sábado, 26 de fevereiro de 2011

SEXTA-FEIRA, 25 DE FEVEREIRO DE 2011
Nos últimos dias, os jornais tem se ocupado com pequenas notas de casos de anencefalia que tiveram autorização da Justiça para interromper o processo de gestação. Aborto é a palavra certa! Dois desses abortos autorizados que são de gestantes moradoras de cidades do interior de São Paulo (São José do Rio Preto e Santa Adélia – Estadão - 5 e 12 de fevereiro/011). Em ambos os casos, a sentença foi baseada em que o anencefálo viveria poucos dias depois de nascer e que a mãe correria risco de vida.
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No dia 19 de fevereiro, o mesmo jornal ocupa uma página inteira para falar desse problema. A matéria informa que o STF retoma o processo que autoriza aborto de anencefálo, depois de sete anos engavetado. O jornal mostra em um pequeno quadro destacado na matéria, que “A anencefalia é uma malformação embrionária que atinge aproximadamente um em cada mil bebês. É caracterizada pela ausência parcial do encéfalo e da calota craniana e pode ser diagnosticada no terceiro mês de gestação. Não há tratamento nem chances de sobrevivência para o bebê anencefálico. A maioria dos afetados não sobrevive ao nascimento. Aqueles que não nascem mortos, geralmente morrem algumas horas depois, após parto”.

Com o título “Julgamento volta a opor ciência e religião”, em outro quadro, mostra que em 2003 uma jovem de dezoito anos pediu ao juízo criminal de Direito de Teresópolis, para interromper a gravidez, já que foi diagnosticada a anencefalia do feto. O pedido foi negado porque o Código penal não prevê autorização de aborto nesses casos. Entre vai e vem, como acontece sempre na burocracia judicial, uma desembargadora autorizou a interrupção da gravidez. Um padre católico entrou então com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça. Enfim, até o processo ser julgado desta vez no STF, o bebê nasceu e morreu. O processo foi arquivado.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu para participar da ação. O choque causado entre opiniões religiosas e científicas é proverbial e mais uma vez se faz presente. Ao longo da história, a ciência materialista de choca com os pensamentos espiritualistas da igreja. Entretanto, não pretendo discutir aqui religião e ciência e sim a questão MORAL que nada tem a ver com ciência e religião. A definição para “moral” no Aurélio é extensa. Ficamos com a primeira: “substantivo feminino – 1. Conjunto de regras de conduta considerada como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada”.

Não pretendo aqui neste simples artigo, impor ou mostrar de alguma forma que a doutrina espírita tem o dom da verdade. Nada disso. Apenas vou tentar dizer o que pensa o espiritismo a respeito do assunto uma vez que, a doutrina dos espíritos codificada por Allan Kardec, nada tem contra ou a favor de qualquer religião. A polêmica sobre a existência e a pré-existência do espírito e o momento de sua concepção, em relação ao corpo físico, perturba a ciência, a religião e a filosofia terrena. Os indivíduos materialistas dizem que o homem é apenas um composto de matéria densa, iniciando a vida no berço e terminando no túmulo e nada mais.

Os reencarnacionistas acreditam no fator “causa e efeito” ou carma para os indús. E, partindo daí, entende-se que onde há um efeito é porque houve uma causa. Indo direto ao assunto. Não teria como espírito programado, o anencéfalo, juntamente com aquela que lhe daria a luz, provocado toda essa situação? Um resgate moral. Eu disse MORAL e não religioso. A interrupção desse processo, segundo o espiritismo, traria sérias consequências em futuras encarnações, além de gerar conflitos obsessivos para a mãe que recusou dar a luz a um espírito que necessitava passar por esse transe.

Seria mesmo verdade que todos os anencefálos morrem ao nascer? Não estaria ai uma situação materialista ou de conveniência para se safar dos problemas que uma criança nessa situação acarretaria para a mãe? A Revista Internacional de Espiritismo, do mês de julho de 2007, depois de uma intensa repercussão na imprensa local (Franca) e nacional, publicou uma matéria de minha autoria sobre o caso da menina Marcela de Jesus Ferreira (sem cérebro sim, sem alma não), que morreu um ano e oito meses depois de seu nascimento, prova inconteste de que tais crianças nem sempre morrem logo após o parto. Esse fato ganhou repercussão nacional e internacional

O caso aconteceu na pequena cidade de Patrocínio Paulista, vizinha a Franca. E foi acompanhado por uma médica pediatra do início do nascimento até a morte do bebê. Os médicos, unânimes em seu diagnóstico, diziam que a criança, filha de Cacilda Ferreira (foto), não tinha cérebro e afirmavam que ela morreria dentro de dias. O tempo provou que eles não estavam certos e para se justificarem diziam que havia um pouco de massa encefálica. Fato desmentido categóricamente pela médica Márcia Beani Barcelos, que acompanhou o caso do começo ao fim. A pediatra afirmou ao Jornal "O Comércio da Franca", que não foi a anencefalia que matou a criança. De acordo com ela, Marcela aspirou leite, que vedou o pulmão direito. Além disso, a criança estava com pneumonia. O bebê morreu no dia 1º de agosto de 2008, na Santa Casa de Misericórdia de Franca.

Para encerrar esta matéria, transcrevo um trecho do Livro dos Espíritos, publicado pela primeira vez em 1857. Diz O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (foto), na questão 347: “que utilidade pode haver para um Espírito a sua encarnação num corpo que morre poucos dias após o nascimento? Resposta: “o ser não tem alta consciência de sua existência: a importância da morte é quase nula: como já o dissemos, é muitas vezes uma prova para os pais”. Também vem nos esclarecer a questão 355: “Há como indica a ciência, crianças que desde o ventre da mãe não tem possibilidades de viver? E com que fim acontece isso?”
Resposta: “Isto acontece frequentemente, e Deus o permite como prova, seja para os pais, seja para o espírito destinado a encarnar”.
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*J. MORGADO é jornalista, pintor de quadros e pescador de verdade. Atualmente esconde-se nas belas praias de Mongaguá, onde curte o pôr-do-sol e a brisa marítima. J. Morgado participa ativamente deste blog, para o qual escreve crônicas, artigos, contos e matérias especiais. Contato com o jornalista? Só clicar aqui:
jgarcelan@uol.com.br

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28 comentários:

  1. Bom dia amigos (as)...
    No blog desta sexta-feira o amigo-irmão J. Morgado aborda outro assunto polêmico. O aborto volta a ser debatido, depois de algumas determinações judiciais que autorizaram a interrupção da gravidez quando for clinicamente constatado o caso de anencefalia. Antes de deixar minha opinião, bom explicar que a definição leiga de anencefalia é “monstruosidade consistente na falta de cérebro”, conforme expressa dicionário da língua portuguesa. Muito bem. Para mim, claro, cada um tem a sua opinião, a decisão de se ter ou não a criança tem que ser sempre da mãe, independente de aprovação ou não da lei. Na prática é assim que funciona. Quando há o diagnóstico de anencefalia, mesmo com permissão judicial, quem tem que decidir se quer ou não abortar é a mãe.

    As mães religiosas – como Cacilda Ferreira, de Patrocínio Paulista, cidade próxima a Franca, 10/12 quilômetros de distância – vão sempre se decidir pela não interrupção da gravidez e vão amar a criança e se emocionarem à cada minuto em que ela viver, como foi o caso de Marcela, que viveu um ano e 8 meses cercada de muito carinho. Quem decide o contrário e tem dúvida quanto ao nascimento da criança é porque não está preparada para amar incondicionalmente e nem para as experiências difíceis que viverão. Nesse caso decidirá pelo aborto e é melhor que tenha o respaldo da lei, até por uma questão de consciência. Para que complicar o que se pode simplificar e fazer o que é melhor para todos? As religiões também foram contra a aprovação do divórcio e hoje quem é religioso, não divorcia. A simplicidade da ação está em instruir as seguidoras a não abortar; não são obrigadas a seguir a lei porque têm o respaldo da sua crença. Particularmente, sou contra o aborto, mas a favor da lei que dá opção de escolha para mãe que não quer ter o filho.

    Um forte abraço...

    Edward de Souza

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  2. Olá Amigos

    Bom dia

    “Ser ou não ser, eis a questão”. Edward tem razão quanto à decisão de abortar na situação de um feto anencefálico. Trata-se de um problema consciencial.
    Aqueles que professam o cristianismo com sinceridade, não farão o aborto.
    Os crentes que acreditam na reencarnação jamais o farão. Pois sabem das possíveis conseqüências de tal ato.
    Infelizmente o materialismo ainda fala mais alto. O medo ou a covardia de enfrentar o problema com coragem e fé é raro.

    Um abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  3. Olá Amigos

    Declaração da mãe de marcela publicada nos jornais da época.

    “Eu fico muito chateada quando
    os outros falam que a Marcela não
    tem vida e não sente nada. Eu sou
    mãe e fico com ela 24 horas. Só eu
    sei como ela é e como age. Ela
    sente sim. É um ser humano... O
    que as pessoas deveriam ver é que
    eu não a abandonei no hospital
    como outra mãe poderia ter feito.
    Para mim, é um privilégio Deus ter
    me escolhido para cuidar dela”,
    desabafou”.

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  4. Bom dia, J. Morgado. Também penso que o Edward tem razão, o direito de decidir sobre o aborto, no caso de uma gravidez em que se constata a encefalia do feto, deve ser da mãe. O problema é que ela nunca consegue raciocinar com calma. Está sempre cercada de "conselheiros" que tudo sabem e nada entendem, que a enchem de dúvidas se deve ou não abortar. Algumas mostram a ela as graves consequências caso venha a ter o bebê nestas condições. Outras afirmam que é pecado abortar e que a criança deve nascer, seja como for seu estado de saúde. Confusa, fica difícil fazer essa escolha.

    Essa mãe de Patrocínio Paulista é uma mulher amorosa, não deve ter ouvido ninguém, ou nem deu ouvidos a quem quer que seja. Estava decidida a ter a criança, cumpriu com dignidade seu papel de mãe nesta Terra e eu a admiro muito por isso. Fez a escolha que achou certa e não se arrependeu jamais. Só acho que, pelo apego a esta criança, fez algumas declarações mostradas acima por você, J. Morgado, que não condizem com a realidade. Um bebê assim não raciocina, nada sente e nem age como uma criança normal, convenhamos.

    Bom fim de semana!

    Larissa - Santo André - SP

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  5. Pode ser até que eu esteja entrando pelas portas do fundo, mas sempre tive essa curiosidade e gostaria de lhe perguntar, J. Morgado. Sempre que se fala em aborto, sejam qual for as circunstâncias, sempre vejo comentários, como hoje do Edward e da Larissa, afirmando que a mãe deveria ter o direito de decidir se quer ou não tomar esta atitude. Pergunto. E o pai, fica sempre por fora? Não é ele que vai dar a luz, sentir as dores do parto, etc. e tal, mas vai arcar com todas as despesas e com a obrigação de criar essa criança problemática. Não seria uma discriminação dizer apenas, a mãe decide? Melhor não seria, os pais decidem?

    Grato e parabéns pelo texto!

    Juninho - SAMPA

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  6. Caro Edward,
    Seu trabalho é admirável e seu blog tem uma importância imensa para o arejar mental, para os que necessitam ir mais adiante...
    Não encontrei o e-mail, então vai por aqui mesmo.
    Oferto ao seu blog o Selo CASA AZUL DA LITERATURA, que certifica a promoção e a difusão da cultura entre os povos, que é o que você faz afinal. O Selo está em CASA AZUL DA LITERATURA. Caso o aceite, assim que o postar, por favor, mande um comunicado, que assim seu blog entrará na lista, com link, dos blogs que o receberam. SELO CASA AZUL DA LITERATURA!
    Um abraço de
    Marciano Vasques

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  7. Para quem não ama, J. Morgado, qualquer vida é irrelevante. Nosso combate não deve ser contra o aborto. Mas, sim contra o desamor, raiz da mentalidade contra a vida.

    Bj

    Talita - Unisantos - Santos - SP

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  8. Olá Juninho

    Bom dia

    Muito inteligente sua pergunta.
    Em uma família devidamente constituída, o caso deve ser discutido entre os cônjuges.
    Quando eu digo cônjuges, não quer dizer que essa situação seja “legalizada” através de um simples papel.
    Quero lembrar aos religiosos, que o Quinto Mandamento da Lei de Deus (que são dez) diz, “Não matarás”.

    Um abraço garoto

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  9. Bom dia, J. Morgado!
    A sociedade está passando por um período de grandes transformações e isso deve ser analisado com critério, sabedoria e discernimento para que decisões equivocadas não agridam o ser humano em sua dignidade moral, física, psicológica e espiritual. Valorizamos o ter; o ser está praticamente esquecido. Somente “os perfeitos” têm lugar em nossa atual sociedade. Tudo que é imperfeito deve ser rejeitado o mais breve possível. Sofrimento, nem pensar. Buscamos a felicidade a qualquer preço e com isso estamos nos tornando cada vez mais infelizes.

    O aborto do anencéfalo não é a porta que se abre para a legalização indiscriminada para todo e qualquer tipo de aborto, eutanásia e ortotanásia? Tenho contato com pessoas cujas vidas foram marcadas por alegria e sofrimento. Posso afirmar que todas as pessoas que enfrentaram os seus sofrimentos são muito mais felizes do que as que rejeitaram. Quem enfrenta pode experimentar a certeza da vitória, a vitória da gestação, por exemplo, porque uma nova vida, uma nova pessoa só nasce após enfrentar o sofrimento. Sofrer é parte do aprendizado de dignidade do ser humano. Uma roseira deve ser cortada para dar novas rosas. As plantas são podadas para crescer e florir. Devemos ter uma visão sistêmica do mundo em que estamos inseridos e entender que as dificuldades da vida sempre nos engrandecem.

    Parabéns pela crônica desta sexta-feira!

    Michelle – Florianópolis - SC

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  10. Obrigado, amigo escritor Marciano Vasques, com prazer vou ao seu blog buscar o SELO CASA AZUL DA LITERATURA, para postar em nosso blog. Assim que o fizer, será comunicado. Tomarei ainda providências para que meu e-mail fique em destaque neste blog.

    Um forte abraço!

    Edward de Souza

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  11. Boa tarde Juliano!

    poderia traçar um paralelo entre anencefalo e acefalo?

    Poderiamos fazer uma camapanha defensora do "pós-aborto" para os que tem má formação?

    abortariamos os que possuem manifestação de má formação pós nascimento, como cancer, e deficiencias degenerativas, que sabe pós-abortariamos mamãe, papai, vovó, vovô e poupariamos dinheiro, tratmaneto, tempo e leitos, assim sobraria mais dinheir e tempo para viajar, passear, trocar o carro, comprar uma roupa nova?

    Ultima proposta:
    - O que tem em comum os espartanos,arianos, III Heich???

    passam os anos, as decadas, os seculos, milenios e a retorica da raça pura é a mesma, só os argumentos é que se melhor adaptam ao contexto social.

    Alias, viu Juliano, convide-os para fazer uma visitinha lá na APAE de Mongaguá, por que do sofá macio e da frente da televisão a cabo é facil mandar alguém para lata de lixo!
    Ao feto, não foi dado o direito de se pronunciar, ele não grita ou nos não escutamos, ele não chora ou nos não vemos, ele não pede piedade ou nos não nos apiedamos.

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  12. Só podia mesmo ser seu o comentário, Eduardo. Por acaso você poderia me dizer porque razão os cães, assim que percebem que suas criam nasceram com problemas físicos ou visuais os matam no ninho? Ou desconhece isso? De acordo com estudiosos do assunto, agem desta forma para evitar que seus filhotes sofram na vida. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, Eduardo. Cômodo determinar a uma mulher que não aborte, que coloque no mundo um filho sem cérebro e sem nenhuma perspectiva de vida. Ahhhh... Como eu gostaria que os homens dessem à luz. O discurso seria bem outro. A mulher tem sim o direito de optar se quer ou não o filho que ela gerou e carrega em seu ventre.

    Bom final de semana!

    Gabriela - Cásper Líbero - SP

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  13. Lei de causa e efeito; aspectos morais do aborto em qualquer situação; necessidade reencarnatória do espírito anencéfalo; consequências desastrosas em futuras encarnações; processo obsessivo para a mãe que interrompeu a gravidez. Concordo plenamente com tudo isso e sou radicalmente contra o aborto. Bela postagem, como sempre. Grande abraço.

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  14. Oiê, amigos (as)...
    Mais um artigo polêmio e que aguça a imaginação e a pendenga. Beleza mestre Morgado.
    Independente de qualquer doutrina prefiro ficar com a Lei; "o abordo no Brasil é legal" ?. pois então, cumpra-se a Lei. O que, por exemplo, acham os amigos deste blog sobre o fato de Testemunha de Jeová não permitir transfusão de sangue, mesmo que a negativa possa custar a vida de alguém ? Casos desse tipo pululam aqui no Brasil. Então como fica ? Dogmas abstratos ou a Lei ?.

    abraços
    Oswaldo Lavrado -SBCampo.

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  15. Mais uma vez J.Morgado nos surpreende com uma matéria polemica a respeito do aborto.
    Somos livres para ter relacionamentos sexuais com infinidades de parceiros ou de parceiras, mas não somos capacitados para arbitrar sob a vida ou a morte de um pequenino nascituro que habita temporariamente um útero com a nossa semente.
    Em nome do livre arbítrio, cometemos as mais insanas atrocidades em favor da nossa comodidade, mas não somos preparados para as mazelas que por ventura possa decidir o nosso futuro perante a nossa própria consciência.
    Na visão reencarnacionista, tanto os pais, como o anencefálico, estão passando por uma prova de resgate de dividas das vidas passadas.
    Nascer sem o cérebro, ou com parte dele, seria como uma benção que sem memorização o individuo, deixa no passado o esquecimento dum mal que atormentava o psiquismo doentio.

    Padre Euvideo.

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  16. Tenho total respeito pela opção de Cacilda Ferreira, mãe de Marcela, caso de Patrocínio Paulista, citado por você em seu texto, J. Morgado, mas acho que ter ou não um filho sem cérebro, com tantos problemas como os desta criança, deve ser uma opção da mulher e não uma obrigação. Cabe a ela decidir se quer dar vida a um ser nestas condições, principalmente se for informada que a capacidade afetiva e intelectual da criança é zero. Não tem caixa encefálica (crânio), por isso não pensa, não ama, não ouve, não sente. Religião a parte, sou amplamente favorável a liberdade de escolha.

    Bom fim de semana!

    Carol – Metodista - SBC

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  17. Jornalista J. Morgado, há 13 anos tive uma filha com anencefalia, que resistiu apenas 1 hora de vida. Hoje ao ler este texto, sinto-me compensada pela dor de não ter sequer olhado seu rostinho. Foi triste, muito triste mesmo. Eu a tive após um relacionamento no qual só eu amava e na carência de afeto deixei-me levar. Alguns familiares, inclusive e principalmente minha mãe, queriam que eu abortasse. Fui firme e segui até o fim. Sou grata a DEUS por não ter abortado e contribuído para que este ser resgatasse algo de seu passado. Muito obrigada por este esclarecimento e pelo texto maravilhoso. Sou uma pessoa feliz agora e agradecida à doutrina espírita, trazida até aos dias atuais por Kardec.

    Abraços

    Edmeia Simonetti

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  18. Olá Amigos

    Boa tarde

    Depois de uma boa soneca e uma ducha refrescante, aqui estou de volta.
    Livre arbítrio quer dizer que cada ser humano é responsável por suas ações. Este conceito é apenas uma explicação pálida do que é chamado também de livre – alvedrio, ou seja, vontade própria.
    As leis humanas punem quem transgride suas leis. Em alguns países essa punição vai até a perna de morte.
    Alguém disse em certa ocasião que, “não concordo com você, mas defendo até a morte o seu direito de pensar”.
    Assim penso eu.
    Considero o livre-arbítrio um sagrado direito do ser humano.
    Se as leis humanas punem com rigor os transgressores, o que acham aqueles que são religiosos, quanto à punição das leis divinas ou morais?

    Um abraço a todos

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  19. Oi J. Morgado, sou contra o aborto em qualquer circunstância, até se constatado que a criança é anencéfala. É uma vida, mesmo que dure segundos! Deus tem mistérios que não cabem a nós, pobres pecadores, questionar.

    Bom fim de semana!

    Giovanna - Franca - SP

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  20. Mais uma vez fui interpelado pelo meu mestre, Dr. Miguel Arcanjo, (renomado médico psiquiatra e professor de medicina na Universidade de São Paulo). Solicita o mestre que eu expresse meus pensamentos, usando a linguagem científica, a respeito do tema “Anencefalia e moral”, escrito pelo brilhante e consagrado jornalista J. Morgado, no blog do respeitado, admirado e não menos consagrado jornalista Edward de Souza.
    Pois bem, contando com o auxílio da Drª Laudemira Losako, esclareço que se define anencefalia como malformação decorrente do não fechamento do neuroporo anterior do tubo neural do embrião, o que implica na ausência ou formação defeituosa dos hemisférios cerebrais. Pesquisas apontam diversas causas para a incidência da anencefalia, mas nenhuma delas é cientificamente comprovada. Tratei do referido tema em palestras realizadas na Itália, França e Alemanha recentemente. Dentre os assuntos abordados, falei sobre os direitos da gestante e dediquei boa parte de cada palestra a Marcela de Jesus Galante Ferreira, a anencéfala de maior longevidade já registrada no País, destacada neste texto de J. Morgado.

    Devo explicar que conheci pessoalmente Marcela e sua mãe Cacilda Galante Ferreira, para ter subsídios que me levassem a fazer estas palestras na Europa. Em visita a ambas, pude verificar o que essa deficiência representa na vida da família e o que significa o poder do amor materno. As palavras pronunciadas por Cacilda Galante Ferreira ao relatar sua experiência com o diagnóstico de anencefalia emocionaram, não pela tristeza do fato, mas pelo amor incondicional que demonstrava ter sentido pela filha desde o início da gestação. Após o nascimento de Marcela, Cacilda viu-se como fonte para a mídia regional e nacional e passou a ser procurada constantemente para responder sobre posições de especialistas sobre o “milagre” da sobrevivência do bebê. Chegaram a referir-se à Marcela em revista de representatividade nacional como “A menina sem estrela”. Contrariamente à afirmação da revista, pude observar que Marcela possuía não uma estrela, mas uma constelação inteira a seu favor. Seu tronco cerebral perfeito se desenvolvia e adaptava-se a funções que a princípio não seriam dele, o que possibilitou sua sobrevivência durante um ano e oito meses, graças a proteção e cuidados intensos de uma mãe mais que zelosa.

    Infelizmente não são todas as mulheres que apresentam a mesma força que Cacilda. Na maioria das vezes, o diagnóstico da anencefalia causa um sofrimento imensurável à gestante, a qual reluta em aceitar a realidade e não apresenta forças físicas e psíquicas para prosseguir com a gestação considerada inviável. Em razão disto, a CNTS (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde) interpôs no Supremo Tribunal Federal a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental de nº. 54-8, que se julgada procedente, autorizará a interrupção da gestação de anencéfalos sem a necessidade da autorização judicial expedida por juiz. Acima da polêmica sobre o abortamento de anencéfalos está o fato de que Cacilda Galante Ferreira é um ícone de força e fé, demonstrando a todos que o verdadeiro amor materno está acima de qualquer imprevisto imposto pela vida.

    Atenciosamente,

    Dr. Sebastião Honório - Médico psiquiatra clinico e psicoterapeuta da USP, com experiência em várias áreas de atuação na especialidade. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Especialização em dependência de drogas na Inglaterra. Título de especialista em psiquiatria pela ABP. Participação como ouvinte e palestrante em Congressos Nacionais, Internacionais, bem como cursos nos EUA.

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  21. Sou contra o aborto, J. Morgado, mesmo em casos constatados de encefalia. A ciência muitas vezes erra. Uma vida merece ser preservada até o último segundo, jamais aceitaria uma coisa dessas. Nem meus dois cães que eu amava permiti eutanásia, mesmo quando veterinários deram como certas as doenças incuráveis que tinham. Viveram até o fim. Imagine um bebê, uma vida... Sonho que nós mulheres alimentamos durante uma vida... Eu acredito em Deus e não posso concordar que um crime como este - aborto - seja praticado contra um ser indefeso.

    Gostei muito do seu texto e estou admirada com o comentário do Dr. Honório, excelente.

    Bom fim de semana!

    Tatiana - Metodista - SBC

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  22. Amigos do blog de ouro,boa noite.
    Com excessão de alguns artigos, este do méstre e amigo J.Morgado,torna-se outro tambem bastante polemico.
    Sem entrar no mérito da questão, na minha opinião deveria sim haver uma lei facilitando o aborto não só nesses casos (anencéfalia),como em qualquér circunstãncias em que a mãe e possivelmente o pai não desejem o nascimento.
    Aguardemos os nóssos "bons" politicos decidirem e tornar lei o aborto.
    A propósito,conheci uma garota que mesmo sabendo que o filho éra anencéfalo,decidiu te-lo,mas como na maioria dos casos a criança já nasceu e morreu em seguida.
    A jóvem mãe,nunca mais quis engravidar e até hoje lastima não ter abortado para não se sentir culpada em colocar no mundo uma criança que éla já sabia, não tinha nenhuma chance de vida.
    Quanto ao caso da pequena Marcela,pode acontecer um em um milhão de nascimentos.
    Abraços J. Morgado e parabéns pelo artigo.
    Edward,estamos aqui aguardando mais uma laurea para o "nosso" blog, desta vêz o Selo CASA AZUL DA LITERATURA.Parabéns.
    Abraços aos demais amigos participantes.tenham todos um ótimo final de semana

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

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  23. Olá Amigos
    Bom dia
    O Dr. Honório demonstra em seu comentário que Albert Einstein tinha razão quando disse que “A ciência sem a religião é coxa (ou manca), a religião sem a ciência é cega”.
    Comovente o depoimento de Edmeia Simonetti.
    Um abraço a todos

    Paz. Muita Paz.
    J. Morgado

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  24. Renata M. Cordeiro Pestanasábado, 26 fevereiro, 2011

    Esse assunto, tratado pelo J. Morgado é sempre polêmico, pois envolve, na grande maioria das vezes, opiniões galgadas em princípios morais advindos da religião. Gostaria de falar sobre a autorização da interrupção de gravidez por anencefalia pela Justiça. Como bem disse Mallman, o Estado é laico, frise-se, apesar de não ser ateu – laicismo de Estado é diferente de ateísmo de Estado (vide a própria CF que traz em seu preâmbulo a menção a “Deus”) e a questão deveria ser tratada à luz da coerência legislativa. Explico. Um ordenamento jurídico traz vários conceitos que devem se harmonizar. Se já existe um parâmetro utilizado para determinar a morte do indivíduo – FIM DA VIDA – este deve ser o mesmo parâmetro utilizado para determinar o INÍCIO DA VIDA. Nada mais coerente! Se o parâmetro para determinar a morte a fim de gerar direitos e deveres aos herdeiros é o fim da atividade cerebral, o mesmo deve ser utilizado para o início da vida.

    É possível determinar qual o momento em que o feto passa a ter atividade cerebral e é com base nesse dado que a maioria dos países desenvolvidos determina a possibilidade do aborto até determinado tempo de gestação. Esta é a minha posição, apesar de ser pessoalmente contra (não faria em mim), sou mãe de dois filhos. Opinião pessoal é opinião pessoal. Legislação é legislação e tem que ser coerente como um todo. Não dá para estabelecer dois parâmetros distintos para a mesma coisa. Início da vida: concepção (quando não existe nenhuma atividade cerebral ainda). Fim da vida: fim da atividade cerebral. Parece coerente? Não… Mas, tudo bem pois coerência na legislação brasileira é algo inexistente!

    Um anencéfalo não tem cérebro e, portanto não tem atividade cerebral. A vida fora do útero é impossível e, portanto, não existe a possibilidade de gerar direitos e deveres. Não existe vida ou direitos a serem protegidos. Claro que mesmo aqui existem argumentos contra: Vide a bebê Marcela de Jesus Galante Ferreira, de Patrocínio Paulista citada neste texto de J. Morgado. Apesar de diagnosticada com anencefalia, viveu fora do útero 1 ano e 8 meses. Alguns dizem que foi erro de diagnóstico, outros não – dizem que ela possuía cerebelo, tronco cerebral intacto e parte do lobo temporal, o que descaracteriza a anencefalia. De qualquer forma a ausência de tronco cerebral, cerebelo e cérebro (anencefalia) inviabilizam totalmente a vida extra-uterina. Obrigar que a mãe leve a gravidez até o final é no mínimo uma insensibilidade da parte do magistrado.

    Sabemos que nos Tribunais e nas Varas pelo Brasil afora tem entendimentos diversos. Muitas vezes a pobre da mãe somente consegue o direito de abortar em sede de recurso. No final das contas a gestação já está tão adiantada que a coisa se complica, pois é necessário praticamente um parto prematuro para que o aborto seja efetivado.

    Obrigada e parabéns pelo blog. Se permitirem, volto outras vezes!

    Drª Renata M. Cordeiro Pestana - Porto Alegre - RS

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  25. Olá Dra. Renata M. Cordeiro Pestana

    Bom dia

    O Blog do Edward e seus amigos está a sua disposição. Volte sempre.

    Um abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  26. LUIZ ANTONIO DE QUEIROZsábado, 26 fevereiro, 2011

    J.Morgado e amigos blogueiros, muito bom dia!

    Mais uma vez vem o amigo trazer à baila um tema polêmico, mas que sugere profundas reflexões de todos nós.

    Vários comentários pró e contra o aborto.

    Pessoalmente são contra o aborto, mas não posso julgar a decisão da mulher ou do casal que decide por praticá-lo. Por outro lado sou favorável que a lei não interponha dificuldades de decisão por parte das pessoas, mesmo que isso viole direitos futuros; como o direito à vida. Exemplo: É proibido roubar. Mas a lei não restringe a liberdade de ir, vir ou decidir se quer ou não roubar.
    Depois do ato sim, há punições estipuladas na lei.
    Retirar a punição civil na lei retira a punição consciencial?
    A lei civil está ainda longe da lei moral, gravada em nossa consciência. Há ainda graus de desenvolvimento consciencial diferente entre as pessoas. O que fica claro é que as ações que cometemos terão reflexo.
    Percebe-se pelo depoimento da irmã Simoneti e do caso da mãe da Marcela, que a questão é de ordem consciencial. Percebe-se que levar a termo a gravidez, mesmo com todas as dificuldades, trouxe a elas muita paz. Precisamos saber se as mães e pais que praticaram aborto estão com a consciência tranquila.

    Como diz o mestre Morgado: Paz, Muita Paz!

    Luiz Antônio de Queiroz
    São Sebastião do Paraíso-MG

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  27. Vim agradecer a sua simpática visita ao meu blog, e aproveitar para conhcer o seu que é interessantíssimo, como esta postagem.
    Também não vejo o aborto de outra forma a não ser como sendo uma questão moral.
    Não estou aqui para fazer juízos de valor, pois nem mesmo Deus nos julga, porém concordo com a visão espírita sobre o assunto. Mesmo sendo ainda uma principiante nos estudos dessa doutrina.
    Paz e Luz, e que Deus o abençoe plenamente.
    Angel.

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