segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

SOCORRAM NOSSO SOFRIDO POVO DA ROÇA

Edward de Souza

Tenho grande estima pelo habitante da roça, base de nossa brasilidade. Nisso empato com a maioria dos cidadãos de nossa pátria, cuja alma é marcada por reminiscências interioranas. Ninguém de nós esquece as maravilhosas fontes de águas, os milharais, os pássaros alegres, a comida abundante e variada, o mugido das vacas, as chuvas fecundas, os bailes da roça, a missa mensal. O ambiente do sertão perpassa a literatura, a vida religiosa, a música e toda a nossa cultura. Mas nas terras de Santa Cruz, por uma série de erros históricos, a nossa reserva cultural foi sendo extinta, ano após ano, sem chance de retorno. Hoje, sobram magros 20% da população que ainda moram no mundo rural. As causas residem na extrema lentidão do governo em proporcionar escolas, estradas, postos de saúde, energia elétrica e outras condições básicas. Em segundo lugar, não tenho medo de dizer que a CLT, aplicada impiedosamente aos proprietários rurais, sem uma adaptação ao ambiente específico, levou o desânimo geral para qualquer iniciativa produtiva.O atual governo provocou a derrota das “elites rurais”. Comida barata ganha eleições. Isso é simpático para todos, menos para os produtores. Os produtos agrícolas não têm preço. Isso é um suicídio nacional. Não custa você dar uma volta pelos campos e ver as casas sem vidraças, com telhados prestes a cair, o mato tomando conta de pátios e jardins, tratores quebrados... As vacas magras são o retrato da bancarrota. Os que estão na agricultura familiar, ainda têm algum recurso, através de financiamentos. Mas a classe média rural, os sitiantes, os pequenos fazendeiros estão pela hora da morte. Nada de admirar quando as monoculturas assumem iniciativas de grande produção, recebem terras para arrendar, aos montes. Isso salva as dívidas impagáveis dos rurícolas, e lhes dá vida mais tranqüila. Esses produtores do campo precisam ser salvos. Devem ser estimulados a produzir os bens comestíveis, ultrapassando a monocultura da cana, soja ou outras, e receber subsídios agrícolas do governo, para manter os preços baixos e manter a viabilidade da economia rural. Os países mais ricos já não fazem isso há muito tempo? Já passou da hora. É preciso socorrer nosso povo da roça, para o bem dessa Nação!

4 comentários:

  1. Até que enfim um texto que lembra o abandono do nosso povo da roça. O Governo Lula acabou com nossa agricultura. Só incentiva a plantação de cana, mais nada! Uma vergonha, diria Bóris Casoy.

    Parabéns pelo artigo, Edward

    Elisa - Franca

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  2. Pior são os atravessadores, essa praga daninha que compra verduras e legumes a preço de "banana" e repassa a preço de ouro, deixando os coitadinhos da roça chupando os dedos, com as calças nas mãos. Esses malditos atravessadores são os responsáveis pela alta dos produtos plantados com carinho pelos nosso roceiros. E ainda enchem verduras e legumes de agrotóxicos para conservá-los. Levam tudo para o CEASA bem mais caro do que compraram. O CEASA triplica o preço e tudo volta para nossa mesa. E pobre roceiro, implorando aos céus ajuda para sobreviver.
    Lamentável!

    José Honório - Batatais

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  3. "Devem ser estimulados a produzir os bens comestíveis, ultrapassando a monocultura da cana, soja ou outras, e receber subsídios agrícolas do governo, para manter os preços baixos e manter a viabilidade da economia rural. Os países mais ricos já não fazem isso há muito tempo? Já passou da hora. É preciso socorrer nosso povo da roça, para o bem dessa Nação"
    Assinalei o último tópico de seu "grito de alerta" e, porque não dizer "mágoa",para lhe dizer que você tocou exatamente na ferida. Uma ferida que está aberta
    no coração de quem é realmente brasileiro e paulista.
    Mas, a culpa não é só do governo! São das pessoas gananciosas. É mais fácil e rendoso praticar a monocultura com contratos fixos e ficar gozando, na cidade e viagens de recreio os lucros ganhos sem nenhum esforço e que se f... os pequenos que não podem fazer o mesmo.
    As tradições que você mencionou (que saudade) que vão para a p. q. o p... Assim pessam os políticos e os herdeiros das fazendas cujos pais deixaram uma história de trabalho e muito sacrifício. O que eles deixarão de herança para seus filhos?

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  4. Tudo da roça é sem valor, repararam nisso? Saindo da agricultura e saltando para a agropecuária. O que fazem os pequenos para cuidar de suas poucas vacas leiteiras e sobreviverem? Queijos. Isso mesmo, queijos! Se quiserem vender o leite, que você paga quase 2 reais o litro e com 50 por cento de água, claro, depois que é repassado para a máfia, são obrigados a aceitar "merrecas". Tostões. Sobrevivem com esmolas para produzir o leite. Os especuladores, sempre dando um nó nesses coitados, cada vez mais rico. Isso quando não colocam acetona e outras "tranqueiras" para matar nossas crianças. Nas barbas do Governo!

    Izilda Matoso - Campinas

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