terça-feira, 28 de abril de 2009

LULA: PRÍNCIPE DA ABERTURA DE GOLBERY

Édison Motta
*
INÉDITO
NOS BASTIDORES DAS GREVES

Abertura política lenta, gradual e segura. Com este mote, o general Ernesto Geisel assumiu a presidência da República em 15 de março de 1974. Sucedeu ao general Emilio Garrastazu Médici, em cujo governo – 1969 a 1974 – ocorreu a maior repressão àqueles que eram considerados inimigos da “revolução”, ou seja, do golpe militar que em 1964 destituiu o presidente João Goulart.
A maior dificuldade de Geisel para devolver o país ao regime democrático não se encontrava no mundo exterior à caserna. Seus maiores oponentes eram integrantes da outra ala militar conhecida como “linha dura”. Geisel, amigo próximo de outro general, Golbery do Couto e Silva, criador do Serviço Nacional de Informações e Chefe da Casa Civil durante seu governo, fazia parte do grupo que se uniu em torno do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco no movimento “revolucionário” de 1964. Este agrupamento conspiratório era conhecido como pessoal da “Sorbonne”. Pessoas com formação intelectual e afeitas ao regime democrático mesmo que, para assegurá-lo, fossem necessárias medidas profiláticas baseadas na força das armas.
Ao retirar o poder de Goulart, os militares pretendiam – como se anunciou à época – fazer uma “limpeza” na vida pública do País, afastando a tendência de incorporação do Brasil ao movimento comunista internacional – durante os anos da “guerra fria” – ao qual Goulart mostrava-se simpático. Pretendiam, também, combater a corrupção e encerrar a carreira de políticos populistas que, com uma mão acenavam para o povo e, com a outra, locupletavam-se dos cofres públicos.
Os governos anteriores de Arthur da Costa e Silva (1967-1969) e Médici haviam se encarregado da “faxina”. Desmontaram a estrutura sindicalista criada por Getúlio Vargas, pelo seu Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB e incorporada, na clandestinidade, pelo Partido Comunista Brasileiro além de outras facções simpáticas ao comunismo internacional. Centenas de líderes de trabalhadores foram presos, interrogados e tiveram seus mandados cassados. A partir do Ato Institucional nº. 5, que deu plenos poderes autoritários ao presidente da República, a prioridade dos governos Costa e Silva e Médici foi desmontar a máquina de entidades com fachada trabalhista que quase conseguiu, com Goulart, instalar uma república sindicalista no País.
Em 1974 Luis Inácio da Silva, chamado pelos amigos por Lula, era diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Conheci-o nesta época na condição de correspondente do Jornal do Brasil no ABC e editor do Diário do Grande ABC.
O sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo sofrera uma intervenção no período anterior a Lula. Afastados os comunistas, elegera-se Paulo Vidal o homem que, efetivamente, deu um grande impulso à construção do novo sindicalismo do qual Lula seria mais à frente, como seu sucessor, o grande beneficiário. Paulo Vidal, assim como Lula, nunca foi comunista. Ao contrário, exigia que somente os trabalhadores sindicalizados votassem nas assembléias e, para tanto, exigia que os presentes apresentassem o documento – carteira sindical – que os habilitassem.
Através do governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins, o “mago” da ditadura – general Golbery - procurava abrir portas para o processo de abertura anunciado por Geisel. Nos bastidores, longe dos holofotes da imprensa – que, aliás, vivia sob censura – Paulo Egydio “costurava” relações com os diversos setores da sociedade civil, inclusive com Paulo Vidal. No meio deste processo, quando os entendimentos entre o representante do regime e o dos trabalhadores amadurecia, um fato novo muda o rumo da história: a empresa à qual Paulo Vidal era vinculado mudou-se para Mauá. Estava fora, portanto da abrangência territorial do sindicato de São Bernardo e Diadema. Num só golpe, perpetrado sabe-se lá por quem além dos donos da metalúrgica, os entendimentos entre Egydio e Paulo Vidal caem por terra. Impõe-se a necessidade de eleger um novo presidente para o sindicato. Lula, a esta altura um cativante companheiro de diretoria, foi indicado para compor a chapa de novos diretores. Não como presidente, porque tal função deveria ser exercida por um outro diretor, mais antigo, conhecido por “Lulinha”. Mas eis que o destino prega suas peças e Lulinha morre, num acidente automobilístico, dias antes da eleição. De última hora, reúnem-se os diretores e indicam Luiz Inácio para a presidência, com o compromisso de que, durante o próximo mandato, Lula – que praticamente nada entendia de política sindical – seria assessorado por Paulo Vidal. A eleição acontece e Lula toma posse como presidente numa cerimônia que conta com a participação do governador Paulo Egydio Martins. Os entendimentos de Paulo Egydio prosseguem com Lula. O governador faz a doação de um grande terreno, em São Bernardo, para construção de um clube de campo dos metalúrgicos e cede, também, uma imponente colônia de férias, no Guarujá, anos depois assumida pela associação de funcionários do Banespa. O autor deste relato acompanhou, pessoalmente, todos esses episódios. E mais: criou, no Diário do Grande ABC, uma coluna denominada “movimento sindical” onde apareceram, juntamente com matérias do Jornal do Brasil, as primeiras linhas publicadas na imprensa sobre o dirigente sindical, hoje presidente da República.
Em 1978, Lula e a diretoria do sindicato é colhida de surpresa por um movimento espontâneo, liderado pelo então sindicalista Gilson Menezes, que entra na fábrica de caminhões Scania, em São Bernardo e cruza os braços. O movimento chama a atenção de toda a imprensa, do país e do exterior de vez que as greves estavam terminantemente proibidas pelo regime militar. Rapidamente, na medida do possível, os diretores do sindicato assumem o comando do movimento, negociam com a empresa e conseguem uma espetacular vitória, com aumento de salários e sem demissões. O restante do ano de 1978 e o começo de 1979 são dedicados à preparação daquela que seria conhecida como a principal greve do movimento trabalhista do país: a dos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema que reuniu multidões no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo.
O estádio de futebol foi cedido pelo prefeito Tito Costa, do PMDB, a pedido de Lula, com intensa participação do autor deste relato, então assessor do prefeito e correspondente do JB. Uma decisão corajosa de Tito Costa que afrontava a “linha dura” do regime militar, mas que acabou consentida pelo presidente Geisel. Foi do palanque armado pela Prefeitura na Vila Euclides que Lula projetou-se para o Brasil e para o mundo. Naquela época, a imprensa internacional dava destaque a dois personagens: Lech Valeska e o seu sindicato solidariedade liderando uma greve no estaleiro de Gdansk, Polônia e ao pernambucano Lula da Silva, em São Bernardo.
A greve de 1979 durou 14 dias. No final, metalúrgicos e Fiesp assinaram um acordo que rendeu significativo aumento salarial aos trabalhadores e reverteu a demissão dos líderes. Um movimento vitorioso: para os trabalhadores que conseguiram seus objetivos – embora muitos desejassem mais – e para criação do caldo de cultura da greve de 1980, que durou 41 dias. Este último, um movimento predominantemente político. Que provocou intervenção no sindicato, prisão de Lula, dos diretores da entidade e serviu para ampliar a visibilidade de Lula e para a formação do Partido dos Trabalhadores que tanto interessava a Golbery e ao pessoal da “Sorbonne”. O “bruxo” conseguiu matar dois coelhos com uma só cajadada: criou o pluripartidarismo, dividiu as oposições até então encasteladas no Movimento Democrático Brasileiro, MDB e construiu o principal obstáculo para impedir a chegada de Leonel Brizola – o principal inimigo da “revolução” - ao comando da República. Dez anos depois, em 1989, Lula - e não Brizola, que ficaria em terceiro lugar no primeiro turno - disputaria o segundo-turno das eleições presidenciais.
O primeiro de maio de 1979, comemorado no Paço Municipal de São Bernardo do Campo, com a presença de Lula, D.Cláudio Hummes, Vinicius de Moraes, artistas, intelectuais, estudantes e trabalhadores foi, sem que soubéssemos, um marco exponencial da distensão lenta, segura e gradual do presidente Ernesto Geisel, resultante da fantástica maquinação de seu “bruxo” Golbery do Couto e Silva.

*Édison Motta, jornalista e publicitário é formado pela primeira turma de comunicação da Universidade Metodista. Foi repórter e redator da Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil; editor-assistente do Estadão; repórter, chefe de reportagem, editor de geral (Sete Cidades) e editor-chefe do Diário do Grande ABC. Conquistou, com Ademir Médici o Prêmio Esso Regional de Jornalismo de 1976 com a série “Grande ABC, a metamorfose da industrialização”. Conquistou também o Prêmio Lions Nacional de Jornalismo e dois prêmios São Bernardo de Jornalismo, esses últimos com a parceria de Ademir Médici, Iara Heger e Alzira Rodrigues. Foi também assessor de comunicação social de dois ministérios: Ciência e Tecnologia e da Cultura. Atualmente dirige sua empresa Thomas Édison Comunicação.

31 comentários:

  1. Menino, seu artigo está realmente fantástico e é um retrato fiel da história contemporânea.
    Isento de paixões, você se limitou a retratar os fatos, tal como aconteceram, ao contrário de outros jornalistas que mal tendo saído dos cueiros, tentam incutir na população uma falsa verdade que lhes foi transmitida através de pessoas com intenções escusas.
    Na década de 50, a baderna era total não só em São Paulo como em muitas partes do País.
    Os governos populistas prometiam e não cumpriam. Esse fato foi gerando revolta. Um prato cheio para que elementos que professavam ideologias importadas dela se aproveitassem.
    Por mais de dez anos, o que se viu foram greves e mais greves, com quebra de transportes, destruição de prédios públicos e até saques.
    Várias vezes eu saí da Praça da Sé, região onde eu trabalhada como Office-boy (1951)
    E por falta de transporte coletivo andava 12 quilômetros até o Jabaquara, onde residia.
    O Governo populista de Janio Quadros e sua conseqüente renúncia, se não foi à principal, pelo menos foi o estopim para o que se seguiria.
    Eu não acredito que a força possa resolver algo. Naquela época do Jango e suas bobagens, bastaria que o Congresso procedesse o impeachment, convocasse novas eleições e tudo seria resolvido dentro da Democracia.
    Recentemente, o Senador Pedro Simon (um dos poucos políticos que eu respeito), disse que hoje o caso Collor seria resolvido em um Juizado de Pequenas Causas, tendo em vista a corrupção no Congresso.
    Se fizermos uma análise profunda, vamos verificar que pertencemos a uma sociedade doente. Qual seria o remédio? Com a palavra o leitor.

    J. Morgado

    Mongaguá - SP

    ResponderExcluir
  2. Uma atenta análise da História da Humanidade revela um avançar contínuo.
    Sob os mais diferentes aspectos, gradualmente há avanços.
    Esse processo não é uniforme em todos os povos.
    Aliás, em um mesmo povo as virtudes se consolidam com vagar e em ritmos distintos.
    Assim, o conjunto de certa nação apresenta tendência à ordem e ao trabalho, mas se conserva intolerante.
    Outra possui a tolerância mais desenvolvida, mas tropeça no quesito honestidade.
    O primordial é que, pouco a pouco, os costumes se purificam.
    Alguns hábitos lamentáveis do passado lentamente perdem a força e se afiguram odiosos, como o racismo e a violência.

    Não sei quem é o autor deste pequeno texto, mas acredito que cabe bem para a ocasião.

    J. Morgado

    Mongaguá - SP

    ResponderExcluir
  3. Bom dia amigos do blog!
    Nessa época, 78, 79, recordo-me muito bem, o regime militar não permitia o direito de greve. Era um clima de muita efervescência política no país. Havia briga por democracia, por organização partidária, e os trabalhadores começaram, então, a levantar a cabeça. Os metalúrgicos desafiaram os patrões, mas também a ditadura militar e o risco das celas do Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Eles queriam compartilhar os ganhos das empresas, mas também ajudaram a transformar a relação capital/trabalho, iniciaram uma nova organização sindical e ajudaram no processo de redemocratização do país. Parabéns pelo texto, Édison Motta e o incentivo a prosseguir, certamente tem muito mais histórias pra nos contar.

    Prof. Paulo G. Murtinho - São Paulo - SP.

    ResponderExcluir
  4. Ôi Édison,
    Creio que não tem quem não conheça parte dessa história, até porque nosso atual Presidente contribuiu para construí-la. No entanto, detalhes como esses que vc nos mostra hoje são desconhecidos e nos ajudam, estudantes de jornalismo, a entender melhor o que aconteceu nessa época em que muitas, ou nenhuma de nós, seria mais correto, havíamos nascido. Fascinante ter participado como repórter, documentado com fotos, essa época. Concordo com o professor Murtinho em seu comentário acima, vocês devem prosseguir com mais relatos dessa época histórica, que desperta sempre interesse em todos nós, não só estudantes, mas também brasileiros. Aceite meus cumprimentos pelo excelente artigo, Édison!
    Bjos,

    Karina - Campinas - SP.

    ResponderExcluir
  5. Bom dia Édison Motta...
    Lendo com atenção seu relato, pude observar que na verdade o grande líder dessa primeira greve que mobilizou o País foi o Gilson Menezes, que eu me lembro, ainda pequena, foi prefeito da nossa vizinha Diadema. Confesso-lhe que não sabia disso. Como também não sabia da participação do Vinicius de Moraes nesse movimento, só agora vendo pela foto. Uma história rica essa que vc nos conta, vou imprimir e guardar.
    Beijinhos e obrigada!

    Liliana m. Jardim - S. Bernardo -SP.

    ResponderExcluir
  6. Olá Édison,
    Confesso-lhe, sou apaixonada pela nossa história, nossas coisas. Adorei ler seu artigo e aprender alguma coisa dos bastidores das greves e ver a importância que teve para todos nós, brasileiros, esse movimento. A foto que ilustra seu artigo é simplesmente maravilhosa. Nosso grande Vinicius de Moraes, o Suplicy novinho, mal deu pra conhecer e você, elegante, que eu não conhecia, segurando uma jaqueta nas mãos. Estava frio? (rsssss....). Acredite, estou encantada, com o texto e com a foto, verdadeiramente histórica.
    Bjos.....

    Ana Paula ( Cásper Líbero) S.P.

    ResponderExcluir
  7. Bom dia Édison!
    Seu artigo de hoje foi um dos melhores deste blog. A foto é uma verdadeira relíquia. Gostei muito e já li duas vezes o texto, com calma, para aprender. Sem dúvida, parte importante de nossa história. Estou enviando o endereço desse blog para mais amigas acompanharem.
    Obrigada!

    Thaísa A. Chaves - Curitiba

    ResponderExcluir
  8. Prezado amigo Édison Motta.
    Nós, jornalistas que acompanhamos todo esse movimento, sabemos das dificuldades encontradas na época. Naquele tempo ainda prevalecia o discurso do tudo ou nada. Não havia a prática de negociação desenvolvida entre patrões e empregados como nos dias de hoje. Era tudo na base do autoritarismo. Pouco depois, em 1980, o Primeiro de Maio daquele ano não me sai da memória e deve estar também na lembrança de muita gente, e claro, você também se recorda. Sexta-feira agora faz exatamente 29 anos. Eu cobria a manifestação pelo Diário do Grande ABC. Proibida pela ditadura, a manifestação dos trabalhadores começou na Matriz de São Bernardo. O ABC estava cercado por policiais. As pessoas chegavam como podiam. No final da missa, mais de 150 mil pessoas já estavam ao redor da praça. Foi um dia de extrema tensão e medo. A tropa de choque fez um enorme cordão de isolamento na praça, impedindo os manifestantes de ocupá-la. Qualquer provocação poderia acabar em uma guerra mortal. A negociação entre o comando da PM e os manifestantes foi demorada. Todos ameaçavam, até que veio a ordem superior de retirada da força policial. Entre choros e risos, saiu uma enorme passeata rumo ao Vila Euclides, levando flores e empunhando a bandeira do Brasil. Foi a comemoração do mais concorrido Primeiro de Maio da história da classe trabalhadora. Como posso esquecer isso?
    Abração meu amigo Édison e parabéns por resgatar parte de nossa história. Deixo também meu abraço ao querido e sumido Edward de Souza. Felizmente, pelo menos virtualmente, posso encontrá-los por aqui.

    Flávio Fonseca - SBC

    ResponderExcluir
  9. Ôi, Édison.....
    Esse artigo seu é ótimo. Acima de tudo pela importância que tem para nossa história e para a democracia do nosso País. Para vc ter uma idéia, muitas pessoas que conversei sobre esse movimento dos metalúrgicos ignoram sua importância. Pensam apenas que era uma classe trabalhadora a procura de melhores salários. Também foi isso, mas acabou, conforme seu relato, culminando numa explosão de liberdade. O Presidente Lula é conhecido assim, pode fazer uma pesquisa e verá. Como um homem agitador que vivia de greves. Nada mais que isso. Não entro no mérito de sua atuação como presidente agora, discordo de muitas coisas que faz, até as que prometeu e não fez, mas teve grandes méritos nessa luta pela nossa democracia, isso não pode se negar. Parabéns por mais esse belo trabalho, Édison!!!
    Beijinhos-

    Thalita - Santos

    ResponderExcluir
  10. Boa tarde Motta!
    Viu, como me tornei íntimo? Encontrei um tempinho para vim ler seu artigo de hoje no blog, que eu sabia, pela chamada de ontem, seria sensacional. E é. Justificou a expectativa plenamente. Você acaba de ganhar um lugar especial, numa mesa que irei preparar com gosto pra você e família, no nosso restaurante aqui de Itú. Com "hóstias" especiais de Salinas. Pode escolher o prato e me avisar antes de vir. Pode escolher até Lula, de 200 quilos, ainda filhote, que colocamos pra cozinhar. O que estranhei, olhando os comentários, foi a ausência do padre. Esses religiosos geralmente se metem sempre onde não devem, principalmente em greves. Será que o Euvídio não andou apanhando em São Bernardo não? Ficou quietinho. Ontem encomendou umas "hóstias" de Itú, só não não disse para onde enviar.
    Abraços Édison, vou ao trabalho. Meus cumprimentos pelo artigo!

    Paolo Cabrero - Itú - SP.

    ResponderExcluir
  11. Olá Édison
    Eu tenho um tio que trabalhou na Mercedes em São Bernardo, nessa época das greves. Ele se aposentou e mora agora em Ribeirão, quatro quadras da nossa casa. Ele chefiou um setor dessa fábrica e contou, um dia que esteve em casa, que muitos trabalhadores apanharam e alguns até foram mortos pela tropa de choque durante as manifestações. Uma barbaridade aprontavam esses militares, não? Estava vendo a foto e identificando vc, me lembrou um pouco a fisionomia do cantor Wando. Só que vc é mais alto, penso. E bem elegante. Um pão!!!
    Beijinhos......

    Ana Caroline - Ribeirão Preto

    ResponderExcluir
  12. Prezado Édison
    Excelente seu artigo hoje no blog. Só uma pergunta. Foi depois dessa manifestação que o Lula foi preso? Foi mais ou menos nessa época, não foi? Pela foto que vi em jornais, ele estava do mesmo jeito que nesta foto. Com barba longa.
    Obrigado, abraços!

    Leonel Alarcon Gimenes - Jundiaí -SP.

    ResponderExcluir
  13. Sabe Édison, gostei do seu artigo, bem claro e revelando de fato os bastidores das greves do ABC, época que eu não havia nascido, mas conheço pela história. Gosto de ler. leio muito. Creio que não se deve dar todos os méritos pelo restabelecimento da democracia aos metalúrgicos e à liderança de Lula. Podem até ter ajudado, mas a intenção não era essa, isso ficou provado. Muitos outros personagens de nossa história lutaram para que voltássemos a ter a democracia. Li sobre o Senador Teotônio Villela, as grandes manifestações ocorridas em São Paulo, com o locutor Osmar santos comandando, tendo ao lado Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, entre outros, também no Rio de Janeiro, Recife, belo Horizonte, Salvador, enfim, em todo o Brasil, muitos lutaram que isso ocorresse, o que acabou se concretizando, de fato, só em 1985. Méritos para todos esses sonhadores, muitos já falecidos, pela restauração dos nossos direitos, não só para os metalúrgicos, muito menos para Lula, para mim apenas um aproveitador de todo esse movimento no ABC. Tanto que se elegeu presidente por isso e não cumpre nada do que prometeu quando era um "peão" de fábrica.

    Abçs

    Daniela C. Nogueira - Belo Horizonte/MG

    ResponderExcluir
  14. Queridos amigos e amigas,

    Agora, no meio da jornada, impossível deixar de agradecer as amáveis referências dos comentários. Pouca gente sabe, mas é a repercussão que motiva o autor a perpetrar seus textos. Daí a maravilha da internet.
    O amigo Morgado contribui com seu apurado testemunho pessoal;o professor Paulo Murtinho, que tanto enriquece o blog, lembra do famigerado e temido Dops; a Karina, Ana Paula, Liliana, Thalita e Thaisa ressaltam a importância de garimpar a história;meu amigo Flavio Fonseca, companheiro do Diario, dá nova contribuição lembrando o 1 de maio de 1980, certamente o mais significativo de toda a história. Convém, caro Flavio, fazer esse relato. Porque o comandante da PM fez um sobrevoo de helicoptero em São Bernardo e percebeu que haveria uma chacina. Somente após constatar "in loco" a dimensão da multidão obteve das autoridades do Exército autorização para dispersar a tropa. Quem conta esta história é o próprio Lula, algumas vezes que nos encontramos, ele já presidente: duas vezes na missa de 1 de maio na Igreja Matriz de São Bernardo ( que este ano ele não irá porque vai inaugurar o pré-sal a bordo de um navio) e no ano passado, no Sindicato dos Metalúrgicos de SBC, por ocasião da comemoração dos 30 anos da greve da Scania, com a presença do Gilson Menezes.Ali, Lula fez uma generosa citação e saudação a mim que está gravada e grafada no discurso que o Palácio do Planalto distribuiu para a imprensa. Alias, o presidente vai retornar ao mesmo sindicato, no próximo dia 11, para as comemorações da greve campal de 1979.Lá estarei, novamente, para rever os amigos da diretoria da época. Apenas um deles, o Joeste, faleceu. Mantenho contato regular com quase todos, especialmente o Djalma Bom e o Rubens Teodoro, este último preso no meu carro em 1980.
    Amigo Paolo Cabrero: será uma honra conhece-lo em sua cidade o mais breve possível. Só não vou neste feriadão porque tenho um compromisso com o J. Morgado, que não vejo há 30 anos, em Mongaguá, prestigiando sua mostra de quadros.
    Ana Caroline, obrigado pelo carinho e pelo "pão". A jaqueta que seguro no braço era porque, desde aquela época, ja me deslocava de motocicleta. Prova que existe meu "piloto automático" que o Paolo Cabrero insiste em não acreditar. Seu tio tem razão, mas ele se refere à greve de 1980. A pancadaria comeu solta: tropa de choque,cassetadas, confrontos,pedras, gas lacrimogêneo, cachorros, cavalaria, brucutus etc. Houve muitos feridos mas nenhuma morte. Até porque, se houvesse, seria transformada em mártir do movimento.
    Leonel: Lula foi preso no ano seguinte, na greve de 1980 que se prolongou por 41 dias.
    Por fim,Daniela,você tem razão. Lula foi um dos personagens - de destaque - na luta pela democracia. Não foi o único como pretendem passar certos fundamentalistas da política partidária.
    Em tempo: cadê o padre?

    Um grande abraço a todos,

    édison motta
    Santo André, SP

    ResponderExcluir
  15. Olhe Daniela. Vim dizer alguma coisa sobre o artigo do jornalista Édison Motta, mas seu comentário chamou minha atenção. Também não tinha nascido na década de 70, nasci em 86 aqui em São Bernardo, onde me criei. Deixando o bairrismo de lado, afirmo com convicção que todo esse movimento que vc nos lembra que teve em todo o Brasil, teve origem aqui sim, sem dúvida. São Bernardo e o ABC é lembrado até hoje e conhecido no Brasil e no mundo como um "barril de pólvora", tudo por causa das explosões de descontentamento de trabalhadores e gente do povo que ocorriam aqui na época da ditadura. Vc, Daniela, pode não gostar da política do atual presidente e ter seus motivos, mas não pode negar que ele foi um grande líder em sua época e um dos grandes alicerces para a volta da nossa democracia. Todos esses políticos que vc citou, tenho livros em casa e lhe provo, apoiavam Lula e seu movimento, porque viram que ali estava a base para a volta da democracia em nosso país. Desculpe-me, mas precisa ler mais um pouquinho, cara Daniela. O Tito Costa, na foto do blog hoje, com o jornalista Édison, Vinicius de Morais e outros, foi prefeito aqui e nunca foi do PT. E apoiava a causa. O ABC é sim, prezada Daniela, o responsável pelo fim da ditadura.

    Abraços....

    Tatiana F. Setti - S. Bernardo -SP.

    ResponderExcluir
  16. Daniela e Tatiana, não briguem, meninas! Não vou pender nem para um lado, nem para o outro. O que houve é que os militares se cansaram do Poder e resolveram entregar o outro para o bandido. Perceberam, os fardados, que esse não é um País sério. Basta olhar para o exemplo que é dado hoje pelos nossos Ministros, Senadores e deputados. De Gaulle tinha razão, garotas. Por isso, não se degladiem a toa. Não vale a pena.

    Otávio P. Curto - Garça - SP.

    ResponderExcluir
  17. Bom, não gosto de militares no poder. São precisos para a segurança de um país, nada além disso. Mas o senhor "Pavio Curto" tem razão. Nosso último presidente militar, o Figueiredo, não estava nem aí, deixando a coisa correr solta. Só queria saber de cuidar dos seus cavalos e administrar o belo chifre que ornamentava sua testa, nada mais que isso. Quanto ao relato do jornalista Motta, preciso. Não entrou no mérito da questão, se foram os metalúrgicos ou Lula os responsáveis pela volta da democracia, nem induziu ninguém a isso.
    Nota 10 para ele e pelo texto correto.

    J. Castro - Petrópolis - Rio

    ResponderExcluir
  18. Queridas amigas e amigos
    Caríssimo Édison Motta
    Excelente e completo relato da história recente, com aquele poder de síntese que só os verdadeiros mestres do texto conseguem. Parabéns!
    Além do factual, você conseguiu passar pinceladas dos bastidores, com dados preciosos, como a surpresa do próprio sindicato com a greve da Scania. Muita gente até hoje pensa que foi ao contrário, a Scania teria sido jogada como estratégia inicial do movimento. Eu chefiava a Sucursal do ABC do Estadão, como já contei, e acompanhei 24 horas por dias todas as greves, desde 1978. Fui para a rua como repórter dezenas de vezes, mas não tantas quanto gostaria, porque era o chefe da equipe e tinha que ficar muito na redação, na retaguarda, coordenando o trabalho geral e copidescando as montanhas de textos que eram enviados para a matriz por telex. Mesmo assim cobri a histórica assembléia do Vila Euclides, gravando o discurso do Lula direto da caixa de som. Tenho até hoje essa fita, que ouvi depois muitas vezes, só não sei como está sua qualidade agora. Como morava em SP, naqueles momentos pegava um quarto no hotel mais próximo da redação, por conta do jornal, e ficava direto em Santo André, dias seguidos. A gente mergulhava na cobertura e mal tinha tempo para tomar banho, fazer barba, refeições, era uma loucura total, com adrenalina a mil. Nas greves nosso trabalho nunca terminava antes da 1h da manhã e recomeçava às 8h, quando eu tinha que mandar o roteiro para a Produção, em SP. E mais: mandava também um roteiro adicional só para uso interno do jornal, com embargo total, onde comentava bastidores da greve e indicava suas tendências. Com orgulho, a gente sempre acertava, a ponto de informar a Matriz, antes da assembléia dos metalúrgicos, que a greve terminaria naquele dia, ou no dia seguinte. Como a gente sabia? Era simples, consultava em off as lideranças. Elas conduziam as assembléias para as decisões que desejavam, e muito raramente não conseguiam seus objetivos. Logo, ter boas e confiáveis fontes era tudo para se trabalhar bem. Como minha equipe era pequena, de 6 repórteres, eu recebia reforços da Matriz e da Sucursal de Santos, nossa rival interna, também uma sucursal super competente. Aí ficava um timaço, eu deitava e rolava escalando o pessoal, a ponto de ter colocado um repórter só para seguir o bispo Cláudio Hummes, envolvido como mediador nos acontecimentos, e que fazia reuniões secretas com Lula e patrões. Ali a gente aprendeu a fazer jornalismo difícil e de grande categoria. Eu aprendi a comandar, decidindo no caos, no agito, na correria. Foi uma tremenda escola. O Édison Motta enriqueceu sua carreira também assim, taí o resultado brilhante.
    Beijos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  19. Olá amigos

    Não poderia deixar de me manifestar mais uma vez neste blog dizendo ou lembrando de um pacificador do século XX. Trata-se de Mohandas Karamchand Gandhi, mais conhecido como Mahatma Gandhi (1869/1948), líder de seu país, a Índia.
    Em 1948, conseguiu a independência daquele país asiático, sem derramar uma gota de sangue.
    É lamentável que ninguém (eu não vi) vista a camisa ou camiseta estampada com sua foto. Isso nos faria lembrar seus feitos em nome da paz, além de sua sabedoria. Entretanto, é comum ver-se fotos de um guerrilheiro sangrento inserida não só em camisetas como em pôsteres e outros locais.
    Mais uma vez Édison, parabéns! Espero que aqueles que agora estão começando a viver aprendam com a história. Aliás essa é a finalidade de preservar e estudar o pretérito.
    Devemos deixar de sermos escravos de idéias dos outros e formarmos nossa própria opinião. E só conseguiremos isso, estudando e pesquisando!

    J. Morgado

    Mongaguá - SP

    ResponderExcluir
  20. Grande Édison Motta, testemunha ocular da História! Não há nada melhor do que contarmos com profissionais sérios, competentes e íntegros, que registrem os fatos como aconteceram e, com sua peculiar generosidade, os transmitam aos seus contemporâneos. Essa é a função principal do jornalista - agir com isenção, consciência e coragem, registrando os acontecimentos. Esse, por certo, foi um tempo muito difícil, em que os profissionais tinham que falar pelas entrelinhas para contar os fatos. E não foi só na Imprensa, foi na música, na literatura e nas artes, em geral. Pagamos um preço muito caro, mas sobrevivemos, com dignidade.

    Um grande abraço ao Édison Motta, parabéns por seu talento e também um voto de louvor ao Edward de Souza por nos proporcionar, a cada dia, um mergulho na nossa História, trazendo profissionais maravilhosos, que encantam a todos.

    ResponderExcluir
  21. Confesso que não entendi muito a matéria de hoje. Parece que lula entrou de presidente no sindicato porque a vaga ficou descoberta com o acidente do tal lulinha. Os aficionados pelo poder são capazes de tudo. Eu só sei que depois das greves dos metalúrgicos, os carros fabricados entre 1976 a 1980 apodreceram todos. Dizem as más línguas que o lula orientou os metalúrgicos para não colocarem os produtos químicos nas chapas dos carros, responsáveis pela durabilidade dos veículos. Sem proteção enferrujaram todos. Fazendo produtos pouco duráveis, venderiam mais, vendendo mais, mais empregos. Essa era ou é a mentalidade dos sindicalistas. Quem acaba pagando o pato sempre foi a classe média.
    Valentim Miron- Franca SP.

    ResponderExcluir
  22. É mais fácil um repórter passar pelo buraco de uma agulha, do que um político entrar no reino dos céus.
    Padre Euvidio

    ResponderExcluir
  23. Seja bem vindo ao blog, padre!
    Olha, uma coisa eu garanto ao senhor. Eu e o Édison Motta dificilmente conseguiríamos passar pelo túnel Rebouças, quanto mais pelo buraco de uma agulha. Em todos os casos, se for uma agulha de Itú, do amigo Paolo Cabrero, quem sabe!

    Reze por nós, padre!

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  24. Queridas amigas e amigos
    Como este blog é frequentado por muitos jornalistas e estudantes de jornalismo, gosto de falar sobre as coisas da nossa profissão. Desculpem os demais leitores, nem sempre interessados em alguns detalhes.
    Gostaria de lembrar ainda, naquelas greves, que a nossa Sucursal do ABC serviu de base para o correspondente da revista Time, que produziu uma matéria de capa com o Lula, jogando-o assim no cenário internacional. A gente dava todas as dicas ao jornalista, e toda ajuda, até carona em nossos carros. O Ricardo Kotscho, que ainda não era amigo do Lula, estava se aproximando, também usou nossa redação como base, por um tempo, até que ficaram sabendo na matriz e proibiram, por ciumeira boba. Ele já tinha trabalhado no Estado, onde se iniciou como grande repórter. Para encerrar, soube que o fotógrafo Clóvis Cranchi Sobrinho anda lendo este blog. Tive o prazer de trabalhar com ele, profissional da melhor qualidade. Quando fui forçado a mexer na equipe da Sucursal preservei o Clóvis e inclusive mandei registrar, ele era frila. Com seu trabalho nossa querida Sucursal foi muitas vezes foto principal de primeira página, o que era sempre um tremendo orgulho, festejado em nossa minúscula redação.
    Beijos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  25. Caro amigo virtual e blogal Edward de Souza. Nas cidades da antiguidade, tinha um buraco de forma oval no muro que passava uma pessoa, e eram chamados de buraco da agulha. Depois de uma certa hora os portões eram fechados. Presume-se que, alguma comitiva tentava passar os camelos por esses buracos. Deviam dar um trabalho danado.
    Daí a “máxima” de Jesus, Que fiz no comentário anterior só que mudei para a atualidade.
    Lá em ITU, por exemplo, esse buraco tinha um quilometro de altura por trezentos metros de largura.
    Padre Euvidio.

    ResponderExcluir
  26. Nivia Andres, obrigado por sua generosidade. Jornalismo é, antes de tudo, vocação. Nesta madrugada o Edward consumiu um bom tempo para editar a foto em tamanho maior que o habitual e para consertar parte do texto que, na transmissão para o blog, encavalou. Um zelo que só acontece com quem gosta do que faz. Pelo horário da postagem - 03:09 - imagine sua dedicação. O que vale a pena é saber que o conhecimento está sendo transmitido, através de gerações. Este é o maior prêmio para quem faz de sua vocação um constante aprendizado e desenvolvimento do talento que é inato, Graça do Criador.
    Um passarinho me contou que, em breve, teremos sua estréia no blog. Seja bemvinda desde já. Vai contribuir nesta semeadura.
    Que bom, temos o padre de volta. Saiba, sacerdote, que você faz muita falta por aqui. Não deixe de reservar um tempinho para sua visita diária. Afinal, o sr. também tem a missão de evangelizar nesses tempos modernos com métodos avançados. O que faz com muita propriedade e humor.
    Amigo Milton: aqueles anos foram a melhor escola para nossa geração, especialmente para quem teve contato direto com os bastidores do maior movimento operário do País. Também fui orientador de vários correspondentes, cujos nomes já não lembro, entre eles o Norman Gall que escrevia para a revista Forbes e hoje dirige o renomado instituto Ferdnand Badwel. Assim como o Bolivar Lamounier, sociólogo, que procurava acompanhar de perto a movimentação.
    Na greve de 1980 o Jornal do Brasil transferiu sua sucursal para São Bernardo e o pessoal se instalou no Hotel Holiday Inn. Eu fazia a coordenação da pauta, ao lado do Armando Figueiredo e do Milton da Rocha Filho que atualmente dirige o Jornal da Tarde. Tínhamos na equipe, entre outros, o José Neumanne Pinto, editorialista do Estadão e JT.
    Grandes profissionais para um grande momento. Nosso intuito - você sabe - é colaborar na formação dos jornalistas do futuro que haverão, um dia, de ocupar seu merecido espaço.
    Valentim Miron: de fato, a sorte acompanhou o Lula. Na segunda fase da vida porque, na primeira, foi abandonado pelo pai, viajou de pau-de-arara de Pernambuco para São Paulo durante 11 dias; viveu na pobreza e perdeu a primeira mulher de parto juntamente com aquele que seria seu primeiro filho. Se houve sabotagem nas linhas de produção não há registros. Até porque, naqueles anos de chumbo, não havia ninguém disposto a assumi-la.

    Um grande abraço a todos,

    édison motta
    Santo André, SP.

    ResponderExcluir
  27. Boa noite senhores jornalistas desse blog. Durante mais de uma hora tive à minha disposição artigos de nível altíssimo para ler. Matérias especiais bem trabalhadas e de bom gosto. Tivesse mais tempo, certamente passaria boa parte da noite e desta madrugada lendo também as postagens mais antigas. Vou fazer isso aos poucos, porque me encantei com esse blog. Terminei lendo o artigo de hoje, do jornalista Édison Motta, cuja ilustração traz uma foto rara. Como os demais, texto enxuto, explicativo e esclarecedor. Despeço-me agora, não sem antes deixar de colocar em meus favoritos o endereço deste blog, ao qual voltarei diarimente para acompanhá-los. Parabéns, senhores!

    Dr. Paulo R. Cardoso Planet - Porto Alegre/RS

    ResponderExcluir
  28. Aos amigos e amigas blogueiros do Edward...
    Fica novelesco enaltecer as qualidades jornalísticas de Edison Motta. Os artigos desenvolvidos por ele mostram a excelência do profissional. Este de hoje ultrapasssa expectativas pela fidelidade do relado, porém, pra nós que conhecemos a "fera" finda desabando no lugar comum.
    Parabéns pelo cristalino relato de "Nos bastidores das greves", importante fatia da ditadura, do sindicalismo, do hoje presidente Lula e do prefeito Tito Costa, que faz parte integrante da história do Brasil.
    Vivenciamos esses fatos, à época já na Rádio Diário, em São Bernardo, bem próxima aos acontecimentos.
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

    ResponderExcluir
  29. Queridas amigas e amigos
    Estou arrumando as malas para uma cobertura em Floripa, mas não resisto à tentação de dizer algo sobre alguns comentários que me chamaram a atenção. Com todo o respeito, que todos merecem, quero fazer as seguintes observações: os militares não entregaram o poder porque cansaram da sociedade. Foi exatamente o contrário, a sociedade é que cansou deles, manifestando-se num vasto movimento nacional que se chamou Diretas Já. E que teve aberto e declarado apoio de parte da mídia, principalmente Folha de S.Paulo. E também nosso Diário do Grande ABC, onde eu era editor-chefe na ocasião, antes de ir para a Rede Globo. Procurei o Fausto Polesi, pedi o engajamento do jornal na campanha das Diretas, ele concordou na hora, me dando todo o apoio. Sai da sala entusiasmado, reuni a redação inteira, incluindo revisão, arquivo, fotografia, etc, e falei: "De agora em diante o Diário está engajado na campanha das Diretas Já!, como faz a Folha. Todo nosso trabalho será nessa linha, somos pelas Diretas Já". A redação concordava 100% e vibrou. Passamos a dar grandes fotos e coberturas dos comícios, colocamos artigos,editoriais, etc. Quando sai do jornal, para a Globo, nada mudou no Diário. Já na Globo era outra história, que um dia conto. Os militares ficaram 21 anos no poder e não resolveram o país, pelo contrário, enterraram mais ainda, promovendo o retrocesso do ensino. Só tivemos avanços em dois setores, e admito que importantes: petroquímica e telecomunicações. No resto o regime militar foi um completo fracasso. Sobretudo no prometido combate à corrupção, que nunca aconteceu. Nunca, em tempo algum, se roubou tanto. E com a imprensa amordaçada, sem poder denunciar. O povão foi simplesmente equecido, e o resultado esta aí, hoje, com essa violência sem limites e sem controle. Herança sim daquele período. Em outro plano, ninguém melhor do que eu, que estava lá, para reconhecer que os movimentos dos trabalhadores do ABC contribuiram para o restabelecimento, depois, da democracia. Mas seria um tremendo exagero, e um equívoco histórico, pensar que o ABC decidiu o destino do Brasil. O ABC foi parte disso, apenas, mas não a parte principal, nem a parte decisiva. A parte decisiva, querem saber, foi o descontentamento dos empresários com o regime de arbítrio, que vinha já prejudicando seus interesses, em vários planos. Um deles, só para dar um exemplo, foi o CIP - Controle Intermnisterial de Preços. Até a Volkswagen peitou os milicos e deixou de obedecer ao CIP, fato que acompanhei nos mínimos detalhes já trabalhando na assessoria de imprensa da Ford. Ou seja, o Brasil inteiro, incluindo trabalhadores e empresários, já estava farto dos militares. Tanto que a campanha das Diretas aglutinou todas as forças e todos os partidos, até interesses divergentes, mas que naquele momento precisavam marchar unidos.
    Beijos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  30. Sr. Édsom Motta. O nosso presidente sempre será alvo da inveja de pessoas intelectuais e magistradas. O poder para ministrar uma nação deveriam ser deles. Mas para o carisma não tem regras, e nem a magia, pregada pelos abalizados intelectuais de faculdades famosas.
    O representante da nação foi aquele que sempre esteve na frente do seu povo, para ser o primeiro a levar pancadas de cassetetes do pau mandado da hierarquia de uma ditadura avassaladora e sem interesse em uma possível melhora do povo.
    O lula de hoje é mais sensato e objetivo, com idéias inovadoras e com os olhos voltados a classe menos favorecida da nação. Não sei até que ponto essas medidas são eleitoreiras. Más não terminam com a pobreza, enfraquecendo os ricos.
    Valentim miron- Franca SP.

    ResponderExcluir
  31. Vicente Paulo da Silvaquinta-feira, 30 abril, 2009

    Estimado Edward, este artigo do Édison Motta, retrata um importantíssimo momento de nossas vidas. Foi ali que eu nasci novamente, como cidadão consciente. Belo relato. Eu confesso que muitas coisas ditas no artigo eu não sabia. Muito bom. Fraternalmente,
    Vicente Paulo da Silva - Vicentinho.

    ResponderExcluir