terça-feira, 5 de maio de 2009

MENDIGOS VENDIAM PONTOS NA CATEDRAL

Edward de Souza
*
Estagiário do NP serve de cobaia e
quase é linchado
*
A Praça da Sé é o eixo da cidade de São Paulo. Quem for à praça, vai ver o marco zero da cidade, bem em frente à Catedral. Na metade dos anos 70 parecia um albergue a céu aberto, uma visão do inferno, como se a cidade tivesse enfrentando alguma guerra civil ou algo do tipo. A quantidade de mendigos espalhados pela praça chegava a ser absurda. A maioria dos pedintes utilizava os jardins da praça como banheiro público, tomando banho no chafariz central e fazendo suas necessidades em qualquer canto, tornando certos pontos não muito agradáveis. Alguns deles usavam drogas. O mau cheiro imperava. Lázaro Campos, nessa época editor de polícia do Jornal Notícias Populares, recebia dezenas de reclamações de leitores pedindo providências. O jornal, chegado ao mundo do crime, não se importava muito com notícias assim, até que um telefonema chegou à redação denunciando a venda de pontos de mendicância na praça, principalmente próximo às escadarias da igreja, a preços absurdos. Falavam em milhões por um pequeno espaço para se esmolar. Assim que colocou o telefone no gancho, Lázaro virou-se para o meu lado e me passou as informações que havia recebido. Isso significava que eu estava escalado para ir à Praça da Sé em busca dos famosos pontos de mendicância e os responsáveis por eles. Jornalistas, de um modo geral, têm verdadeira fissura em entrevistar, reportar, fotografar, documentar moradores de rua. De preferência, em preto-e-branco. Arrisco uma interpretação: sem consciência profunda dos problemas sociais do país, enxergam o que salta aos olhos, visão superficial porque, inclusive, vários moradores de rua lá estão por motivos diferentes da pobreza, como drogadições em geral, desentendimentos familiares e problemas mentais. Eu tinha certa experiência, depois de desmantelar uma rede de falsos mendigos no ABC, cujo relato farei nesse blog em outra oportunidade. Bolei um plano para tentar entrar na rede de mendigos que negociavam pontos na Praça da Sé, mas iria precisar de ajuda. Expliquei ao Lázaro a idéia que tive. Teria que infiltrar uma pessoa com aparência de mendigo na Praça da Sé. Ficaria à distância com o Tarcisio Leite, fotógrafo, documentando e acompanhando toda a movimentação. Mas quem seria nosso mendigo? Não poderia ser alguém com cara de bonachão e bem nutrido, claro está. Enquanto pensava, voltei-me para a sala de arquivos do jornal. Um jovem, recém-contratado, recortava jornais para arquivar matérias às pastas. Era magro, na verdade, esquelético, barba preta cerrada e com olheiras profundas. Seria o mendigo ideal, mas como convencê-lo a aceitar a empreitada? Mostrei o rapaz ao Lázaro e ele logo se animou. Fomos os dois falar com ele. Tinha o apelido de “Carne-Seca”, ficamos sabendo. Estagiário ainda no NP, “Carne-Seca” ficou entusiasmado em saber que participaria de uma reportagem policial, pouco se importando com os riscos que certamente correria, caso sua verdadeira identidade fosse descoberta pelos mendigos. Combinamos sair por volta das 3 horas da madrugada. Lázaro providenciou roupas velhas e rasgadas e um chapéu para o nosso mendigo. As roupas ficaram largas, o que, ao invés de atrapalhar, acabaram ajudando a moldar o perfil de pedinte que pretendíamos infiltrar nas escadarias da Praça da Sé. Como medida de segurança, comunicamos a um delegado amigo nosso a reportagem que iríamos fazer, pedindo que ele deixasse, nas proximidades das escadarias da igreja, um investigador de plantão. Antes das 3 da manhã chegamos à praça ainda deserta e soltamos o “Carne-Seca”. Teríamos que ficar à distância, mendigos detestam jornalistas e fotógrafos, já perceberam? Sempre que um carro de reportagem se aproxima eles fogem como o Diabo da cruz. Se estão em bando, muitas vezes atacam, buscando afugentar os repórteres. Sempre foi assim. Fazia frio naquela manhã em São Paulo. “Carne-Seca” se enrolou num velho cobertor “sapeca-neguinho” e sentou-se no começo da escadaria da igreja, chamado ponto de elite pelos pedintes do local. Estendeu o chapéu, com as mãos trêmulas por causa do frio e também pela tarefa espinhosa que teria a cumprir pela frente. Eu e Tarcisio ficamos à distância, dentro do carro sem logotipo, que arrumamos para fazer a reportagem e não chamar a atenção dos pedintes, que, aos poucos, foram chegando. Eram mais de 5 horas da manhã e o movimento começou. Estava divertido ver que, a cada três pessoas que passava, uma atirava moeda no chapéu de “Carne-Seca.” Agachado atrás do carro, com teleobjetiva, Tarcísio fotografava os melhores lances. Mais de 7 horas da manhã. Movimento intenso na Praça da Sé. Bom lembrar que não havia metrô na época, apenas ônibus e táxis circulavam pelas imediações. O chapéu de “Carne-Seca” estava cheio. Como tinha saído o sol, ele atirou as moedas no cobertor e deu um nó, deixando livre o chapéu para novas ofertas. Tinha se transformado num autêntico pedinte nosso estagiário. Melhor não poderíamos ter encontrado. Minutos depois, eu e Tarcísio notamos que três mendigos esconderam nossa visão e gesticulavam energicamente com “Carne-Seca”. Não dava para ouvir, claro, mas podia se perceber que nosso mendigo estava em apuros. Levantou-se e saiu do lugar que ocupava. Um desses três mendigos tomou seu lugar. Sem saber o que fazer, “Carne-Seca” procurou um ponto à frente para se sentar. Não ficou nem 5 minutos e foi cercado mais uma vez. A coisa estava feia! Tarcisio não perdia um lance, fotografava tudo. Em fração de segundos, nosso mendigo desapareceu, com chapéu e cobertor. Gritei para o Tarcísio e corremos, eu, ele e o motorista do jornal, que largou o carro aberto, para tentarmos ver o que tinha acontecido com “Carne-Seca”. No caminho topamos com o investigador Gilberto Moraes, que estava acabando de chegar a mando do delegado amigo nosso para dar cobertura àquela reportagem. Correndo em volta da igreja, escutamos gritos abafados de “Carne-Seca.” Gilberto, o investigador, sacou o revólver. Correndo na direção dos gritos, encontramos nosso “pedinte” cercado por um bando de mendigos. Estava sendo sufocado pelo próprio cobertor. O investigador efetuou dois disparos para o alto, dispersando os mendigos que fugiram. “Carne-Seca” mal podia respirar. Estava roxo e por muito pouco, frações de segundos, não perde a vida. Depois de tomar uns dois copos de água e um cafezinho numa lanchonete da Praça da Sé, “Carne-Seca” contou que desde cedo estava sendo molestado pelos mendigos da área. De acordo com ele, cada ponto tinha um dono. Caso ele quisesse continuar a esmolar no local, deveria pagar de 3 a 5 milhões de cruzeiros, muito dinheiro naquele tempo, o suficiente hoje para comprar um carro de marca, zero quilômetro, ou até uma boa casa. Como nosso mendigo improvisado resistiu e continuou no local, foi arrastado pelo bando de pedintes “donos da igreja”, e só não morreu porque, como foi relatado, acudimos a tempo. Foi feito um Boletim de Ocorrência e a matéria publicada dias seguidos no Jornal Notícias Populares, com fotos. Os “donos da boca” desapareceram. Quanto ao “Carne-Seca”, foi contratado pelo jornal, escondeu-se no setor de arquivos e nunca mais quis servir de cobaia para reportagem nenhuma.
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*Edward de Souza é Jornalista e radialista. Trabalhou nos jornais, Correio Metropolitano, Folha Metropolitana, Diário do Grande ABC e O Repórter, da Região do ABC Paulista. Em São Paulo, na Folha da Tarde, Gazeta Esportiva, Sucursal de "O Globo", Diário Popular e Notícias Populares, entre outros. Atuou nas Rádios: Difusora de Franca, Brasiliense de Ribeirão Preto, Rádio Emissora ABC, Diário do Grande ABC, Clube de Santo André, Excelsior, Jovem Pan, Record, Globo - CBN e TV Globo de São Paulo. Participou de diversas antologias de contos e ensaios. Assina atualmente uma coluna no Jornal Comércio da Franca, um dos mais tradicionais do interior de São Paulo.
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30 comentários:

  1. Olá, Edward! Já estávamos merecendo uma nova crônica sua. E fomos brindados com uma autêntica e vibrante cena, muito bem articulada, digna de ser filmada!

    Devem todos os candidatos a repórter tirar desse evento o aprendizado de como se planeja e articula uma matéria policial - criatividade, medidas de segurança para o falso mendigo (apoio logístico das autoridades, que salvou a vida do Carne Seca) e o resultado positivo, já que demonstrada a venda de ponto de mendicância no centro de SP.

    Que coisa, até na mendicância há falcatruas! Parece que o negócio era "louco de especial", pela vultosa quantia exigida para a titularidade do ponto!

    Coitado do Carne Seca, espero que não tenha ficado traumatizado demais com o episódio...Se bem que perdeu um negócio bem rentável!

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  2. Olá Edward

    Fantástico! Uma reportagem que virou um conto. Um conto gostoso de se ler e de se lembrar de São Paulo daquela época.
    Uma Praça da Sé com milhares de pessoas transitando todos os dias rumo ao famoso “Triângulo” (se alguém perguntar, o que é o “Triângulo”, eu respondo depois) e a outras regiões da cidade.
    Uma Praça da Sé, onde se vendia pontos para venda de bilhetes de loterias e se negociava mercadoria roubada.
    Uma Praça da Sé, que servia para tudo o que não prestava e também local de encontro de namorados, no relógio famoso ou defronte a Catedral.
    Uma Praça da Sé, que outrora abrigou edifícios antigos, onde existiam cinemas decorados com pinturas maravilhosas e que a ganância do homem destruiu!
    Uma Praça da Sé que serviu de motivo para muitas reportagens policiais e sociais.
    Praça da Sé onde se encontra o marco zero, indicando as direções.
    Parabéns e obrigado amigão por nos trazer fatos que nos lembram outros acontecimentos.

    J. Morgado

    Mongaguá - SP

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  3. Bom dia, Edward!
    Eu tenho a impressão que até nos dias de hoje isso acontece. A gente percebe que tem mendigos que sempre estão num mesmo ponto. Aqui em Campinas, Edward, sempre passo num cruzamento no centro quando vou à faculdade, moro no Bairro Taquaral. Quando o sinal fecha, sempre surge o mesmo senhor pedindo "uma esmola, pelo amor de Deus". É tão conhecido em Campinas que já tem até histórias. Contam que possue várias casas de aluguel, o que não é de se duvidar. E ele não cansa, começa bem cedo e fica até o entardecer. Esse caso que você contou é um exemplo dessa indústria da mendicância.
    Demorou, Edward, mas valeu a pena esperar seu novo texto. Parabéns!
    Bjos...
    Karina - Campinas - SP.

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  4. Bom dia Edward,

    Bemvindo de volta ao seu blog, ehehehe.
    Parabéns pela história. Não apenas pelo excelente relato que vc faz aqui mas por toda a "armação" da reportagem. O carne seca passou por apuros durante muito tempo antes de o investigador chegar. Por precaução, convém garantir a segurança desde o primeiro momento. E você confiou no delegado heim? Mas uns minutos de soneca do "tira" e vocês teriam que encarar a turma no braço. Com a diferença é que esse pessoal, profissional da mendicância, sempre anda armado, ainda que seja com armas brancas.
    Valeu Edward. Seu descanso foi, de fato, reconfortante.

    Grande abraço,

    édison motta
    Santo André, SP

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  5. Fantástico esses relatos citados pelo Edward aqui no blog hoje. Em quase todas as cidades do Brasil, e comum ouvir relatos de mendigos ricos, com casas de alugueis e até mercearias. Aqui na minha cidade tem um cidadão que pede mantimentos, principalmente arroz. Os sacos fechados ele vende na mercearia que ele tem aqui na cidade em um bairro periférico. Os arrozes que vem a granel ele vende por quilo. Ele tem um monte de pedintes que pedem produtos não perecíveis, e depois vendem para ele, e os trocados que esses infelizes recebem compram “craque”. É um inferno, às vezes eles vem até três vezes no mesmo dia pedir. Eu já fui testemunha quando passava de carro em frente à igreja matriz aqui da minha cidade, e num cruzamento muito movimentado, dois pedintes disputavam o local a tapas.

    J.Morgado eu não quero gerar uma polemica, mas eu sou a favor da modernidade. Um dia eu fiquei perplexo quando eu vi uma arquiteta brigando com pedreiros que estavam demolindo um sobrado antigo aqui no centro da minha cidade. Ela injuriada gritava no meio da rua:- Esse imóvel deveria ser tombado pelo patrimônio da humanidade! E o pedreiro respondia:- “pois é dona ele ta seno tombado é por nóis memo”.
    Padre Euvidio.

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  6. Então Edward, é essas coisas que desiludem a gente. Muitas vezes ficamos com pena, ao ver uma pessoa de mão estendida pedindo um donativo. A maioria da pessoas, eu sou uma delas, não sabe como negar. São muitas as histórias sobre essa exploração da mendicância, mas creio que essa tarefa deveria ser melhor cuidada pelas nossas autoridades. Tem sempre aquele negócio do direito de ir e vir e coisas assim. Com isso, nossas cidades às vezes ficam repletas de mendigos de outras partes. Uma época aqui em Ribeirão Preto, eu era pequena, começou a ventilar na Imprensa que Ribeirão era a "Califórnia Brasileira". Pra quê! A cidade ficou infestada de mendigos, bandidos, vigaristas, foi um Deus nos acuda! Todos achavam que caia dinheiro dos céus em Ribeirão. Não era nada disso, claro! Seu artigo, com texto impecável, serve de alerta, porque essa exploração, não duvide, continua.
    Bjos, amigo!

    Ana Caroline - Ribeirão Preto - SP.

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  7. Olá Edward e amigos desse blog!
    Nasci e me criei em São Paulo. O semáforo em frente ao meu prédio é ponto conhecido de vários adultos que mendigam a troco de cigarros ou trocados que permitam sustentar o vício do crack. Vejo todos os dias os motoristas doando moedinhas, trocados, eventualmente um cigarro ou dois. É visível o fato de que eles passam os dias assim, pedindo, interceptando as pessoas na rua, muitas vezes apelando pra pena, tirando dinheiro, mesmo que trocados, dos que estudam, trabalham, criam filhos, pagam impostos e até passam dificuldade. Esse seu artigo de hoje é um exemplo. Por isso nunca tiro um centavo do meu bolso pra fomentar essa prática. Prefiro ajudar com trabalho voluntário, doação de comida e livros...
    Parabéns pela narração impecável desse artigo, prezado jornalista.
    Abraços,
    Tânia Regina - São Paulo - SP.

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  8. Um relato surpreendente e de importância, para alertar aqueles que se julgam caridosos porque dão esmolas. Eu me formei Assistente Social ano passado e uma das primeiras coisas que aprendi é que não se deve, em hipótese alguma, dar esmolas. Isso incentiva os pedintes, que se acomodam e passam a viver de favores. Bem melhor que trabalhar, não? Existem órgãos públicos que cuidam desses menos favorecidos pela sorte, não é preciso que a gente dê esmolas. Muitos vão dizer que estou sendo ruim. Ora, se quer mesmo ajudar a um mendigo, porque não o leva pra sua casa? Dê banho, comida, roupa limpa e passe a cuidar dele, pronto! Esses centavos que estão pesando nos bolsos da população e são jogados para os mendigos, só vão mesmo servir para a compra de drogas, ou então para a criação de um cartel da mendicância, como o caso mostrado claramente pelo Edward: a venda de pontos nas escadarias de uma igreja. Meu Deus! E até matam pelo "local de trabalho" deles, viram o exemplo do estagiário do jornal? Foi salvo pelo gongo.
    Abçs,

    Angélica M. Martinelli - Juiz de Fora/MG

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  9. Olá amigos

    Não quero trocar alhos por bugalhos. Em Ribeirão Preto, apesar da modernidade, muitos locais foram preservados. As artes em todas as suas expressões foram às armas usadas contra os problemas gerados pelo descaso de governos anteriores.
    A reforma do teatro na Praça XV; a Feira de Artesanato na Praça da Matriz; a Galeria a Céu Aberto, na Praça da Independência (sendo eu um dos criadores); os museus – do Café entre outros locais de fácil acesso. Tudo isso, amplamente divulgado junto ao público.
    Galerias de Arte, Exposições as mais variadas, consertos e manifestações folclóricas não só na cidade como nos municípios vizinhos.
    Tudo isso ajuda a afastar problemas como os narrados pelo Edward.
    Entretanto, parece que há algumas figuras com “espírito de porco” sabotando qualquer iniciativa nesse sentido.
    Há uma explicação: quanto mais cultura, menos controle. Será isso? A Praça da Sé bem poderia ser palco permanente de exposições culturais. Vocês não acham?

    J. Morgado

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  10. Jornalista Edward de Souza, seu blog está inserido entre os melhores da nossa internet, exatamente pela qualidade de textos exibidos aqui, como esse de hoje. Nunca poderia imaginar, eu que morei em São Paulo quando criança e parte de minha juventude, que pudesse existir pontos de mendigos na cidade. Ainda mais na Igreja da Sé. Que coisa! E que drama viveu o "Carne-Seca", coitado. Se vocês não estivessem atentos, teria perdido a vida. Sabe-se lá se isso ainda não existe, hein, Edward. A melhor coisa da vida foi meu pai, gaúcho de quatro costados, ter vindo para Itú. Mesmo assim tem pedintes. Aparecem na churrascaria, dou-lhes o que comer e é só. Dinheiro, nem pensar. Nem permito que fiquem rondando por perto do estabelecimento, perturbando clientes. Meus cumprimentos pelo artigo e o convite feito ao Édison Motta para uma saborosa picanha, fica estendido à você Edward, e aos demais desse grupo formado por extraordinários jornalistas.
    Tenham um bom dia!

    Paolo Cabrero Itú - SP.

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  11. Olá amigos.....
    Esse padre é mesmo do contra. Leu o artigo do Edward, como acabo de fazer e resolveu meter o pau nos pedidores de esmolas. Não é a Igreja a primeira a incentivar essa atividade, senhor padre? Tenho a impressão que nas escadarias de sua igreja deve ter pontos de mendigos, como na Igreja da Sé e o senhor não sabe.
    Saúde, padre,

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

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  12. A exploração da mendicância é só uma vertente de exploração do homem pelo homem. Num contexto mais amplo, vamos ver essa situação em todos os niveis sociais, a começar pelo Estado, que explora o cidadão.
    Cabe às prefeituras, através de suas secretarias, o trabalho de detectar e dar encaminhamento digno a essa população de rua, que vive ao Deus dará, e à mercê da exploração e violência.
    Esmolas são paliativos , mas há um preceito bíblico que diz:" faze o bem e não olhes a quem". Muita vezes a esmola tira a fome e evita a tortura de um menor, obrigado, pelos próprios pais, a mendigar.
    Façamos o que nossa consciência diz, e exijamos que as autoridades tenham um olhar mais responsável para este problema, que mancha o cenário de nossas cidades.
    Estamos preocupados com a gripe suina, mas esquecemos que há pessoas vivendo , há tempo, como porcos pelas ruas.
    Excelente artigo este, que aponta para um cenário que toma conta da paisagem.
    um grande abraço.
    Cristina- SP

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  13. A exploração da mendicância é só uma vertente de exploração do homem pelo homem. Num contexto mais amplo, vamos ver essa situação em todos os niveis sociais, a começar pelo Estado, que explora o cidadão.
    Cabe às prefeituras, através de suas secretarias, o trabalho de detectar e dar encaminhamento digno a essa população de rua, que vive ao Deus dará, e à mercê da exploração e violência.
    Esmolas são paliativos , mas há um preceito bíblico que diz:" faze o bem e não olhes a quem". Muita vezes a esmola tira a fome e evita a tortura de um menor, obrigado, pelos próprios pais, a mendigar.
    Façamos o que nossa consciência diz, e exijamos que as autoridades tenham um olhar mais responsável para este problema, que mancha o cenário de nossas cidades.
    Estamos preocupados com a gripe suina, mas esquecemos que há pessoas vivendo , há tempo, como porcos pelas ruas.
    Excelente artigo este, que aponta para um cenário que toma conta da paisagem.
    um grande abraço.
    Cristina- SP

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  14. Ôi Edward, estou impressionada com esse seu relato. Onde estamos? Sei que vc conta uma caso ocorrido na metade dos anos 70, mas percebo que nada mudou. Vou além, creio que piorou. Existem tantas técnicas para se explorar a mendicância, que se lê em jornais, que é de arrepiar. Concordo com o jornalista J. Morgado. Ele sugere atividades culturais constantes na Praça da Sé, prática que poderia ser estendida para outras do nosso Brasil. Como diz Caetano Veloso a praça é do povo, mas não é o que se vê. Praças hoje são dos drogados, mendigos, desocupados e marginais de todas as espécies. Atividades culturais, com segurança, espantaria esses malandros, e devolveria a praça ao povo. Falta, J. Morgado, vontade política. Aproveito e lhe parabenizo pelos belos quadros, expostos em sua exposição em Mongaguá, tá?

    Adriana - (Cásper Líbero) São Paulo - SP.

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  15. Queridas amigas e amigos
    Excelente relato do Edward de Souza, com o texto sempre gostoso de ler. O Carne Seca foi um personagem perfeito até no nome, formidável!
    Na Última Hora (segunda fase) teve um repórter frila que também se disfarçou de mendigo e ficou uma semana no meio deles, dormindo sob viadutos, comendo restos de feira, etc. E correndo vários riscos, claro. Ele publicou várias matérias sobre a experiência. Não lembro seu nome para citar aqui. Talvez tenha se inspirado no Carne Seca, mas não sei qual episódio aconteceu primeiro. Há casos de "mendigos" ricos, sim, vários. E de falsos deficientes físicos. A revista Veja uma vez revelou um deles. O cara usava muleta e esmolava no Anhangabau. Nos fins de semana jogava futebol na sua vila, correndo sem qualquer problema. Concordo com todos que condenam essa caridade tola, que só preserva e amplia o problema.
    E, mais uma vez, parabéns Edward!
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  16. Ôi Edward e pessoal do blog,
    Na faculdade a gente ouve muito falar de reportagens assim como essa, contada no artigo de hoje. Os professores chamam de reportagens investigativas, mas nesse caso do pobre Carne-Seca, foi preciso, acima de tudo coragem. Impressionante é que ele não arredou pé, mesmo ameaçado. Vc citou o Carne-Seca nas matérias que escreveu para o jornal, Edward?
    Como disse o Milton Saldanha, uma delícia ler o que vc escreve. Sempre um final diferente. Legal!!!
    Já imprimi mais esse artigo. Guardo todos eles.
    Bjos a todos vcs,

    Thalita - Santos

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  17. Ana Célia de Freitas.terça-feira, 05 maio, 2009

    Olá Edward.
    Menino, que história cinistra hein.
    Coitado do carne seca, não gostaria de estar na sua pele nem por um minuto.
    Infelizmente ainda há muitos pedintes pela cidade, mas ás vezes penso que a culpa é mais das pessoas que ajudam, do que dos pedintes, pois se ninguém "colaborar" dando moedinhas, certamente eles irão procurar um trabalho, ou quem sabe uma entidade responsável para ajudá-los,mas enquanto houver aqueles que ajudam, é lá que vão ficar.
    Quanto ao comentário do Laércio, acho que ele se mostrou um tanto intransigente quanto ao comentário do padre, e quem disse que a igreja
    incentiva tal ação? Acho que está meio equivocado.
    Parabéns ao Edward por mais esse belíssimo relato.
    Beijossssssssss.
    Ana Célia de Freitas. Franca/SP.

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  18. Onde estamos. Depois dizem que as coisas pioraram dos anos 80 pra cá. Comercializando pontos nas escadarias de uma igreja, nunca poderia imaginar, Edward. Quantas histórias pra contar nesses anos como repórter, não? Outra coisa, Edward, que me entristece muito é a exploração infantil. Pobres crianças que são lançadas no ofício forçadas pelos pais. Obrigadas a sustentar a família pedem esmola, roubam, caso contrário são maltratadas, espancadas. Ou seja, crescem para o crime e para a prostituição.
    Centenas de crianças são lançadas no ofício torpe pelos pais, por criaturas indignas, e crescem com o vício da mendicância. E esse mal, a segurança pública não quer remediar, para comprovar basta parar em uma esquina de São Paulo ou de qualquer outra cidade de porte. Adorei seu artigo, parabéns!

    Kelly - São Paulo - SP.

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  19. Olá Kelly

    Não tenho procuração para defender órgão nenhum do governo e nem gostaria de ter. O problema do menor abandonado não é competência da segurança pública.
    Os serviços sociais é que tem a obrigação de fazê-lo.
    A partir uma senhora política (hoje, se não me engano, vice-prefeita de São Paulo) e seus seguidores, a coisa degringolou para a situação que ai está.
    Os menores abandonados viram maiores e os maiores viram mendigos bandidos que infestam o centro de São Paulo e outras grandes capitais brasileiras.
    Cabe a imprensa denunciar. Esperamos que os órgãos públicos tomem providências e nós, conscientizados, sempre que possível, exigir providências.
    É isso que o Edward fez e outros jornalistas continuam a fazê-lo.

    Muita Paz.

    J. Morgado

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  20. Olha Edward, Esse pessoal que vendia pontos nas escadarias de uma igreja não se pode chamar de mendigos. Isso era uma verdadeira quadrilha de marginais. Uma vergonha, sob as barbas da Polícia, de milhares de pessoas, acontecer uma coisa assim. Como disse o J. Morgado no comentário acima, só mesmo a Imprensa para alertar e lutar para restabelecer a ordem. Parabéns pela coragem que demonstraram e tomara que outros repórteres, vendo esse tipo de bárbarie, também divulguem, para despertar nossas autoridades, sempre omissas.
    Beijos,
    Daniela - Rio de Janeiro

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  21. Ôi Edward!
    Cada matéria sua um aprendizado pra nós, estudantes de jornalismo. Esse seu incrível relato de hoje mostrou que um jornalista, além de criatividade tem que ter coragem, e enfrentar perigos, correr riscos para denunciar irregularidades e desmascarar pessoas que agem como verdadeiros marginais, caso desses pedintes da Igreja da Sé. E além de bandidos, são assassinos em potencial. Estavam dispostos a matar o Carne Seca para manter os pontos que geravam lucros à custa da caridade do povo, pacífico e bom. Maravilhoso texto, Edward!!! Obrigada!
    Lidiane ( Metodista) S. Bernardo-SP.

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  22. Olá Edward...
    Conheci a Praça da Sé e seus mendigos dos anos 60/70/80. Trabalhava como comprador de uma empresa de terraplegagem do Rio de Janeiro, com escritório no Largo Paissandu e outro na Sé. Eu dirigia ambos. Alguns mendigos até se revessavam entre a Praça da Sé, o Largo Paissandu e a famosa esquina São João/Ipiranga.
    Conheci um deles no entorno do Bar do Jeca, em frente ao Bar Bahama, este até hoje no mesmo lugar. Esse mendigo, de nome Pedro, dizia que tinha três "empregados", um em cada ponto, aos quais pagava com certa porcentagem sobre o arrecadado. Uma vez, perguntado se seus "empregados" não fajutavam a féria, Pedro, na maior calma respondeu: " nada, meu amigo, eles são honestos e surrupiarem algum não tem problema, não levam nada que é meu". Faz sentido.
    No seu artigo, caro Edward, caso o Carne Seca tivesse, a força ou sei lá como, ficado com a vaga na escadaria da catedral, certamente hoje estaria milionário.
    Brilhante, como sempre, seu relato.
    abraços- Oswaldo Lavrado - SBCampo.

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  23. Inacreditável uma coisa dessas, Edward. Cruzes!!! Por muito pouco custa a vida do estagiário. Se um deles tivesse uma arma branca, o Carne Seca já era, pobrezinho. Eu sei que está errado, mas não sei negar uma esmola. Nunca se sabe quem pede, esse o problema. Se nego, minha consciência fica pesada. Sou assim, fazer o quê?

    Beijinhos, parabéns pelo artigo de hoje, ótimo!

    Flávinha - Florianópolis

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  24. Eu acho se o “carne seca” ficasse uma semana sem tomar banho, escovar os dentes, sem pentear os cabelos, urinar nas calças, mudar de nome para carniça e ficar com a mesma roupa que lhe deram, dificilmente ele seria descoberto. O problema seria se ele pegasse gosto pela coisa. Por que, com essa crise, pedir esmolas é a única coisa que está dando dinheiro atualmente. Pelos relatos do Edward, o carne seca já estava com muito dinheiro. Só mais uma coisa, e o dinheiro das esmolas que o carne seca ganhou? Virou cerveja?
    Padre Euvidio

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  25. Boa noite meus amigos e amigas. Estou em dívida com muitos de vocês, deixando de responder algumas perguntas. Dia corrido, compromissos assumidos, mas cá estou para tirar algumas dúvidas que surgiram. Antes, agradeço a intervenção perfeita do amigo J. Morgado que, na minha ausência, com maestria respondeu algumas dúvidas, deixando apenas as que só a mim compete esclarecer. Grato, Morgado. Vamos às dúvidas: a Thalita quer saber se eu usei o nome do "Carne-Seca" nas matérias publicadas pelo Notícias Populares. Não só usei o apelido, como também várias fotos feitas pelo Tarcísio no local, onde o rosto do meu amigo, na época estagiário, não aparecia com nitidez, isso para preservar sua segurança. O grande amigo jornalista Milton Saldanha levantou uma lebre. A Última Hora teve um repórter vestido de mendigo infiltrado entre eles, pedintes, gerando uma série de reportagens. Eu me lembro dessa reportagem, Milton, de sucesso na época. Eu creio que foi antes do caso dos pontos de mendicância nas escadarias da Sé e, o repórter, que conhecí depois e nos tornamos amigos, esquecí seu nome, mas irei lembrar e postarei aqui. Esse jornalista conviveu com mendigos nos baixos de viadutos de São Paulo nos anos 70, não foi na Praça da Sé. Outro grande amigo do peito, Jornalista e Radialista Oswaldo Lavrado deu seu depoimento, confirmando os problemas de mendicância na Sé, frequentada por ele naquela época. Por fim, uma inteligente do padre. Onde foi parar o dinheiro que "Carne-Seca" havia arrecadado? Preocupado em não me alongar na matéria de hoje, esqueci esse detalhe. O engraçado, por incrível que pareça é que, com tantas amigas estudantes de jornalismo, nenhuma percebeu isso em meu relato. Olha padre. Quando os mendigos arrastaram "Carne-Seca" para um canto menos movimentado da igreja, a primeira coisa que fizeram foi "depená-lo". Levaram tudo o que "Carne-Seca" tinha arrecadado, mais alguns que ele tinha no bolso e que era dele, além do seu relógio e uma correntinha de ouro de Nossa Senhora. Ficou sem nada, acredite! E tremendo feito um pinto molhado, dava pena. Claro, foi reembolsado pelo jornal e recompensado pela tarefa. É isso! Grato a todos pela presença e comentários. Esse blog cresceu de forma vertiginosa, diria assustadora e, a cada dia, aumenta o número de visitas. Fico feliz com isso, mas a responsabilidade aumenta. Amanhã tem mais. Édison Motta promete artigo especial para esta quarta. Volto na quinta com a incrível história de "Carequinha", um garoto de 13 anos que se transformou no terror do ABC. Nivia Andres já enviou mais artigos que serão postados em breve e outros conhecidos jornalistas, como J. Morgado, Oswaldo Lavrado e Milton Saldanha continuam preparando material inédito para todos vocês. Até o padre entrou em contato, por e-mail, oferecendo um texto seu para ser postado. Concordei, desde que passe pelo nosso crivo. Vamos aguardar o que virá. Um Forte abraço a todos!

    Edward de Souza

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  26. Frase da semana.
    Do senador Pedro Simon

    "Sou obrigado a reconhecer que,
    com toda a corrupção que teve de um tempo para cá,
    o que encontramos no governo Collor deveríamos
    ter enviado para o juizado
    de pequenas causas".
    Valentim Miron

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  27. Boa noite, senhor Valentim.
    Realmente, uma frase significativa. Só não entendi o que ela tem a ver com esse artigo sobre mendigos. Será que o senhor não entrou em blog errado? Ou está com fuso horário desregulado?

    Olavo Kano - São Paulo - SP.

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  28. Sr. Olavo Kano. Tem tudo a ver. Se o Sr. Prestasse mais a atenção no texto de hoje o Sr. Iria ver que mendigo que vende o ponto é corrupto. O certo é dar de graça o que de graça recebeste. A propósito os kanos do esgoto lá de casa estão sujos. Que dia o Sr. Poderia ir lá lavá-los.
    Valentim Miron - Franca SP.

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  29. Perceberam que o tal Valentim é analfa? Os "Kanos" lá de casa estão sujos. Senhor Valentim, o senhor quis dizer "canos", como acabo de escrever. É com C de cebola, O.K.? E continuo achando que a frase dita pelo senhor nada tem a ver com os mendigos. Mendigar não é corrupção, caro amigo.
    Passar bem!
    Olavo Kano - São Paulo - SP.

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  30. OBRIGADUUUUUUUU...
    Valentim miron.

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