segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

DOMINGO, 13 DE FEVEREIRO DE 2011
Este relato envolve fatos reais e pessoas, algumas ainda vivas. Por mais estranho que possa parecer, certas passagens, mesmo que mirabolantes e quase infantis, acontecem em nossa adolescência e nos perseguem até o final dos nossos dias. Fiz uma aposta inusitada com um dos meus melhores amigos e jamais pensei, até pelo ineditismo da pendenga, que pudesse, passados 50 anos, escrever sobre a malfadada queda de braço, decorrente de uma estúpida e inconsequente brincadeira...
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Metade da década de 1950, tinha eu 14 anos, fui jogar no Vila São José, clube de futebol de São Caetano até hoje existente, cujo vice-presidente Francisco Batista de Oliveira, 15 anos mais velho que eu, era uma espécie de conselheiro e ídolo de todos no clube e no bairro. Chico para uns, Chicão para outros, era um negro alto, forte, nascido em Serra Azul, na região de Ribeirão Preto, entre Serrana e São Simão. Criado em Colina, próximo a São José do Rio Preto, Francisco veio morar em São Caetano em meados dos anos 40, onde se instalou com os pais e irmãos na Avenida Bela Vista, bairro Belvedere, casou e constituiu família. De postura altiva, tinha como marca o caráter, honestidade, dignidade, ética e moral inabaláveis. Um negrão pedra 90, como se dizia então, para identificar uma pessoa com comportamento e ações quase perfeitas.
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Como em todo lugar, especialmente naqueles tempos, os jovens formavam sua batota de amigos mais chegados. Por acaso, ou não, fiquei amigo do Chicão, no grupo formado por Antônio Cola, Pedro Depintor, Kiochi Niuchi, José Rossi (Zuza), Antonio Matias de Souza, Luiz Dala Justina e outros, cujos nomes a memória um tanto desgastada não identifica. O Chicão, o mais velho, era uma espécie de guru de todos, e eu o mais jovem. As noites de sábado (à época o happy hour era somente nesse dia), as baladas consistiam em pegar um cinema - Vitória, Max ou Lido - todos no centro de São Caetano, nossa cidade, e hoje extintos e depois uma pizza regada a guaraná ou tubaína na pizzaria Autonomista, onde hoje é a sede das Casas Bahia. Detalhe: nas sessões noturnas dos cinemas os homens só entravam vestidos com terno e gravata.
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Pois bem, em uma dessas rodinhas da turma, um sábado à tarde, no Bar do Zezé, principal ponto de encontro na Vila São José, sem assunto melhor, pegamos uma discussão sobre a morte. Bobagem de um grupo que decididamente não tinha algo mais importante a fazer no momento. Alguém levantou a pinimba tipo "acho que você não vai durar muito" e outras "previsões" macabras.
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Em determinado momento, no pega entre eu e o Chicão, falei: "você é mais velho, portanto deve morrer primeiro". Totalmente abstêmio e pouco fumante (uma carteira por semana), saúde em dia nos seus 30 anos, Chicão não deixou barato e desafiou: "vamos apostar então quem morre primeiro". Não ficou definido o objeto da aposta e nem poderia. Um absurdo, pois certamente nenhum dos dois queria ganhar e muito menos perder. E o derrotado, como pagaria? Todos nos divertimos com a brincadeira que deveria ser solenemente esquecida na sequência. O assunto jamais foi ventilado pela cretinice do tema, porém ficou, em silêncio, incrustado na memória de ambos.
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O tempo passou, cheguei à presidência do Vila São José, Chicão afastou-se do clube, mudei para São Bernardo, onde estou até hoje, e nosso contato desapareceu quase que por completo. Esporadicamente recebia alguma notícia por meio do professor Luís Carlos Maia, tipo amigo-irmão, com o qual mantenho contato mais frequente. Por meu precário estado de saúde, com correrias semanais aos hospitais aqui do Grande ABC, cheguei a imaginar que partiria antes, apesar da diferença de 15 anos entre nós.
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Na última quarta-feira, logo pela manhã, toca o telefone em casa. Era o professor que, com alguma cautela, informou: "Lavrado, o Chicão morreu segunda-feira (7 de fevereiro) e já foi sepultado (terça, 8). Nesta sexta-feira (11), leio na seção fúnebre do Diário do Grande ABC: "Francisco Batista de Oliveira, 85 anos, sepultado no Cemitério das Lágrimas, no Bairro Mauá, São Caetano".
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Acredito que no subconsciente a gente matutava sobre essa aposta infeliz envolvendo um adolescente (no caso eu), e um cara já experiente (Chicão). Uma bobeira juvenil, um pega que certamente nenhum dos dois queria ganhar e muito menos perder. Não haveria vencido nem vencedor. Ganhei (ironia) e perdi: Francisco, um dos maiores caráter que conheci e um dos melhores amigos que tive na vida, foi em minha adolescência espelho e indicador de conduta para o futuro. Agora, é uma lacuna impossível de ser preenchida.
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Certamente não cobrarei a aposta, mesmo porque não foi uma vitória; fica como pagamento a lição de vida que assimilei com Chicão e que moldou minha existência. O reconhecimento eterno de uma amizade inabalável. Este relato, de uma história real, apenas lembra ações descontraídas de uma juventude descompromissada que, escondidas no baú da memória, um dia retornam à realidade, irreversível, impessoal e verdadeira. Sei que está com Deus, Francisco.
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*Oswaldo Lavrado é jornalista/radialista radicado no Grande ABC.
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37 comentários:

  1. Bom dia amigos (as)...
    Na semana passada meu amigo-irmão Oswaldo Lavrado enviou-me um e-mail em que contava, aborrecido, o falecimento de um grande amigo seu, carinhosamente conhecido como "Chico Preto". Como entendo que há racismo nenhum ao citar o apelido, até porque era assim que Chico era conhecido e aceitava ser chamado pelos seus amigos da época, fiz questão de escrever a alcunha pela qual ele atendia. Depois de ler o e-mail do Lavrado pedi a ele que escrevesse esse caso para o blog, que achei interessante, porque tenho certeza, com muitos já deve ter acontecido esta brincadeira, ou ao menos parecida e, também, porque entendo que, contando essa história, Oswaldo Lavrado estaria homenageando seu grande amigo que se foi.

    O Chico, meu caro Lavrado, não deve estar triste pelo fato de ter perdido a aposta, até porque viveu até os 85 anos de idade, nada mal. Eu, o querido professor Luís Carlos Maia, você e muitos de nós vamos ter que lutar para chegar inteiro aos 85 anos de idade, o que, convenhamos, não é fácil. Que seu bom amigo "Chico Preto" descanse em paz!

    Um bom domingo!

    Edward de Souza

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  2. Olá Lavrado

    Bom dia

    Uma comovente e singela história.
    Pela manhã recebi pela internet o livro “Minutos de Sabedoria” de Carlos Torres Pastorinho.
    Imediatamente repassei para meus amigos entre os quais você.
    Abrindo o livro no capítulo ou item 200 deparei-me com o texto abaixo.

    Um fraterno abraço e parabéns por guardar na memória momentos inesquecíveis como esse.

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

    “A morte não existe.
    Se você perdeu um ente querido, não se desespere: tenha a certeza de que ele não morreu.
    Apenas mudou de estado e, mais cedo ou mais tarde, você o irá novamente encontrar.
    Não dê a ele, pois, a decepção de querer fugir da luta.
    Não pretenda ser superior a Deus: aceite o que Deus determinou em Sua Sabedoria, e será imensamente feliz”.

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  3. Bom dia, Oswaldo Lavrado!
    Não penso que tenha sido uma brincadeira estúpida, conforme vc coloca no começo do seu relato. Eu considero apenas uma brincadeira entre amigos e não é também de mau gosto, até porque os dois passariam a ter como objetivo lutar pela vida, nada mais saudável que isso, não acha? Fica a tristeza pela partida do amigo, cuja passagem por este mundo, parece-me sem conhecê-lo, foi saudável pelo tempo que viveu.

    Bom domingo!

    Tatiana - Metodista - SBC

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  4. Que bela homenagem Lavrado. Tenho certeza de que a amizade não termina com a morte. Beijos e obrigada por dividir sua história.

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  5. Olá Oswaldo Lavrado, se a aposta tivesse sido "quem vai viver mais", você ainda teria que correr muito para alcançar o "Chico", que faleceu aos 85 anos de idade. Lendo seu texto, calculo que vc esteja na faixa dos 69, 70 anos, acertei?

    Concordo com o Edward e com a Betinha, de uma forma ou de outra, vc presta com seu texto uma bela homenagem ao amigo falecido, destacando suas qualidades morais e seu comportamento correto enquanto vivo.

    Um ótimo domingo!

    Gabriela - Cásper Líbero - SP

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  6. Um brincadeira apenas, Oswaldo Lavrado, mas marcou tanto que, pelo seu texto, foi a primeira coisa que lembrou assim que recebeu a notícia do falecimento do seu amigo. Fica uma curiosidade que jamais teremos a resposta. Tivesse ocorrido ao contrário, será que o "Chico" se lembraria da aposta?

    Bjus

    Carol - Metodista - SBC

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Um conhecido brincava muito com um colega nosso, dizendo que se ele morresse primeiro, voltaria para puxar as pernas do companheiro quando ele estivesse dormindo. Morreu num acidente de carro e o outro não dormia mais em paz. Uma noite ele acordou aos gritos que estavam puxando suas pernas. Foi um corre-corre danado de madrugada na sua casa, até que descobriram que o gato da irmã desse meu colega havia se enroscado nas cobertas e provocado todo aquele alvoroço. Acho que o gato levou mais susto recebendo pontapés do que esse meu amigo que julgava estar sendo incomodado pelo colega falecido. Coitado do bichano!

    Coisas que marcam, ficam em nossa memória e jamais esquecemos, caso dessa sua aposta com seu amigo de São Caetano, Oswaldo Lavrado.

    Abçs

    Juninho - SAMPA

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  9. É... Já vi brincadeiras assim, mas nem conte comigo para participar delas. De qualquer forma, como já disseram aqui, uma homenagem bonita você presta ao seu amigo falecido, Oswaldo Lavrado.

    Bj

    Priscila - Metodista - SBC

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  10. Oiê, amigos (as)...
    Obrigado pelos comentários.
    A narratva de um caso real não pretende caracterizar nenhum tipo de arrepedimento ou desculpa.O objetvo é dividir com os acompanhantes deste blog fatos que marcam uma passagem da vida.
    Irmão Edward e mestre Juliano, gratos pelas observações, sempre úteis e seguras.
    Tatiana, o termo "estupida" utilizado é apenas ilustrativo para demosnstrar a inconsequência de atos da adolescência.
    Gabriela: Acertou na mosca: faço 70 este ano.
    Carol: não sei exatamente se o Chicão escreveria uma homenagem, mas certamente jamais esqueceria o amigo. Fomos muito ligados em uma amizade, inclusive familiar, que durou cerca de meio século.
    Juninho: tens razão, era mesmo assim: "quando morrer venho puxar sua pernas à noite". Um tipo de brincadeira inocente e de amigo. Foi mais ou menos assim o que ocorreu comigo e o Chicão, apenas exageramos um pouco.
    Eterna Betinha, obrigado.
    Valeu gente, gratos a todos peloas manifestações. O Chicão, com seus alvos dentes, sendo um deles de ouro, deve estar sorrindo do "agito" que provoco ao revelar nossa inusitada aposta. Ele também agradece.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  11. Oiê, amigos...
    de volta, rapidinho.

    Valeu Priscila, não pensei em convidá-la para esse tipo de aposta (rsrsrs), obrigado garota.
    Juninho, em tempo: O infeliz do só sobreviveu as patadas do seu assustado amigo por ter sete vidas.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo.

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  12. Uma linda homenagem,Lavrado,ao seu
    amigo tão lembrado certamente onde
    ele esta neste momento deve estar
    sorrindo lembrando tambem,a aposta,
    ninguem ganhou nem perdeu meu amigo
    um dia quem sabe,tornarãoa rir juntos
    da brincadeira,espero que voce viva muitos anos com saude e alegria

    com carinho marlene

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  13. No dia desta brincadeira, Oswaldo Lavrado, tanto você quanto "Chicão" tinham em mente vencer a aposta. Muito tempo depois a tristeza de quem venceu esta queda de braço, ou de vida. É assim... Os que ficam sempre choram quando amigos queridos se vão. Regra da vida, imposição da morte!

    Bjos

    Martinha - Metodista - SBC

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  14. Oi Oswaldo Lavrado, esta é, talvez, a única aposta que a gente ganha e não comemora. Ao contrário...

    Meus sentimentos pelo falecimento do amigo Chicão.

    Bom final de domingo!

    Giovanna - Franca - SP

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  15. Acho muito bonito uma amizade como esta, entre você e Chicão, Oswaldo Lavrado, que o passar do tempo não conseguiu apagar. Vitoriosos os dois que souberam cultivar bons momentos juntos e curtir o bem precioso da amizade. Martin Luther King disse: "nós aprendemos a voar como pássaros, a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos".

    Bjs,

    Larissa - Santo André - SP

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  16. Tenho a ligeira impressão que já fui conduzido algumas vezes pelos amigos Oswaldo Lavrado e Luís Carlos Maia, ao tal "bar do Zezé". Principalmente depois de jogos de futebol no Anacleto Campanela, do São Caetano, que já foi também Saad. Seria aquele enorme, de esquina, numa descida, Lavrado? E frequentado também pelo mano do professor Luís Carlos? O Chicão penso que não conheci por lá, não me lembro, uma pena. Bons e saudosos tempos em que a noitada podia ser curtida sem temer a violência dos dias de hoje...

    Abraços...

    Edward de Souza

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  17. Caro Oswaldo Lavrado, muitas e muitas vezes vi brincadeiras assim, principalmente quando você está numa roda de amigos e espirra, ou tosse. Alguém sempre vai dizer que você está entregue, ou que vai morrer logo. Daí surge o desafio: "quer apostar que você morre primeiro"? Como ninguém tem nada a perder, a aposta é aceita de imediato. Isso intriga, quem fez a aposta não se esquece mais, guarda isso consigo, como aconteceu entre você e seu colega Chicão. Concordo com você, uma brincadeira inconsequente e que não vai mudar em nada a vida de ninguém.

    Um abraço

    Miguel Falamansa - Botucatu - SP

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  18. Boa noite, Oswaldo Lavrado!
    Pelos problemas que você conta que está enfrentando, que espero não sejam graves, seu adversário valorizou como pode essa disputa. Chegou aos 85 anos de idade e entregou os pontos. Estou torcendo para que você consiga derrubar esta marca do seu amigo e passar dos 85, viu? Que o Chico descanse em paz e a sua família receba o conforto Divino.

    Uma boa semana!

    Andressa - Cásper Líbero - SP

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  19. Oiê, amigos (as)...
    caro Edward: o bar é esse mesmo, bem próximo a casa onde eu morava na qual você esteve várias vezes. O Zezé (José Pires Maia) é exatamente o irmão mais velho do professor Luís Carlos Maia e era alí que o pessoal se reunia para um papo, um bliharzinho, um inocente dominó e, os maiores de idade, a cervejinha. Eu e você degustamos algumas lá.
    Prezada Andressa: de fato há mais de dois anos estou vendo a "viola em cacos" com minha saúde. Vamos tentar chegar ao próximo aniversário e na confiança em Deus, um pouco mais longe.
    Amigo Falamansa: sempre bom receber seus comentários equilibrados. È isso mesmo, apenas uma brincadeira de amigos, sem as maiores consequências, mas que um dia se concretizou para tristeza dos amigos, mas era inexorável, ou ele ou eu. Foi ele...

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  20. Esse talvez o maior mistério que enfrentamos. Jamais vamos adivinhar quando chegará o dia da nossa partida. O que seria da humanidade, Oswaldo Lavrado, se todos soubessem dia, hora, mês e o ano que vai morrer? Uma brincadeira entre jovens descompromissados esta aposta, nada mais que isso. Valeu seu texto sempre muito gostoso de ler e a homenagem que prestou ao amigo que partiu.

    Vanessa - Campinas - SP

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  21. Estou em falta com seu blog, mas tenho explicação pra isso, rs.
    Voltei a trabalhar e estou sem tempo para o blog, sem tempo para visitas e sem tempo para mim.
    Ser professora me consome demais! Meu cantinho anda esquecido, só posto uma vez por semana!
    Sempre que dá passo por aqui, às vezes leio e não comento porque preciso escolher entre uma coisa ou outra.
    Muito engraçado você tentar beber a cerveja gelada. Troque pela água mesmo e verás um resultado bom!
    ótima semana!
    Bjs

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  22. Oiê, amigos (as)...
    Finalizando...
    Martinha, Giovana e Larissa, obrigado pelas observações. Realmente foi uma amizade sincera, honesta e leal e de muita utilidade para ambos, especialmente para mim. Chicão passou ao garoto amigo, experiência, bondade, critérios, caráter, honestidade e dignidade. Não foi preciso mais.
    Obrigado e uma excelente semana a todos.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  23. Boa noite, Oswaldo Lavrado, entendo perfeitamente como deve ter sido difícil para você escrever este texto lembrando-se do amigo que se foi. A aposta apenas uma vaga lembrança que lhe veio a mente. Esta homenagem que você presta ao Chicão é a prova da amizade pura e sincera que você tinha por ele. Emocionante...

    Deus certamente reservou um bom lugar para seu amigo Chico.

    Bj

    Tânia Regina - Ribeirão Preto - SP

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  24. Oiê, amigos (as)...

    Amiga Tânia Regina, obrigado por seu comentário, estimulante.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  25. Bom dia! Bela homenagem. Me fez lembrar história dos tempos de avós (tempos mais crédulos ou simplesmente diferentes). Minha avó, por exemplo, contava que fez amizade com uma vizinha, a única da região onde morava muito isolada e cercada por matos e árvores. Ambos tornaram-se tão amigas que fizeram um pacto de amizade: aquela que morresse primeiro, buscaria a outra. A amiga de minha avó faleceu quando meus tios eram ainda crianças e, segundo minha avó, a amiga apareceu a ela chamando-a conforme o combinado. Minha avó, por sua vez, disse que agradeceu-a muitíssimo pela amizade, mas precisa ficar para cuidar dos filhos que ainda precisavam muito dela. A amiga conformou-se e minha avó faleceu muitas décadas depois. Eu sempre achei esta história curiosa. Abraços!

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  26. Bom dia, Oswaldo Lavrado, também achei comovente esta homenagem que prestou ao amigo falecido que deixou muita saudade. Também entendo que a aposta entre vocês para saber quem iria morrer primeiro, tratava-se de uma simples e inocente brincadeira entre jovens, comum até nos dias de hoje. Acima a Renata contou um caso curioso envolvendo sua avó. Conheço outro que aconteceu com o avô de uma amiga, esse bem engraçado. Conta ela que seus avós viveram mais de 60 anos felizes e bem casados, até que um dia sua avó faleceu, deixando seu avô desesperado.

    No velório o velhinho não saia das proximidades do caixão e chorava muito. Um conhecido aproximou-se e, para consolá-lo, disse: "não se preocupe, José (nome do avô dessa amiga), muito em breve você vai se encontrar com ela". O velhinho ergueu-se rapidamente, sacou um lenço do bolso, enxugou as lágrimas e disse nervoso: "e quem disse que eu pretendo me encontrar com ela tão depressa, vá você". Nada mais foi dito e nem perguntado.

    Bjus

    Daniela - Rio de Janeiro

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  27. Bom dia amigos (as)...
    Importante ressaltar que o texto escrito pelo amigo-irmão Oswaldo Lavrado foi acompanhado ontem por outro grande amigo jornalista, Ademir Medici, do Diário do Grande ABC, que solicitou autorização para publicá-lo nos próximos dias em sua coluna "Memórias", uma das mais lidas daquele importante órgão de Imprensa do ABC Paulista. A autorização foi prontamente concedida por nós, eu e Lavrado, e os que assinam o jornal ou mesmo residem na região vão poder ler esta crônica e ver a foto do Chicão publicada. Infelizmente não tivemos tempo hábil para publicar a foto do Chicão, até porque Oswaldo Lavrado, que tem algumas em seu poder, estava sem scanner e não pode enviá-las a tempo. Para o Diário do Grande ABC, Lavrado vai pedir hoje a um amigo que faça as cópias destas fotos e entregue a Ademir Medici para que as publique, juntamente com este texto.

    Postado pouco antes das 10 horas deste domingo, a repercussão do caso com o título "aposta macabra" foi imediata. Mais de 500 leitores e leitoras leram o texto até agora, número que deverá ser maior no decorrer deste dia. Sempre que publico o número de visitas aos textos deste blog, bom ressaltar, o ET de Diadema se irrita e faz críticas veladas contra isso, mas não conseguiu ainda explicar qual o milagre que faz este marcador, um dos mais sérios e invioláveis da Internet, girar desta maneira. Ele não reconhece que tudo isso é fruto da presença de amigos e amigas, inclusive de madrugada, conquistados nestes mais de dois anos de trabalho, com profissionalismo e seriedade e acima de tudo, muita dedicação e respeito aos leitores (as).

    Oswaldo Lavrado ontem agradeceu a todos (as) pela presença e pelos comentários, mas leio hoje outros dois, curiosos e bem engraçados. Da amiga Renata Diniz, também escritora e que sempre nos honra com sua visita e da Daniela, já conosco faz um bom tempo e presença constante em nosso blog. Nas duas postagens, uma coisa ficou bem claro. Quando se trata de morte, melhor mesmo é ficar bem longe e viver a vida!

    Um forte abraço!

    Edward de Souza

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  28. Edward, que bela notícia saber que o Ademir Medici vai publicar este texto do Oswaldo Lavrado com fotos, no Diário do Grande ABC. Papai assina faz muito anos o jornal e todos nós vamos ler mais uma vez, claro. Sinal de credibilidade e competência deste blog. Isso causa mesmo muita inveja, não ligue. Frase antiga, atribuída a um famoso colunista social que não conheci, não é do meu tempo: "os cães ladram e a caravana passa".

    Parabéns, Oswaldo Lavrado e Edward de Souza!

    Bjus

    Carol - Metodista - SBC

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  29. Isso Carol, obrigado, o Ademir Medici é um grande amigo e assina a coluna "Memórias" no Diário do Grande ABC há mais de 30 anos. Trabalhei com este amigo e com ele escrevemos juntos uma série de reportagens intitulada "Violência Urbana", que deveria concorrer ao Prêmio Esso de Jornalismo. O atraso na entrega impossibilitou nossa participação e, quem sabe, a honra de ter conseguido este prêmio.

    O colunista a que você se refere era o Ibrahim Sued, que sempre terminava suas colunas com a frase que citou acima. Serve bem para alguns "olhos gordos" incapazes, que se metem por despeito e incapacidade no trabalho dos outros.

    Como curiosidade, Ibrahim Sued trabalhava no Jornal "O Globo do Rio", onde entrou em 1954 e alí permaneceu até falecer, em 1995. Destacou-se assinando uma coluna social que marcou época e influenciou jornalistas como Ancelmo Gois e Ricardo Boechat. Causou polêmicas com as suas listas das "Dez mais": as dez mais belas mulheres, as dez mais elegantes e as dez melhores anfitriãs da sociedade carioca. A sua coluna passou a ser lida por todas as camadas sociais a partir do final da década de 1950, tendo passado a conviver com personalidades famosas no Brasil e no exterior.

    Abraços,

    Edward de Souza

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  30. Olá, pessoal, bela crônica, justa homenagem a um querido amigo de juventude. Parabéns!

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  31. Boa tarde, Edward!
    Oswaldo Lavrado é o Pedro Nava do Grande ABC - no caso bem melhor do que o incomparável Nava porque Lavrado fala do Grande ABC e Pedro Nava de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, por onde passou e clinicou.

    O que quero dizer: a Memória será sempre fascinante quando mostrar o cenário de quem está nela inserido. Impossível haver competição.

    Não adianta tentar auscultar a internet em busca de inspiração. As informações estão aqui, no nosso quintal. E quem tem talento sabe dela tratar.

    Oswaldo Lavrado tem talento, tem história e memória, sabe escrever e sabe falar. Os amigos do Blog do Edward, com a exceção dos que conviveram com o Lavrado, não imaginam a fera que ele era com um microfone na mão. Sabia falar, conversar com o ouvinte, passar o seu recado. Daí porque era o chefe da equipe.

    Hoje Lavrado fala por meio deste blog. Traz histórias como esta de ontem. E como escreve o menino!

    Abraço a todos!

    Ademir Medici - Jornalista - DGABC

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  32. Amigos do blog de ouro,boa tarde.
    Depois de um longo e tenebroso "sem internét",eis que retorno ao "nosso" blog.
    Confesso que cansei de brigas com a malfadada Telefonica,agóra vou deixar o barco navegar e aguardar outra empresa de telefone e internet por aqui,visto já estarem sendo colocados os cabos de fibra ótica nas avenidas desta sofrida e mal cuidada cidade.
    Mas comentando o artigo do amigo Oswaldo Lavrado,foi de fato uma apósta telebrosa a qual ele mesmo disse que ganhou,mas perdeu.
    Coisas que acontecem em nossas vidas pois como sabemos,não somos nós os donos de nossos destinos.
    A lastimar a morte do "Chicão".
    Abraços Oswaldo Lavrado e vida longa a vc.
    Edward,o E T de Diadema daria uma ótima matéria a vc com seu tino de jornalista nas linhas do famoso NOTICIAS POPULARES.Já pensou a história de tão nefasta figura publicada em capitulos naquele jornal???
    Estamos aguardando vc contar para a gênte aqui em "nosso" blog,sua materia a respeito do tal E T..

    Abraços amigos,uma ótima semana a todos.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

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  33. Oiê, amigos (as)...
    Daniela e Renata Diniz, duas histórias dos vovôs e vovós que refletem bem os "antigamente". Gratos meninas pela participação.
    Carol: o Ademir Medici confirmou agora pouco que irá publicar o artigo neste final de semana: sábado ou domingo. Envie um abraço ao senhor seu pai.
    Ilca: beleza sua participação, que incentiva e estimula. Valeu.
    Caro Medici: os rasgados elogios a minha pessoa são altamente suspeitos, já que somos leais amigos há pelo menos uns 35 anos e você sempre foi muito dedicado aos companheiros. No entanto, se alguma virtude jornalística alcança este simples escriba, muito tem a ver com o aprendizado recolhido de profissionais tipo você, o Edward e alguns outros. Obrigado e altamente feliz pelo "menino".

    Em tempo: O nosso Edward, uns 30 anos mais jovem que o Ibrahim Sued, era assim, assim, com o famoso colunista social aportado no Rio. Ambos frequntavam as mesmas praias e as badaladas noites cariocas.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo.

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  34. Oiê, amigfos (as)...
    Caro e prezado Admir Morgado, obrigado pelo comentário. Estive dia destes na gloriosa Praia Grande e certifiquei a evolução habitacional ao longo da praias. Fiquei impressionado pelo número de altos edifícios erquidos nas avenidas e ruelas transversais. Isso, caro Morgado pode refletir os problemas nos serviços de internt, telefônia e televisão. Minha filha, que reside na Vila Tupi, também tem sofrido e reclamado desses problems. Valeu, amigão.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  35. Pois é, meu prezado amigo-irmão Oswaldo Lavrado... O Ibrahim Sued, na época, no Rio, frequentava Ipanema e eu a praia do Flamengo, bem longe dele. Ele tomava Brahma no Leblon e eu Antarctica em Botafogo. Brincadeira a parte, um homem que chegou pobre no Rio e se transformou num mito como colunista social. Teve seus méritos!

    Abraços...

    Edward

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  36. ana paula oliveirasábado, 19 fevereiro, 2011

    Olá Oswaldo!
    Meu nome é Ana Paula e você certamente não me conhece então vou me apresentar: sou filha do seu amigo Chicão e em nome de minha mãe e irmãos quero lhe agradecer por tão singela homenagem.Tenho certeza que meu pai tinha por você o mesmo carinho e afeição, demonstrado através de histórias contadas com muita saudade de um tempo muito bem vivido.Como você disse, é uma enorme perda, mas guardaremos seu exemplo de carater, dignidade e etica inquestionaveis.Agradecemos a Deus pelo tempo vivido com ele, e pela vida abundante que Lhe deu...
    Obrigada e um abraço da familia Batista de OLiveira.

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  37. Oiê, amigos...
    Prezada Ana Paula de Oliveira, obrigado por suas palavras. Eu e seu pai em realidade fomos grandes amigos desde que eu tinha 15 anos e ele já com seus 30 e poucos. Hoje tenho 70. Nossa amizade, firme e leal, durou até sua partida, embora nos últimos anos tenha sido um pouco mais a distância, já que hoje resido em São Bernardo.Sou nascido em São Caetano e minha vida toda foi ai na Vila São José. Frequentei a casa de seus avós, dona Sebastiana, o senhor Gerônimo e sua tia, Nair, aquele tempo ainda uma menina, depois casada com o também grande amigo Dito Cola.
    Ana Paula, se puder leia o Diário do Grande ABC de hoje (sábado) e veja a página 2 do caderno Setecidades, a coluna Memória de meu amigo Ademir Medici, que publica na integra o artigo sobre nosso querido Chico.
    Se você puder e desejar, por favor, me envie seu e-mail pra gente se conhecer melhor.

    oswaldolavrado@hotmail.com

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo.

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