em 1968, quando já era Diário.

    Vou parando por aqui para não antecipar episódios do próximo capitulo.

    Abraços,

    Hildebrando Pafundi – escritor e jornalista.

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  18. Sabe o que me chama a atenção sempre que venho ler essa série de José Marqueiz, Edward? A presença dos amigos que relembram muitas e muitas histórias ao lado de José Marqueiz, ou então ocorridas com ele. O jornalista jamais poderia pensar que, ao escrever suas memórias, seriam elas acompanhadas de perto por tantos companheiros e companheiras que com ele conviveram. Sem contar o novo público que passou a admirá-lo e a aplaudir o que escreveu, como eu. E não tem como não ler o que José Marqueiz escreveu sem se emocionar. Maravilhosa essa série e faço questão de ler todos os capítulos aqui postados.

    Obrigada,

    Beijos a todos!

    Bruna - UFJF - Juiz de Fora/MG.

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  19. Olá! Tudo bem?

    A biografia do educador que o Marqueiz cita foi trocada por uma bolsa de estudos para o Curso de letras na própria Faculdade Senador Flaquer. Marqueiz estava eufórico quando me contou que voltaria a estudar, embora eu achasse que ele tinha competência para atuar como professor. Isto aconteceu alguns anos antes dele adoecer e mostra que, para Marqueiz, cada dia era realmente hoje, uma oportunidade única de aprender e ser feliz.

    Sonia Nabarrete - Jornalista

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  20. Olá Marqueiz

    Boa tarde

    Desculpe-me por não ter postado o comentário mais cedo. Infelizmente, nos encarnados temos problemas urgentes de quando em vez.
    Sua narração lembrando o passado comove até pedra.
    Nomes e fatos apareceram em que eu participei.
    Sua formação intelectual vai além de uma escola de jornalismo. Leitura, muita leitura o transformou para exercer uma profissão que muitos não conseguem com uma simples formação universitária.
    Um professor partiu, mas suas lições ficaram.
    Muitos universitários que agora estão lendo suas memórias se aproveitarão dessas lições.

    Obrigado

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  21. Respondendo a uma pergunta feita pela Anna Claudia, estudante de Medicina de Uberaba, que sempre nos honra com seus comentários neste blog. Anna Claudia, a foto de abertura deste texto é sim, José Marqueiz. Usava um curativo, possivelmente depois da cirurgia a que foi submetido. Isso a Ilca, que deve ter feito a foto, pode confirmar mais tarde. Obrigado pela presença, Anna Claudia.

    Amigo Flávio Soares, foi só você perguntar onde estão os amigos e estão aparecendo aos poucos. Depois de você, comentou o Hildebrando Pafundi. Para os frequentadores do blog que não sabem, Pafundi e Marqueiz eram inseparáveis. Uma espécie de Erasmo e Roberto Carlos. Onde estava um, lá estava o outro. E na sequência, Flávio, a Sonia Nabarrete também deixou o seu recado. Faltam outros, mas virão, aguarde.

    Agora um recado ao Milton Saldanha. Leu a postagem do Pafundi, Milton? Eu havia me esquecido, mas é outro amigo nosso jornalista que adora dançar. E faz anos que Pafundi pratica a dança. Soube que é um exímio dançarino. Gostaria de ver os dois num mesmo salão.

    Abraços...

    Edward de Souza

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  22. Caro Edward de Souza: agradeço por sua feliz observação. Além de conhecer a fama de dançarino de salão do Hildebrando Pafundi, o que me deixa muito feliz, como fanático pelo assunto, quero contar que já publiquei uma resenha no jornal Dance sobre um dos livros de contos dele, excelente, e que trata desse universo.
    Abraço grande!
    Milton Saldanha

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  23. Oi Edward!
    Como lhe expliquei ontem por e-mail, pouquíssimo tempo está me sobrando nestes dias, mas procuro acompanhar com o maior carinho todas as postagens do blog, principalmente estas duas séries que estão sendo apresentadas. A do Milton Saldanha e do José Marqueiz. Julguei, assim que li o primeiro capítulo desta série, que José Marqueiz relataria apenas sua doença e o tratamento a que foi submetido. Muito pelo contrário. A cada postagem que acompanho, um pouco de sua vida. Um astral admirável para quem enfrentava o desconforto de um quimioterapia e radioterapia. Mostrou fibra, valentia e soube valorizar cada minuto que viveu.

    Beijos

    Liliana Diniz - Santo André - SP.

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  24. Com certeza já estou viciado neste blog que tem as meninas mais bonitas do mundo. Só gostaria que o padre me explicasse o que ele tentou dizer em seu comentário acima. Já chamei até a empregada para ver se ela entendeu alguma coisa e... Nadinha de nada! Pra mim, caducou.
    Milton, cheguei a sonhar esta noite que estava preso numa UTI, depois de ler o segundo capítulo que você escreveu ontem. Acordei suando frio. Já essa série do José Marqueiz também está excelente, mostrando o nível alto desse blog. E é gostoso ler o que ele escreveu, se bem que a gente sempre se lembra dos momentos trágicos que passou enquanto fazia suas anotações para escrever sua bonita história de vida. Vale a pena acompanhar essas duas séries. Uma do Milton e essa do José Marqueiz. Falar na série do Milton, amanhã tem mais?
    Só sinto falta da Dona Maria Monge, sumiu do blog........

    Abçs

    Juninho - SAMPA

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  25. Edward, está maravilhosa essa série do jornalista José Marqueiz. E que linda a frase que começa a série de hoje. Simplesmente divina.

    Bj

    Vanessa - PUC - SP.

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  26. ANA CÉLIA DE FREITAS.quarta-feira, 12 maio, 2010

    Olá Pessoal.
    Sempre comovente as histórias de vida de Marqueiz,ás vezes fico pensando,como pode uma pessoa estar passando por problemas de saúde que ele passou, e ainda ter discernimento de escrever a sua própria história.
    Sensível, certamente era um dos adjetivos desse guerreiro.
    Edward e Nívia,vocês como sempre estão de Parabéns,é por essas e outras que esse blog é de ouro.
    Beijossssssssssss.
    ANA CÉLIA DE FREITAS.

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  27. Começo citando as palavras do Marqueiz "E o amanhã?
    Ah, o amanhã. Não estou mais preocupado com o amanhã.
    Quero viver o hoje.
    E usufruir ao máximo de todos os hojes que surgirem em minha vida". Tal e qual minha maneira de pensar atualmente. Lembranças me vieram à mente quando lí à respeito do Clube do Livro;recebí de presente do Marqueiz o livro "Mulheres de 30 anos" de Balzac que na época me dizia muita coisa. Boas e tristes lembranças.Garcia Netto fez um comentário verdadeiro de nosso amigo: "O capítulo de hoje aqui publicado, indica a sensibilidade do autor, o condicionamento de esperança, resignação e alto espírito de equilíbrio e saber." Vamos aguardar os próximos, abraços.
    Gabriella

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  28. Meu comentário saiu como anônimo e não como Gabriella.

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  29. Eu estou gostando muito de ler essa história do jornalista.
    Mamãe está aqui comigo.

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  30. Sempre fico sensibilizada quando leio os capítulos desta série de José Marqueiz, exatamente imaginando que força é essa que ele teve para conseguir narrar toda sua história de vida passando pelos problemas que enfrentava. Pode até ser que isso o tenha ajudado nestes dolorosos momentos de dor, mas sem dúvida, nos deixa um exemplo de superação e de fé. O melhor é que sua narração não traz lamúrias nem desesperanças, mas uma vontade férrea de vencer uma doença implacável e continuar a viver. Viver o hoje, sempre!

    Gostaria muito de ter conhecido José Marqueiz!

    Beijos,

    Andressa - Cásper Líbero - SP.

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  31. Este comentário foi removido pelo autor.

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  32. Eu tenho uma reclamação a ser feita. Estou presente todos os dias neste blog, mesmo que, às vezes, não deixe um comentário. Mas, leio todas as postagens e as opiniões do pessoal que frequenta esse espaço, sem nenhuma dúvida, o melhor blog da internet. Estou acompanhando essa série do jornalista José Marqueiz. Na semana passada vocês não publicaram o capítulo que viria a ser esse de hoje, por causa das homenagens ao Dia das Mães. Até aí, tudo bem, achei linda as postagens homenageando as mães. Porém, esperar uma semana para ler o próximo capítulo de José Marqueiz é muito tempo, pessoal! Fico louquinha para ver a sequência e vou ter que esperar uma semana! Porque não postam todos os capítulos dia após dia? São muitos, não sei... Ou é para nos deixar mesmo na expectativa? É uma delícia ler o que esse jornalista escreveu, adoro, mas pelo jeito, vou mesmo ter que ficar acompanhando, tal qual uma bela e imperdível novela. De qualquer forma, não se zanguem comigo. Nunca demorei tanto em meus comentários como hoje, mas resolvi deixar minha sugestão.

    Obrigada,

    Daniela - Rio de Janeiro

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  33. Oi, Daniela! Não seja apenas uma mera espectadora. Participe na interatividade dos frequentadores e articulista do Blog. Todos ficaremos contentes com isso.
    Grande abraço
    joão batista

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  34. Daniela, seria muito interessante que a série fosse diária, sem interrupções, mas ela é longa. Um livro inteiro. Não teríamos espaço para os outros articulistas, o que retiraria a diversidade e a dinâmica do blog. Como o Marqueiz não encadeia os capítulos, tratando de diferentes assuntos em cada um, não creio que se perca o fio da narrativa, no espaço de uma semana.

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  35. Concordo com a Nivia, Daniela, tenha calma. Já comentaram acima que o jornalista José Marqueiz, em cada capítulo, aborda um novo assunto. Vamos curtindo essa série deliciosa com tranquilidade. Parabéns, Nivia e Edward, está sensacional o blog. Tanto esta série de José Marqueiz quanto a do Milton Saldanha.

    Bjos a vcs!

    Priscila - Metodista - SBC

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  36. Olá Edward, você nem imagina como foi bom ler mais um capítulo do nosso amigo Marqueiz e ouvir My Way. Tudo a ver... se bem que adoro com o Sinatra. Realmente nessa vida nada acontece por acaso, vocês são especiais.

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