terça-feira, 2 de novembro de 2010

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Existem religiões porque existe a morte e além da morte o grande vazio e a grande interrogação sobre o que nos espera. Todos os credos tentam preencher esse vazio criando céus e infernos mais ou menos semelhantes onde gozaremos a vida eterna como recompensa de nossas boas ações ou padeceremos no fogo por nossos pecados. Não existisse esse medo nem essa interrogação, a gente iria levando a vida a cada dia esperando na próxima esquina a visita da dama de negro que a todos nos levará um dia.
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O Dia de Finados – também chamado de Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia dos Mortos – é celebrado desde o século XIII em 2 de novembro, na sequência do Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro. No calendário da vida é o dia mais triste do ano, enfeitado pelas flores das recordações e umedecido pelas lágrimas das saudades. É momento de desarrumar corações, de reabrir as feridas da alma. Mais do que encará-lo como um dia associado à morte, é interessante vê-lo como um dia de amor, porque amar é sentir que o outro não morre jamais.
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Dizem os antropólogos que a civilização começou quando começamos a enterrar nossos mortos. Antes disso, éramos simples animais e como tal sem nenhuma noção de nossa finitude nem do grande mistério que significa esse fato biológico. Só quando a morte nos despertou a curiosidade, nossos antepassados começaram a guardar com mais cuidado os corpos de membros da tribo, talvez na primeira esperança de que eles pudessem retornar daquele estado de imobilidade para a vida normal. Seja como for esse sintoma de respeito nos faz mais humanos e como tal, sempre tementes e desafiados pela morte uma circunstância que, pela sua certeza, deveria ser encarada com mais naturalidade.
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Não há nada mais difícil para a grande maioria das pessoas do que lidar com a perda de alguém querido. Esta inexorabilidade que existe na aceitação da morte para o entendimento de muitos é intransponível. Mais do que nunca, é o exercício da generosidade para com aquelas passam por essa situação. E, na hipótese de que isso aconteça conosco, que encontraremos o apoio necessário. Não importam aí a religião, a crença ou a filosofia de cada um. O que deve valer é um sentimento maior de respeito e solidariedade. De acordo com a cultura, a morte é uma tragédia ou uma festa. Na nossa civilização judaico-cristã a morte é sinônimo de dor, de contrição, momento para lágrimas, vestes pretas e absoluto respeito pelo falecido. No Tibet a morte é celebrada com uma grande festa, pois eles entendem esse momento como a liberação da alma quando ela finalmente vai poder galgar planos mais elevados e encontrar-se com seres iluminados que não frequentam o plano terreno.
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A profunda filosofia chinesa diz "que depois da floração tudo volta à sua origem". É a lei da reversão eterna. Para alguns a vida é apenas a sucessão monótona e fria dos segundos assinalando o sofrimento e a incansável luta pelas coisas materiais da vida. Para muitos, entretanto, é um passo além de todas as estrelas, uma passagem para a verdadeira vida no mundo de Deus, sem dores, sem desventuras, onde o amor e a verdade são intensos raios de luz, doces abrigos que acolhem o divino, o sobrenatural, o mistério da fé.
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Os espíritas acreditam na encarnação e reencarnação, o que significa que, a morte do corpo não representa a morte do espírito e, dessa forma, é possível voltar a viver em outro momento, com o mesmo espírito, mas em um corpo diferente. Essa crença se consiste na idéia de que se pode ter mais uma oportunidade para progredir, ética e moralmente. Até os cientistas, que só acreditam no que podem comprovar, tentam explicar que existe vida após a morte.
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Já se fez de tudo com os mortos. De enterrá-los respeitosamente a devorá-los em banquetes rituais. Algumas seitas hindus apenas jogam os mortos aos abutres para que eles se nutram da carne e assim o ciclo da vida não seja interrompido. Modernamente se crema até por uma questão de espaço, pois os grandes cemitérios são cada dia mais inviáveis nas grandes cidades. Queima-se o morto e suas cinzas são jogadas ao vento junto com sua memória. Nascemos condenados e nos resta apenas a dúvida do dia e da hora, o que nos ajuda a manter nossos cérebros vivos e funcionando, pois houvesse uma data marcada e ninguém queria mais viver. E nesse caminho que chamamos de vida, vamos nos aproximando da morte, mas nem por isso ela se torna mais palatável ou compreensível, pois não existe idade para desistir da vida e o grande abismo que nos espera é sempre motivo de medo, curiosidade e temor.
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*Edward de Souza é jornalista e radialista
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28 comentários:

  1. Edward, bom dia!
    Texto simplesmente maravilhoso. Sei que cada um tem o seu jeito e a sua maneira de enxergar esse dia. Muitas pessoas não se dão conta que Dia de Finados, apesar de ser como qualquer outro, merece respeito especial, pois nada nos custa elevarmos uma prece ao Criador para agradecermos pelo tempo que passamos ao nosso lado de pessoas tão amadas e queridas, hoje em outro plano.

    Bom feriado,

    Bjos,

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  2. Olá Edward
    As opiniões são divididas, e nem sempre um existe um consenso em relação ao Dia de Finados. No meu modo de entender, devemos sim, respeitar uma data onde nos lembramos de pessoas queridas que nos deixaram. Cada um deve se manifestar de acordo com seu coração, independente de religiões.

    Parabéns pelo excelente crônica, Edward

    Andressa – São Paulo

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  3. Olá Amigos

    Bom dia

    Depois desta dessa magnífica crônica de meu amigo/irmão Edward, transcrevo abaixo uma mensagem de Emmanuel, psicografada por Francisco Cândido Xavier.

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado







    Emmanuel
    (Francisco Cândido Xavier)
    Cerraste os olhos dos entes amados, orvalhando-lhes o rosto inerte com as lágrimas que te corriam da ternura despedaçada, e inquiriste, sem palavras, para onde se dirigiam no grande silêncio.
    Disseste adeus, procurando debalde aquecer-lhes as mãos frias, desfalecentes nas tuas, e colaste neles o ouvido atento, no peito hirto, indagando do coração prostrado a razão porque parou de bater.
    Entretanto, o vaso impassível nada pode informar, quanto à destinação do perfume.
    Ergue as antenas da prece, no santuário da tua alma, e perceberás o verbo inarticulado dos que partiram...
    Saberá, então, que te comungam a dor, estendendo-te as mãos ansiosas. Arrojados à vida nova, querem dizer-te que ressurgiram. Extasiados, perante o sol que a imortalidade lhes apresenta, suspiram por transfundir a saudade e o amor, no cálice da esperança, para que não desfaleças.
    Libertos do cárcere em que ainda te encontras, rogam-te a paz e conformação, para que possam, enfim, demandar a renascente manhã que lhes acena dos cimos...
    Não lhes craves nos ombros a cruz da aflição, nem lhes turves a mente, no nevoeiro de pranto que te verte da angústia.
    Honra-lhes a memória, abraçando os deveres que te legaram, e ajuda-os para que avancem com a tua benção, de modo a te prepararem lugar, na pátria comum, em que todos nos reuniremos um dia.
    São agora companheiros que te pedem fidelidade e consolo para que te confortem, à maneira da árvore que solicita a rega da fonte a fim de preservá-la contra a secura.
    Ante o fel da separação, trabalha com paciência e confia neles!...E quando a agonia da suposta distância te constrinja os refolhos do espírito, deixa que eles próprios te falem ao pensamento, sob a luz da oração.
    (Do livro "Justiça Divina", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)
    NOTA: Esta mensagem já está disponível em nosso site, no seguinte endereço:
    http://www.institutoandreluiz.org/especial_no_grande_adeus.html

    Realização:
    Instituto André Luiz
    http://www.institutoandreluiz.org/
    http://br.groups.yahoo.com/group/instituto_andreluiz/
    http://institutoandreluiz.blogspot.com/
    Imagem: "Mourning Doves": Johanna Chambers Art
    Arte Digital e Formatação: Lori (Instituto André Luiz)
    Música: "Réquiem", de Mozart
    AO REPASSAR/REPUBLICAR, FAVOR CONSERVAR OS CRÉDITOS

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  4. Oi pessoal,
    Fiquei emocionada demais (rsrsrsrsrsrsrs), por isso coloquei o "um" a mais. Por favor, não leiam o "um" na primeira linha que dá certo.

    Bjos,

    Andressa - SP.

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  5. Uma só coisa é certa: um dia, o dia nascerá noutra parte...
    Morrer é a Palavra; não um verbo relativo à morte, mas o verbo da morte. Desafio do Absoluto, mobilado pelos nossos limites, com a brecha necessária para os transpôr. Com a pobreza nos dedos...morrer fecha os olhos e abre o olhar!
    Morrer, é arriscar a vida e ACREDITAR que ela continua noutro lugar...Sem religiões...não faria sentido que fosse de outro modo!
    Obrigada pela tua crónica e as lembranças de um dia que muitos querem esquecer...
    Beijo
    Graça (Portugal)

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  6. Edward. Inserir no blog de hoje o texto em homenagem aos mortos foi uma feliz ideia, que a muitos pode ter feito chorar, no entanto, a outros ensejou lindas lembranças. A mensagem que o Morgado transcreveu foi de feliz oportunidade. Em meu caso, deixarei cinzas como opção que já registrei. Gostaria que o amigo J. Morgado, em outra oportunidade, registrasse sua opinião a respeito da cremação em crescimento no Brasil.

    Um abraço do Garcia Netto

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  7. Dileto amigo Edward de Souza: parabéns por sua crônica, ainda que eu não sinta motivação para comentar datas, pois não aprecio essa coisa do "dia disso", "dia daquilo". Para mim datas são importantes só no plano pessoal, as datas de cada pessoa, seja para a alegria ou contemplação. Todavia, sua crônica é bonita. Na minha infância, nessa data, as rádios interrompiam a programação normal, inclusive comerciais, e tocavam o dia inteiro só múscia clássica. Era algo espetacular, sugerindo recolhimento e paz. Os tempos foram brutalizando os hábitos e o comércio se impôs a tudo. Hoje, o foco é onde se pode ganhar dinheiro, onde, quando e como.
    Bom dia a todos!
    Milton Saldanha

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  8. Não acredito em vida após a morte, o supremo repouso, o apagão total. E vejo a morte com uma incrível naturalidade, pois é inevitável, não adianta se rebelar conta ela. A única coisa que muda, a medida em que vou envelhecendo, é minha perspectiva de que a vida se torna mais curta, aquele dia vai sempre chegando. Então trato de usufruir ao máximo da vida, que é um momento único e fantástico!
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  9. Olha pessoal, para mim o Dia de Finados é mais uma data comercial. Tenho uma filosofia que procuro colocar em prática no meu dia-a-dia. Amar, respeitar e fazer o possível para jamais maltratar as pessoas que fazem parte de minha vida. Depois de mortas, de nada adiantaria eu lamentar, chorar a levar flores em sua última morada. Não entro no clima de velório do dia, mas rezo por todos aqueles que sofreram perdas e igualmente para aqueles que se foram, para que possam estar cercados de muita paz e luz. Cada um tem a sua forma de pensar e agir nesta data. Minha mãe, por exemplo, se recolhe em um canto e fica relembrando momentos que talvez devesse deixar no passado. Mas, é o jeito dela e eu respeito, como também respeito os que não concordam com meu modo de pensar.

    Beijos a todos!

    Tânia Regina - Ribeirão Preto

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  10. O Dia de Finados, ao meu ver, está no coração de cada pessoa, pois mesmo quando perdemos alguém a quem muito amamos, não será este dia que nos fará mais tristes ou menos tristes.

    Devemos nos lembrar daqueles a quem tanto amamos sempre com alegria, pois esta é a forma de enviarmos pensamentos e energias positivas para os que partiram antes de nós, pois como disse Santo Agostinho: "a morte não existe, apenas passamos para o outro lado da vida".

    Bjos,

    Daniela - Rio de Janeiro

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  11. Temer a morte é temer o próprio sono.
    Pois todas as vezes que dormimos morremos.
    Aqueles que têm claridade espiritual, não descansam nem dormindo, usam essa capacidade para trabalhar em beneficio daqueles que vivem mórbidos pela descrença.
    Aqueles que são cegos espiritualmente falando, quando dormem vivem em absoluta inércia a mercê do próprio desequilibro.
    É por essas e outras que eu não tenho medo da morte, pois eu morro todos os dias.
    A verdadeira vida é a espiritual.
    Quando renascemos aqui na terra, é que somos considerados mortos.
    Quando retornamos para a pátria espiritual é que realmente voltaremos a viver.
    Portanto, todos nós somos uns defuntos ambulantes.

    Padre Euvideo.

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  12. Hoje fui acompanhar minha mãe ao cemitério Jardim das Oliveiras, aqui em Franca, você conhece, Edward. Na saída recebi um folheto, na verdade um dos muitos folhetos que distribuem na entrada deste cemitério, a maioria com temas religiosos. Este, Edward, curiosamente continha apenas um lindo verso, que acabo de transcrever agora:
    “É impossível não sentir.
    Ela faz chorar.
    E também sorrir.
    Ela não depende de tempo.
    De idade.
    Ela é uma viagem ao passado que desperta uma imensa vontade de viver o presente. Afinal, como será o futuro sem ela?
    Ela se escreve apenas em português, mas se compreende em todo planeta.
    Não escolhe cor, nem religião.
    Ela só bate em quem tem coração. E por mais que se fale, ninguém, nunca, vai conseguir definir exatamente o que ela é.
    Porque não se explica.
    Saudade se sente.”

    Não é lindo!

    Sua crônica sobre Finados, como disse acima o Milton Saldanha, é muito bonita, linda, gostei muito.

    Bjos,

    Giovanna - Franca - SP.

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  13. "Deve-se consideração aos vivos; aos mortos apenas se deve a verdade”.

    Autor da frase: Voltaire

    Bj

    Martinha - SBc

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  14. Boa noite amigos (as) deste blog...
    Primeiro peço-lhes desculpas pela ausência durante todo o dia de hoje. Postei esta crônica as 6h50 da manhã desta terça, Dia de Finados e logo depois peguei a estrada. Estive em algumas pequenas cidades da região, entre elas São José da Bela Vista, Nuporanga e Sales de Oliveira. O bom amigo Francisco Heitor ficou de castigo, aparecendo vez ou outra neste blog para liberar os comentários, atitude que tomamos desde que um engraçadinho resolveu tumultuar este espaço. Obrigado, Chico.

    Minha querida Giovanna, conheço sim o Jardim das Oliveiras, claro, moderníssimo cemitério particular de Franca, cujo proprietário é o grande amigo Rui Pieri, antigo proprietário da Rádio Difusora de Franca, emissora que agora pertence ao grupo Comércio da Franca, comandado pelo Corrêa Neves Junior e sua mãe, Sonia Machiavelli. É o único cemitério de Franca e um dos poucos deste Brasil, que todos que entram recebem lindos botões de rosas e cravos. Todos. Você e sua mãe devem ter recebido, Giovanna. Lindo o verso que recebeu e divulgou no blog.

    Milton Saldanha, J. Morgado, Garcia Netto, amigos jornalistas, obrigado pela força. Beijos para a Gabriela, Andressa, Tânia Regina, Daniela e para outra grande amiga de Portugal, sempre nos dando a honra de sua visita, a Graça Pereira. Um feriado prolongado como este julgava que poucos iriam aparecer neste blog, mas acabei me enganando. Quase 300 visitas até agora, número que surpreende.

    Obrigado a todos...

    Edward de Souza

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  15. Amigos do blog de ouro,boa noite.
    Edward, mais um ótimo texto vc postou hoje.Me fêz relembrar o tempo de infância que foi o mesmo narrado pelo amigo Milton Saldanha, afinal temos a mesma idade e vivenciamos os mesmos costumes.
    Mas pelo menos tentei me lembrar de todos meus mortos parentes e amigos e o fiz com o intuito de uma homenagem ao menos em pensamento.
    Hoje em dia a povão (a maioria) nem sabe o porque do feriado,só sabem descer a serra e entupir as estradas e as cidades,sem se importar quantas horas ficarão sofrendo para retornar.
    Como disse a jovem Tania Regina, este dia é só mais um feriado comercial,como todos os demais feriados.

    "todo sêr vivente,já começa a morrer quando nasce"

    Parabens Edward pelo texto.
    Abraços a todos os demais amigos do "nosso" blog.Tenham uma ótima semana.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

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  16. Antes que ele, ou alguém me cobre, não me esquecí do padre Euvideo, cujo comentário li com muita atenção. E você despertou minha curiosidade, padre. Na verdade, acabou me deixando preocupado. Deu a entender que o sono é o prelúdio da morte, frase que, se não me engano, foi dita pelo grande William Sheakspeare. Traduzindo: quando "pegamos" no sono, morremos. Me diga uma coisa, padre. Como eu ultimamente ando acordando umas quatro vezez por noite, morro quatro vezes todas as madrugadas? Em um ano "bati com as dez" 1.460 vezes, número assustador. Fico no aguardo de suas sempre abalizadas explicações. Caso minhas suspeitas se confirmem, irei amanhã bem cedo a procura de um médico que me dê um calmante para que pare de morrer, ou melhor, acordar de madrugada, tantas vezes assim.

    Abraços, Padre Euvideo, obrigado pela presença.

    Edward de Souza

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  17. Boa noite Edward, belíssimo texto, meus parabéns. Você me fez rir com esta pergunta ao padre. Será que ele responde? Estou curiosa. Mas, um conselho lhe dou. Acordar tantas vezes assim não é bom sinal, alguma coisa de anormal está acontecendo, possivelmente, sistema nervoso abalado, se cuide, rapaz.

    Aproveitando que vc citou Shakespeare, acima, tenho em minhas anotações esta frase que ele escreveu: "é por medo da morte, dessa fatal viagem para o País desconhecido de onde ninguém jamais voltou que suportamos a angústia do amor desprezado, a morosidade da lei, o orgulho dos que mandam, o desprezo que sofremos dos indignos… Quem carregaria suando o fardo pesado da vida se não fosse o temor da Morte?"

    Bjos,

    Larissa - Santo André - SP.

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  18. Boa noite, Edward já que hoje é Dia de Finados, tenho, para descontrair, uma coleção de crendices e superstições com a morte. Bem interessantes as frases, algumas até engraçadas. Acompanhe:
    • Não se deve chorar a morte de um anjinho, pois as lágrimas molharão as suas asas e ele não alcançará o céu.
    • Homem velho que muda de casa, morre logo.
    • Quando a pessoa tem um tremor, é porque a morte passou por perto dela. Deve-se bater na pessoa que está próxima e dizer: Sai morte, que estou bem forte.
    • Acender os cigarros de três pessoas com um fósforo só, provoca a morte da terceira pessoa. Outra versão: morrerá a mais moça dos três fumantes.
    • Derrubar tinta é prenúncio de morte.
    • Quando várias pessoas estão conversando e param repentinamente, é que algum padre morreu.
    • Perder pedra de anel é prenúncio de morte de pessoa da família.
    • Quando uma pessoa vai para a mesa de operação, não deve levar nenhum objeto de ouro, pois se tal acontecer, morre na certa.
    • Não presta tirar fotografia, sendo três pessoas, pois morre a que está no centro.
    • Não se deve deitar no chão limpo, pois isso chama a morte para uma pessoa da família.
    • Quando pessoas vão caçar ou pescar, nunca devem ir em número de três, pois uma será picada por cobra e morrerá na certa.
    • Quem come o último bocado morre solteiro.
    • Se acontece de se ouvir barulho à noite, em casa, é que a morte está se aproximando.
    • Quando morre uma pessoa idosa, morre logo um anjo seu parente (criança) para levar aquela para o céu.
    • Defunto que está com braços duros, amolece-os se pedir que assim faça.
    • Defunto que fica com o corpo mole é indício de que um seu parente o segue na morte.
    • Quando o defunto fica com os olhos abertos é porque logo outro da família o seguirá.
    • Não se deve beijar os pés de defunto, pois logo se irá atrás dele, morrendo também.
    • Na hora da morte, fazer o agonizante segurar uma vela para alumiar o caminho que vai seguir.
    • Água benta ou alcânfora temperada na pinga joga-se com um galho de alecrim, sobre o defunto.
    • Quando uma pessoa jogar terra sobre o defunto na cova, deve pedir ao mesmo que lhe arranje um bom lugar no além. Se ele for para um bom lugar, arranjará; se para um mau quem pede está azarado. Bom é pedir lugar para o cadáver de um anjinho, pois este sempre vai para um bom lugar.
    • Não se deve trazer terra do cemitério quando se volta de um enterro, pois ela traz a morte para a casa.
    • A pessoa que apaga as velas após a saída do enterro morrerá logo. É bom colocar perto do caixão do defunto um copo d’água benta.
    • Não presta ver muitos enterros, pois com isso se chama a morte para si.
    • Quando passa um enterro, não se deve atravessar o acompanhamento, pois isso traz a morte para pessoas da família. Bom é acompanhar o enterro.
    • Não presta acender só três velas para defunto; deve-se acender quatro.

    Aí estão as dicas, se cuidem!

    Miguel Falamansa - Botucatu - SP.

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  19. Boa noite a todos!
    Depois de umas merecidas férias no Caribe, voltei à ativa novamente na rotina do Hospital das Clinicas em São Paulo. Nem bem comecei a operar crânios com a massa cinzenta desfalcada pelos enormes desajustes que comprometem o equilíbrio humano, quando o meu mestre, Dr. Miguel Arcanjo, (conceituadíssimo professor de medicina e psiquiatria da Universidade de São Paulo), me pediu desesperadamente para que eu fizesse uma postagem no blog do conceituado jornalista e escritor Edward de Souza, a respeito do medo que os mortais têm do desenlace carnal.

    Em várias palestras que proferi nas terras do tio Sam, eu era abordado constantemente sobre esse assunto. Na ocasião, um aluno que cursava o segundo ano de medicina psiquiátrica na Universidade de Harvard – EUA, considerada a melhor do mundo, e por onde passaram oito presidentes daquele país, entre eles Barack Obama, perguntou-me por que o ser humano tem medo da morte. Eu respondi que não é só o ser humano que tem receio da morte, porém, todos os seres vivos temem essa inusitada experiência na qual não podemos relatar o traspasse para os que ficam, segundo a ciência humana, que contradiz as espirituais. Na visão da ciência todos os seres vivos temem a morte devido a auto-preservação.

    O cérebro, diante do perigo, envia para determinadas regiões do físico o sentido puro da auto-sobrevivência, através de micros conexões que ligam o consciente a constituição celular orgânica, através ondas de alarmes mediante o perigo da falência. Essas ondas sutis, porém eficazes, conseguem dar o sentido exato do perigo pelo qual o vivente está sendo submetido. Como o cérebro é o órgão mais egoísta da constituição orgânica anímica humana, ele decreta a falência múltipla dos órgãos vitais, sugando os últimos combustíveis através de uma ínfima partícula de oxigênio que lhe resta, para desfrutar por alguns momentos a mais do sabor da vida física. Portando esse ilustre desconhecido, é o ultimo a sucumbir, exaurindo assim a gota vital do vivente.

    As cavidades cranianas foram projetadas durante os milhões de anos terrenos, para ser a parte mais protegida do físico. A posição que fica o cérebro nos animais, seria como a eficácia de um satélite que orbita a terra no ponto mais alto, facilitando as emanações de ondas a serem captadas por instrumentos apropriados. Assim é a nossa caixa craniana que acomoda o sentido da vida no ponto mais alto da nossa envergadura física, facilitando assim a comunicação com o nosso sistema endocrínico. Esse maravilhoso equipamento da criação divina que é o cérebro convive com a nossa identidade por longos e longos anos terrestres.

    É compreensível que esse órgão se afeiçoe com a nossa personalidade externada pelo físico que temos, e por esse motivo, ele manda ondas de sobrevivência a todas as regiões desse magnífico corpo que temos. E quando temos ações alucinadas de destruição através dos desregramentos alimentados pelos nossos vícios, ele, sem maldade, envia toxinas mentais, gerando enfermidades especificas apenas para nos dar real valor da vida.

    Acredito que depois dessas explanações que dei, com o cabedal de conhecimento do arquivo da minha consciência, eu ajudei aquele aluno a enfrentar os percalços da vida com dignidade e sem medo da morte.

    Dr. Miguel Arcanjo – Psiquiatra e professor da USP.

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  20. Meu caro Edward, você é um privilegiado por Deus, que lhe doou este dom magnífico de saber escrever com perfeição e emocionar quem o acompanha. Sou um felizardo em ter encontrado num site de buscas esse blog. E no dia em que visitei seu blog pela primeira vez fiquei seu fã, confesso-lhe. E seus parceiros, como J. Morgado, Milton Saldanha, Oswaldo Lavrado, Garcia Netto, Nivia Andres que não sei onde está, são todos fora de série como você. Parabéns pela qualidade excepcional que tem este espaço.

    Sobre O Dia de Finados, Edward, não discuto se esse ou aquele concorda ou não com a homenagem que se presta aos nossos entes queridos que se foram. Cada um tem um pensamento. Eu, como fui criado em berço católico, sempre fui e continuo indo neste dia visitar meus entes queridos, como aconteceu hoje, mesmo tendo pleno conhecimento que alí estão apenas seus restos mortais. Pergunto: o que me custa ir até um cemitério de minha cidade e orar pelos meus queridos que se foram? Momento melhor para elevarmos as nossas preces a Deus não existe. E orar faz bem, Edward, alimenta nossa alma, fortalece o espírito. Saí aliviado hoje do cemitério e contente em ter ido.

    Um grande e afetuoso abraço!

    ET: estou até agora tentando decifrar o texto do Dr. Sebastião Honório. Ele é ótimo!

    Birola - Votuporanga - SP.

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  21. Olá meu bom amigo Admir Morgado! Desculpe-me, apesar do meu segundo comentário ter saido logo depois do seu, eu não havia lido sua postagem. O Dia de Finados, já que você tocou no assunto sobre o pessoal que desce a serra, normalmente termina com um triste e lamentável saldo de mortos e feridos em nossas estradas. Como deixaram de visitar os cemitérios neste dia, muitos deles, dezenas sempre, acabam sendo levados para lá, dentro de um caixão. Sem contar os incautos que comem e bebem demais e morrem afogados ou com congestão estomacal nestes feriados prolongados. Você foi policial rodoviário e sabe como eram os movimentos nas estradas nestas ocasiões.

    Amigo Birola, obrigado, mesmo sem merecer estes elogios. Você é muito gentil. Quanto ao nosso Dr. Sebastião Honório, é preciso ter um Aurélio nas mãos. Do contrário, usar a intuição para descobrir o que ele quer dizer em determinados trechos do seu texto. Um abraço, Birola!

    Larissa, você tem razão, preciso mesmo me cuidar e tomar um bom suco de maracujá antes de me deitar. O padre Euvideo, que me assustou, não voltou para dar a resposta que eu tanto esperava. E já está quase na hora de me deitar e morrer mais umas quatro ou cinco vezes, só nesta noite.

    Miguel Falamansa, entre estas frases, muitas ainda alimentam o pensamento de certos povos por este mundão de Deus. Você sabia que no México, os dias 1 e 2 de novembro é de muita Festa para comemorar Finados? Envolve todo o país, e não há mexicano que não dedique uma oferenda ou um trago de tequila a uma alma querida nessa primeira noite de Novembro. Alguns turistas até batizaram esse dia como o “carnaval dos mortos”.

    Abraços a todos e obrigado mais uma vez pela presença ao blog...

    Edward de Souza

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  22. Olá Edward, voltei para lhe responder, sobre o cemitério Jardim das Oliveiras. Verdade, distribuem rosas e cravos para todos que entram no cemitério. Eu e minha mãe ganhamos sim. Uma equipe de funcionários educados distribuem estas flores para todos que entram lá, isso é realmente muito bonito. O que estraga, Edward, são os curtumes que ficam nas proximidades, no Distrito Industrial. Não havia quem aguentasse o cheiro de carniça nesta manhã de Finados. Dizem os funcionários do cemitério que isso acontece sempre nos fins de semana. Mas, convenhamos, Dia de Finados, com centenas de pessoas indo ao cemitério, é um desrespeito e a vigilância sanitária deveria estar atenta a isso, concorda?

    Bjos

    Giovanna - Franca - SP.

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  23. Edward, eu não gosto muito desta data. Acho que devemos colocar em nossa mente que é preciso se fazer o bem, principalmente para pessoas de nossa família, quando estão vivas. Mortas não precisam de nós, muito menos de velas, flores e outros que tais. Parabéns pelo texto, belíssimo.

    Beijos,

    Tatiana - Metodista - SBC

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  24. Também para descontrair neste Dia de Finados, Edward, vou contar uma historinha que ouvi quando criança. Um homem tornou-se compadre da Morte, e o trato era que, quando ela resolvesse buscá-lo, mandaria um aviso para que ele pudesse se preparar, tomando as providências para deixar os negócios em ordem. Anos depois o aviso chegou. O homem se apavorou e na manhã da Morte chegar, ele estava morrendo de medo. A esposa, muito criativa, disse; “Se avexe não, Fulano. Vista uma roupa velha, vá lá pra junto do fogão, se lambuse todo de carvão, fique de cabeça baixa atiçando o fogo e deixe a Comadre Morte comigo.”

    E assim ele fez. Daí a pouco, quando a Morte chegou e perguntou pelo Compadre, a mulher falou que ele havia saido para atender a um chamado urgente e precisou viajar às pressas: não estava ali. A Morte ficou chateada. “Mas é danado mesmo!” disse. “Eu vim de tão longe pra esse compromisso com o Compadre e ele me faz uma desfeita dessas! Tem nada não. Pra não perder a viagem, vou levar aquele preto velho que está ali, junto do fogão…”

    Beijinhos...

    Talita - Santos - SP.

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  25. A morte chegou até para os Faráos do Antigo Egito, que tentaram burlar a mesma com suas construções imensas e riquezas lá depositadas, mas foi em vão, ela soterrou e apodreceu a tudo e a todos; o que sobrou foi destroçado por assaltantes no passar dos anos! Eis a morte – a grande vilã ou salvadora deste planeta!

    No limite entre a vida e a morte convivem em dor, urgência e agonia o amor e a saudade. Essa uma verdade incontestável...

    Bj

    Priscila - Metodista - SBC

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  26. Olá Edward, meu amigo/irmão

    Bom dia

    Para que você tenha uma resposta para sua argüição é necessário que você esclareça o seguinte: Toda vez que você acorda vai ao sanitário fazer xixi?

    Um fraterno abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  27. Olá meu querido Morgado!
    Caso minha resposta seja positiva, certamente você irá recomendar um proctologista ou um endocrinolista, correto? Não, meu amigo, nem sempre vou ao banheiro. Também não fico sem ir, senão morro, claro. Já acordei sem sono e peguei um livro para ler, sem ir ao banheiro, outras vezes corri para a geladeira para comer alguma coisa e a maioria ao computador, até que o sono voltasse. Esta noite, por exemplo, morri apenas uma vez. Acordei duas horas da manhã e fui comer (hehehehehehehe). Talvez eu seja o único falecido que faz suas refeições pela madrugada. E estou fazendo regime, imagine se não estivesse.

    Na verdade, quis dar um aperto no Padre Euvideo, mas ele sumiu, é de lua!

    Abraços...

    Edward de Souza

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  28. Olá Amigão


    Já que eu não preciso indicar o proctologista ou endocrinologista (graças a Deus), recomendo uma oração a Baco, o deus da gula. Que tal uma feijoada bem “arretada” todas as noites?

    Um fraterno abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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