sábado, 27 de junho de 2009

PERERECA BUROCRÁTICA
NA ESTRADA
*
GUIDO FIDELIS
***
Eis que de repente, para espanto geral, surge no meio da estrada em construção, como se fosse um fantasma saído das profundezas infernais, uma solitária perereca. Os trabalhadores encarregados da obra de construção da rodovia destinada a facilitar o escoamento da produção agroindustrial e o fluxo de turistas entre Brasil e Argentina, ficam assombrados com a súbita aparição.
Paralisados os serviços, renomados técnicos são convocados para solucionar o complexo problema. Mestres, doutores e especialistas em questões ambientais promovem reuniões, realizam simpósios, debruçam-se sobre a misteriosa origem da perereca.
Após muitos e muitos demorados debates concluem que não se trata de alienígena, provindo de um planeta perdido no universo, desembarcado de um objeto voador não identificado, apesar do pequeno porte e de possuir dedos terminados em ventosa, além de membrana elástica.
A fim de dirimir dúvidas e possibilitar o fim do terrível impasse, chegam intérpretes e investigadores, convocados de todas as partes do mundo. Interrogado com técnicas modernas de investigação, o anfíbio anuro, da família Hylidae, não responde às perguntas que lhe são dirigidas em inglês, francês e espanhol. Talvez seja uma perigosa perereca espiã, chegada da Rússia, da China ou do Paquistão com a missão de verificar nosso programa nuclear.
O tempo flui sem que se chegue a uma conclusão. Dirigentes de órgãos governamentais entram na discussão, bem como representantes de organizações não governamentais que defendem a preservação da flora e da fauna e que sonham com uma volta ao passado, quando bastava uma trilha para caminhar à pé ou montado num vistoso cavalo.
Sob sol e chuva os trabalhadores aguardam ordens, muitos são demitidos para diminuir custos operacionais. Máquinas enferrujam ao longo dos canteiros, trechos concluídos sofrem desgaste, deterioram, precisam ser recompostos. Prejuízos se acumulam diante da longa paralisação imposta pela burocracia sem limites.
Milhares de pesquisas são realizadas com a finalidade de descobrir se a perereca pertence a algum ramo em extinção e se deriva de alguma sub-família brasileira ou argentina, já que ela se colocou, como obstáculo, na rodovia de ligação entre os dois países, obrigando os trabalhadores a recuarem como se fossem militares que batem em retirada diante da iminente vitória inimiga na batalha que se trava.
Muitos tratados são escritos, centenas de artigos merecem publicação em revistas especializadas de universidades. O enigma persiste. Decorridos sete meses, o veredicto final é dado, uma sentença esclarecedora: a perereca não corre risco de extinção, pode ser removida para o seu habitat.
Inicia-se, então, nova etapa de reuniões para decidir o tipo de remoção mais indicado. Uma carruagem real puxada por belos animais? Um recipiente de ouro para oferecer-lhe conforto de deputado?
Súbito, um assessor do assessor, olhos lacrimejantes, aproxima-se e pede aparte. Diz, com voz embargada: “Trago uma triste notícia para a comunidade científica. Apesar de todos os cuidados, a perereca morreu. Quer que providencie um enterro de luxo? Antes, temos de verificar o impacto ambiental da abertura de uma sepultura na mata. Vamos debater a questão.”
____________________________________________________________
*Guido Fidelis, jornalista, escritor cosmopolita, sensato, pé no chão, também advogado é outro dromedário da imprensa paulista. Ex-Última Hora, Diário do Grande ABC, A Nação e A Gazeta, sua pulsante literatura deixa pouca dúvida a respeito de suas preferências: drama policial com um aroma decididamente neonaturalista. Realmente, sua floresta urbana São Paulo é, mais frequentemente do que não, comprimida em um gênero ainda considerado opressivo. Guido Fidelis tem mais de uma dúzia de livros publicados. A última obra de Fidelis, Corredeiras do Tempo (Rapids of Time), mostra uma propensão marcante para a abstração acima da ação. Ao invés de policiais e ladrões, o leitor se encontra imerso em atmosferas densas caracterizadas por uma forte ênfase no simbolismo. No final, a narrativa filosófica de Guido Fidelis chega através de curtas-metragens, ricos em lirismo e um prazer para ler.
Visite o blog de Guido Fidelis: http://guifidel.blogspot.com/
______________________________________________________________________

40 comentários:

  1. Bom dia amigos (as)

    Conheço Guido Fidelis desde os anos 70, quando comecei em jornal na Região do ABC Paulista. Sua esposa, Virgínia Pezzolo, também jornalista, advogada e bacharel em Ciências Sociais, foi diretora de redação do Jornal O Repórter, de Santo André, onde eu exercia a função de Editor de Polícia. Nessa época, quando Guido visitava a esposa no jornal, eu o conheci. Não trabalhamos juntos, infelizmente, os anos se passaram e ficamos distantes.

    Quis o destino que nos encontrássemos muito tempo depois, graças ao milagre da informática. Passamos a trocar e-mails, colocando em dia todo o nosso passado. Guido passou a me incentivar a escrever contos, atividade que exercia às escondidas, diria para passar o tempo. Escrevi alguns, na metade dos anos 70, que foram publicados no extinto jornal Notícias Populares, mas tinha ficado nisso. Apresentado pelo Guido à direção da RG Editores, de São Paulo, participei de quatro edições da série “O Conto Brasileiro Hoje”, sucesso literário no País, onde grandes nomes de nossa literatura ali desfilam, entre eles o próprio Fidelis e sua filha Lara, outra brilhante jornalista.

    Estava escrito nas estrelas que Guido Fidelis continuaria presente em minha vida, incentivando-me a prosseguir e lançar um livro solo, quase pronto e prestes a ser editado. Conselheiro, amigo de todas as horas, Guido lê todas as colunas que escrevo no Jornal Comércio da Franca e é sempre o primeiro a opinar, com elogios quando ele acha que devem ser feitos e com críticas construtivas sempre que necessárias.

    Ontem cobrei a participação do Guido nesse blog. Intimei-o a me enviar um conto para ser postado aqui. Em menos de 30 minutos eu estava com a dificil incumbência de escolher um, entre três que chegaram. E com o recado do Guido: “se não gostar, jogue no lixo”. Santo Pai! Iria eu cometer esse pecado? Seria excomungado pelos Deuses da Literatura caso ousasse cometer tamanho despropósito. Depois de ler e reler os três contos enviados havia optado para editar no blog “O Assalto”, engraçado e satírico, mas desisti na última hora porque também gostei desse que vocês estão lendo agora. Até porque, mexer nesse cancro que domina a humanidade, a burocracia, dessa forma irônica, só mesmo um mestre das letras como Guido consegue.

    Obrigado meu irmão, seja bem vindo ao blog onde todos aqui nutrem por você admiração e respeito,

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  2. Ôi Guido, adoro contos.
    Esse tem muito a ver com nosso Brasil, até a perereca que o ilustra, legítima verde amarelo.
    Muito legal,
    Bjos...

    Tatiana - SBC - Metodista

    ResponderExcluir
  3. Elisa G. Pinheirosábado, 27 junho, 2009

    Foi realmente uma grata surpresa ler hoje no blog do Edward o escritor Guido Fidelis, conhecido de todas nós estudantes de jornalismo. Escreve divinamente bem. Esse conto sobre a burocracia, que nem uma perereca resiste tanta enrolação e acaba morrendo, é de matar de rir. Sabe Guido, Foi através de contos e crônicas que eu me apaixonei pela literatura e decidi fazer Letras.
    Escreva sempre, Guido, nos dê essa alegria, por favor!!!

    Elisa G. Pinheiro - Santo André - SP.

    ResponderExcluir
  4. Ôi Guido, vc nos deu um presentão nessa manhã de sábado, nos brindando com esse conto super engraçado e satírico. Normalmente, os contos e crônicas são a porta de entrada ao mundo da literatura. Realmente é uma "área" fantástica e gostosa de ler. Acho que vem daí a identificação do público.
    Obrigada,
    Bjos,

    Priscilla - Cásper Líbero - SP.

    ResponderExcluir
  5. Guido Fidelis, seu conto (sensacional) espelha com uma visão de falcão a realidade do que acontece neste tão judiado Brasil.
    Ao contrário de outros países de primeiro mundo, que conseguem nos dias de hoje, aliar o meio ambiente com o progresso de maneira rápida, aqui as pererecas são abundantes demais, não só atrasando obras de importância vital, como multiplicando os custos iniciais, para a locupletação de indivíduos gananciosos.
    Lindo, oportuno e didático.
    Obrigado

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

    ResponderExcluir
  6. Como vc escreve fácil e gostoso, Guido. Eu adoro esse tipo de literatura. Contos, contos, contos.... Sou viciada e a cada dia fico mais doente para ler todos ao meu alcance! rsrsrsrs Bom demais!!!
    PS: como faço para adquirir seus livros de contos, Guido? Vc ou o Edward poderiam me passar um endereço onde posso achá-los pra comprar?
    Obrigada e um bom final de semana,

    Gabriela - Cásper Líbero - São Paulo

    ResponderExcluir
  7. Professor João Paulo, bom dia!
    Eu também aprecio os seus comentários, são muito inteligentes por sinal.

    Senhor Guido, se você for fazer um retrospecto da história da humanidade, o senhor vai ver que as pererecas sempre foram motivos de escândalos.
    Nós homens não damos o devido valor nas pererecas.
    Em contra partida, elas se revoltam nos transformando em escravos.
    Em nome delas cometemos os mais absurdos atos de intolerância vil.
    Ultimamente as pererecas estão mais saidinhas, se não tomarmos cuidado, as pererecas vão dominar o mundo!
    O PT está fazendo um complô para colocar uma perereca na presidência, graças ao Sarney, que não acha graça mais em pererecas, é que esse plano pode ser minado.

    Padre Euvidio.

    ResponderExcluir
  8. Olá Guido Fidelis, eu também adoro ler. Gosto muito de contos e crônicas. Caso vc dê a dica que a Gabriela pediu, sobre onde encontrar seus livros, também vou querer comprar, adorei seu estilo irreverente, além de um texto excepcional. Atualmente estou lendo o livro "100 Crônicas", do Mário Prata. Ele também, como vc, é muito engraçado...
    Beijinhos e bom fim de semana!!!

    Thalita - Santos - (Unisantos)

    ResponderExcluir
  9. Bom dia Senhor Guido Fidelis,
    Aprendi a ler com 3 anos de idade e me apaixonei de vez pela literatura com Julio Verne. Apesar de amar ler e viver no mundo das artes e livros, a única serie que eu gostei foi As Brumas de Avalon. Atualmente fiquei vidrado em contos e compro todos que vejo. É uma leitura fácil, descontraida. Esse seu conto de hoje me cativou pela forma irônica em que foi abordado, dando um tapa de pelica nessa tola burocracia brasileira.
    Parabéns, o senhor é um grande escritor! Tem o dom, gostei muito.
    Abçs,

    Juninho - Ribeirão Preto - SP.

    ResponderExcluir
  10. Ôi Sr. Guido Fidelis, sou vidrada em contos, principalmente escritos por um mestre como o senhor. Era isso que faltava ao blog do Edward. Aqui se escreve de tudo, faltavam os contos. Maravilha,

    Tânia Regina - Joinville

    ResponderExcluir
  11. Laércio H. Pintosábado, 27 junho, 2009

    Prezado Guido Fidelis, conto era mesmo o que faltava à esse blog perfeito do Edward e sua turma. Escrito por um profissional experiente como você certamente será um sucesso garantido. Nada melhor que contos. Você se prende e não consegue parar de ler. Não nos prive dos seus, por favor. Vai ter em mim um seguidor de carteirinha.
    Abraços,

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

    ResponderExcluir
  12. Amigo Guido Fidelis, na sua narrativa aqui exposta, o amigo afirmou que esse caso da pereréca, passou-se aqui no Brasil, e como sabemos, no Brasil TUDO é possivél.
    De que adiantou convocarem especialistas em pereréca do mundo inteiro para resolverem a questão de tal anfibio anuro , e deixaram-na morrer ??
    Éra mais fácil convocar um cérto Presidênte (barbudinho), e pedir-lhe para dar um beijo na tal pereréca (do conto), que num instantinho ,devido ao seu bafo a mesma se transformaria na mãe do PAC, e assim estariam resolvidos todos os problemas do Brasil e a tal rodovia continuaria em óbras, porém agóra sob a supervisão da pereréca transformada em uma simpática senhora, graças a bondade e a inteligência dáquele Presidênte barbudinho.
    Facil assim !!
    Abraços Edward,abraços,Guido Fidélis,parabens pela perer..(ops) digo pela narrativa abraços aos amigos do Blog, e um bom final de semana a todos.
    Admir Morgado
    Praia Grande SP

    ResponderExcluir
  13. Olá Guido, que delícia ler esse seu conto, com gostinho de quero mais, pode ter certeza.
    Só não gostei do Padre Euvídio hoje. Está discriminando as mulheres, coisa feia, sêo padre!
    Existem muitas mulheres competentes em nossa política, muitas delas no Poder e governando bem seus países. Aqui pertinho tem uma, na Argentina. Outra coisa, Padre. Que eu saiba, homens de saia como o senhor não podem nem pensar em pererecas como essas que idealizou em sua mente doentia. Relatos recentes de jornais dão conta que inúmeros padres estão se relacionando com "sapinhos", todos menores de idade. Se cuide pra não pegar "sapinho", caro Padre!

    Yara Martinez - Diadema - SP.

    ResponderExcluir
  14. Ôi Guido, amei o conto, dei boas risadas.
    Beijos...

    Daniela - Juiz de Fora/MG

    ResponderExcluir
  15. Cara irmã Yara, você só reforçou a minha tese, de que as pererecas estão dominando o mundo.

    O maior problema não é as pererecas dominarem o mundo, e sim, sermos dominados por elas.

    Sou padre, mas não estou morto, quem gostava de sapinhos era o “Michael Jackson”.

    Padre Euvidio.

    ResponderExcluir
  16. Olá amigos...
    A chegada do professor Guido Fedelis neste espaço, simplesmente nos enche de orgulho por estar próximo, mesmo que virtualmente, deste estraordinário escriba. Temos muito que ler e aprender com mais um mestre aqui ao lado. Benvindo Guido.

    Padre, padre... onde buscastes tantos conhecimentos e informações sobre utilidade ou inutilidade da coitada e inofensiva (ou não ?) perereca. Confessa padre Euvideo, confessa.
    Valeu Edward, sua insistência pela vinda do Guido, lhe redime dos outros pecados capitais, como, por exemplo, devorar um frango por dia. Mas ainda existem outros.

    Abraços
    Oswaldo Lavrado -SBCampo

    ResponderExcluir
  17. Queridas amigas e amigos, meu velho companheiro Guido Fidelis: um imenso e caloroso abraço! Extensivo à Virginia e Lara, que como você enriqueceram muitas das edições que coordenei no Diário do Grande ABC. Como editor-chefe do jornal, tive a honra de tê-los como colaboradores e a querida Lara como brilhante repórter e depois editora no IOB Negócios. Parabéns pelo conto impregnado de ironia sutil, escrito com leveza e sensatos pés no chão, como você diz. É uma felicidade tê-lo aqui, como é também uma felicidade ler tantos comentários elogiosos a você e ao seu conto. Volte sempre!
    Beijos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  18. Motta! Motta! Sabe qual a primeira coisa que o Michael Jackson disse a hora que ele chegou no céu?
    — Cadê o menino Jesus?
    Padre Euvidio.

    ResponderExcluir
  19. O que é , o que é, anda pra trás, muda de cor e como criancinha ?
    Padre Euvidio.

    ResponderExcluir
  20. Ôi pessoal, sou devoradora de livros e adoro o de contos. Esse de hoje foi o máximo, Legal...
    Bom domingo pra todos vcs,

    Maria Paula - Curitiba

    ResponderExcluir
  21. Aqui no Brasil a burocracia começa quando vc nasce e não termina nem quando vc morre. Caso da perereca... Gostei, Guido Fidelis. Um retrato da nossa Pátria.

    Ana Paula - Franca - SP.

    ResponderExcluir
  22. sr fidelis seu conto é muito bom e oportuno a realidade da politica atualmente no BRASIL. muito bom. e quero dizer que apóio o padre euvidiu em tudo que falou sobre o partido das maiores pererécas que esse pais já viu.

    um brasileiro - chapada dos viadeiros.

    ResponderExcluir
  23. Olá Guido, dei boas risadas lendo seu conto. Ótimo.

    Um abração,

    Reginaldo - São Paulo - SP

    ResponderExcluir
  24. Desculpe amigo Edward pelo abuso, mas sei do seu caráter e vai concordar. Passem adiante informação da Folha de S.Paulo desta sexta, dia 26/06: entre as muitas nomeações no Senado de familiares e outros membros do escandaloso clã Sarney, todos com belos salários (pagos por nós), existe uma mulher que mora... Na Espanha!!!
    Sem mais comentários.
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  25. José Fagundes Nettodomingo, 28 junho, 2009

    Absurdo, Milton Saldanha, o que ocorre no Brasil. Mas são sempre os mesmos. Pior, sempre do Norte-Nordeste comandando os destinos do País. Nós, paulistanos, trabalhamos para engordar essa ralé.
    Abraços...

    José Fagundes Netto - São Paulo - SP

    ResponderExcluir
  26. Viva! A chegada do Guido Fidelis enriquece e amplia o prestígio deste Blog. Parabéns, Guido, pela bela crônica: queremos mais!
    Convença a Virginia e a Lara a também escreverem. É a diversidade de assuntos e a intensa participação dos leitores que fazem o sucesso aqui.
    Padre Euvidio: melhor é ficar com nossos vinhos, não é mesmo? Esse negócio de coquetel de remédios é muito perigoso. Quanto às pererecas, sejam todas bemvindas e louvadas!
    Pessoal, sabiam que nos destroços do avião da Air France encontraram dois vivos? Sim, e também 3 Claro e 2 Tim. Bom domingo a todos!

    Abração,

    édison motta
    Santo André, SP

    ResponderExcluir
  27. Um conto muito bem escrito, de criatividade. Muito engraçado, legal Guido!

    Bom domingo,

    Marcia - São Bernardo

    ResponderExcluir
  28. Queridas amigas e amigos: reli hoje com prazer o conto do Guido Fidelis, de personalidade reclusa, não frequenta nossos debates apaixonados e acalorados. Já eu, confesso, adoro isso, porque sinto a vida pulsando. Talvez eu seja até um pouco viciado em adrenalina (e felizmente sou contra e não sou escravo de drogas), é um outro tipo de sensação, que explica também na dança minha paixão pelo tango, que pratico intensamente, e é impossível de fazer bem e bonito sem forte sentimento. Mas voltando ao assunto, desculpem a divagação, o final do conto foi o que mais me deixou pensando. E nem foi a morte da pobre Perereca, a natureza vítima da tecnologia, ainda que necessária, mas a lembrança do impacto ambiental. Fiquei com isso na cabeça e de repente me dei conta do motivo: há poucos dias, voltando de uma viagem, o avião fez um sobrevoo sobre as obras do anel viário. Sempre li sobre esse debate nos jornais, mas vendo, ao vivo, é completamente diferente. Fiquei impressionado com o estrago que está fazendo e que ainda vai gerar no nosso já diminuto cinturão verde. Quantos bichinhos, de todos os tipos, não só inocentes pererecas, estão e vão perecer. Quantas árvores centenárias derrubadas. Clareiras imensas, onde rodam tratores gigantescos. Caramba, tudo isso pelos veículos automotores, em detrimento da vida e da qualidade do nosso oxigênio, das águas do entorno da cidade, do bem-estar e da preservação. Quando aquilo estiver pronto, e a cidade avançando no entorno, em menos de 30 anos, se tanto, não haverá mais uma única árvore em pé. Permitam-me lamentar já, porque até lá certamente não estarei mais neste mundo para fazê-lo.
    Beijos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  29. Bom demais!

    Boa semana pra vc.

    Bjs

    ResponderExcluir
  30. O. Lavrado, vou confessar a você, por que eu entendo tanto de perereca.
    A perereca é um anfíbio anuro da família Centroleniade. São assim chamadas de perereca por que elas vivem em cavernas, sem contacto com a luz do sol.
    Eu estudo as pererecas desde a idade de cinco anos, quando tive o primeiro contato com a perereca da minha prima.
    A minha prima criava uma perereca que chamava Cacilda.
    A perereca da minha prima gostava muito de carinho, e eu ficava horas e horas, alisando a perereca da minha prima.
    Certo dia a Cacilda sumiu, eu chorei muito, pois estava acostumado fazer carinho na Cacilda.
    Desde que a perereca da minha prima sumiu, eu nunca mais quis ficar sem uma perereca, ai eu brincava com a perereca da vizinha.
    Fizeram até uma musica para a perereca da vizinha, que era mais ou menos assim, “a perereca da vizinha ta presa na gaiola, chô perereca, chô perereca”.
    Às vezes quando eu vou ao convento dar aula de português para as irmãs, eu também costumo brincar com as pererecas dela.
    Parece mentira, mais lá no convento a maioria das irmãs, também criam pererecas.
    Lá tem pererecas de todo o jeito. Tem pererecão, pererequinha, perereca lisa, perereca enrugada, tem pererecas pra dar com pau.
    Eu acho muito bonito o ato de criar pererecas, elas também são filhas de deus.
    Meu caro amigo O. Lavrado espero ter correspondido à altura dos seus anseios, por saber da minha cultura a respeito das pererecas.
    Caso não fui muito explicito prometo estar a sua inteira disposição, para lhe passar os meus conhecimentos pererecais.
    Uma coisa é certa, a primeira perereca a gente nunca esquece, a perereca da minha prima está ate hoje na minha cabeça.
    Que saudades da Cacilda!!!

    Padre Euvidio

    ResponderExcluir
  31. Maravilhoso conto do Guido Fidelis a demonstrar o pesadelo que é a burocracia. Formato perfeito e história primorosa. Compareça sempre, prezado colega!

    ResponderExcluir
  32. Oi Edward.

    Ótima escolha esse conto do Guido. Mas o mais importante não foi a morte da pobrezinha da perereca, nem a questão da construção de uma rodovia ou mesmo o pesadelo da burocracia e todas as tentativas e discussões sobre a origem do anfíbio, mas o impacto ambiental com a construção de uma cova para a coitadinha da perereca.
    É Brasil! :-)

    *******



    UMA EXCELENTE SEMANA PARA VOCÊ!!!



    ♥.·:*¨¨*:·.♥ Beijos mil! :-) ♥.·:*¨¨*:·.♥





    http://brincandocomarte.blogspot.com/

    ___________________________________

    ResponderExcluir
  33. Olá Edward!
    Belo blog, adorei,
    Eu ainda não conhecia. Já é sucesso, com certeza
    Já foi devidamente 'favoritado' e vou explorá-lo com calma para aproveitar bem o conteúdo.
    Gosto muito do jornalismo sério e polêmico.
    Estou muito feliz por vc ser um dos meus amigos e leitores.
    Parabéns e obrigada

    Abraço

    ResponderExcluir
  34. Queridos Edward e amigos


    Fiquei honrada com tantos comentários elogiosos ao trabalho de meu pai. Corujice de filha à parte, o texto dele é realmente maravilhoso. Crescer cercada por seus contos, crônicas e romances fez com que eu também seguisse o caminho das letras e me tornasse viciada em literatura.

    Para quem não sabe, o Guido tem um blog onde escreve seus pensamentos. Fica em http://guifidel.blogspot.com/

    Alguns de seus livros podem ser encontrados no site da RG Editores: http://www.rgeditores.com.br/

    Obrigada a todos pelo carinho! Papai também ficou muito feliz e em breve comentará aqui.

    Lara Fidelis
    Jornalista, escritora e filha do Guido Fidelis

    ResponderExcluir
  35. Ana Célia de Freitas.segunda-feira, 29 junho, 2009

    Olá Guido e amigos do blog...
    Adoro contos, e esse é a cara do nosso querido Brasil.
    Esse por sua vez, muito bem contado, de uma maneira hilária.Parabénsssssssss.
    Ana Célia de Freitas. Franca/SP.

    ResponderExcluir
  36. Foi emocionante passear pelo blog do Edward e constatar que ainda se lê no Brasil e que há pessoas entusiasmadas com a literatura. Faz com que se renove a esperança de quem escreve e a certeza de que não se pode esmorecer, que o caminho é difícil, mas que é preciso continuar. Assim, vamos em frente, prosseguir na tarefa de transpor para as palavras sentimentos, emoções, revelar, muitas vezes, a realidade que se esconde à sombra da ficção. Meus agradecimentos aos amigos, conhecidos e todos os leitores. Coloco-me à disposição, entrem em contato. Aqueles que desejarem algum livro anterior falem comigo. Não é comercial de autor, mas apenas a sinceridade de cultivar o jardim formado pelos que ainda amam a língua pátria, apesar das alterações imbecis. Obrigado e abracíssimos a todos.

    ResponderExcluir
  37. caro dwardesouza eu lisua historia de isquesi não miapresentei meunome é isaque das gomes porque voce não aparese undia deses nais escola para nos conversa aqui é legau aqui voce podebrincar opesuau da iscola

    ResponderExcluir