quarta-feira, 22 de abril de 2009

AS HISTÓRIAS DAS REDAÇÕES DE JORNAIS

Milton Saldanha

INÉDITO
Capítulo XXVI

Como Samuel Wainer conquistou Getúlio Vargas
Primeira parte

A história toda é muito longa, com lances polêmicos. Vou resumir aqui no blog, senão ninguém agüenta. Samuel Wainer era repórter do grupo Diários Associados, do Assis Chateaubriand, o Chatô (não deixem de ler o fabuloso livro do Fernando Morais sobre ele). Foi dos jornais e da revista O Cruzeiro. Os Diários Associados foram a maior e mais poderosa rede de comunicação que já existiu no Brasil em todos os tempos. Só a Globo de hoje é comparável à força que teve, e olhe lá. Os Associados, como era chamada a rede, na área do papel tinha jornais e revistas. O Cruzeiro era carro-chefe, tirava um milhão de exemplares por semana no início dos anos 50, e chegava com desconcertante velocidade em todo o Brasil. Eles tinham também uma centena de rádios, sendo a Tupi em ondas curtas, portanto de longo alcance, e algumas TVs. A primeira TV do Brasil, a Tupi, inaugurada em SP e depois Rio, foi deles. Como ninguém tinha aparelho em casa, fizeram a inauguração com TVs colocadas na Praça da República.
Samuel Wainer, da comunidade judaica, era um homem bonito e conquistador de mulheres. Insinuante, circulava com desenvoltura no Rio de Janeiro, capital federal e centro de todas as atenções do Brasil naqueles anos. Tentou cobrir a participação brasileira na II Guerra Mundial, o que lhe daria fama, mas Chatô não deixou, mandou o Joel de Almeida. Mas, Samuel conseguiu ser o enviado especial dos Associados ao Tribunal de Nuremberg, que julgou e condenou os nazistas acusados de crimes. Se não estou enganado, foi o único jornalista brasileiro lá. Qualquer repórter talentoso teria feito barba e bigode, mas Samuel fez uma cobertura medíocre. Não deixou sequer um livro sobre isso. Seu texto era pobre, muito básico, e cheio de chavões. Tenho cerca de cem exemplares, ou mais, da antiga revista O Cruzeiro, dos anos 40 e 50. Os textos assinados por ele não tinham brilho. Trabalhando com ele, na segunda fase da Última Hora e depois na Editora Três, tive certeza absoluta disso. Mas ele tinha entusiasmo, sangue de jornalista, e tremenda ousadia. E foi essa ousadia que o levou a Getúlio Vargas, depois de deposto, em 45, e vivendo recluso em sua fazenda de Itu, município gaúcho de São Borja, região missioneira, fronteira com Argentina, que fica na outra margem do rio Uruguai. Existem duas versões para o episódio, não sei qual é a verdadeira, e vou contar as duas.
Primeira versão: Samuel Wainer foi à região, não lembro para que cobertura. Usava o teco-teco (monomotor) dos Associados. Aí teve uma idéia luminosa: entrevistar Getúlio em seu exílio. Getúlio não atendia jornalistas há vários anos, só cuidava do seu gado, vivendo com extrema simplicidade em sua fazenda. Samuel mandou o piloto descer na fazenda, mentindo que o avião sofrera uma pane. Foram recebidos e hospedados por Getúlio, que acabou capitulando e deu uma entrevista. “Eu voltarei!”, foi a célebre frase, que virou manchete de O Jornal, do Rio, num tremendo furo de reportagem nacional. A frase e o furo abriram o caminho para a volta de Getúlio, agora não mais como ditador, mas como presidente constitucionalmente eleito, em 1950. Segunda versão, que era contada pelo famoso colunista político Carlos Castelo Branco: Getúlio pretendia anunciar sua volta como candidato e daria uma entrevista coletiva. Os jornalistas estavam concentrados em Porto Alegre esperando a convocação. Samuel, esperto, pegou o avião dos Associados e se mandou para São Borja, sem esperar. O resto foi como contei acima. Getúlio também não esperou, abriu o bico para ele. O episódio tornou Samuel Wainer famoso do dia para a noite. Naquele tempo, o furo jornalístico era algo extremamente valioso. Era o sonho de qualquer repórter. Imaginem, então, um furo dessa magnitude. Foi assim que Samuel Wainer se tornou amigo de Getúlio, e depois passou a freqüentar e cobrir o Palácio do Catete. Ganhou a confiança do velhinho, como era chamado o presidente, que lhe abriu os cofres do Banco do Brasil para a montagem da Última Hora. O resto é o que já contei neste blog e o que já se sabe por outras fontes.
É interessante registrar ainda que o maior rival e inimigo de Samuel foi seu contemporâneo de reportagem, Carlos Lacerda, que trocou o jornalismo pela política e foi também uma das figuras mais controvertidas (sem meio termo, amado ou odiado), da política brasileira. Samuel ganhou muito dinheiro, gastou tudo em futilidades, e morreu quase pobre, dependendo de empregos quase de favor. Foi um final melancólico. Era dócil no tratamento, conversamos algumas vezes sobre questões de trabalho, e uma contradição me intrigava nele: assim como sabia montar equipes de grande talento, escolher as pessoas certas, ele também invejava essas pessoas. Porque tinha uma personalidade muito competitiva. Foi, em tudo, um personagem realmente inusitado.
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*Milton Saldanha, 63 anos, gaúcho, torcedor do Inter, começou no jornalismo aos 17 anos, em Santa Maria (RS). Trabalhou na grande imprensa de Porto Alegre e de São Paulo. Foi da Folha da Manhã (RS), Diário do Grande ABC, Agência Estado, Estadão e JT, Rede Globo, Rádio Jovem Pan, Última Hora (com Samuel Wainer), entre vários outros veículos. Foi também assessor de imprensa da Ford, do IPT e do Conselho Regional de Economia. Tem um livro publicado, "As 3 Vidas de Jaime Arôxa"; participou de uma antologia de escritores gaúchos; um livro pronto e ainda inédito, "Periferia da História", onde conta de memória 45 anos da recente história do Brasil sob um ângulo totalmente inédito; trabalha num livro sobre Reforma Agrária. Pouco antes de se aposentar fundou o jornal Dance - http://www.jornaldance.com.br/que já tem um filhote regional em Campinas, e que neste 2009 completa 15 anos.
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*Não deixem de acompanhar, no blog desta quinta-feira, o dia em que o então garotinho Milton Saldanha esteve - totalmente deslumbrado - a um metro do presidente Getúlio Vargas, na pequena São Borja (RS) de 1953. Um ano depois Getúlio Vargas se mataria, no Catete. Não percam! (Edward de Souza)
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27 comentários:

  1. Bom dia, Milton
    Vou acompanhar com atenção essa série, creio eu, importante para todas nós, estudantes de jornalismo. Estou de saída para a faculdade e vou avisar as meninas sobre essa série. Quando voltar vou imprimir, essa e as demais nos outros dias. Muito se falou sobre Samuel Wainer e seu jornal Última Hora na faculdade. Inclusive que teria sido ele, não sei se vc vai comentar ainda sobre isso, o primeiro a introduzir cores fortes nas capas da ùltima Hora. Vai ser muito interessante. Já estou atrasada.
    Bjos,

    Andressa (Metodista) SBC

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  2. Olá Saldanha, mais uma história dentro da história. Esses fatos são muito importantes. Mais tarde, quando os historiadores tentarem deturpar ou inventar questiúnculas sobre determinados fatos acontecidos no passado, sempre haverá testemunhos como o seu e de outros jornalistas, que lá estarão para engrossar e afirmar a verdade.
    Tive a oportunidade de ver Getúlio pessoalmente uma vez. Foi por ocasião dos festejos do IV Centenário de São Paulo (1954). Ele desfilou em carro aberto pelo Vale do Anhangabaú. Assistindo em meio a uma multidão, eu, minha noiva e minha cunhada. Enquanto se desenrolava o desfile, um avião despejava pequenos folhetos aluminizados alusivos a data.
    Valeu Milton. Um abraço

    J. Morgado

    Mongaguá - SP

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  3. Ôi, Milton,
    Olha, li o comentário acima, do jornalista J. Morgado e pensei antes de postar essa minha opinião. Mas, penso que devo fazê-lo. É sobre Samuel Wainer. Até há pouco tempo, um mito do jornalismo, pelo menos foi isso que sempre ouvi de professores na faculdade de jornalismo aqui de Campinas. Lendo seu artigo de hoje, vejo que não é bem assim. Não escrevia bem, tinha ciúmes de quem sabia escrever e para ser dono de um jornal, fez "trambicagens", contando com o apoio de Getúlio. Ontem, Tiradentes, de herói a vilão; Hoje Samuel Wainer.

    Beijinhos,

    Karina - Campinas

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  4. Bom dia, Milton!
    Tenho comigo o livro do Fernando Morais, sobre Assis Chateaubriand. Traça com maestria a biografia desse homem que dominou por muitos anos a comunicação em nosso País. Também "Chatô", como era conhecido, tem um passado nada recomendável, principalmente para um homem que deveria mostrar respeito à frente de órgãos importantes de comunicação, como jornais, rádios, revistas e Tvs. Não quero citar casos de subornos e corrupção envolvendo Chateaubriand, até porque, não haveria aqui espaço suficiente, mas sei que são conhecidos pela maioria de vocês, jornalistas. Com a morte de Roberto Marinho, não demora muito e vamos ver mais revelações bombásticas desse outro "Midas" do império das comunicações no Brasil. Como se confiar na Imprensa, se seus comandantes agem como ratos de porão?

    Abçs

    Vera Lúcia Cavalcanti - Belo Horizonte/MG

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  5. Olá Milton,
    Samuel Wainer foi o "Garrincha" do jornalismo. Tinha tudo nas mãos, fama, dinheiro, poder, um grande jornal e perdeu tudo. Definitivamente, além de não saber escrever bem, justifica-se porque li em uma matéria sua que ele não era brasileiro, não sabia administrar o que tinha e acabou no ostracismo e na pobreza. Uma pena!!!

    Bjos,

    Maria Paula - Franca - SP.

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  6. Olá minha gente!
    Sei não, mas me parece que todos (as) vocês estão pessimistas hoje. Só encontram defeitos no pobre Samuel Wainer. E os méritos? Nenhum? E tem mais. Não morreu no ostracismo, o Milton não escreveu isso em seu artigo, prestem bem atenção. Ele escreveu que Wainer morreu pobre, bem diferente. Tanto não morreu no ostracismo, que até hoje estamos falando dele. Figura marcante do jornalismo que precisa ser melhor entendido e respeitado.

    Amílcar (jornalista) SBC

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  7. Olá!!!
    Sem querer entrar no mérito, até porque eu nem sonhava em nascer quando toda essa história se passou, para nós, estudantes de jornalismo, casos assim é um achado. Uma pérola que precisa ser cultivada em nossas memórias. Essas histórias sobre velhos jornais e velhos jornalistas, os "furos" que conseguiam e a astúcia sempre em jogo nos ajudam muito na nossa caminhada, com certeza.
    Obrigada a você Milton, Edward e demais jornalistas desse blog por essa ajuda.

    Flavinha Corrêa - Blumenau

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  8. De Samuel Wainer, só conhecia o nome, mas fui pesquisar. Além dessas coisas que o Milton contou, fiquei sabendo que ele foi casado com a Danusa Leão, de quem sou fã.
    Quanto a êle saber ou não escrever, poucas pessoas sabem. Agora que entrou a nova ortografia, vai ser uma bagunça geral. Isso me deixa ainda mais a vontade para escrever, mesmo pq, o que vale mesmo é o talento e a retidão de caráter. O resto a gente aprende.
    Vou ficar de olho pra ler o que vem por aí.
    Tb estou curiosa para saber a historia do Getúlio, outra figura polêmica.
    bom dia.
    Isildinha- Osasco

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  9. Queridas amigas e amigos
    Sei que virão mais comentários, mas vou antecipar algo, para não precisar me alongar depois. Eu estou contando a verdade e não depreciando a figura do Samuel. Se perceberem, falo também das suas qualidades. Ousadia é uma das grandes qualidades do repórter. Os trambiques com o Banco do Brasil claro que aconteceram, tanto que isso deu CPI no Congresso, um barulho danado, e virou tudo pizza. Como um simples jornalista poderia virar patrão, e pagando bem, do dia para a noite? Nem com mágica. Isso é o Brasil. Os Diários Associados também foram montados com trambiques. O Chatô jamais pagou uma imensa dívida com o BB. O Brizola até cansou de tanto denunciar isso, com números e tudo. O Chatô foi um bandido elegante. O livro do Fernando Morais é fantástico, volto a recomendar. Ainda sobre o Samuel: quando eu era repórter da UH (segunda fase, vejam bem)e soube que ele iria assumir o comando do jornal fiquei tremendamente feliz. Eu acreditava no mito, como hoje é cultivado nas faculdades de jornalismo. Ao conhecer o homem real, no dia a dia, ver seu texto pobre, suas fraquezas normais e humanas, o mito foi sendo demolido. Entrou no lugar minha visão crítica. Eu gostaria que tivesse sido diferente. Leiam as memórias do Samuel, ditadas a três jornalistas. Preciso achar o livro para ver o título. É imperdível, e lá está tudo.
    Beijos,
    Milton Saldanha

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  10. Ôi Milton,
    Pelo visto vamos ter outra série emocionante nesse blog. Acabo de imprimir esse capítulo sobre Samuel Wainer, do qual também já tinha ouvido falar na faculdade. Esses detalhes esmiuçados por vc chamam a atenção, diferencia, porque vc viveu ao lado dele e pode, como ninguém, traçar o perfil desse jornalista.
    Parabéns por mais esse artigo, vamos esperar os outros com ansiedade.....
    Beijinhos,

    Thalita - Santos

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  11. Senhor Milton!
    Que a paz do senhor habite esse blog e continue lhe inspirando.
    Seu artigo de hoje tocou-me profundamente. Quando Samuel
    Wainer era ainda repórter, trabalhava nos Associados, eu era
    coroinha na Igreja da Sé. Muitas vezes vi o jornalista na igreja,
    conversando com o padre, meu superior. Não posso lhe adiantar
    do que tratavam. Só não me lembro de ter visto o jornalista rezar
    ou fazer o sinal da cruz quando entrava na igreja. Penso que era
    ateu, não posso afirmar com convicção. Tudo dava a entender isso.
    Mistério era a ida constante dele naquele templo. Tempos depois
    descobri que o padre era viciado em corrida de cavalos e o jornalista
    também. Pra ninguém saber que o padre apostava, o Samuel, que
    tinha apreço pelo padre, ia até lá para buscar as pules e jogar. Não
    sei se ganharam alguma vez, mas o padre morreu numa miséria danada.
    Soube agora, e seu artigo, que o mesmo aconteceu com o jornalista.
    Devem ter perdido tudo que ganhavam nas patas dos cavalos, com certeza.
    Fique com Deus, e fuja de jogo, ele só atrapalha a vida da gente.

    Padre Euvidio

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  12. Olá Milton,
    Gostei muito do artigo de hoje e vou continuar acompanhando essa série. Vai ser bem legal. Olhe, não pude deixar de ver o comentário acima, do Padre Euvídio (é isso?). Será mesmo verdade o que ele conta ou é brincadeira? O Padre parece ser bem engraçado, vc o conhece?

    Bjs,

    Ana Caroline - Ribeirão Preto

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  13. Milton, sua matéria sobre o Samuel Wagner, me fez pensar e me deu coragem pra voltar aqui.
    Concluí que o importante é se comunicar, como disse o falecido Chacrinha.
    Errar é humano, afinal no blog postamos comentários diretos, não é como um jornal.
    Lá tem revisores, certo? Falando em revisores, cadê o Francisco Heitor?
    Heitor... Volta! eu juro que não vou trocar teu nome.
    bjos..
    Cristina- SP

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  14. Edward e Milton, voltei pq não aguentei essa do Pe Euvidio.
    Acho que esse padre bebe além da conta! Cruzes. Que babado é esse do Samuel ir á igreja e jogar nos cavalos ? Será que foi verdade?
    Êsse padre só pode estar endemoniado, ou temos um padre humorista no blog. Deixa o Chico Anisio saber disso..rssss
    É.. errar é humano como disse a Cristina, e se isso foi verdade , ele já pagou o erro, passando seus ultimos dias na miseria.
    Deus te abençoe hj e sempre. pe. Euvidio...
    Isildinha- Osasco

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  15. Prezado Milton,
    Gostei do seu artigo. Como uma biografia. Tenho adoração por elas. Compro todos os livros de biografia de famosas e famosos. Uma das minhas leituras prediletas.
    Vou continuar seguindo o blog para ver a sequência dessa série. Estou indicando o blog para amigas e amigos meus. Nem sempre deixo meus comentários, mas todos os dias estou presente.

    Abraços,

    Renata Junqueira - Santo André - SP.

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  16. Aleluia, aleluia, existe vida inteligente na internet!

    Como alguém já disse aqui, a net é uma medonha selva de nulidades onde abundam blogs sem conteúdo.

    As páginas da história, assim mesmo,com "h",como se escreve a verdadeira história - e não as estórias que se contam por aí- estão sendo enriquecidas pelo Milton Saldanha, pelo Lavrado, o Edward, o Morgado, eu mesmo, e tantos outros frequentadores assíduos deste espaço.

    Bemvindo padre.Clamamos por sua volta!

    Muitas outras vozes clamam - e rezam - pelo retorno do Heitor.
    Edward: devolva-lhe o emprego urgentemente, sob pena de perder este seu amigo e admirador!

    Com o Padre, o Edward, o Heitor, o Milton, o Lavrado, Morgado e - principalmente - com a estima pessoal das pessoas que sabem admirar a qualidade da vida, haveremos de fazer história.

    Conheci pessoalmente o Samuel Weiner. Foi quando eu era assessor do Tito Costa, prefeito de São Bernardo,nos históricos anos 70 e 80 e o Samuel fez parte da folha de pagamento da Prefeitura.Estivemos juntos, por alguns momentos.

    Quem sou eu para avaliar se sua contribuição ao povo de São Bernardo foi justificada?

    O que sei, e posso testemunhar, é que se tratava de pessoa marcante,
    inteligente,sofisticado,cativante mesmo no ocaso de sua vida.
    Um herói que conseguiu reunir uma fantástica equipe de jornalistas na UH. Dos quais, alguns, foram meus mestres!

    Para mim, Samuel foi mestre. Mostrou que valia à pena ser jornalista. Logo para mim que, àqueles tempos, ainda tinha muito -como tenho, até hoje - para aprender.

    Parabés, Milton. Com esse seu pique a peteca não cai de jeito nenhum.

    Abração a todos,

    édison motta
    Santo André, SP

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  17. Queridas amigas e amigos
    O Samuel Wainer (e não Wagner, como alguém grafou)era judeu. Logo, não creio que fizesse o sinal da cruz na igreja. Também não lembro se era ateu. E desconheço esse gosto dele pelo turfe, embora não ache improvável. Também nunca disse, e não é verdade, que Samuel morreu na miséria. Isso é exagero, cuidado com as palavras. Ele não perdeu dinheiro em jogo e sim em besteiras, como carros de luxo, roupas caríssimas, frequentando lugares caros com mulheres. Tudo isso não inventei, ele próprio confessa no livro das suas memórias, que vocês precisam ler. E mais: conta sobre os trambiques com o Banco do Brasil e grana que recolhia dos empresários, em dinheiro vivo, todos os meses, e entregava, num saco, ao presidente João Goulart. Tá lá, no livro, palavras dele, que foram gravadas.A frase mais impressionante do livro é esta: "Me corrompi até a medula".
    Beijos,
    Milton Saldanha

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  18. Olá Milton,
    Parabéns pelo artigo. Mais um belo relato nesse blog, com detalhes desconhecidos sobre esse grande nome do jornalismo que foi Samuel Wainer. Fiquei tão entusiasmada com seu artigo que vou procurar, hoje mesmo, o livro sobre suas memórias. Será que encontro? Se alguém souber qual a livraria em que posso encontrar o livro de memórias do jornalista, me avisem, por favor. Moro em São Paulo.

    Beijinhos a todos

    Larissa R. Pestana - São Paulo

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  19. Prezado Jornalista Milton Saldanha!
    Espero que se lembre de mim. Sou Paulo Murtinho, professor de história aposentado. Estive visitando esse blog na última segunda-feira e lhe pedi que relatasse aqui essas histórias deveras interessante que você tem. Estive ontem à noite, acompanhei o artigo de Edward de Souza sobre Tiradentes, mas, diante de tantas opiniões desencontradas, preferi me omitir. Hoje, com prazer, venho cumprimentá-lo pelo artigo sobre Samuel Wainer e os detalhes até então desconhecidos sobre o jornalista que só você pode revelar, como o fez. Com certeza seu relato amanhã, sobre nosso grande Getúlio Dornelles Vargas, vai agradar em cheio. Muito obrigado por ter atendido meu pedido e conte com minha participação direta, no acompanhamento da sequência dessa série. Estou a disposição, caso precise, para detalhes históricos sobre Getúlio Vargas, se bem que, hoje, não existem mais dificuldades como nos meus velhos tempos, para encontrar o que é preciso. Basta um estalar de dedos. Ou um clicar de mouse, o mais correto.
    Tenha um ótimo final de dia, Saldanha!

    Paulo G. Murtinho - São Paulo

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  20. Penso que me precipitei em ter revelado segredos de alcova do meu santo padre
    já falecido e do ilustre jornalista Samuel Wainer. Afinal, se depositavam o que ganhavam
    nas patas dos cavalos, isso não é, nem deve ser problema meu. Naquela época, em
    São Paulo, em cada esquina tinha um local para apostas em cavalos. Era gente de todo
    o tipo apostando. Como poderia supor que meu santo padre jogava seu dinheirinho fora
    apostando em cavalos? E olha que na igreja nossa, onde eu era coroinha, tinha um, com
    o São Jorge montado nele. Dia de jogo do Corinthians, o pratinho dele ficava cheio de
    moedas. Meu santo padre enchia os bolsos da batina. Era o dia mais feliz da vida dele
    quando tinha jogo do Corinthians. Ele até esfregava as mãos, me lembro muito bem disso.
    Pior é que eu, uma criança, não sabia que ele ganhava no cavalo de São Jorge e perdia
    nos outros, do Jóquei Clube, coitadinho.
    Para não tomar vosso tempo, vou fazer uma confissão. Não posso morrer levando para a
    cova esse segredo. Depois de crescido, já padre, eu adorava jogar no bicho.
    O Adhemar de Barros tinha liberado o jogo em São Paulo, mas padre jogando ficaria ruim,
    então eu pegava uma peruca de uma freira, a Germana, já falecida, vestia minha batina e
    jogava num buteco no Brás. Pensavam que eu era mulher. Alguns até assobiavam pra mim.
    Pior foi o dia que ganhei no cavalo. Fiquei empolgado e sai pra receber sem colocar a
    peruca, levando o papelzinho com a milhar 4444 comigo. Foi um susto danado no buteco
    do Orlando negão, onde eu jogava. Pagaram, mas espalharam pra todo mundo que eu jogava.
    Foi então que me transferiram para o interior, onde estou até hoje.
    Não sigam esse péssimo exemplo, caríssimos irmãos. Obedeçam um dos dez mandamentos
    da Bíblia, que diz: "Não jogareis".
    A paz de Cristo em vossos corações........
    Padre Euvidio

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  21. Amigas e amigos
    Estou funçando nas minhas estantes, abarrotadas de livros, uma zona total, e nã encontro o livro com a vida do Samuel Wainer. Vou dar pistas para ajudar: se não me engano, o título é "Minha razão de viver", ou algo assim, numa referência à UH. Como li há vários anos, quando foi lançado, esqueci detalhes. Foram depoimentos gravados do Samuca, muitas horas, a 3 jornalistas, um deles o Augusto Nunes. Desconfio que emprestei a alguém (coisa que não se faz com livro) e fiquei sem meu exemplar. Mas prometo continuar procurando.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  22. Ana Célia de Freitas.quarta-feira, 22 abril, 2009

    Olá meu querido...
    Parabéns, como sempre belíssimas histórias,que faço questão de ler,faz bem.As Histórias que vocês contam poderia se transformar em um livro...
    Beijossssssssssss.
    Ana Célia de Freitas. Franca/SP.

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  23. Queridas amigas e amigos
    Esse assunto "Samuel Wainer" já está começando a saturar, mas já que começamos agora vamos terminar. Confirmado: o título do livro é mesmo "Minha razão de viver". A Livraria Cultura recebe pedidos e sai em busca de títulos esquecidos ou esgotados. Tentem, porque vale a pena ler e conhecer os bastidores (sujos) do poder e do jornalismo sem escrúpulos. É a únca obra que conheço em que alguém escancara a própria corrupção. O livro saiu depois da morte dele, em 2 de setembro de 1980. O cara fez, em depoimento gravado, uma reportagem bomba sobre ele mesmo, sem esconder nada. Passa a impressão de catarse, tinha que jogar aquilo para fora. São tantas revelações, e tão impressionantes, que aponto o livro como a maior reportagem de Samuel Wainer. E, consciente ou não, uma autopunição.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  24. Querido amigo Milton Saldanha,
    queridos amigos e amigas deste blog:


    O Samuel Weiner não saturou e nem vai saturar tão cedo.

    Você está coberto de razão, Milton, em observar que o depoimento, transformado em livro, foi a maior e melhor reportagem que o Samuca fez de si próprio.

    Uma história infeliz que, infelizmente - para ser propositadamente redundante - se repete nos dias atuais.

    Minha avó recomendava desconfiar daqueles que amealham grandes fortunas na vida porque é dificil acreditar que a conquista foi obtida com honestidade.

    Minha singela observação de repórter confirma a desconfiança de dona Emília. Ao mesmo tempo em que as sagradas escrituras ( cadê o padre?) ensinam que "maldito é o homem que confia no homem".

    Embora pouco estimulante, nossos atuais focas, futuros jornalistas, precisam saber que a corrupção permeia os grandes veículos de comunicação aonde eles tanto sonham estrelar.

    Melhor ser cabeça de mosquito do que rabo de leão, ensinou-me um professor do ginásio "Julio de Mesquita", aqui de Santo André, onde fui aluno e instrutor da fanfarra.

    Grande abração a todos,

    édison motta
    Santo André, SP

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  25. Ôi, Milton, muito obrigada pelo esforço. Tentei encontrar o livro baseado apenas no nome do Samuel Wainer e não consegui, de forma alguma. Perto da minha casa, moro numa travessa da Paulista, tem uma Livraria Cultura. Agora, com o nome do título que vc forneceu, vou encontrar esse livro. Assim que comprar lhe aviso. Deus lhe pague pela gentileza.
    Vocês são gentís e maravilhosos. Sucesso!

    Larissa R. Pestana - São Paulo

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  26. Boa noite!
    Quero deixar um abraço e meus parabéns aos organizadores desse blog. Magnífico. Assim os demais seguissem essa linha. Uma equipe de profissionais fazendo um jornal de verdade, online. Quantas recordações, quantos ensinamentos.
    Estou encantada e já adicionei em meus favoritos esse blog divino.
    Nota 10!

    Anita R. Carvalho - Curitiba

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  27. Esse tal de Samuel Wainer foi quem matou o Getulio, e matou também muitos pobres, aposentados, crianças e infinidade de outros cidadãos que pagaram seus impostos e viram seus suados recursos, enfiados num jornal sensacionalista de quinta categoria, que puxava o saco do Getulio, para angariar mais recursos que iam satisfazer a luxuria de mais um ladrão, que usava a mídia em beneficio próprio. Dizem que o cara escrevia mal, sua falta de talento era compensada pela sua cara de pau, coadunada com a do Getulio. Os dois terminaram na mierda, Tudo que vem fácil vai fácil. Só faltam agora os estudantes de jornalismo endeusar esse dois crápulas. Isso é fato, a falta de informação, transforma o lixo em luxo.

    JUCA MG.

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