terça-feira, 19 de outubro de 2010

SEGUNDA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2010



.
Tornei-me eleitor em 1963. Era ano de eleições municipais e corri para tirar meu título assim que completei 18 anos, dia 29 de julho. A votação seria dia 2 de outubro. Ninguém com idade inferior podia votar. De cara, fui convocado pela Justiça Eleitoral para ser mesário e achei isso uma honra (hoje dou risada, claro). Os mesários iam trabalhar de gravata. Coloquei meu terninho e lá passei todo o dia, foi interessante. Nas fichas dos eleitores havia fotos, e quando não tínhamos o que fazer nos divertíamos rindo das caras mais feias e dos nomes mais esquisitos. Foi um dia inesquecível na minha vida e grande aula de democracia.
.
Exatamente um ano depois veio o golpe militar e o nosso prefeito de Santa Maria (RS), do PTB (que não era esse partido de araque de hoje, era o partido mais poderoso do país), foi preso e cassado. Era um médico simpático, o Paulo Lauda, fumante inveterado. Já morreu há muitos anos. Seu vice, que teve o mesmo destino do titular, era um amigo da minha família, o professor Adelmo Genro, pai do Tarso Genro, novo governador do RS. Morreu há alguns anos, e mesmo idoso continuava combativo, escrevendo artigos na imprensa de Santa Maria. Foi uma pessoa formidável e inesquecível.
.
As eleições do passado empolgavam o Brasil de ponta a ponta, com paixões e discussões acaloradas entre os eleitores. Quando se aproximava o dia de votar, só se ouvia esse assunto em toda parte, em cada botequim, em cada esquina. O rádio tinha alcance regional limitado, e as poucas emissoras de TV só alcance local, municipal. A grande arma das campanhas eram os comícios. Os candidatos faziam uma maratona percorrendo o país de ponta a ponta, um comício em cada cidade, repetindo sempre o mesmo discurso, claro. Haja voz. Quando chegavam lá no nosso interior gaúcho já era um sacrifício falar, todos com voz rouca, que lhes conferia um tom dramático. Deixavam a barba por fazer, usavam paletós surrados, para passar uma imagem de heróis despojados, em luta e sacrifício pela salvação do mundo.
.
Hoje, a TV, numa pincelada de dois minutos, faz o trabalho que naquele tempo, década de 1960, consumia no mínimo seis meses de jornada cansativa dos candidatos, sem direito a domingos. Era puxado. Mas, por outro lado, o país inteiro conhecia todos eles ao vivo, nas praças, ou, em caso de chuva, em algum cinema local ou ginásio fechado, alugado às pressas. Com 13 ou 14 anos, não mais do que isso, eu já comparecia em todos os comícios do PTB, passava a mão numa bandeira, me infiltrava no palanque, e na maior cara de pau ia ficar lá na frente, ao lado do candidato. Essa presença infantil não só era tolerada como virava um prato cheio para os candidatos. No dia seguinte eu estava na foto do jornal local, na primeira página, junto com o homem.
.
Quando Leonel Brizola, ainda muito jovem, concorreu ao governo gaúcho, em sua primeira grande eleição majoritária, se não me engano em 1959, passei o comício todo ao lado dele, num entusiasmo que certamente ajudava a empolgar a multidão ali na frente. Tudo indicava que eu seria político. Até minha família comentava isso. Mas o jornalismo falou mais alto, foi e continua sendo minha grande paixão.
.
Tantos anos depois, agora com 65 anos de idade, de repente me vi novamente na peleja política, neste blog. Foi este debate inusitado entre eleitores. Algo realmente inusitado, e impensável há alguns anos, não muitos. Uma inovação extraordinária. Não posso dizer que única, porque o universo da rede web já é abrangente, existem espaços para opinião por todo o lado. Mas certamente poucos discorrendo a partir de uma grande provocação cultural, que foi o artigo. Concorde ou não, conteste ou não, o artigo foi a mola propulsora e o convite para o aprofundamento das discussões. Tem gente que diz: política não se discute. Errado: se discute sim, porque seus erros e acertos refletem nas vidas de todos nós, para o bem ou para o mal. É uma responsabilidade que todos temos que dividir.
.
O dia da decisão está chegando. Por favor, me poupem agora de qualquer polêmica. Com toda sinceridade, não terei mais fôlego, isso é exaustivo. Só estou vindo aqui para cumprimentar o Edward de Souza e a todos vocês por essa oportunidade ímpar do exercício democrático e para fazer um último apelo: votem conscientes, com profundo senso de responsabilidade.
.
Quero supor que todos nós desejamos o melhor para o povo e para o nosso amado Brasil. Muda apenas o olhar crítico de cada um. E, ganhe Dilma, ou ganhe Serra, vamos nos tratar aqui com o mesmo respeito, sem revanchismos tolos. E mais: sejamos todos “oposição”, a partir da posse, cobrando dela, ou dele, tudo que prometeu. E mais um pouco, principalmente moralidade no uso do dinheiro público, que não é deles, é nosso!
__________________________________________
*Milton Saldanha - Jornalista, escritor, eleitor há 47 anos.
__________________________________________

46 comentários:

  1. Bom dia amigos (as)...
    Depois de muita polêmica com a crônica postada no final da última semana sobre o "Passado de Dilma", o amigo-irmão, brilhante jornalista Milton Saldanha, volta ao blog com outro belo texto. Trouxe nestas linhas que publicamos hoje sua alegria com o debate que aconteceu durante a postagem da crônica sobre a Dilma Rousseff, candidata a Presidência da República e nenhuma mágoa por ter sido muito contestado ao assumir sua preferência eleitoral e mostrar o lado desconhecido, no seu modo de entender, da candidata do PT. Foram 965 visitas ao blog e cerca de 70 comentários, ficando registrados apenas 50 deles, devido a problemas com o Google, que recebia as postagens dos leitores e logo após, inexplicavelmente, deletava. Pedimos desculpas aos leitores pelo acontecido.

    Muito bem! Nesta crônica de hoje o Milton Saldanha disse que quer sombra e água fresca e chega de polêmica. Mas será que ele não se manifestaria se alguém, por exemplo, perguntasse se mudou de opinião e resolveu votar em Serra depois do debate de ontem? Tentem cutucá-lo com vara curta, quem sabe...

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  2. Oiê, amigos (as)...
    Caro Saldanha, seu artigo de hoje nos remete, com saudades, ao final da década de 1950, quando tirei o título de eleitor (exatamente igual ao que mostra seu artigo) e a primeira votação. A emoção de estar na fila em uma sala de um pequeno parque, em São Caetano do Sul, minha terra natal, é inequecível. O título, quardo até hoje.
    O papel com o nome do "cara" no qual você iria votar e o envelope, devidamente enfiados no bolso pois diziam que "o voto é secreto". Eu cumpri religiosamente essa advertência.
    Teve uma eleição, no começo dos anos 70, em São Caetano, onde concorriam apenas dois candidatos à prefeito (um da Arena e outro do MDB) que o pessoal, pra não votar na situação, catava do chão um "santinho" do candidato do MDB (Raimundo da Cuhna Leite), o azarão, deu um baile de voto no favoritíssimo Antônio José Dall'Anese (Arena e situação). Vale lembrar que esta foi a primeira vez que a oposição derrotou a situação comandada por Walter Braido ( Arena e um feudo político na cidade). Até hoje, São Caetano não vota em candidatos de qualquer outro partido que não seja onde estão os herdeiros políticos do Braido (já falecido) e apenas infima minoria no PT, partido sem nenhuma expressão no município.
    Uma pequena historinha, caro Saldanha, já que seu artigo remete ao túnel do tempo em que as elições eram levadas a sério por todos(candidatos e eleitores).
    Tenha uma boa semana


    Oswaldo Lavrado - SBCampo

    ResponderExcluir
  3. Bom dia amigas e amigos: pensei que aqui eu fosse o único provocador de plantão, e eis que o Edward de Souza brinca comigo, me provocando. Não mudei não, meu querido Edward, votarei na Dilma, mas se der Serra não irei lamentar, porque também respeito a biografia dele, que se identifica com meu passado, tanto quanto a da Dilma. Como falei na leve crônica, escrita em dez minutos, tentei comparar o artesanato das campanhas do passado com essa viagem tecnológica dos nossos dias, onde este blog se insere com espírito pioneiro, inovando com o debate da semana passada. Antes, eu votava, geralmente, com forte convicção e entusiasmo. Hoje, infelizmente, voto pela opção do possível e daquilo que acho menos ruim. O que mudou? Mudou que ficamos todos mais informados e esclarecidos. A política não mudou, foi sempre igual, e infelizmente dominada por oportunistas e safados, ainda que existam também (poucos) nomes honrados. É por isso que a reforma política tem que virar um tema de ampla discussão nacional, com acesso da sociedade ao debate.
    Abraços a todos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  4. As panes no sistema, já explicadas antes e novamente agora pelo Edward, me deixaram com aquele sentimento do goleiro que leva o gol: desapontado. Porque sei de amigos que postaram me apoiando e o texto não foi exibido. Isso me frustrou, principalmente porque numa certa hora me senti num verdadeiro cerco, intencional ou não, de contestadores. Alguns de ótimo nivel, outros lamentáveis. Mas blog é assim mesmo, acontece de tudo. Não suficiente, esse cerco, para me intimidar, porque depois da barra pesada que já passei na vida, tudo, depois daquilo, virou refresco. Cheguei a ler também um comentário, contra uma opinião a meu favor, que logo desapareceu, sem explicação. Não deu tempo nem para a tréplica da pessoa. Que diabo foi isso? Bruxaria? Virus? Sabotagem?
    Abraços!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  5. Bom dia, Milton Saldanha, eu adoro ler crônicas como esta que vc escreveu. Uma vez eu disse aqui neste blog do Edward que me identifico muito com coisas do passado. Sempre que leio ou assisto novelas de época na TV, fico fascinada com tudo. Os trajes que usavam, os carros antigos, o comportamento diferenciado entre homem e mulher, esta, sempre submissa e comandada pelo marido, e outros costumes que minha geração nem sonhava ter um dia sido adotados. Meu avô falava muito dos comícios em praças públicas que ele assistia, sempre indo de terno, gravata e chapéu. Me contava das disputas entre Adhemar de Barros e Jânio Quadros e tantos outros políticos do século passado que dominavam a mídia da época. Lendo seu texto, lembrei do meu saudoso avô e suas histórias sobre a velha política. Muito bom... Parabéns!

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

    ResponderExcluir
  6. E já que estamos falando do nosso debate, agora, serenamente, quero contar a vocês como foi minha estratégia, que o Edward já conhecia, porque contei para ele antes da publicação. Eu já conhecia a tendência de opinião da maioria das pessoas que costumam comentar no blog. Sabia claramente que viria chumbo, e me preparei para ele. Sabia também que surgiriam provocadores do time do baixo nivel, que tentariam me fazer perder a calma, e aí seria o (meu) desastre. Minhas táticas: 1) Responder previamente no texto a todas as questões que, com certeza, seriam levantadas. Ao responder previamente, esvaziei a pergunta. Por isso o texto ficou longo. Nada ficou sem abordagem, e ousei até nos temas mais espinhosos, como explicar o assalto a banco. 2) Montei uma barreira psicológica para não aceitar provocações de baixo nivel, até avisei que não responderia no meu primeiro comentário. Teve um anônimo me ofendendo, se frustrou, não respondi, nem perdi a calma. Pegou mal para quem me contestava em alto nivel, porque ficou em péssima companhia. Meus apoiadores, ao contrário, fizeram textos primorosos. Se entrasse um baixo nivel me apoiando eu teria ficado furioso. Legal, né. Valeu, gente. Espero que não me trucidem na próxima eleição.
    Beijos a todos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  7. Olá Milton, o assunto hoje é outro, ameno, uma bela crônica que também, a exemplo da Gabriela, gostei muito de ler. Sobre o seu artigo anterior, fui uma das vítimas da “bruxaria” que dominou o blog naqueles dois dias em que seu texto permaneceu no topo. Várias vezes postava meu comentário, via que tinha sido publicado e minutos depois... Nada! Até pensei que o Edward não estava gostando do que escrevi e mandei muitos e-mails para ele reclamando. Depois encontrei as explicações dadas por ele no blog e enviadas para mim em resposta aos e-mails que lhe mandei. Não quero provocá-lo, Milton, mas senti uma vontade enorme de deixar aqui o comentário que escrevi e não pode ser publicado.

    Escrevi que a coisa está ficando impossível: querem nos fazer crer que o Serra espalha boatos maldosos sobre a Dilma e o PT, que são, obviamente, as grandes vítimas (sic)! É insuportável: toda vez que alguém discorda do PT, é taxado de direitista, nazista, etc. Esta postura vem de longe: os petistas são, por autodefinição, os verdadeiros, os únicos bem intencionados e éticos "destepaiz", mas os fatos mostram outra coisa. Por acaso não houve mensalão? A Dilma não disse que era contra o aborto? O Zé Dirceu saiu ou não da Casa Civil por denúncia de corrupção? A Erenice praticou corrupção na Casa Civil ou não? O período de administração da Dilma na mesmíssima Casa Civil (entre Zé Dirceu e Erenice) teve ou não corrupção? A mídia inventou tudo? As privatizações foram boas ou ruins para o Brasil? O Lula e o PT foram ou não, contra a eleição de Tancredo Neves, a Constituição de 1988 e o Plano Real?

    Tem hora, juro mesmo, que eu penso que estou lesada, com a percepção adulterada! Como podem querer nos fazer crer que tudo isso não aconteceu?
    E têm professores universitários muitíssimo bem pagos nas universidades públicas, que colocam o seu nome em um documento que é simplesmente uma reivindicação salarial travestida de "interesse popular"! Onde estamos, minha gente? E onde vamos parar? Um governo que não aceita opositores, discordância, tem apenas um nome: DITADURA! Não me interessa se é uma DITADURA DE ESQUERDA, É UMA DITADURA! Se você, como eu, não concorda com isso, penso que tem que se mexer. A única saída, no momento, dentro da democracia, é votar na oposição. É eleger o SERRA e vigiá-lo depois. Ninguém é santo neste país, mas o momento é grave.

    Esse é o comentário que eu havia deixado em sua crônica “O passado de Dilma” e não foi publicado.

    Bj

    Anna Claudia – Uberaba – SP.

    ResponderExcluir
  8. Prezada Anna Claudia: agradeço por sua participação, ainda que só agora, quando já esfriou o debate. Se você reler meu artigo e meus comentários verá que em nenhum momento perdi o espírito crítico em relação ao governo, suas alianças, etc. Exemplo, Collor-Lula. E só alguém muito mentiroso diria que não teve corrupção. O problema, amiga, é que do outro lado foi tudo igual. Minha decisão de voto não foi por esse aspecto, senão o jeito seria anular. Minha decisão é por politica econômica. Fui contra as privatizações do FHC, não todas, mas a maioria. Que ninguém garante que o PT, que nada tem de santo, também possa fazer, só que o risco é menor.
    Abraço grande!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  9. Olá Milton, hoje eu só quero falar de política, e deixo esse recado para a Andressa, antes que ela apareça por aqui e acabe comigo, depois que meu "Peixe" perdeu ontem para o São Paulo, time que ela torce. Já entrando no assunto que você publica hoje, fácil de se perceber que mesmo os políticos de antigamente agiam como os de hoje, procurando ludibriar os eleitores com falsas promessas em palanques, não era assim? Até ternos surrados usavam. Isso me lembra o Lula, velhaco maior, que vive reclamando que os ricos não gostam de pobres na presidência, para ganhar a simpatia dos menos favorecidos pela sorte, a maioria neste país. Os tontos caem nessa, esquecendo-se que o Lula foi pobre, hoje tem mais dinheiro que m... em Pernambuco, terra em que nasceu. Meu pai conta que o Jânio e o Adhemar eram mestres em fazer promessas e não cumprir. O Jânio nem tanto, coitado, não teve tempo, puxaram o tapete dele antes. Legal sua crônica e as ilustrações um barato! Até o título de eleitor do Getúlio Vargas conseguiram, Milton, uma relíquia."

    Abraços

    Juninho - SAMPA

    ResponderExcluir
  10. Olá Saldanha, meu amigo

    Tirei meu título no tempo das cavernas (risos), ou seja, em 1953.
    Nunca deixei de votar. Não acertei nunca. Enfim, os promessinhas estão em todos os partidos.
    Em 1960, viajei pelo Brasil durante a campanha de Janio Quadros. Fui obrigado a fazer isso. Como funcionário público não tive opção. A máquina estatal funcionando a todo o vapor, como hoje. Nada mudou!
    Aliás, nada tem mudado. Esquerda, direita de centro e todas as nuances e a corrupção e as oligarquias continuam.
    Parabéns pelo seu magnífico profissionalismo.
    Antes de optar por qualquer lado da situação política atual, o jornalismo fala mais alto.
    Um fraterno e longo abraço (diretamente de Iguape).
    Paz. Muita Paz.
    J. Morgado

    ResponderExcluir
  11. Oi Milton, sabe a impressão que fiquei depois de ler sua crônica? É a de que os comícios nos tempos de sua infância, eram verdadeiros circos onde as crianças brincavam e se divertiam, isso? Você e os meninos daquela época estavam corretos. Sem saber brincavam com verdadeiros palhaços fantasiados de políticos. Hoje eles já usam a vestimenta certa, veja o Tiririca. Pena que ele foi proibido de entrar no Congresso fantasiado de palhaço, porque fere o decoro parlamentar, pode isso? O Clodovil desafiava os "nobres" companheiros do Congresso e usava um vistoso terno cor-de-rosa (rsrsrsrsrsrs).

    Bjos, adorei sua crônica!

    Tatiana - Metodista - SBC

    ResponderExcluir
  12. Agradeço a todos pelos comentários e não vou personalizar para não ficar xarope. Apenas lembrar, e o J.Morgado certamente vai concordar, que os comícios eram grandes festas populares. Isso agitava a vida das pacatas cidades do interior. Mas a safadeza, como observou o Juninho com toda razão, era a mesma de sempre. Eu era garoto, ingênuo, cheio de sonhos, e obviamente tinha uma visão totalmente maniqueísta. Menos mal,pois teria sido um chato insuportável, e minha vida não teria tido nenhuma graça, se já tivesse nascido esclarecido. Aproveito para cumprimentar o Edward de Souza pelas ilustrações. Fiquei pasmo de ver a manchete de A Razão, até hoje o principal jornal de Santa Maria, com a notícia que comentei.
    Abraços!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  13. Pois é Saldanha, Anhangabaú, Praça da Sé, Largo da Concórdia... Grandes comícios com o comparecimento de milhares de pessoas. Junto com os foguetes e também as promessas populistas. Que o digam os falecidos Ademar de Barros, Janio Quadros...
    Um abraço
    Paz. Muita Paz.
    J. Morgado

    ResponderExcluir
  14. Amigos do blog de ouro, boa tarde.
    Hoje o amigo jornalista Milton Saldanha(somos contemporâneos) postou seu artigo em "nosso" blog,e que nos remete (os mais ântigos)a um passado em que a politica ainda éra tratada como coisa séria.Haviam conversas,debates,discussões, mas só entre eleitores,cada um achando só virtudes em seus candidatos,ao passo que outros procuravam sómente defeitos a quem não lhes éra simpáticos.
    Lembro-me que consegui votar sómente uma vêz,visto haver ingressado na então "FORÇA PUBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO", e por força do regulamento, cabos e soldados NÃO votavam, tambem tirei meu titulo em 1963 ao completar 18 anos e tambem votei nesse mesmo ano no dia 2 de outubro.Permaneci deixando de votar, até o ano de 1988, quando readquirimos o direito básico de todo cidadão, ou seja votar e ser votado.
    Mas lembro com saudades de meu pai,que não perdia uma eleição,chegado o dia de votar, lá estava papai metido em um terno, engravatado,sapatos brilhando e orgulhoso com seu título de eleitor,dirigia-se a seu local de votação, sempre acompanhado pela familia.Lógo depois de cumprir seu dever civico,andava-mos ate o Largo da Penha onde ficava o ponto final e então passeava-mos de BONDE até o centro da cidade (SP) onde papai aproveitava que éra domingo e lá iamos todos almoçar em um restaurante,como a comemorar a participação de papai nas eleições.
    Papai também nunca deixou de alardear sua grande admiração por Jânio Quadros,de quem exaltava a seus amigos a integridade e honestidade de seu candidato.
    Enórme diferença das eleições atuais.
    "varre varre vassourinha
    Varre varre a bandalheira
    Que o pôvo já esta cansado
    De viver dessa maneira"

    Parabens Milton Saldanha pelo artigo, parabens edward pelo "nosso" blog
    Abraços chuvosos a todos.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

    ResponderExcluir
  15. Falha nossa plim plim ...Onde se lê "parabéns edward"por favôr leiam Edward

    ResponderExcluir
  16. Oiê, amigos (as)...
    quando era criança, tipo 5/10 anos (faz tempo), o dia das eleições era mesmo uma festa como já relataram acima. A gente ouvia o pai conversando com as pessoas em voz baixa, parecia que não podiam falar em quem votaram (era como se fosse um crime), mas o dia era festivo. O terno e a gravata deixavam o guarda-roupas e enfeitavam o eleitor. Era uma das poucas vezes que vi meu pai paramentado - pra votoar ou em enterro. O pai não podia entrar com o filho (a) no local onde votava. A fila, sempre grande pois as zonas eleitorais eram poucas, formavam um enorme circulo de homens de preto, talvez azul-marinho.
    Detalhe, a nível majoritário (presidente, governador e prefeito) a briga era acirrada e as discussões, em muitos casos, acabavam em morte. Não são raros os casos que a história registra.
    Lembranças que o artigo do glorioso Milton Saldanha trouxe com a ativação do túnel do tempo.
    Boas recordações, muito boas.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

    ResponderExcluir
  17. Olá pessoal, já que o clima é de reminiscências, também tenho as minhas. Uma que jamais esqueço foi no começo dos anos 60, eu ainda um menino fazendo estrepolias nas ruas, quando a cidade se engalanou para receber Jânio Quadros, Aurio de Moura Andrade (Senador Moura Andrade), Carvalho Pinto e muitos outros. O Comício foi na praça principal de Franca, na época com pouco mais de 80 mil habitantes, hoje com 400 mil. Sem exagero, quase não dava para andar na praça momentos antes de começar o comício. A cidade de Franca estava toda lá. Ou quase. Um tremendo foguetório marcou a chegada dos políticos.

    A grande atração era Jânio Quadros, candidato a Presidente da República. Meu pai, janista roxo, lá estava ao meu lado, de terno, gravata e seu inseparável guarda-chuvas. Assim que Jânio apareceu foi uma festa. De terno surrado, como o Milton relatou que andavam os velhos políticos da época, e o paletó cheio de caspas, Jânio foi logo pedindo, para que todos ouvissem, um sanduíche de mortadela (o famoso peito de perú dos pobres da época). Enquanto a multidão pasma esperava a fala de Jânio, na maior da tranquilidade ele pediu licença e devorou o pão com mortadela.

    Como faz o Lula hoje metendo o pau nos ricos para ganhar a simpatia da maioria que é pobre, Jânio arrancou suspiros de "coitado, cansado e com fome se vira com um pão com mortadela", ou então "esse é dos nossos, se alimenta como os pobres". Assim foi eleito Presidente da República, com essa estratégia usada em todo o país, além de sua extrema inteligência e capacidade, claro. Nesse comício, ganhei e guardo de recordação até hoje, a vassourinha (um broche dourado), a peneira (um broche cor de chumbo) do Moura Andrade, e um pintinho (broche dourado de Carvalho Pinto). Saudades deste tempo...

    Abraços...

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  18. Meu prezado amigo Admir Morgado, um absurdo essa lei que proibia policiais de votarem ou se candidatarem. Frustra o cidadão e Fere seus direitos de expressar sua escolha nas urnas. Um direito constitucional de cada um num país democrático. Outro absurdo é essa obrigação que temos hoje de votar, nos ameaçando com punições se fugirmos da urnas. Isso é democracia? Muitas vezes penso que estamos vivendo na idade da pedra no Brasil. E uma incoerência. Se somos obrigados a votar, não deveriam existir votos nulos e brancos. Durma-se com um barulho destes.

    Abraços...

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  19. Olá Milton, eu fui uma das "podadas" quando deixei comentário em sua crônica sobre o passado de Dilma. Já passou, sem problemas, sei perfeitamente que foi uma falha do sistema que rege este blog, de acordo com as explicações do Edward. Essa crônica sua de hoje, por falta de um termo melhor, defino-a como deliciosa. E imagino o trabalho que tinham os políticos, sem TV, sendo obrigados a levar suas propostas viajando por este imenso Brasil. Achei ótimo os comentários do Oswaldo Lavrado, J. Morgado, Admir Morgado, Edward e outros. Incrementaram de uma forma brilhante seu texto.

    Beijos,

    Giovanna - Franca - SP.

    ResponderExcluir
  20. Boa noite, Milton Saldanha.
    Tanto seu texto como a página editada estão excelentes. Belísimas as ilustrações que acompanham seu relato que fala sobre as eleições de hoje e de ontem. Pena que não participei de nenhum comício, mas claro que já li e ouvi muito a esse respeito. O que temos hoje me permite dizer que a política de antigamente era bem mais emocionante que a de hoje, basta ver esses debates que asistimos. Ontem, mais uma vez não gostei muito do debate entre Serra e Dilma. E, não quero provocá-lo, Milton, você está hoje deitadinho numa rede e já disse que está fugindo de polêmica, mas a sua candidata a presidência parece um robô nestes debates. Decorou muito mal o texto a ser falado e comete gafes que, sinceramente, mostra todo o seu despreparo político. Serra deita e rola. A arma de Dilma continua a ser uma só: tentar desmoralizar o governo FHC e exaltar o governo Lula. Ocorre que isso tinha lá sua eficiência nos debates da fase anterior. Agora, pode passar a imagem de pessoa ranheta, prepotente, que está sempre falando mal dos outros. Uma frase da candidata petista, na fala final do debate de ontem, poderia ser um emblema de sua performance: “Farei um governo voltado para a pessoa humana, sobretudo para a pessoa humana, que será respeitada”. Seja lá o que isso signifique, dada a impossibilidade de existir uma pessoa não-humana. Ela me obriga a votar em Serra, provando sua incapacidade explícita na TV, nestes debates.

    Bjos, parabéns pela crônica!

    Tânia Regina - Ribeirão Preto - SP.

    ResponderExcluir
  21. Boa noite, Milton Saldanha! Que belo texto, que bela experiência!
    O Admir Morgado lembrou bem: “Varre, varre, vassourinha… Varre, varre a bandalheira…” Eu era muito pequeno na época em que o Jânio fez um comício na minha cidade, (eu morava no interior do Rio e depois na capital, antes de me mudar para Botucatu), mas de uma coisa nunca esqueci, lembrado pelo Edward de Souza, Milton, os bottons dourados de pequenas vassouras. Como minha família era um dos pontos de encontro dos políticos que lá chegavam, fomos presenteados (minha irmã e eu) com muitas delas. Até hoje guardo uma foto do Jânio (nesse comício) com o meu pai logo atrás. Se o Edward quiser para qualquer dia postar no blog, posso enviar uma cópia.

    Abraços,

    Miguel Falamansa – Botucatu – SP.

    ResponderExcluir
  22. Edward meu amigão.
    A respeito de cabos e soldados não poderem votar, pelo que me foi ensinado na época, é que como éramos em um numero grande na corporação e juntamente com nossas familias,PODERIAMOS INFLUIR NO RESULTADO DE UMA ELEIÇÃO e que também,cabia a nós,manter a disciplina e a órdem no dia das eleições então como nescessitavam do nosso serviço (todo efetivo) nós não podiamos votar.
    Hoje em dia, todo efetivo policial é empregado,e TODOS dévem votar.
    Interessante né ??
    Quanto ao vóto, eu tambem acho que deveria ser facultativo,mas o Brasil ainda é um país de TERCEIRO mundo, então temos que cumprir o estabelecido na Lei
    Abraços a todos.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

    ResponderExcluir
  23. Para relembrar e como estamos escrevendo sobre eleições, sei que o Edward e o Milton saldanha vão rir e os amigos do "nosso" blog tambem

    "Admir Morgado disse...
    Consegui !!
    Muito engraçado o artigo do amigo Milton Saldanha. Politicos são Politicos até hoje, mas os de hoje roubam mais e nem se envergonham, e também nem pédem cigarro para o povo,a fim de demonstrar de onde vem o dinheiro,não é Milton ?
    Eu particularmente tenho aversão a politicos e se aqui no Blog houvér algum, que me desculpe.
    Mas relembrando Janio, nos idos de 1950, em uma campanha do mesmo, houve um comicio dele no bairro onde eu morava (Vila Ré) periferia de São Paulo,(eu éra garoto) com farta distribuição de vassourinhas, que éram o simbolo de sua campanha "varre varre vassourinha " (relembrando o Edward)
    Éra nescessario um caminhão, de cuja carroceria o candidato (Janio)faria seus discursos
    Nesse tempo papai (Janista como toda a familia) possuia alguns caminhões, e cedeu um para a direção da campanha.
    Quando da chegada da comitiva, percebia-se que Janio, aparentava estar um pouco "alto" pois já vinha de outro local onde discursara.Mas o povo queria ouvi-lo.
    Discurso inflamado, aplausos muitos e de repente, lá se vai Janio para o chão. Ao cair, foi seguro por populares que o aplaudiam, retornou a carroceria do caminhão e para explicar a quéda alegou que havia enroscado o pé em um buraco nas tábuas da carroceria. Mais aplausos e a vólta aos discursos.
    Quando tudo terrminou, Janio acompanhado de acessores e demais politicos, a convite de papai e mais alguns populares, foi ao Bar da D Maria e tomou um "mé", dizendo estar com a garganta sêca, por causa dos discursos, agradeceu o pessoal e partiu .
    Só no dia seguinte é que verificando a carroceria do caminhão, papai constatou que NÃO havia nenhum buraco e deduziu que o tombo havia sido por causa de "forças ocultas" (MÉ)que dele se apossaram já antes do comicio.
    Coisas de Janio !(que ganhou aquéla eleição)
    Parabéns ao Milton Saldanha pelo artigo Abraços ao Edward pelo Blog e abraços a todos participantes.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

    Quarta-feira, 10 Junho, 2009"


    Fui buscar no meu arquivo e publico novamente para os amigos rirem um pouquinho
    Abraços a todos.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

    ResponderExcluir
  24. Parece-me que você sempre teve uma grande admiração pelo Leonel Brizola, não, Milton Saldanha? Não só neste belo texto de hoje, mas em outros que você escreveu, percebi que sempre enaltece a figura do político gaúcho que, no meu modo de entender, deveria ter sido Presidente da República do nosso país. Sim, porque também admirava Leonel Brizola, um dos melhores governadores que tivemos aqui no Rio de Janeiro nos últimos anos. Assim é a política. Quantos, como Leonel Brizola, mereciam uma oportunidade de administrar nosso país e não conseguiram. Outros, incapazes e desonestos, caso de Sarney, num golpe de pura sorte acabou ficando com a Presidência da República. E deu no que deu. E continua dando as cartas no Governo Lula e mamando nas tetas do poder.

    Quanto a obrigatoriedade do voto, abordado pelo Edward e o Admir Morgado, acredito que votar é um direito, não um dever. Principalmente nessas eleições viciadas como aqui no Brasil, onde quem tem mais dinheiro, mais influência, sempre acaba sendo eleito, mesmo que seja um "Ficha Suja", o que demonstra que os partidos não estão preocupados com ética, mas sim com quem é bom para puxar votos para sua Legenda. Não fosse obrigatória a votação, os candidatos teriam que cativar os eleitores, com trabalho e plataformas bem definidas, e não com estes embustes de Marketing.

    Bjos a todos!

    Daniela - Rio de Janeiro

    ResponderExcluir
  25. Boa noite, Milton Saldanha, vou ser bem sincera, posso? Não gostei da crônica em que você falou sobre o passado da Dilma. Não do seu texto, sempre irrepreensível, mas do teor abordado. Mas, isso faz parte do passado e você já colocou uma pedra sobre o assunto, por isso falo sobre esta crônica de hoje. Adorei, tanto eu como minha irmã e meus pais. Papai, depois de ler contou ainda algumas histórias desta época e dos políticos, muitos citados também nos comentários, como o Jânio Quadros.

    Meu pai, que se chama Lucas, disse que havia um jornal, a Folha da Tarde, que fazia a maior gozação com o Jânio. Saia quase todos os dias uma charge do Jânio segurando uma garrafa e um copo. Para não se comprometer, segundo meu pai, o chargista apenas escrevia próximo ao copo, "limão". Um cãozinho ao lado soltava os engraçados "Hic... Hic... Hic, representando os soluços de um bebâdo. Papai está me dizendo agora que o chargista assinava com o nome "Otávio" e ele não sabe se ainda está vivo, faz anos que não vê charges dele.

    Estamos todos rindo deste caso do caminhão, contado pelo Admir Morgado.

    Bjos a todos vcs...

    Renata - Metodista - SBC

    ResponderExcluir
  26. Oi Milton Saldanha, também gosto de ler crônicas como esta que vc escreveu hoje no blog. Bom para conhecermos um pouco sobre nossos políticos de antigamente. Pelos comentários que li, Jânio seria um bom parceiro de copo para nosso atual presidente (rsrsrsrsrsrsrs). Outra coisa Milton, ou então o Edward. Não entendi o significado da primeira foto que ilustra esta crônica. Seria a turma do "mensalão" dividindo a grana?

    Bj

    Talita - UNISANTOS - Santos - SP.

    ResponderExcluir
  27. Pessoal, todos os comentários me deliciaram. Sai para a aula semanal de tango, fui jantar com amigos, e só agora estou podendo comentar. Agradeço a todos pela participação e elogios, e aceito democraticamente e com paz de espírito manifestações francas e honestas de quem não gostou do artigo anterior. Gosto dessa sinceridade, que é também meu estilo. A história do caminhão contada pelo Admir Morgado é excelente. Mas o Jânio não bebia só leite? (Argh, acho que morreria). Ele e o Lula num balcão seria páreo duro. Dizem que no dia da renúncia o Jânio tava podre de bêbado. Admir Morgado, me esclareça, por favor: soldado da PM agora vota? Do Exército não vota, nem da Aeronáutica, bem marinheiro. Acho absurdo, pois são cidadãos como qualquer outro. Mas sargentos e oficiais votam, parece-me uma contradição. Ou sargento não vota? Agora fiquei em dúvida. Lembro-me que existiram sargentos deputados, nos anos 60, deu tremenda polêmica.
    Abraços!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  28. Espero, e faço um apelo, para que o Edward de Souza deixe um pouco mais esta crônica no ar para dar tempo de leitura de respostas a comentários que só posso dar agora, tarde pra caramba. Primeiro, sobre o Brizola, para a Daniela. Tornei-me brizolista quando ele governou o RS, fez uma excelente administraçao, e liderou a campanha a Legalidade, a "guerrinha gaúcha", que contei em detalhes aqui no blog, faz tempo, capítulo do meu livro de memórias. Sempre gostei muito do Brizola e uma vez até jantei com ele, em São Paulo, quando eu era editor-chefe do Diário do Grande ABC. Mas houve momento em que Brizola me irritou profundamente, com alianças que nunca entendi. Esses políticos sempre fazem alguma merda, é impressionante. Contudo, no balanço geral, posso dizer sim que fui brizolista sempre. Outra coisa que gostava nele era o apoio que dava à educação, ao ensino, mais do que qualquer outro político em todos os tempos. Se tivesse sido presidente, teria colocado escolas no pais inteiro, na zona rural, como fez no RS. No Rio, Daniela, fez um excelente governo na primeira gestão. Mas a segunda gestão, reconheço, foi medíocre. Faltou-lhe o Darci Ribeiro, figura extraordinária.
    Grande abraço!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  29. Caríssima Tânia Regina: sobre seus comentários sobre a Dilma em debates, vou pedir seu voto de confiança na minha sinceridade de uma análise isenta. Realmente, a Dilma não tem nos debates seu forte, ainda. Falta-lhe a estrada da vida política, como tem o Serra. O Serra já debatia desde estudante, nas tribunas da política estudantil. Leva tremenda vantagem nisso, se souber aproveitar a experiência. A Dilma deixa transparecer tensão e falta-lhe malandragem, como teria, por exemplo, o Maluf. O Maluf é tudo aquilo que todo mundo sabe sobre ele, mas ninguém poderá dizer que não sabe debater. Um dos homens mais corruptos deste país pode também ser ótimo debatedor. Existe pastor que fala super bem, e rouba dos pobres crentes. O que quero dizer: ser bom orador e bom de debate não é sinônimo de ser bom político. Nem prova de que governará melhor. Aliás, todo pilantra é bom de lábia. O importante, prezada Tânia Regina, é prestar atenção no conteúdo e não se a candidata gaguejou. Lembro-me de um debate do Maluf com o Suplicy, na TV. O Maluf deu um banho de malandragem no bobão do Suplicy e, na minha opinião, ganhou o debate. Nem por isso eu trocaria o Suplicy pelo Maluf, ainda que não morra de amores pelo senador petista. Não dá para comparar FHC com Jânio Quadros, o FHC ganha de barbada em qualidades e preparo intelectual. No entanto, perdeu a eleição num pequeno diálogo do debate, e nem foi com o opositor, foi com o mediador, Boris Casoy, ao admitir que era ateu. Resumindo: Não se pode julgar um candidato por um debate, nem é sensato decidir voto baseado nisso. Nem sempre o que vende melhor tem o melhor produto.
    Abraço grande!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  30. Bom dia meu querido amigo Milton Saldanha!
    Em reunião de cúpula que teve início às 6 horas desta manhã e encerrou-se pouco mais de 9 horas, seu pedido foi aprovado, e esta crônica, “Eleições, ontem e hoje” permanecerá por mais tempo no topo deste blog, visto que os comentários não param e exigem algumas respostas de sua parte, conforme sua justificativa. Também entendemos assim. Citando o velho ditado: “soldado depois da hora no quartel quer serviço”, vou lhe contar a história de um ursinho de pelúcia que ganhei quando tinha pouco mais de um ano de idade. Foi um presente de uma amiga querida de minha mãe, a Janete Emmer, que mais tarde seria conhecida em todo o Brasil como Janete Clair, autora de novelas que fizeram enorme sucesso na TV Globo, entre elas “O Astro”. Com esta novela, Janete Clair, que é de Conquista, MG, mas desde cedo se criou em Franca, deu início a série que seria copiada por outros autores, levando o telespectador a tentar descobrir quem matou quem. Em “O Astro”, a novelista perguntava: “quem matou Salomão Ayala?”

    Depois da apresentação, vamos aos fatos. Minha mãe recebeu em nossa casa a visita da amiga de infância e juventude, Janete Emmer (Clair), que trouxe um presente para seu primeiro filho, que era eu. Um lindo ursinho que se transformou em meu companheiro por muito tempo. Carregava esse ursinho para todos os cantos da casa, segundo contava minha mãe, e não dormia sem ele ao meu lado. Eu já estava com três anos de idade e continuava agarrado ao ursinho de pelúcia, arrastando-o pelas orelhas pela casa e continuava dormindo com ele. Era minha paixão de infância. Minha mãe tentou várias vezes me tirar esse ursinho para jogá-lo fora, estava em petição de miséria, sujo e rasgado, mas não conseguia.

    Um belo dia ela comprou outro ursinho, maior, mais bonito e surrupiou o meu, durante um cochilo que dei, colocando o novo em seu lugar. Foi um berreiro danado quando acordei. Meti um pontapé no ursinho novo e queria o velho. Minha mãe endureceu, dando desculpas que eu não aceitava, até que parei de comer e não dormia. Queria meu velho ursinho e não aceitava o novo. O jeito foi minha mãe tirar do baú o velho ursinho que por sorte não havia jogado no lixo e me entregar. Felicidade geral para todos. Voltei a sorrir, comer e dormir ao lado do meu inseparável amigo. Até quando não sei lhe explicar. Tudo isso, Milton, para explicar a defesa que você fez em seu último comentário, ontem, de Dilma. Tentou de todas as formas explicar que nem sempre o político que vence um debate é o melhor, deu mil explicações, entrou pela porta da frente e saiu pela janela, enfim, tal qual o ursinho, nada vai fazê-lo aceitar que alguém seja melhor ou tenha mais capacidade que a Dilma. Ela é a sua menina dos olhos e para você, tal qual meu ursinho, insubstituível.

    Um forte abraço...

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  31. Milton e Edward, vocês dois são ótimos. Sua crônica um show e o Edward com a história do ursinho dele me matou de rir. Tudo isso para provocá-lo, Milton. E que história... Sugiro até que o Edward escreva um texto sobre o ursinho e a amizade de sua mãe com essa escritora famosa de novelas. Não é do meu tempo, mas a Globo vira e mexe apresenta durante a tarde o "Vale a pena ver de novo", e lá já assisti algumas novelas escritas por ela. Se não estiver enganada, foi "Irmãos coragem" e também "Selva de Pedra". Estou na expectativa da resposta do Milton, que queria tranquilidade ao escrever essa crônica, mas não o deixam em paz, coitado.

    Um recadinho ao Juninho. Ontem eu vim ao blog, li o texto do Milton e vi seu comentário. Fiquei com pena de você e nem quis deixar comentário. Depois dos 4 x 3 no Morumbi, você deve estar bem sem graça, tadinho! Bom para aprender a não discutir futebol com mulheres. Hoje estamos por dentro de tudo, viu?

    Bjos,

    Andressa - Cásper Líbero - SP.

    ResponderExcluir
  32. Pobrezinha de mim, estou tão desprestigiada neste blog (sniffffffffff...). E pensar que fui a primeira a frequentar este espaço. E também a ganhar livros de contos do Edward. Como a esperança é a última que morre, quem sabe alguém sinta piedade deste pequeno ser e responda a pergunta de deixei ontem, começo do dia de hoje no blog...

    Bjos

    Talita - Santos - SP.

    ResponderExcluir
  33. Meu caríssimo Edward de Souza: achei ótima sua história do ursinho e me diverti com ela. E, pensando bem, a Dilma tem algo de ursinho... Mas não é o boneco da minha estimação, já não tenho líderes, como tive no passado (veja o comentário acima sobre o Brizola). Nem há razão para tê-los, quando a gente vai se danco conta cada vez mais que o sistema é podre, e não importa quem seja o plantonista de momento no palácio, todos são sim iguais. Você é que está mais cego do que eu, com esse seu anti-petismo endêmico, que não lhe permite uma análise crítica fria, como eu faço, apontando virtudes e defeitos de ambos os lados. Cansei de criticar o Lula e continuarei criticando, por exemplo. E ontem mesmo dizia que respeito a biografia do Serra. Aqui, antes de ler seu comentário, coloquei o FHC acima do Jânio. E não gosto do FHC, nem pessoalmente, acho arrogante demais. Nem por isso diria que é despreparado, pelo contrário, é um intelectual. Detesto o Maluf, mas reconheci que ganhou o debate do Suplicy, que respeito. Então, meu caro Edward e seu querido ursinho, não fiz nenhuma defesa fanática da Dilma, e sim uma afirmação incontestável, que repito: ser bom de debate não é sinônimo de ser bom político.
    Abraço super grande e não se incomode com meu tom afirmativo, debate é debate!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  34. Amigos do blog de ouro,bom dia.
    Milton Saldanha,retornei só para te informar,meu amigo.
    Como já havia declarado, CABO e SOLDADO da PM,não votavam, o que só foi acontecer após 1988
    Sargentos e Oficiais tinham essa prerrogativa.
    Quanto ás Forças Armadas, não sei se tambem conseguiram o direito ao vóto.É possivel que sim,pois como até hoje a PM tem um regulamento baseado nos deveres Militares,quem sabe o direito ao voto tenha sido estendido a eles tambem.

    Abraços Miltom Saldanha.

    Edward "Soldado de folga no quartel, quér CADEIA ou quér serviço" kkkkkk

    Abraços a todos.

    Admir Morgado
    Praia Grande SP

    ResponderExcluir
  35. Querida Talita: não respondi pensando que você estava fazendo uma brincadeira irônica. Não entendeu a foto, é isso? É de escrutinadores se preparando para começar a contagem de votos de uma urna antiga. Os votos caiam naquele sacão, que era lacrado no fim da votação. A contagem geral durava vários dias.
    Beijo!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  36. Obrigado pela explicaçao, Admir Morgado. Soldado raso não vota. Mas preso já vota. Não é estranho?
    Abraço!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  37. Não chore, Talita, tem sempre alguém para lhe responder, cedo ou tarde. Antes da resposta, deixe-me dizer-lhe que você quase me derruba da cadeira de tanto rir. Essa primeira foto no blog são escrutinadores descarregando os votos deixados nas urnas daquela época, para iniciar a contagem. Geralmente, depois de severa vigilância policial, as urnas eram levadas para ginásios de esportes, onde os votos eram contados, um a um. Uma eleição presidencial como a que acontece hoje, levaria no mínimo uns cinco dias para se obter o resultado final que apontaria o vencedor do pleito.

    Eu, Oswaldo Lavrado e outros amigos da equipe de esportes da rádio Diário sempre éramos destacados para estas apurações. No final da noite o Juiz eleitoral colocava todo mundo pra fora, só ficando policiais de guarda no ginásio, vigiando as urnas. Logo na manhã bem cedo todos voltavam para a sequência dos Trabalhos. E dava um tremendo trabalho para apurarmos voto a voto e acertar a contagem com o TSE.

    Tínhamos ajudantes, normalmente estudantes contratados para buscar os votos de cada candidato conforme os mapas iam saindo. Então procedíamos a contagem com máquina calculadora e um aparato todo. Assim que somávamos certa quantidade de votos, entrávamos no ar e soltávamos o boletim recente. Aprendemos uma técnica que sempre dava certo. Depois de certa quantidade de votos apurados, fazíamos uma projeção para apurar o total de votos de cada candidato e a diferença com a contagem do TSE era pequena, muito pequena. Cansativo, mas eu gostava de trabalhar em apurações pela rádio. Apurações e o carnaval eram sempre incumbência da equipe de esportes da rádio.

    Tá explicado, Talita, mas essa de pensar que a foto eram os participantes da quadrilha do mensalão rachando a grana, foi brincadeira sua, não foi? Você realmente é legítima número 1 do blog, primeira a me fazer companhia assim que lancei este espaço. E todos os dias trocávamos ideias, lembra-se, Talita? Depois você me ajudou a divulgar o blog, trazendo outras coleguinhas, muitas até hoje conosco.

    Obrigado, amiga!

    Beijos,

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  38. Opsss... Desculpe-me Milton, enquanto escrevia a resposta para a Talita, não percebi que você já o havia feito. Mas, como tem outros detalhes, vamos deixar como está.

    Aproveito, Milton, para lhe dizer que, em política, eu e você somos dois bicudos, que como se sabe, não se beijam nunca. Mas, só em política e sem discussão séria, de resto, nos damos muitíssimo bem. Vamos em frente, lembrando que nesta quarta-feira vamos apresentar o penúltimo capítulo de Memória Terminal, não percam.

    Abraços...

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  39. Edward, uma perguntinha só aqui entre nós, ninguém precisa saber: você ainda tem aquele ursinho parecido com a Dilma? Essa rejeição não teria um fundo freudiano?...
    Abraço!
    Milton

    ResponderExcluir
  40. Agora, falando sério: a revista Veja está insuportável, sem respeitar a pluralidade de pensamento dos leitores. Virou um panfleto. É um exagero sua campanha contra a Dilma. Chegou a comentar roupa, como se isso fosse algo importante para o país. Jornalismo de quinta categoria. Como foi absurdo também a revista da CUT colocar Dilma na capa em matéria promocional, sem respeitar a pluralidade de pensamento dos trabalhadores. Ambas querem tratar seus leitores como rebanho. O correto, para as duas revistas, seria buscar o equilibrio no tratamento aos candidatos, oferecendo informações para a decisão soberana dos leitores. E só. Este blog tem feito melhor.
    Abraços!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  41. Um último comentário antes de me ausentar para trabalho externo: ontem fui ver Tropa de Elite-2. Imperdivel! Deveria ser o filme competindo pelo Oscar, e não aquele lixo que mandaram sobre a vida do Lula, com cheiro de getulismo do Estado Novo. Não deixem de ver, e se preparem para sair do cinema como se estivessem saindo de um terremoto.
    Beijos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  42. Olá Milton!
    Nos meus tempos de infância, os adultos não presenteavam crianças com brinquedos assustadores. O ursinho, cujo fim não tenho ideia, nem de longe se parecia com a Dilma, figura que consegue dar susto no medo. Já imaginou você caminhando numa quebrada de madrugada, repentinamente surge numa esquina escura a Dilma, acompanhada pelo Lula e o Genoíno? Ou morre do coração de susto, ou é assaltado. A única coisa que meu coelho tinha e a Dilma também, eram os pelos, portanto, Freud passa batido nesta conversa.

    Mudando de pato pra ganso, gostei dessa indicação sua de Tropa de Elite 2. Tinha terminado de ler um texto sobre este filme, dando conta que poderá ser o novo recordista de bilheteria, tratando-se de filme brasileiro, lógico. Só entre sexta e domingo, de acordo com a matéria que li, venderam mais de um milhão e 200 mil ingressos. Chega-se, assim, à estimativa de mais de 5 milhões de espectadores para esta semana em exibição. Dona Flor e seus dois maridos ainda é o filme brasileiro mais visto nestas plagas, com mais de 10 milhões de espectadores. Se Tropa de Elite 2 já estiver nos cinemas daqui ou de Ribeirão Preto, vou assistir.

    Abraços...

    Edward de Souza

    ResponderExcluir
  43. Edward, não vou me assustar com o trio citado porque vou imaginar que estão indo para um baile de Halloween. Para ficar perfeito só falta o Serra Vampiro... Sai de retro satanás! Se política fosse concurso de beleza não se elegeria ninguém. Até que não é má idéia.
    Amplexos!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir
  44. Edward: Tropa de Elite-2 supera de longe o primeiro. Quando acabou eu estava atônito. A coragem do filme é a coisa mais impressionante que já vi em cinema em toda minha vida. Acho Cidade de Deus o melhor filme de todos os tempos, do cinema nacional e na lista dos cinco melhores do mundo. Mas em coragem para denunciar um sistema, como este, eu nunca tinha visto. E os atores são extraordinários. A academia de Hollywood não premiaria esse filme, é muito para a cabeça de norte-americano, que gosta de final feliz, atores sarados e mocinha bonita.
    Abraço!
    Milton Saldanha
    Idéia: podemos deixar passar um tempo, para não sacanear quem não viu, e depois fazer um debate aqui sobre o filme. O que acha?

    ResponderExcluir
  45. Olá Milton e Edward.
    Esta crônica, além de muito legal, serviu de fato para descontrair, mesmo com alguns assuntos sérios sendo tratados aqui. Quando achei que ninguém ia contar mais nada engraçado, eis que surgiu o Edward com o ursinho dele, pode? E que legal essa da janete Clair e a mãe do Edward, ele nunca disse nada aqui, escondeu o relato.

    Milton, falando em gente feia na política, já imaginou a Marina, tadinha? Nem dois anos nas mãos do Pitanguy conseguiriam mudar sua aparência. Se fosse um pouquinho menos feia, teria bem mais votos e poderia até ultrapassar o Serra. Seria uma disputa muito interessante. Marina e Dilma. Quem sairia vencedora, levando-se em conta que os eleitores do Serra são, em sua maioria, contra o PT?

    Antes de enviar este comentário, Milton, li sua sugestão ao Edward de se colocar em debate o filme Tropa de Elite - 2. Para que todos participem, claro, é preciso que vejam o filme. Eu vou assistir, ainda esta semana.

    Bjos,

    Carol - Metodista - SBC

    ResponderExcluir
  46. Legal, Carol. Debate sobre o filme não pode ser agora, senão a gente acaba contando, e estraga tudo. Eu, por exemplo, não leio crítica antes de ver o filme, porque os coleguinhas sempre estragam, se bobear contam até quem é o assassino, quando tem, né.
    Besito grande!
    Milton Saldanha

    ResponderExcluir