segunda-feira, 2 de novembro de 2009

DIA DE FINADOS: FIQUE DE OLHO NOS VIVOS

.Hoje é dia de saudades, dia de cemitérios, que se vinculam a uma idéia profundamente arraigada no coração humano do culto aos mortos, tudo reduzido a um sentimento de veneração, onde os filhos de Deus descansam em paz. Um dia de ganhos para os que vendem flores, terços e velas. É o dia da celebração da vida eterna, daquelas pessoas queridas que já faleceram, despertando, em cada um de nós, o desejo de abraçá-los outra vez. Essa vontade de rasgar o infinito para descobri-los, de retroceder no tempo e segurar a vida.
Em outras culturas, as despedidas não são feitas de lágrimas, mas de júbilo pela vida que foi passada sobre a terra, e pela nova existência agora em outro plano. Os espíritas acreditam na encarnação e reencarnação, o que significa que, a morte do corpo não representa a morte do espírito e, dessa forma, é possível voltar a viver em outro momento, com o mesmo espírito, mas em um corpo diferente. Essa crença se consiste na idéia de que se pode ter mais uma oportunidade para progredir, ética e moralmente. Até os cientistas, que só acreditam no que podem comprovar, tentam explicar que existe vida após a morte. Existem religiões porque existe a morte e além da morte o grande vazio e a grande interrogação sobre o que nos espera. Todos os credos tentam preencher esse vazio criando céus e infernos mais ou menos semelhantes onde gozaremos a vida eterna como recompensa de nossas boas ações ou padeceremos no fogo por nossos pecados. Não existisse esse medo nem essa interrogação, a gente iria levando a vida a cada dia esperando na próxima esquina a visita da dama de negro que a todos nos levará um dia.
O que não se pode é fugir de uma realidade. Nesses cemitérios da vida repousam esperanças que não se confirmaram justamente por conta da ação dos que estão vivos. E, frequentemente, dos que são vivos demais. Neste dia dos mortos, senti-me tentado a escrever alguma coisa contra os vivos demais. Sim, aqueles que gozando de boa saúde não se cansam de explorar seus semelhantes a qualquer preço. Há espertos por todos os cantos. Hoje mesmo, nos cemitérios, onde as pessoas vão reverenciar os seus mortos, há muitos deles. Uns vendem água a preço de petróleo, outros oferecem flores, pipocas e abacaxis como se estivessem comercializando pepitas de ouro, sem falar nos guardadores de carros, que cobram pedágio de estacionamento. Se o distinto não quiser pagar, corre o risco de ter o carro riscado. Ou então levado pelos "amigos do alheio".
Na longa lista desses "espertos", o primeiro lugar da fila é seguramente ocupado por políticos. Não todos, é claro, mas a grande maioria que avança com sede sobre o erário, sempre à procura de uma vantagem qualquer. São tão "eficientes" que fazem fortuna em quatro ou oito anos de mandato. Aprovam emendas ao orçamento da União e as intermediam, levando uma boa parte para as suas próprias contas bancárias. É injusto, porém, restringir a lista dos "vivos demais" apenas aos políticos. Nos mercados públicos, por exemplo, onde a classe média e a pobreza fazem compras, a esperteza não é menor. Rouba-se no peso, na qualidade dos produtos e até nos sacos de embalagem.
Em muitas cidades desse imenso Brasil com lágrimas ou com bom humor, homenagear os mortos parece ser uma necessidade universal, uma maneira de reverenciar os antepassados e de lembrar que todos são mortais. Criaram um sistema de atendimento diferenciado para os candidatos a defuntos que são fanáticos por futebol. Empresas passaram a vender urnas mortuárias - caixões - com os emblemas de times de futebol. Os mais procurados são os times do Flamengo, Corinthians e Vasco da Gama. Mas, se a família do torcedor preferir o emblema do Santo André - que continua vivo no Brasileirão depois de derrotar o Grêmio da Nivia Andres por dois a zero - ou da Francana, que já morreu só já falta sepultar, é possível mandar fazer um adesivo para colocar no caixão. Além do emblema do time favorito, a família do torcedor tem direito, se quiser, ao hino do seu time. Neste caso, um carro de som acompanha o cortejo fúnebre até o momento do sepultamento. Uma urna mortuária com o emblema de um time custa, em média, R$ 1.500.
Malandragens à parte, não há como negar. Neste dia dos mortos sofremos muito. Tantos momentos agradáveis já se foram, tantas risadas gostosas se calaram. Ficamos meio tristes, meio bobos, meio tontos. Acho que vivemos apenas para lembrar, relembrar e, sobretudo, para reverenciar os que já partiram. Assim ficamos mais frágeis e acabamos sempre sendo enganados pelos vigaristas "vivos" que pululam por todos os cantos. Confesso a vocês. Se dependesse de mim, ficaria o dia inteiro calado. Aprendi desde pequeno com meus pais que o silêncio é a única linguagem que Deus entende. Nem mesmo este texto eu teria escrito.
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*Edward de Souza é jornalista, escritor e radialista
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18 comentários:

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  2. Olá Amigos
    Depois de ler esse texto do Edward, não me sinto competente para fazer nenhum comentário.
    Transcrevo abaixo uma página dedicada aos nossos que já partiram.
    Paz. Muita Paz.
    J. Morgado
    MORTOS AMADOS
    Emmanuel
    Na Terra, quando perdemos a companhia de seres amados, ante a visitação da morte sentimo-nos como se nos arrancassem o coração para que se faça alvejado fora do peito.
    Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de escutar palavras que emudeceram.
    E bastas vezes tudo o que nos resta no mundo íntimo é um veio de lágrimas estanques, sem recursos de evasão pelas fontes dos olhos.
    Compreendemos, sim, neste Outro Lado da Vida, o suplício dos que vagueiam entre as paredes do lar ou se imobilizam no espaço exíguo de um túmulo, indagando porquê...

    Se varas semelhantes sombras de saudade e distância, se o vazio te atormenta o espírito, asserena-te e ora, como saibas e como possas, desejando a paz e a segurança dos entes inesquecíveis que te antecederam na Vida Maior.

    Lembra a criatura querida que não mais te compartilha as experiências no Plano Físico, não por pessoa que desapareceu para sempre e sim à feição de criatura invisível mas não de todo ausente.
    Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam.
    Enfeita-lhes a memória com as melhores lembranças que consigas enfileirar e busca tranquilizá-los com o apoio de tua conformidade e de teu amor.
    Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a imagem, sempre que se vejam em sintonia mental contigo, ei-los que suportam angústia maior, de vez que passam a carregar as próprias aflições sobretaxadas com as tuas.

    Compadece-te dos entes amados que te precederam na romagem da Grande Renovação.
    Chora, quando não possas evitar o pranto que se te derrama da alma; no entanto, converte quanto possível as próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ouvem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo para o reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus.
    (Do livro “Na Era do Espírito”, Emmanuel, Francisco C. Xavier

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  3. Oi amigos (as),bom dia...
    Inspiradíssimo e oportuno o artigo do comandante deste blog. Pela data, particulamente, tinha certeza que o senhor Edward de Souza não deixaria escapulir o tema propício e adequado. Afinal,conheço a fera há maiss de 30 aninhos. Belo texto.
    Data vênia, aproveito para lembrar o amigo-irmão que hoje transcorre o aniversário de dois diletos amigos e igualmente irmãos: nosso Rolando Marques, já falecido, e que completaria 66 anos, e o controvertido e igualmente amigo Sidney Lima,
    repórter de primeira linha e residente em Santo André com sua família.
    Rolando, nosso guru por mais de 20 anos, igualmente espírita, era possuidor de um coração com a bondade e discernimento de seu tamanho e peso (acima dos 100 kilos).Tentou em nossas inúmeras, gratificantes e inesquecíveis viagens por este Brasil afora, convencer ou conveter este escriba
    sobre as visões do espitísmo; não conseguiu é verdade, mas fortaleceu sobremaneira uma amizade que sempre foi pura, fiel,digna e que não arrefeceu mesmo após sua passagem ao outro plano.Edward privou dessa amizade e sabe do que e de quem estou falando.
    Não me atrai a visão do espiritismo, simplesmente talvêz pelo pequeno alcance de minha inteligência, ou pela minha formação religiosa estritamente ligada ao catolicismo. Mas o respeito por todas as convicções faz parte integrante de minha conduta pessoal.
    Enfim, hoje é o dia dedicado aos mortos, como deveriam ser todos os dias,e a eles que já foram, nosso pleito de resignação pela ausência a certeza que um dia estaremos reunidos em um mesmo espaço.
    A perspicácia do velho jornalista e escritor Edward de Souza, captou algo mais que simplemsente a visita aos mortos neste dia de Finados, vislumbrou, com propriedade, os "vivos" que estão se fartando do lado de fora dos cemitérios, oferecendo,a preços módicos,velas, flores, terços e, claro, uma consciência menos atribulada e mais limpa.
    Parabéns "veio" pelo artigo.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  4. Boa tarde, Edward!
    Passei por isso hoje pela manhã em São Paulo, quando fui visitar o túmulo de minha mãe. Já estou em Itu, fui bem cedo levar flores ao túmulo de minha mãe. Quase me arrancaram um braço quando me aproximei dos vendedores de flores para adquirir um ramalhete. E tinha de tudo por lá, desde vendedores de velas, flores, incenso até carrinhos de pipocas, quebra-queixo e doce de côco. Um comércio feroz.

    Quando sai assisti a um espetáculo deprimente. Dois vendedores se desentenderam e sairam no braço. Um deles arremessou um banquinho de plástico contra o outro, que se abaixou. O banquinho acertou o rosto de uma senhora que caiu, talvez nem tanto pela pancada, mas pelo susto. Aí a pancadaria rolou solta. Era filho da mulher querendo pegar quem atirou o banquinho, policiais de cassetetes nas mãos querendo impedir o tumulto e um corre-corre danado. Sei que não fiquei para ver o desfecho. Alcancei meu carro, peguei a estrada e me mandei aqui para Itu. Apesar do tamanho das coisas aqui, pelo menos o povão é calminho, calminho...
    Um belo texto, de se tirar o chapéu!

    Abraços,

    Paolo Cabrero - Itu - SP.

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  5. Boa tarde Edward.
    Belíssimo texto,nota dez.
    Mas acho que esse seja um dia que nos trazem muitas reflexões,infelizmente meus amados pais já partiram,mas ficaram ótimas lembranças e momentos inesquecíveis,que são coisas que não tem preço.
    Pessoal na edição de sábado o jornal comércio da Franca,publicou um artigo sobre finados muito interessante que vale pena ser lido,foi escrito por Felipe Salomão,que é Bacharel em Ciências Sociais e membro do instituto de Divlgação Espírita de Franca(Idefran)
    Quem se interessar acesse:wwwjornalcomeriodafranca,clique nolink ao lado:opiniões,clique em capas anteriores,31 de outubro,ás vezes será necessário fazer um pequeno cadastro com o endereço do e-mail e uma senha.
    Abraçosssssssssssssssss.
    ANA CÉLIA DE FREITAS.

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  6. Amigos do Blog de ouro bôa tarde.
    Edward, vou aqui acompanhar o pensamento do méstre e amigo J.Morgado
    Após lêr seu artigo, nada mais a acrescentar, pois foi muito bem explicito com referência ao assunto.Sempre nésta data, elevo meus pensamentos aos céus e rezo pela alma dos parentes e amigos que se foram.
    Mas voltando a nóssa realidade,
    estou sentindo a falta de muitos (as) companheiros do blog, porem sei que o motivo é o feriadão,portanto justificavél.
    E as meninas , a maioria já de retorno ao burburinho das cidades grandes,após passarem uns belos dias aqui na MINHA PRAIA, que ficou LINDA demais com a presença de todas.
    Abraços a todos e uma ótima semana.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

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  7. Olá Ana Célia e amigos (as) deste blog...
    Sem dúvida, minha amiga, um dia de reflexão e saudade dos nossos entes queridos que não mais estão entre nós. Nascemos condenados, nosso fim é a morte e nos resta apenas a dúvida do dia e da hora, o que nos ajuda a manter nossos cérebros vivos e funcionando, pois houvesse uma data marcada e ninguém queria mais viver. E nesse caminho que chamamos de vida, vamos nos aproximando da morte, mas nem por isso ela se torna mais palatável ou compreensível, pois não existe idade para desistir da vida e o grande abismo que nos espera é sempre motivo de medo, curiosidade e temor.

    De acordo com a cultura, Ana Célia e amigos do blog, a morte é uma tragédia ou uma festa. Na nossa civilização judaico-cristã a morte é sinônimo de dor, de contrição, momento para lágrimas, vestes pretas e absoluto respeito pelo falecido. No Tibet a morte é celebrada com uma grande festa, pois eles entendem esse momento como a liberação da alma quando ela finalmente vai poder galgar planos mais elevados e encontrar-se com seres iluminados que não frequentam o plano terreno.

    Exatamente isso que quis passar em meu texto, mas mostrei o outro lado da moeda. Falei também de aproveitadores que se espalham por todos os lados para se aproveitar da sensibilidade das pessoas em momentos de tristeza e angústia, e lhes explorar. Falei de outros que usam criatividade para ganhar dinheiro, sempre com a morte como tema principal. Caixões com distintivos de clubes, acompanhamento musical, canja na madrugada servida com um bom vinho em velórios a preços absurdos, vela, flores, terços e incenso na porta de cemitérios e até escola de samba na hora do enterro. Logo vamos ter churrasco em velórios, regado a uma bem geladinha, pode acreditar. A ganância em busca do vil metal.
    É isso, minha amiga! Grato pela sua participação.

    A todos um forte abraço...

    Edward de Souza

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  8. Amigos Admir Morgado e Oswaldo Lavrado!
    Ao Lavrado, me esqueci de responder. Ao Admir, não teve como, postamos os comentários juntos. Vou começar pelo Lavrado. Olha, meu querido amigo-irmão, se tem uma coisa que vou me lembrar sempre é do aniversário de Rolando Marques (in memorian) e do querido Sidney Lima, agora em contato conosco via internet. Eu estava hoje a caminho de algumas pequenas cidades das cercanias de Ribeirão Preto e Franca e comentava sobre isso. Dia de Finados, Rolando Marques e Sidney Lima sempre festejaram o aniversário juntos. Quis o Todo Poderoso que Rolando Marques nos deixasse muito cedo, aos 50 anos de idade. Sidney Lima, apesar dos catiripapos com sua pressão altíssima, deu a volta por cima e está muito bem, graças a Deus. Dois grandes e bons amigos. Um ao lado do Criador e o outro esperando o convite, que será extensivo a todos nós, queiramos ou não.

    Admir, meu amigo, desde sexta-feira a maioria da nossa turma puxou o carro. Sempre acontece nesses feriados prolongados, mas o blog não pode morrer por isso. Damos um tempinho e voltamos com carga total. Sua Praia Grande realmente é outra. Deixou o Guarujá a ver navios. E olha que não sou chegado ao PT, meus amigos e amigas sabem disso, mas Praia Grande e Diadema no ABC foi um trabalho perfeito de prefeituras do PT. Essas duas cidades se transformaram. Hoje são exemplos para outras em todo o País.

    Abraços,

    Edward de Souza

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  9. Olá Edward,
    eu tenho um pensamento sobre o Dia de Finados. Muitas pessoas fingidas, nesse dia, se vestem de preto, compram velas e flores e posam até para fotografias para que todos saibam que foram ao cemitério ver seus entes queridos que partiram. Algumas começam dias antes a falar para toda a vizinhança que vão ao cemitério no Dia de Finados.

    Isso me irrita sobremaneira, principalmente quando sei que determinadas pessoas nada fizeram para quem dela precisou ainda em vida, ou seja, quando pai, mãe, irmão, irmã ou outra pessoa da família estavam doentes, precisavam de apoio, carinho, companhia, muitas vezes até quem comprasse seus remédios, todos fugiam. Desculpas as mais esfarrapadas para nada fazer. Depois que morreram, lá estão os parentes desavergonhados com um maço de flores que custa alguns míseros reais nas mãos, tentando se redimir do que não fizeram, ou apenas mostrar para os outros que amavam a pessoa morta como ninguém.

    Por essa razão eu não gosto muito desta data. Acho que todos nós devemos colocar em nossa mente que é preciso se fazer o bem, principalmente para pessoas de nossa família, quando estão vivas. Mortas não precisam de nós, muito menos de velas, flores e outros que tais. Parabéns pelo texto belíssimo, profundo, que trouxe à baila uma triste realidade. A indústria da morte que arrecada milhões em nosso abençoado País.
    Beijos,

    Liliana Diniz - Santo André - SP.

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  10. Oi, amigos (as)...

    Caro Paolo Cabrero, afinal o senhor foi a um cemitério ou num estádio de futebol com a camisa de seu time no meio da torcida adversária; barbaridade... Infelizmente o mundão está asssim, violento em todos os lugares. Aqui no ABC não é diferente de São Paulo. Em fente aos cemitérios os caras vendiam, hoje, cds, dvds, tênis, relógios e um balaio de pirataria. O senhor tem razão, para entrar no cemitério foi preciso tourear os malandros. Um desrespeito total.
    O artigo d e hoje do Edward mata a cobra, mostra o pau e a cobra. È por ai.


    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  12. Edward, um triste notícia para todos nós, francanos. Morreu hoje no rancho da família situado na região do Itambé, município de Cássia (MG), o empresário e comerciante Erasmo Fernandes Rodrigues, aos 63 anos.

    Desfrutava do feriado, divertindo-se na piscina da propriedade ao lado da mulher, Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues (presidente do Grupo Magazine Luiza), do filho Frederico, da nora Karen e dos netos Rafaela e Enrico (de 2 e 1 anos, respectivamente), quando resolveu ir até a casa sede.

    Passado pouco tempo, a família sentiu sua falta. Pensaram que poderia estar em caminhada, o que gostava de fazer. Frederico foi até a parte central da casa e ali deparou-se com o corpo do pai, já sem vida. Em Cássia, a constatação de um infarto fulminante do miocárdio.

    O corpo foi transladado para Franca nesta tarde. O velório está acontecendo desde 18 horas, na sala 10 do São Vicente de Paulo. Esta informação é do site do Jornal O Comércio da Franca, onde você escreve, Edward. Perdõe-me caso tenha me precipitado, mas sei que você é amigo de todos lá do Magazine Luiza, por isso achei importante trazer essa nota ao seu blog.
    Bjos,

    Ana Paula - Franca - SP.

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  13. Quando era criança, nunca entendi por que só existia o Dia dos Mortos. E o Dia dos Vivos? Na época eu não sabia que uns e outros eram exatamente os mesmos.
    Desde pequeno, meu pai me levava a passear no cemitério. Era um lugar calmo, silencioso, ideal para a meditação. Mantivemos esse hábito durante muitos anos. Só não íamos no Dia de Finados, porque ficava muito cheio de gente.

    Jamais tive medo de cemitério. Hoje em dia tenho. Culpa dos vivos que tomaram conta desses locais. Drogados, traficantes, assaltantes, ladrões, vagabundos e os exploradores que armam suas barracas e "achacam" os pobres coitados que pretendem visitar seus entes queridos que estão em outro plano. Uma lástima. Quero parabenizá-lo, Edward, por esse belo artigo e envio também meus sentimentos a família do francano falecido, esposo da presidente do grupo Magazine Luiza.
    Um abraço,

    Eurípedes Sampaio - Jundiaí - SP.

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  14. Bom Edward, já que hoje é Dia de Finados, tenho uma coleção de crendices e superstições com a morte. Para descontrair é bem engraçado:

    • Não se deve chorar a morte de um anjinho, pois as lágrimas molharão as suas asas e ele não alcançará o céu.

    • Homem velho que muda de casa, morre logo.

    • Quando a pessoa tem um tremor, é porque a morte passou por perto dela. Deve-se bater na pessoa que está próxima e dizer: Sai morte, que estou bem forte.

    • Acender os cigarros de três pessoas com um fósforo só, provoca a morte da terceira pessoa. Outra versão: morrerá a mais moça dos três fumantes.

    • Derrubar tinta é prenúncio de morte.

    • Quando várias pessoas estão conversando e param repentinamente, é que algum padre morreu.

    • Perder pedra de anel é prenúncio de morte de pessoa da família.

    • Quando uma pessoa vai para a mesa de operação, não deve levar nenhum objeto de ouro, pois se tal acontecer, morre na certa.

    • Não presta tirar fotografia, sendo três pessoas, pois morre a que está no centro.

    • Não se deve deitar no chão limpo, pois isso chama a morte para uma pessoa da família.

    • Quando pessoas vão caçar ou pescar, nunca devem ir em número de três, pois uma será picada por cobra e morrerá na certa.

    • Quem come o último bocado morre solteiro.

    • Se acontece de se ouvir barulho à noite, em casa, é que a morte está se aproximando.

    • Quando morre uma pessoa idosa, morre logo um anjo seu parente (criança) para levar aquela para o céu.

    • Defunto que está com braços duros, amolece-os se pedir que assim faça.

    • Defunto que fica com o corpo mole é indício de que um seu parente o segue na morte.

    • Quando o defunto fica com os olhos abertos é porque logo outro da família o seguirá.

    • Não se deve beijar os pés de defunto, pois logo se irá atrás dele, morrendo também.

    • Na hora da morte, fazer o agonizante segurar uma vela para alumiar o caminho que vai seguir.

    • Água benta ou alcânfora temperada na pinga joga-se com um galho de alecrim, sobre o defunto.

    • Quando uma pessoa jogar terra sobre o defunto na cova, deve pedir ao mesmo que lhe arranje um bom lugar no além. Se ele for para um bom lugar, arranjará; se para um mau quem pede está azarado. Bom é pedir lugar para o cadáver de um anjinho, pois este sempre vai para um bom lugar.

    • Não se deve trazer terra do cemitério quando se volta de um enterro, pois ela traz a morte para a casa.

    • A pessoa que apaga as velas após a saída do enterro morrerá logo. É bom colocar perto do caixão do defunto um copo d’água benta.

    • Não presta ver muitos enterros, pois com isso se chama a morte para si.

    • Quando passa um enterro, não se deve atravessar o acompanhamento, pois isso traz a morte para pessoas da família. Bom é acompanhar o enterro.

    • Não presta acender só três velas para defunto; deve-se acender quatro.

    Aí estão as dicas, se cuidem!

    Miguel Falamansa - Botucatu - SP.

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  15. Olá Ana Paula, muito obrigado pela informação. Acabo de checar e confere. Infelizmente o empresário Erasmo Fernandes faleceu hoje Dia de Finados, no rancho da família. Erasmo eu conheço há muitos anos. Nunca esteve envolvido com a Rede de Lojas do Magazine Luiza. Tocava seu negócio próprio, o último deles um posto de gasolina no Bairro da Estação, que acabou vendendo. Sua esposa sim, é hoje a comandante de todo esse grupo poderoso, uma vez que sua tia, também Luiza, fundadora do império, está com idade avançada e encontra-se afastada. Lamentável acontecimento, cuja repercussão poderá ser acompanhada nesta terça-feira nas página do Jornal "O Comércio da Franca". Meus sentimentos a família enlutada.

    Abraços...

    Edward de Souza

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  16. Boa noite Edward, belíssimo texto, meus parabéns. Shakespeare diz que é por medo da morte, dessa fatal viagem para o País desconhecido de onde ninguém jamais voltou que suportamos a angústia do amor desprezado, a morosidade da lei, o orgulho dos que mandam, o desprezo que sofremos dos indignos… Quem carregaria suando o fardo pesado da vida se não fosse o temor da Morte?

    Também para descontrair, Edward, vou contar uma historinha que ouvi quando criança. Um homem tornou-se compadre da Morte, e o trato era que, quando ela resolvesse buscá-lo, mandaria um aviso para que ele pudesse se preparar, tomando as providências para deixar os negócios em ordem. Anos depois o aviso chegou. O homem se apavorou e na manhã da Morte chegar, ele estando morto de medo, a esposa, muito criativa, disse; “Se avexe não, Fulano. Vista uma roupa velha, vá lá pra junto do fogão, se lambuse todo de carvão, fique de cabeça baixa atiçando o fogo e deixe a Comadre Morte comigo.”

    E assim ele fez. Daí a pouco, quando a Morte chegou e perguntou pelo Compadre a mulher falou que ele tinha tido um chamado urgente e que tinha viajado às pressas: não estava ali. A Morte ficou chateada. “Mas é danado mesmo!” disse. “Eu vim de tão longe pra esse compromisso com o Compadre e ele me faz uma desfeita dessas! Tem nada não. Pra não perder a viagem, vou levar aquele preto velho que está ali, junto do fogão…”

    Beijinhos...

    Bruna - Universidade Federal de Juiz de Fora/MG

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  17. Bom dia, Edward.
    O título dessa matéria sua diz tudo. Com os mortos não tem porque nos preocuparmos, mas com os "vivos", principalmente os de Brasília, é preciso ficarmos espertos. Na verdade, o Brasil está cheio de "vivaldinos", cuja maior especialidade é mexer em nossos bolsos.
    Eu estava curtindo o feriadão em outras plagas e só agora pela manhã pude vir ao blog.
    Muito boa sua matéria, parabéns!
    Bjos,

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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