sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

QUINTA-FEIRA, 9 DE DEZEMBRO DE 2010


Nunca, em tempo algum, o sistema de saúde brasileiro esteve tão debilitado como agora. Os recentes casos, mostrados ao mundo via Imprensa, chocam, revoltam e desacreditam as instituições e as pessoas ligadas ao setor. É verdade que a ciência médica tem evoluído nos últimos anos. Também não é falso que novas doenças surgem e a medicina engatinha no encontro de tratamentos que possam curar ou radicar de vez males modernos, mas não se pode negar que erros clínicos vêm aumentando cada vez mais, causando uma grande preocupação em toda a sociedade.

O caso mais recente da incúria médica e que abala a opinião, menos ou mais esclarecida, é o da menina Stephanie dos Santos Teixeira (foto), (12 anos), aqui de São Paulo, vítima fatal da inabilidade de uma atendente de enfermagem, que inadvertidamente, trocou um frasco de soro por outro de vaselina líquida. A desatenção ou inabilidade da funcionária foi fatal para a garota, sua família e, não fosse este país, o Brasil, poderia ser irreversível aos causadores do trágico engano. A menina Stephanie iria completar 13 anos em janeiro e tinha duas irmãs.
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Stephanie chegou ao hospital apresentando vômito e diarréia. Na ala de pediatria infantil, a paciente foi medicada na veia com 50 ml de vaselina, que após oito horas de aplicação causou sua morte. A menina começou a passar mal na terceira bolsa da substância aplicada. Especialistas em toxicologia dizem que a vaselina líquida não se mistura no sangue. No corpo humano, causa obstrução ou entupimento de várias veias e artérias. Levando-se em conta que a negligência ocorreu no hospital São Luiz Gonzaga (foto), no Jaçanã, zona norte, tradicional estabelecimento de saúde, terceirizado para a Santa Casa de São Paulo, a maior cidade brasileira e uma das mais pujantes do planeta, a repercussão foi imediata. O caso mobilizou vários setores nacionais, especialmente a mídia festiva, ávida em assuntos dessa natureza. A área de Saúde Pública da Promotoria de Direitos Humanos da capital instaurou um inquérito civil para apurar denúncias de mau atendimento e de falta de funcionários.

O caso da menina também não é o único a ser questionado. Desde 2003, pelo menos 10 famílias acusaram o hospital de erros médicos às autoridades policiais. Todos sem morte. O despreparo que atinge grande parte do pessoal que trabalha ou presta serviços em hospitais, públicos ou privados, salta aos olhos e, invariavelmente, provoca mortes e desestruturação de famílias. Nesta quarta-feira, o ministro da Educação, Fernando Haddad (foto), admitiu que as instituições que preparam enfermeiras e atendentes hospitalares necessitam urgente de reciclagem.

Decisão tardia para muitos pacientes, que sucumbiram diante da inabilidade de quem deveria estar preparado para cuidar e salvar vidas. Já o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, arranca os cabelos tentando encontrar solução mais eficiente no atendimento e tratamento ao paciente. Os problemas são muitos, deste o atendimento adequado, o tempo de marcação de consultas, as instalações hospitalares e, principalmente, a competência e sensibilidade humana. Por ter em suas mãos o futuro do paciente, boa parte da classe médica desdenha sua função por entender ser superior ao cidadão que está na maca ou mesa de operação.

Faz dois anos que sou visita frequente de hospitais, UBS, Pronto Socorro, clínicas e centros de saúde, públicos e particulares, alguns de referência nacional. Não foi necessário muito esforço para detectar a ineficiência das instituições médicas brasileiras. Tenho observado, in loco, as instalações hospitalares menos dignas do que pocilgas, médicos (as) absortos enquanto atendem pacientes, enfermeiros (as) em bate papo de “candinhas de cortiço” enquanto aplicam curativos, atendentes que encaram o doente como se este fosse o monstro do lago Ness, além de truculentos seguranças, que se julgam "otoridades" hospitalares. Isso, em casas de saúde aqui no ABC, composto por cidades tidas como pujantes, ricas e atualizadas. Imaginemos, pois, o que acontece em regiões mais afastadas e menos aquinhoadas de progresso.

O caso de Stephanie dos Santos, ocorrido na capital paulista, de imediato chamou a atenção da Imprensa e, por consequência, do Brasil. Ministros, governadores, deputados, prefeitos e vereadores deitam falação via Embratel, exigindo providências imediatas, sem atinar, por dolo ou conveniência, que a solução está dormitando em suas mãos e cabeças. Um despropósito com a chancela tupiniquim. Stephanie foi apenas mais uma vítima da incúria nacional em relação à saúde. Certamente nos fundões do Estado de São Paulo, nos rincões das fronteiras brasileiras e nas caatingas do sertão, acima e abaixo da linha do equador, muitas tantas “Stephanies” estão sepultas em virtude da banalização do sistema de saúde e da insensibilidade de grande parte de uma classe, cuja função, após juramento solene, é salvar vidas humanas. Nesta sublime missão, data vênia, a Providência Divina caminha sozinha.
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*Oswaldo Lavrado é jornalista e radialista, radicado no Grande ABC.
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33 comentários:

  1. Bom dia amigos (as)...
    O caso da menina Stephanie aconteceu no último final de semana e repercutiu, não só no Brasil, como também no exterior. O amigo-irmão Oswaldo Lavrado já havia redigido este texto, que deveria ter sido postado antes, de qualquer forma o assunto continua válido e tem o ponto de vista diferenciado de um homem, jornalista e radialista, que hoje luta contra este sistema de saúde arcaico para sobreviver. E o que estaria errado? O sistema de administração de hospitais públicos por organizações sociais pode contratar médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem sem concurso. Ninguém sabe exatamente se esse profissional é competente. Não se faz um teste de avaliação do médico. Sem contar que, apesar disso, o quadro de funcionários está sempre vazio. É um sistema preocupante também porque estas tais organizações sociais podem comprar equipamentos médicos sem fazer licitação.

    Durante mais de 30 anos como repórter de polícia, sinceramente, não me lembro de um caso como este, ocorrido com esta pobre menina que estava prestes a completar 13 anos e teve sua vida ceifada de uma forma absurda. Alguém confundir vaselina com soro, nunca vi em lugar nenhum. E no Brasil é sempre assim, esperam as coisas acontecer para então correr atrás do prejuízo. Ontem li, com certa revolta, que a direção do Hospital Municipal São Luiz Gonzaga pretende usar rótulos ou vidros diferentes para evitar que as duas substâncias sejam confundidas. Foi preciso acontecer esta tragédia com a garota para então perceberem que os rótulos são semelhantes? E para acalmar a fúria da Imprensa, estão em busca de um culpado, mas que não seja ninguém da administração deste hospital, claro. A bomba vai estourar nas mãos do mais fraco. Passou da hora de médicos (as), enfermeiros (as) e todo pessoal técnico ter coragem necessária para reconhecer seus erros, admiti-los e eliminá-los. Quantos inocentes ainda precisam morrer para que isso aconteça?

    Volto logo mais, o assunto merece!

    Um forte abraço...

    Edward de Souza

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  2. Olá Lavrado


    Blá, blá, blabá, blaba...

    Parece estranho eu começar um comentário com o blablabablab... Mas, infelizmente, é esse o motivo de muitos “acidentes” que acontecem por aí.
    “É proibido conversar com o motorista”, aviso encontrado nos ônibus. Entretanto, essa ordem não é lá muito respeitada. Resultado; acidentes, muitos acidentes...
    Nos supermercados, enquanto o caixa soma os preços das mercadorias, bate papo com suas colegas. Resultado; erro e conseqüente volta do cliente até o estabelecimento para o acerto.
    A coisa prossegue por aí. Por causa de blababás, já deixei de comprar em muitos estabelecimentos comerciais. As (os) atendentes estavam mais preocupadas com os fuxicos do dia do que com os clientes.
    Pessoas falando ao celular enquanto dirigem. Blababá! Mais acidentes!
    Quantos casos de ferramentas cirúrgicas, esparadrapo, gases, esquecidos no interior de incisões operatórias. A causa, foi, tenho certeza, o blababá.
    No caso presente, tão bem explanado por você, a culpa foi, provavelmente, do tal do bláblá...
    Quatro ou cinco auxiliares de enfermagem reunidas num só local, batendo papo (bláblá), morte!
    A justiça ou o castigo para esse fato já começou. Essa “profissional” jamais esquecerá esse fato. O remorso vai persegui-la por muito tempo. É até provável que deixe seqüelas graves.
    Incutir responsabilidade nos profissionais de todas as áreas é muito importante, principalmente para aqueles que lidam com a vida humana.

    Um abraço amigão

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  3. Bom dia, Oswaldo Lavrado, Edward e J. Morgado!
    Li ontem num jornal que o advogado da auxiliar de enfermagem, acusada de ter trocado os frascos que causou a morte da menina Stephanie, alegou que ela pegou a substância em um armário onde deveria haver apenas recipientes com soro, e que injetou o líquido inconscientemente. Segundo o advogado, as etiquetas de identificação são muito parecidas e a sua cliente foi induzida ao erro. Na verdade ocorreram muitos erros. O mais grave é a falta de investimento na identidade visual dos produtos. Por economia ou ignorância, as embalagens são absolutamente semelhantes, nesta matéria do Oswaldo Lavrado podemos notar isso com a ilustração que abre esta crônica. Tanta tecnologia e tantos profissionais para resolver problemas desse tipo. Uma pena. Uma pessoa perde a vida. Uma família perde uma filha. E uma pessoa perde a condição psicológica de exercer sua profissão.

    Bjos,

    Tatiana - Metodista - SBC

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  4. Bom dia, Oswaldo Lavrado, penso que a responsabilidade não é somente da profissional que teve a infelicidade de errar, mas do hospital como um todo. Como podem armazenar frascos com soro e vaselina num mesmo armário, em recipientes absolutamente iguais? Sinceramente, a estupidez humana, que não tem limites, atingiu seu apogeu. Como disse o Edward em seu comentário acima, a corda vai arrebentar do lado mais fraco...

    Bjos,

    Andressa - Cásper Líbero - SP

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  5. Oswaldo Lavrado, Edward e meus amiguinhos (as), não conheço o hospital onde esta lamentável ocorrência foi registrada. De passagem e muito rapidamente cheguei a ver alguma coisa sobre este caso no Jornal Nacional, se não me engano segunda-feira agora. Com o texto que acabo de ler, escrito pelo Oswaldo Lavrado, pude compreender melhor o que aconteceu. Ou deve ter acontecido. Antes é preciso esclarecer que não se trata de um erro médico, conforme alguns jornais noticiam, mas de um descuido irreparável, não só do hospital, mantendo estes frascos com soro e vaselina juntos, como do setor de enfermagem, a quem compete ler o conteúdo do produto a ser ministrado ao paciente.

    Em um frasco com soro, glicose e mesmo vaselina, pode ser encontrada uma anotação com a quantidade e com o nome do produto, basta ler com atenção antes de ministrá-lo ao paciente. Por descuido, a enfermeira responsável pelos cuidados desta menina não prestou atenção na, para facilitar, permitam-me chamar de bula, colada no frasco e provocou um fenômeno que nós chamamos de embolia, que acaba obstruindo e entupindo várias veias e artérias. Cinquenta ml de vaselina em uma menininha de 12 anos é uma quantidade muito, muito grande.

    É de se lamentar profundamente!

    Beijos a todos!

    Liliana Diniz - Santo André - SP

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  6. Pois, amigas e amigos, é sempre assustador cair num hospital e não saber o que pode acontecer. Inclusive em hospital de luxo. A rotina e a correria induzem os profissionais a relaxar na atenção. Um piloto de avião, por exemplo, é obrigado a checar e rechecar tudo pelo menos três vezes, antes de qualquer operação mais importante, porque um pequeno detalhe esquecido pode fazer grande diferença. Num hospital a regra deveria ser a mesma. Só ministrar qualquer medicação depois de checar e rechecar rótulos. No caso do avião o piloto sabe que se fizer besteira vai se ferrar junto, não serão só os passageiros. No hospital o risco é só do paciente. Quando me operei do coração, episódio que já contei aqui no blog, na série "O dia em que morri", fiquei muito emocionado com a dedicação e carinho das equipes do Hospital São Camilo, na Pompéia. Aprendi a respeitar muito esses profissionais, que trabalham intensamente. E, por mais atenção que a pessoa tenha, algum dia o erro acontece. É humano. Essa moça está sofrendo muito com seu erro. Sinto tanta pena dela como da familia da garota. Mas, convenhamos,sabendo dos riscos esses hospitais já deveriam há muito tempo ter normas rígidas de controle de segurança. A falta disso realmente é incompetência e irresponsabilidade de todo o sistema.
    Abraços a todos!
    Milton Saldanha

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  7. Corrigindo minha indelicadeza, minha saudação, abraço amigo e parabéns ao Oswaldo Lavrado, o articulista do dia.
    Milton Saldanha

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  8. Bom dia, Drª Liliana, que bom saber que está de volta ao Brasil e ao nosso blog. Em casa ficamos chocados quando vimos esta notícia pela TV, só não entendemos a razão de um hospital ter frascos com vaselina líquida e, com todo o perigo que representa, ao lado de outros frascos com soro. Afinal, poderia me explicar qual a utilidade da vaselina líquida num hospital, Drª Liliana?

    Obrigada, beijos e meus parabéns ao Oswaldo Lavrado pelo texto esclarecedor.

    Carol - Metodista - SBC

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  9. Oiê, amigos (as)...
    Obrigado pelos comentários sobre este artigo, elaborado a quatro mãos. Valeu professor Saldanha.
    Neste momento,stou ouvindo por rádio a informação que a auxiliar de enfermagem que, sem intenção, colocou o frasco errado cujo conteudo matou a menina, foi convocada a prestar depoimento à polícia. Então, tudo resolvido. A garota será responsabilizada e, pronto. Acharam o culpado e a corrente vai arrebentar sobre a cabeça da moça. Em melhor hipotese,julgam e culpam o frasco que abrigava a substântica mortífera. Um escárnio contra o povo que indúz à impunidade e sugere continuar na contra mão da responsabilidade.
    Prenda-se a enfermeira, assim o sistema de saúde brasileiro estará salvo. Somente quem frequenta corredores, ou quartos, de hospítais pode avaliar a bola de neve do descaso, da irresponsabilidade e da incúria que abrange o sistema de saúde tupiniquim. Neste momento, em algum lugar "deste país", outras stephaines, de vários credos e idade, estarão caminhando rumo a cela que conduz a eternidade. E assim, caminha nossa pobre, debilitada e corrupta sociedade. Lamentável.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  10. Olá Carol, obrigada pela manifestação de carinho. Olha, a vaselina líquida é um derivado do petróleo e só serve para hidratação da pele, no caso de pessoas internadas com queimaduras, ou então para a limpeza de alguns equipamentos médicos. Nunca deve ser injetada, muito menos aplicada como soro. Em mistura com o sangue provoca embolia, formando pequenas partículas que entopem veias e artérias. Bom destacar que a vaselina líquida, da forma como foi ministrada e que causou a morte desta menina, também afeta o coração, pulmão e o cérebro.

    Acabo de ler o comentário que deixou o Oswaldo Lavrado e entendo perfeitamente sua revolta, e concordo. Buscam culpados e se esquecem das soluções que deveriam vir urgentes para melhorar, pelo menos um pouco, o nosso sistema de saúde, cada dia mais desacreditado. Isso é muito ruim para a classe médica, principalmente para os bons profissionais que lutam com muita dificuldade para exercer com dignidade esta profissão, que é salvar vidas.

    Beijos

    Liliana Diniz

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  11. Meu caro Oswaldo Lavrado gostaria que me respondesse apenas uma coisa. A enfermeira cometeu ou não um erro? Deveria ter lido a etiqueta antes de aplicar o líquido na menina, ou estou errado? Se isso ficou provado e ela confessou o erro, deve ser punida. Nada a ver com o nosso sistema de saúde combalido. Isso é um problema que deve ser debatido e corrigido. No caso de sua crônica de hoje, estamos falando de um erro que aconteceu neste Hospital São Lucas e que causou a morte de uma menina. Encontrada a culpada, deve ser punida, se bem que, creio, já está sendo, corroída pelo remorso.

    O que acontece muitas vezes é que auxiliares de enfermagem emendam um plantão no outro e desta forma o nível de atendimento cai muito. Ficam sem paciência, agitados e o pior, desatentos. E com déficit de sono provavelmente o nível de atenção cai muito, possibilitando o que ocorreu. Isto é comum nos hospitais públicos e particulares. Os pacientes é que sofrem... O hospital, se armazenava a tal vaselina junto com frascos de soro, errou. Mas nada teria acontecido se a tal enfermeira acusada tivesse a responsabilidade de ler a etiqueta, só isso.

    Um abraço,

    Juninho - SAMPA

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  12. Boa tarde, tem muita gente acusando o Governo de descaso e negligência neste caso da menina Stephanie, por ter acontecido num hospital público. O jornalista Oswaldo Lavrado escreve que tudo se passou num hospital terceirizado pela Santa Casa de São Paulo, portanto, uma instituição privada. Encontrar culpados agora e pensar em punição de nada adianta, nós os humanos cometemos erros. É preciso pensar mais em perdão, não em punição. Além disso, a punição não traz a pessoa de volta à vida.

    Bj

    Talita - Santos - SP

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  13. Ôi Oswaldo Lavrado, esse nosso Brasil, não fossem as tragédias que vez ou outra desabam em nossas cabeças, seria até engraçado. Um hospital armazena soro num frasco; alguém guarda um produto que, segundo a Drª Liliana, é derivado do petróleo, usando a mesma embalagem, específica para queimaduras, ao lado do soro, e a polícia prende a auxiliar de enfermagem. É claro que ela tem responsabilidade, mas não seria melhor uma punição administrativa, um curso de reciclagem e aperfeiçoamento?

    O que adianta colocar na cadeia, num caso desses, essa auxiliar de enfermagem? É muito pior, porque isenta o hospital e superiores dessa moça de responder pelo crime. Agora, com cargas de horário inadequadas, um processo de qualificação inexistente, falta de rigor na contratação, e o descaso do governo para com a saúde pública, queriam o quê? Cadê o Sr. Goldman para se manifestar? A prisão deveria ser para os "condutores" dessa situação, políticos desavergonhados que nada fazem para melhorar a saúde neste país.

    Bjos, parabéns pelo texto, ótimo!

    Vanessa - Campinas - SP

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  14. Prezado Oswaldo Lavrado, aprendi desde muito cedo que certos procedimentos devem ser elaborados a prova de "imbecilidade". Nesse caso do soro é muito simples: cada produto, uma cor de rótulo. Em casa, use o mesmo tipo de recipiente para o sal e açucar pra ver no que vai dar. Algum dia seu café, ou o de sua visita, vai ficar salgado. A direção do hospital tem culpa no episódio, não só a coitada da auxiliar de enfermagem. Se ela for condenada e presa, o diretor deste estabelecimento de saúde deve acompanhá-la.

    ABÇS

    Birola - Votuporanga - SP

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  15. Olá Oswaldo Lavrado, estou com você, "prenda-se a enfermeira, assim o sistema de saúde brasileiro estará a salvo". Nada como um bode expiatório para aplacar a ira do povo. Cá entre nós, não é possível que a culpa recaia toda sobre a pobre da auxiliar de enfermagem. Nas fotos desta sua crônica, os dois frascos são idênticos, dificilmente quem manuseia dezenas de frascos durante o dia de trabalho iria notar esta verdadeira armadilha...

    Aliás, demorou para acontecer uma tragédia, se é que já não aconteceu antes e acobertaram, tudo é possível nestes hospitais sucateados do nosso Brasil. Duvido que anteriormente ninguém tenha alertado os responsáveis pela direção deste hospital sobre a semelhança dos frascos. Agora, a infeliz desta auxiliar de enfermagem vai pagar pela miséria das instituições..

    À familia enlutada, meus sinceros sentimentos. Aos dirigentes irresponsáveis do "hospital", onde essa pobre criança foi sacrificada, meu reconhecimento pela incompetência.

    Bjos,

    Gabriela - Cásper Líbero - SP

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  16. Boa tarde!
    Sou auxiliar de enfermagem e adoro minha profissão. Com todo respeito às outras opiniões, fico triste em saber da desvalorização da classe. O que muitas pessoas precisam saber é que não trabalhamos numa fábrica, em uma linha de produção. Estamos trabalhando com vidas e sabemos disso. Grande parte de pacientes e acompanhantes nos pressionam, exigindo rapidez, pronto atendimento, não importando com qualidade e com o nosso emocional. Querem apenas rapidez.

    Conforto minha colega, foi uma fatalidade.

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  17. Oi Oswaldo Lavrado, sobre o caso da menina Stephanie, que você escreve hoje, creio que todos tiveram sua parcela de culpa, desde a auxiliar de enfermagem ao diretor do hospital. O que aconteceu foi decorrência da má qualidade no controle e gerenciamento desse hospital. Onde se lida com a vida, é imprescindível que haja métodos mais eficientes de trabalho para que não ocorram, ou pelo menos reduzam ao mínimo possível, os erros.

    Jamais um frasco de vaselina líquida poderia estar estocado junto com soro, nem em embalagens iguais, além do fato de a auxiliar de enfermagem ter a obrigação de ler minuciosamente a prescrição médica e o rótulo do medicamento. Essa jovem já foi punida e será por muito tempo. Deixem a cadeia para o pessoal que faz racha pelas ruas, já que nela, infelizmente, políticos que recolhem nosso CPMF para a saúde, não entram.

    Bj

    Anna Claudia – Uberaba - MG

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  18. Meu caro jornalista Oswaldo Lavrado, esse caso trágico de Stephanie é somente um fragmento do quadro caótico da medicina e saúde do Brasil que vc conhece tão bem! Sabe um dos motivos? É a facilidade como o povo brasileiro desqualificado acredita em discursos engraçados e imagens de salvadores da pátria na política. Nosso Presidente e futura não estão nem aí para hospitais, clínicas e sistemas de saúde, tanto quanto para a educação! São hipócritas!

    Bem feito para o povo, tem o governo que merece!

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

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  19. Dois pesos, duas medidas, Oswaldo Lavrado. Quando um médico erra, quem decide a punição é o Conselho Regional de Medicina e é muito difícil ele ser condenado pelo seu erro. Já a enfermeira, quem a julga é um delegado de polícia, que geralmente a mete na cadeia, como parece ser o caso desta auxiliar de enfermagem.... Acredito que nos dois casos deveria ter punição para que erros não ocorram mais, de uma forma justa e igual. Se a enfermeira vai à polícia, o médico também deveria ir. Se uma enfermeira ou auxiliar de enfermagem é condenada, puna-se o médico também. Um sonho apenas. Não vamos ver isso nunca no Mundo, tudo vai continuar como sempre. Médicos errando e continuando no exercício da profissão.

    Bjos

    Priscila - Metodista - SBC

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  20. Algumas áreas não admitem erros. É preciso mais preparo dos profissionais, responsabilidade e fiscalização.

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  21. Boa tarde, Oswaldo Lavrado!
    O maior pecado no caso deste triste acontecimento com esta menina de 12 para 13 anos foi armazenar o produto em local diferente onde deveria ser guardado. Creio que ninguém teve a intenção de cometer tamanho erro. Foi uma fatalidade de tamanho incompreensivel. Tenho pena da garota que faleceu, da mãe que ficou e da auxiliar de enfermagem que foi induzida a cometer o erro. Uma tristeza enorme para todos.

    Bj

    Renata - Metodista - SBC

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  22. Oiê, amigos (as)...
    Caro Juninho: no caso, a auxiliar de enfermagem é apenas detalhe de um contexto deteriorado. O problema não é prender a moça, é consolidar a credibilidade das instituições médicas brasileiras.
    O Laércio H Pinto, sintetiza a situação. È preciso formar profissionais comprometidos com a função e dar condições dignas de trabalho.
    Ronaldo Fábio: sua profissão é nobre e todos os que exercem esse sacerdócio voltado à medicina são dignos de respeito. Generalizar é correr risco da imbecilidade. Mas basta visitar ou necessitar de um serviço médico ou similar pra perceber que o setor deixa muito a desejar. Obrigado por sua opinião.
    Talita: tenho frequentado instuições de saúde pública e particular. Na maioria dos casos a diferença fica restrita a sala da recepção. Passou dali, a semelhança é gritante.
    Obrigado aos amigos (as) que participaram deste artigo com opiniões e comentários. Assim, a indispensável democracia para a liberdade é fortalecida.
    Mais um detalhe: agora a trarde fui a um hospital público aqui de São Bernardo agendar, por solicitação do médico, o retorno para entregar resultados de exames. Fui atendido em menos de 5 minutos, porém a consulta foi marcada para 18 de janeiro. A doença e/ou a morte podem esperar.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  23. Oiê, amigos (as)...

    Finalizando, rapidinho:

    - pressionar, interrogar, julgar, condenar e encarcerar a auxiliar de enfermagem é punição utópica pra quem já está punida pelo resto da vida por imprudência involuntária.
    Tudo isso terá o mesmo efeito QUE TIRAR O SOFÁ DA SALA.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  24. Boa noite Oswaldo Lavrado!
    Eu fiquei com a impressão, depois de ler todos os comentários, que a única culpada foi a menina Stephanie, que não deveria ter ido ao hospital com sintomas de vômitos e diarréia. Deveria ter comprado um soro na farmácia, que não custa mais que 10 reais e poderia esperar a chegada do Papai Noel sã e salva. Ou então não ter feito extravagâncias, comendo chocolates demais, assim não apresentaria os sintomas que obrigaram seus pais a interná-la no tal hospital que presta serviços à Santa Casa de São Paulo.

    Alguém aqui já parou para pensar, por exemplo, se essa menina fosse sua filha? Será que depois do acontecido, estaria aqui pedindo clemência e absolvendo de toda a culpa esta imprudente auxiliar de enfermagem? Estaria culpando médicos que nada tem a ver com esta história porque o profissional receitou soro a ser administrado nesta menina? Essa é a primeira medida tomada por um médico no caso de vômitos e diarréia, o soro. Ou teria o profissional se equivocado e prescrito vaselina? O mínimo que se pode esperar de uma auxiliar de enfermagem é que saiba ler. Já uma enfermeira, por exemplo, padrão, se pode exigir bem mais.

    Todos os brasileiros estão "carecas" de saber que a saúde do Brasil está nocauteada faz um bom tempo e nada se faz para melhorar este quadro. Mas daí a achar que o mundo ruiu sobre nossas cabeças e a saúde despencou mais alguns degraus porque uma atendente de enfermagem cometeu uma imprudência, estamos indo longe demais. E poupem os médicos nesta história, por favor! Vamos respeitar os sentimentos de uma família que perdeu uma filha na flor da idade. E essa família sabe que, não fosse o relaxo desta auxiliar de enfermagem distraída e despreparada, sua filhinha, daqui a alguns dias, estaria colocando seu sapatinho na janela a espera de Papai Noel.

    Um fortíssimo abraço!

    Francisco Heitor - Franca - SP.

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  25. É isso, Francisco Heitor, pimenta nos olhos dos outros não arde. O que mais revolta é que todo mundo sabe que não vai acontecer nada com nenhum dos responsáveis por esse crime. Infelizmente vivemos no País da impunidade e do corporativismo. Resta-nos apenas pedir a Deus que conforte a família dessa menina.

    Tânia Regina - Ribeirão Preto

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  26. Não há dificuldade para se determinar em que etapa ocorreu o erro na administração de um medicamento. O que é inexplicável e se trata de paquidérmico despautério, é uma medicação endovenosa (soro) em apresentação igual ao do produto tópico (vaselina). Apesar de rótulos específicos o conteúdo de ambos os frascos também era semelhante. O profissional de enfermagem esfalfado, com excessivo número de pacientes é presa fácil da desatenção, do engano. E o paciente, da fatalidade?

    Francisco Fernandes

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  27. Amigos do blog de ouro,boa noite
    Oswaldo Lavrado em seu oportuno artigo de hoje,retratou fielmente o que se passa em muitos hospitais deste país.
    Quanta falta de preparo existe em todo o pessoal que deveria zelar pela saúde do doente e acaba por mata-lo, despreparo esse que vai do mais simples funcionário até o responsavel direto pelo hospital em não possuir uma acessoria competente para identificar um erro gravissimo em um simples rótulo colado no vidro,âmbos iguais,mudando sómente algumas letras e que ocasionaram a mórte da garota.
    A enfermeira foi ouvida hoje e de acôrdo com a reportagem a mesma chorou por mais de três horas em seu depoimento.Uma fatalidade ??
    Só que a enfermeira já foi indiciada por crime culposo (quando não há intenção de matar),e os demais culpados tambem incorrerão na mesma culpa ??
    Fatalidade sim, mas por impericia,imprudência e negligência
    pois se todos os responsaveis houvessem atentado para o perigo ali exposto,com certeza a menina não teria morrido.
    Infelizmente estamos no BRASIL e casos como esse continuarão a ocorrer,mas sempre contra o
    "zé povinho"
    Abraços Lavrado pelo artigo, Edward pelo "nosso" blog e aos demais companheiros pela participação..

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

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  28. Boa tarde, meu caro Oswaldo Lavrado!
    Muito bom sua crônica, que só pude ler hoje. Problema de saúde no Brasil vai de mal a pior e sem perspecticas de melhoras. Assim que a Dilma assumir vai nos fazer engolir o CPMF e enfiar nas bolsas que o Lula criou para que o PT continue no Poder. Quem viver, verá. Coitado do Jatene, se arrependimento matasse já teria ido faz tempo. Com a maior das boas intenções criou, por seis meses apenas, a tal CPMF para cuidar da saúde. Passaram-lhe uma rasteira e desviaram o dinheiro para os bolsos, essa raça de corruptos.

    Quanto a esse caso da menina Stephanie, trágico e desconcertante pela forma como aconteceu, penso que, se as fotos dos frascos sejam realmente as de soro e de vaselina originais que vi na TV e agora no blog, quem deveria ser processado é o fabricante delas. Isto é indução ao erro e um erro que pode ser fatal, como vimos. Pobre auxiliar de enfermagem, matou uma pessoa e pode passar uma temporada em cana por erro dos outros.

    Um bom fim de semana!

    Miguel Falamansa - Botucatu - SP

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  29. Oswaldo Lavrado, deixo uma pergunta: para que tragédias como esta que vitimou a pequena Stephanie não volte a acontecer, ao invés de trocar os reciepientes não seria melhor trocar as auxiliares analfabetas por auxiliares competentes? É como o caso do marido traído pela esposa no sofá. Mandou trocar o sofá. No hospital vão mandar trocar os recepientes.

    Beijinhos

    Martinha - Metodista - SBC

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  30. Para ilustrar sua crônica, Oswaldo Lavrado, gostaria que você e os leitores do blog conhecessem um pouco da “História do erro médico: tradição e códigos”. A legislação sobre imperícia médica e sua cominação podem ser encontradas nos primórdios da medicina através de escritos históricos. Começando pelo Código de Hamurabi (2400AC): "O médico que mata alguém livre no tratamento ou que cega um cidadão livre terá suas mãos cortadas; se morre o escravo paga seu preço, se ficar cego, a metade do preço".

    Lei de Talião (Corão): "Olho por olho, dente por dente". Medicina arcaica (Mesopotâmia): Os honorários médicos eram regidos por lei como também as penalidades caso algum tratamento causasse morte ou danos ao paciente. Se uma operação causasse a perda de um olho o médico teria as mãos cortadas. Em caso de morte de paciente nobre o médico também perderia a vida.

    Medicina grega: Juramento de Hipócrates: "Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar danos ou mal a alguém". O médico das campanhas militares gregas pagava com a vida o insucesso no tratamento de um general ou na cura de um auxiliar favorito. Na Medicina árabe: Muçulmanos: Quando um médico fracassava ou caía em desgraça a penalidade prevista era prisão, açoite ou morte.

    "Hoje pode se descobrir os erros de ontem e amanhã obter talvez nova luz sobre aquilo que se pensa ter certeza". Este pensamento do médico judeu espanhol Maimônides reflete a preocupação em evitar o erro e aprender com sua ocorrência. Em suma, a existência de sanções inscritas nos livros sagrados ou nas constituições primitivas denota a atenção dispensada ao erro médico desde os primórdios da medicina.

    Bom final de semana

    Larissa – Santo André - SP

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  31. Olá Larissa, interessantes estas leis antigas sobre imperícia médica. Diga-me uma coisa. Naqueles tempos existiam auxilares de enfermagens? Caso positivo, certos castigos, como vazar os olhos, de nada serviriam a elas. Já são cegas por natureza, não sabem nem ler uma etiqueta! Em compensação, se algumas destas leis fossem aplicadas hoje em dia, as ruas estariam cheias de médicos manetas

    Abçs

    Juninho

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  32. Maldade, Juninho, leis arcaícas e absurdas, uma vez que um médico não é Deus para ter o poder de cura. Faz o que é possível dentro da ciência que lhe foi ensinada. Leis como essas, hoje, se já não temos médicos para nos atender, ficaríamos a ver navios. Quem se candidataria a estudar medicina, gastar uma nota e ser morto caso um paciente em tratamento sob seus cuidados morresse? Felizmente a mentalidade do Homem mudou, para melhor!

    Bjos

    Gabriela - SP

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  33. Oiê, amigos (as)...
    O tema é polêmico e exige tempo para debates.
    A saúde, a educação e a segurança são, fielmente, os setores que mais chamam a atenão e que afetam o brasileiro, de todas as classes.
    Heitor, Tânia Regina, Admir Morgado, Falamansa, Martinha,Juninho, Gabriela, Franscisco Fernandes e, em especial, Larissa, obrigado pela atenção e participação sobre o tema humildemente aborado por nós.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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