segunda-feira, 23 de agosto de 2010


FALTA DISCUTIR ECONOMIA

NOS DEBATES


No debate dos candidatos falta o principal:
discutir política econômica em profundidade
e com palavras que todos entendam!

O que tem a ver sua vida com o mercado siderúrgico internacional? De repente, como já aconteceu, o mundo da economia assinala uma super-oferta mundial de aço. O que isso tem a ver com seu cotidiano? Aparentemente, nada. Essas notícias você nem quer ler nos jornais, passa por cima, e vai direto para os cadernos que dizem mais de perto ao seu dia a dia e interesses mais urgentes. O único detalhe é que os automóveis são feitos de aço. Na hora de comprar um novinho, sem saber, você vai pagar mais, ou menos, por causa do preço dessa matéria prima.

O que isso tem a ver com as eleições que estão chegando? Tudo! A economia está toda interligada, e tanto o preço do aço de um carro de luxo, como o do custo de plantar abobrinhas ali no cinturão verde de Mogi das Cruzes, tudo, de alguma forma, vai se refletir no seu bolso, ou seja, na sua capacidade de consumo. Mas a economia não é um processo autônomo, com vida própria, que muda por mero capricho de alguns. Ela é totalmente dependente das decisões políticas. E as decisões políticas, por sua vez, dependem de quem está no poder, tanto nos cargos executivos, como legislativos. Uma lei, por exemplo, que reduza determinados impostos sobre a produção, terá efeito direto e imediato nos custos, na competitividade, no preço final ao consumidor.

A indústria que fabrica máquinas para as fábricas se chama setor de bens de capital. Se esse setor for estimulado com uma política de financiamentos, juros baixos, isenções, etc., fomentará o desenvolvimento do país, vai gerar empregos, abrir as portas para novas tecnologias. Tudo isso que, no final, será o conforto que você encontra em sua própria casa, no trabalho, nos shoppings, nas ruas e estradas. Este computador em que você agora está lendo e escrevendo é um dos grãos dessa mega espiga. Se você agora tem um em casa, outro no trabalho, e pode comprar um usado a preço de banana, é porque num certo dia foi revogada uma lei da ditadura denominada “reserva de mercado”, que proibia a importação de computadores. O fim desse monopólio nacionalista burro, destinado a enriquecer determinados grupos ligados ao poder, chegou muito tarde e isso atrasou nosso país durante vários anos. Existiu por causa da política, e foi extinto graças à política. Quando você liga a luz da sua casa, começa a pagar uma tarifa que depende de decisões políticas. A conta do telefone também. E vai por aí. Olhe em volta. Quase tudo ao seu redor tem um preço que lá atrás, na origem, foi definido a partir de uma política econômica. O impacto final, amigos, é sempre nos nossos bolsos. E o pobre, sem renda, ironicamente é sempre o que paga mais, porque as alíquotas perversamente são iguais para todos. Geralmente as pessoas só se lembram disso na hora de pagar o IPTU, IPVA, IR e outros tributos. Mas quando bebem uma simples Coca-Cola, sem saber, pagam também imposto, que todas as empresas repassam nos preços. Nos Estados Unidos é o “plus tax”, cada consumidor sabe quanto está pagando de imposto em cada compra. Aqui, é simplesmente embutido, e entra como custo do produtor. A cada segundo, em tudo o que você faz, estão presentes a economia e a política, de forma invisível, e às vezes nem tanto.

Espanta-me, pois, que nestes debates entre candidatos ninguém faça perguntas como estas: Qual é sua posição em relação à independência do Banco Central? O que acha da política atual de incentivo às exportações? O que mudaria na política cambial? O que pensa sobre o salário mínimo e o que faria para aumentá-lo, e com que recursos? Como analisa a situação de penúria dos aposentados e que solução aponta? Que soluções sugere para tornar formal a economia informal? Como estimular a elevação do nível de emprego sem prejudicar conquistas dos trabalhadores? Como conciliar oferta de crédito, para expansão do consumo, com controle inflacionário? Qual é seu projeto energético na geração de alta tensão? Privatizar ou estatizar, em que setores? Como será sua proposta orçamentária, sem negligenciar prioridades, mas também sem quebrar o país?

A economia, pelo que vi até agora, não está presente no debate político. Só que é ela que vai continuar determinando nossas vidas. O Congresso hoje está todo loteado entre bancadas que representam setores específicos. Tem a ruralista, que representa os interesses do latifúndio, mas não existe a dos sem terra; existem os representantes dos interesses da agroindústria; a turma da indústria, do comércio. Surgiu até a bancada evangélica. Não conheço a bancada dos consumidores, nem dos desempregados, nem dos aposentados. É a turma sem voz e sem voto. Sem defesa e sem ataque. Não espanta que a discussão sobre um reajuste ínfimo no salário mínimo, ou para os aposentados, leve meses. Nem espanta, mas revolta, quando os parlamentares, legislando em causa própria, aprovam seu próprio aumento exorbitante em apenas duas horas, se tanto.

Não vou dizer em quem você deve votar, porque isso compete a você decidir, com sua consciência e se possível boa informação. Os discursos dos candidatos são todos óbvios e todos concordam que o país precisa de segurança, educação, saúde. Nisso as diferenças entre eles são mínimas. Tanto faz votar em Dilma, Serra, Marina, Plínio. Mas quando o debate entra no campo da economia, ai amigos, começam a aparecer diferenças, e não são poucas, nem superficiais.

Um exemplo: Serra é contra a independência do Banco Central. Dilma é a favor. A opinião da Marina ainda desconheço. O que vem a ser isso? Vamos lá: o Banco Central é o órgão que estabelece toda a política monetária do país. Administra as reservas cambiais (estoque de dólares em poder do país). Emite, vende e compra títulos, para regular o mercado e evitar crises. Abriga siglas que estão todos os dias nos jornais, como Copom – Comitê de Política Monetária; CMN – Conselho Monetário Nacional, entre outras. Uma das suas muitas tarefas é fixar a taxa de juros, que regula a oferta de crédito e mantém o controle inflacionário. Outra, a partir da Constituição de 1988: compete exclusivamente ao BC a emissão de moeda. Para ficar fácil de entender, imagine que o Tesouro Nacional é apenas o cofre, e a Casa da Moeda a fábrica que faz o dinheiro. Mas a decisão de emitir parte exclusivamente do BC, através dos seus conselhos técnicos, com representantes dos bancos, setores produtivos e até dos trabalhadores. Antigamente, o Executivo tomava essa decisão e promovia inflação. O governo JK foi o campeão disso, para construir Brasília. Na prática, era como se o governo pagasse suas contas com vales, porque não havia lastro. O endividamento público ficava astronômico, e quem iria pagar a conta seriam os presidentes seguintes. Os sucessores tinham que administrar com reduzido superávit primário (sobras de caixa, depois das despesas e custeio).

As decisões do BC são técnicas e não políticas. Mas o BC não faz o que bem entende. Seu presidente, indicado pelo presidente da República, só assume depois de sabatinado e aprovado em votação secreta pelo Senado. A qualquer momento pode ser convocado para prestar esclarecimentos ao Congresso (deputados e senadores). Sendo independente, o BC tomará sempre medidas técnicas para controlar a inflação, estabelecendo metas sazonais e adotando as medidas para cumpri-las. É por causa dessa independência que o presidente da República não tem poderes sobre a taxa de juros, não sendo raro até criticá-la. Se o BC deixar de ser independente, suas decisões passarão a ser derivadas não de critérios técnicos e sim políticos, dos poderes Executivo e Legislativo. As duas situações têm vantagens e desvantagens, nenhuma é perfeita, a ponto de excluir a possibilidade da outra. Há países em que o BC não é independente. Em outros, como o Brasil, é. Quando a política monetária dá certo, ou errado, a primeira responsabilidade é desse órgão. Os presidentes, todos, gostam de assumir como deles os sucessos do BC, porque o povão não entende essa estrutura. O BC erra? Lógico, acontece. Mas também acerta, e diria que na maioria das vezes, vide a estabilidade atual da economia brasileira. O BC dos Estados Unidos é o FED, que já errou muitas vezes. O problema é que os erros deles respingam na economia mundial.

Nem Serra, nem Dilma, são irresponsáveis num assunto tão crucial. Apenas divergem, e este seria, no meu modo de ver, um debate muito interessante, para aprofundar em todas as suas conexões macroeconômicas. Tem tudo a ver com nossas vidas no futuro. Mesmo para quem nem desconfia disso.

É necessário ainda desmistificar o economês. Ele foi criado justamente para distanciar as pessoas comuns das grandes decisões e engrenagens que movem os interesses dos poderosos. Sem entender, ninguém contesta. E mais: o economês intimida. Ninguém gosta de admitir ignorância. Mesma opressão da linguagem jurídica hermética e inacessível aos mortais. Tudo é traduzível, para que o povo entenda. Mas será que interessa que o povo saia da sua eterna ignorância?

As biografias dos principais candidatos se equivalem na origem, de pessoas simples, e convergem na vocação democrática. Todos combateram a ditadura, ainda que com métodos diferentes, e arcando com danos também diferentes. Suas propostas para o Brasil são muito parecidas nos mais diversos temas. As diferenças começam a aparecer, de fato, quando se entra em política econômica. Eu concentro toda minha atenção nessa área. Foi nela que já decidi meu voto.

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*Milton Saldanha é jornalista, escritor, tangueiro e sonhador.
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32 comentários:

  1. Boa tarde, amigos e amigas!

    O jornalista e escritor Milton Saldanha é um profissional competente e, neste artigo brilhante, coloca toda a sua experiência e conhecimento da vida política nacional, ao fazer uma observação muito perspicaz: falta, no debate político ora travado no horário eleitoral gratuito a discussão sobre as propostas dos candidatos para a área econômica - suas ideias e intenções, já que é a economia que move o país.

    De outra parte, mais uma observação pertinente do jornalista reside na linguagem técnica amplamente aplicada nos discursos políticos eleitorais - o economês - o que dificulta o entendimento de procedimentos até certo ponto simples. E quem não entende não pode discutir e nem formar opinião. Assim, o eleitor médio não vota com convicção porque não conhece, verdadeiramente, a intenção do seu candidato. E não raro, se desilude.
    Desacredita. Contribuindo para que odesinteresse pela política seja cada vez maior, a par de outras circunstâncias por demais conhecidas - falcatruas, corrupção, desídia, etc.

    Assim, temos outra bela contribuição do jornalista Milton Saldanha para o debate eleitoral, de muita serventia para que os leitores/eleitores de suas observações racionais tirem proveito.

    Um abraço a todos e aproveitem o dia!

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  2. Amigas e amigos: tanto quanto as besteiras que os candidatos falam, me assustam também as besteiras dos eleitores. Porque são eles que vão colocar os caras (ou as caras) lá. Por exemplo, seguidamente recebo e-mails de pessoas caindo de pau no Lula e se referindo à falta de estudo dele. Só que o e-mail do crítico de plantão contém erros grosseiros de grafia, típicos de quem também não frequentou a escola, ou se frequentou pouco aprendeu. O debate político não sai da mesmice, com todos prometendo tudo que não poderão cumprir. Ou alguém acha que, ganhando Dilma, Serra ou Marina (os outros nem contam, sem chances), tanto faz, vai acabar a corrupção, a violência, a falência da educação e da saúde pública? Por outro lado, uma política econômica equivocada nos enfia a todos num buraco muito fundo e duro de sair. Ficou célebre a nossa "década perdida", nos anos 80, com aquela recessão de triste memória. Lá está a raiz dessa violência que etá nas ruas, porque estagnou a economia, ampliou os bolsões de miséria, alastrou o desemprego (e o desespero), fez o país caminhar em marcha à ré. Então, até para discutir violência, é preciso entender um pouquinho e buscar amparo na ciência econômica. Meu currículo ao pé do artigo é uma brincadeira, claro. Fui jornalista especializado em economia durante muitos anos, incluindo quase cinco como editor-chefe do Jornal do Economista, um jornal sobre macroeconomia, do Conselho Regional de Economia, dirigido a economistas. Para fazer alguma entrevista eu tinha que estudar antes, comprando até livros. Esse campo abarca o infinito, quanto mais você tenta entender, mais descobre sua vastidão. E mais percebe que -- causa e efeito -- tudo está lá.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  3. Boa tarde, Milton!
    Bom ler uma crônica como a sua faltando pouco tempo para as eleições, nos ensina muito. No caso do Brasil, Milton, sempre se ouve falar que temos as taxas de juros mais altas do mundo, controladas pelo Banco Central. O vice-presidente José Alencar, que agora não se manifesta mais sobre o assunto, era um dos críticos desta política de juros do BC. Entendia, ou ainda entende ele, que os juros altos praticados pelo Banco Central leva as contas públicas ao beco sem saída e o país ao impasse. Não sei de que forma você analisa a atuação do BC no que diz respeito aos juros altos. No meu modo de entender, agindo desta forma, acaba arrebentando as contas públicas e destruindo o mercado interno. Penso que nosso vice, quando gritava contra isso, tinha lá suas razões. De qualquer forma, seria sim, muito interessante, podermos ouvir nossos candidatos à presidência discutindo sobre isso e outros assuntos ligados a área econômica. Parabéns pelo texto.

    Michelle - Florianópolis - Santa Catarina

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  4. Prezado amigo irmão Milton Saldanha, meus cumprimentos pela crônica desta segunda-feira. Estou sem meu computador central e usando o notebook, apanhando horrores do teclado. Com tanta tecnologia hoje e arrumam estas encrencas para nos dar dor de cabeça. Por essa razão não enviei ainda a chamada da Nivia sobre sua crônica para nossos amigos e amigas, o que devo fazer assim que receber a máquina de volta, logo mais, no final da tarde. Concordo com você, Milton. A economia deveria ser levada a sério nos debates entre presidenciáveis. E não culpo só os candidatos por não abordarem o tema. Também as emissoras de TV que promovem estes encontros. Deveriam ter na pauta perguntas sobre economia para forçá-los a responder sobre ela. A mesmice de sempre continua nesses debates, ou seja, discutem segurança, saúde e educação, como assuntos principais, deixando de lado a política econômica, como se ela nada tivesse a ver com estes segmentos discutidos.

    Sobre economia, Milton, sei que vou bater de frente com você, mas o blog continua democrático. Quero falar sobre a insistente repetição da mídia de que nossa economia está estabilizada e numa trajetória de crescimento sustentado. Não acredito nisso, sabe a razão? Recente relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) diz que o Brasil é o sétimo país do mundo onde ocorre maior desigualdade entre ricos e pobres. E é o terceiro da América Latina, tendo à sua frente, como mais “desiguais”, apenas o Haiti e a Bolívia. Temos um país rico, abrigo de grandes corporações públicas e privadas, mas essa grande geração econômica não tem sido capaz de acabar com a fome, a falta de educação e a carência de saúde do povo.

    A chegada de Lula ao poder, oito anos atrás, criou a esperança de que com sua origem humilde, o novo governante trabalharia para reduzir a pobreza. E deve ter trabalhado! Mas isso não é obra para um homem só e nem para um ou dois períodos de governo. O problema que se acumulou por toda a história exige medidas estruturais de alto nível e de execução continuada. Não basta apenas a distribuição de cestas básicas ou de bolsas, ou a fixação de cotas para vulneráveis. Isso são ações imediatas, que devem atender apenas um momento e logo serem substituídas por providências definitivas. Promover a melhora da qualidade de vida e de renda da população não é, necessariamente, sinônimo de tirar do rico e dar para o pobre. Há que se fortalecer a economia para que, com bons índices de produtividade, dela se possa tirar salário, educação e seguridade social à população.

    Gostaria muito de ver isso debatido pelos presidenciáveis.

    Um forte abraço...

    Edward de Souza

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  5. Olá Milton

    Boa tarde

    Depois de ler esse seu profundo e excelente artigo sobre economia, minhas recordações sobre o passado e o presente econômico do Brasil me deixaram tristes.
    Triste por saber que o assunto economia entre candidatos aos diversos cargos eletivos levará ainda muito tempo para ser discutido.
    Afinal a influência da economia num todo é invisível aos olhos do povo. E, no entanto, é ela que nos rege.
    São as fontes luminosas, pontes, viadutos, construções mirabolantes, bolsas, etc., que atraem a população carente de educação e cultura.
    O voto egoísta ainda impera e vai imperar por muito tempo neste tão sofrido país.
    Os direitos são evocados a todo o momento e os deveres? O dever de se educar e de servir a nação com o mínimo de patriotismo. Patriotismo? Deixa prá lá!
    Quase a totalidade da população brasileira vive em currais eleitorais e não sabem ou fingem ignorar. Outros mais esclarecidos apóiam os currais, pois de outra forma, não haveria brecha para a corrupção ativa e passiva.
    Na década de 90, muitas pessoas vendiam seus imóveis e aplicavam o dinheiro na poupança pensando que estavam fazendo um grande negócio.
    Conheci dois que se suicidaram quando descobriram que sua pequena fortuna já era. Desconheciam o que era correção monetária e não sabiam lidar com a tal “ciranda financeira”.

    Parabéns

    Um fraterno abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  6. Aprendi muito sobre economia lendo seu texto, Milton Saldanha. Tenho a impresão que não só eu, mas muitas amigas e amigos deste blog desconhecem como é importante o Banco Central para a economia do nosso país. Fica apenas uma pergunta. Será que os telespectadores iriam participar e entender, caso a economia fosse discutida nos debates entre presidenciáveis? Mais. Estariam nossos candidatos aptos a abordar esse assunto? Seria ótimo se isso acontecesse. Infelizmente, Milton, em vésperas de eleições no Brasil, quem ganha muito dinheiro são as locadoras de filmes. Por isso, corremos sério risco de ter o Tiririca como deputado federal.

    Beijos,

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  7. Boa tarde Milton Saldanha!
    Com muita atenção li sua crônica de hoje. Como a maioria dos brasileiros (as), não entendo muito sobre economia, mas faço esforço para ir aprendendo cada dia mais e seu texto foi de utilidade neste sentido. Só um detalhe gostaria de ver esclarecido. Você cita que o Banco Central atualmente é independente, no entanto, explica que o presidente do BC pode ser convocado a qualquer momento a prestar esclarecimentos no Congresso. Aí a dúvida, caso deputados e senadores não concordem com determinações do presidente do BC elas seriam revistas? Ou ele, presidente do banco, apenas fornece as razões de sua posição adotada e não muda sua decisão?

    Obrigada,

    Renata - SBC

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  8. Eu assisti ao primeiro debate presidencial e não gostei nada. Economia, nem pensar, Milton. O candidato do Psol foi o franco atirador da noite. E tirou vantagem desta condição. Por outro lado, não apresentou nenhuma proposta concreta. A sua candidatura já nasceu morta na praia. O problema do debate é que os candidatos estão desplugados do que está acontecendo no mundo. Eles não sabem utilizar os incríveis recursos da televisão. Se a iniciativa não partir dos organizadores dos debates e apresentarem perguntas sobre economia e outros assuntos de interesse da população, vai ser água com açúcar sempre estes bate-bocas de presidenciáveis.

    Abraços,

    Miguel Falamansa - Botucatu - SP.

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  9. Estamos nos aproximando das eleições majoritárias e só ontem fui informada que temos de votar em dois senadores. E tem muita gente que não sabe ainda. Missão quase impossível escolher dois nomes ao Senado, visto que no Estado de São Paulo, não vejo um só em condições de exercer esse importante cargo. Discutir economia durante os debates vai ser difícil, Milton, até porque, fica a impressão que as emissoras que promovem estes encontros entre presidenciáveis, buscam audiência e nada melhor do que um bate-boca para segurar o pessoal no sofá. Como exigir que Serra, Marina, Dilma ou mesmo o Plínio falem sobre economia se as perguntas do mediador destes debates são endereçadas para outros campos? Serra, se deixar, fala o debate todo sobre saúde. Arrancou, no último debate, uma tirada engraçada do Plínio Arruda: "o senhor deve ser hipocondríaco, porque só fala de saúde". Vamos esperar e torcer, quem sabe o nível dos debates melhore e resolvam falar de economia, não acredito!

    Beijos a todos!

    Carol - Metodista - SBC

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  10. Boa noite a todos! Cheguei de trabalho fora e fiquei surpreso com a participação de vocês, pois o texto só entrou às 14:15 e sem a chamadinha de praxe. Agradeço a todos e, para ser mais objetivo, não vou personalizar comentários. Quando a gente fala em Brasil, será preciso sempre perguntar: qual deles? Existem vários. Por exemplo, o do Shopping Iguatemi é um, o da Vila Brasilândia e Capão Redondo, outro. Temos o Brasil capaz de construir um colosso como a Usina de Itaipu e também um Brasil com gente morrendo em corredor imundo de hospital. O Brasil que mora em verdadeiros bunkers que são os condomínios de luxo e o Brasil das favelas. Dos salários astrômicos e do trabalho escravo. Então, quando se fala em economia sólida, é aquele Brasil que frequenta as páginas dos grandes jornais de economia. Falta unificar esses vários brasis, criando-se um só, com unidade social, e isso não significa a utopia de igualar todo mundo, é algo bem mais simples: basta combater e reduzir os extremos, a riqueza descabida e a miséria em último grau, que leva gente a procurar comida em lixões.
    (Vou mudar de página e continuar, senão dá bode aqui). Até já!

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  11. Não se pode confundir oportunidade de elevação social com assistencialismo puro e simples. Este último se tornou indispensável pelo extremo grau de degradação a que chegaram verdadeiras multidões de famintos, os excluídos de tudo. Já as oportunidades serão encontradas não por um milagroso passe de mágica, mas por investimentos sérios e de grande envergadura em educação. E mais importante que a quantidade, tem que ser a qualidade destas escolas. Ensino fundamental, médio, superior, técnico, etc. O povo vota errado, nos tiriricas da vida, porque nunca recebeu educação de qualidade. Não apenas em termos de ensino formal, mas também daquilo que poderia ser o papel da TV e do rádio. Bastaria uma lei impondo xís por cento da programação como educativa, e com qualidade, motivação. O resto poderia continuar com Faustão, Big Brother e outras baboseiras dessa perda de tempo toda. E mais: a estrutura salarial tem sim que ser alterada. Não é concebível que uma empreitera ganhe milhões, que aplica em bolsas e até no exterior, com excedentes fantásticos, e continue pagando salário mínimo aos seus operários. Se pregar isso é ser subversivo, OK, então eu sou, e com muita honra!
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  12. Milton - Que tal definirmos um rol de dez compromissos que gostaríamos que o nosso candidato a presidente assumisse. Pelo sim, pelo não lá vai o meu decálogo:
    1. Paralisação total do plano de energia nuclear no Brasil com gradual desativação de Angra 1 e 2 e destino adequado para o lixo radiativo acumulado. Investimento só em pesquisa e que as futuras gerações decidam o que fazer com elas.
    2. Defeso de 20 anos para madeiras amazônicas, mesmo aquelas certificadas. Não se derruba nenhuma árvore na região no período.
    3. Anistia fiscal e de taxas do INSS até o final de 2.009 para micro e pequenas empresas com passivos trabalhistas e previdenciários.
    4. Criação de 30 polos industriais nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nodeste com incentivos fiscais às empresas mais empregadoras e mais exportadoras.
    5. DEsapropriação num raio de dois quilômetros de áreas circunvinhas dos mil municípios na rabeira do rancking de IDH para plantio de alimentos em regime comunitário e cooperativado, com apoio de extensão rural, armazenamento e transporte na comercialização de excedentes.
    6. Desfafelização urbana, com planos bem definidos de introdução de infra-estrutura urbana em favelas que não podem ser removidas.
    7. Vigilância total à fronteiras, rodovias, aeroportos para combate efetivo às drogas. Entrada efetiva sistema bancário no combate à lavagem de dinheiro e movimentação de dinheiro pelo crime organizado.
    8. Distribuição de sesta básica semanal às famílias carentes através das escolas como meio de eliminar a evasão escolar. Só recebe a sesta para levar para casa a criança que mantiver frequência regular à escola.
    9. Transformação do SUS realmente num sistema único de saúde com atendimento de qualidade a toda a população de modo que o seguro saúde possa ser adquirido apenas para a realização de cirurgias e procedimentos supérfluos ou para garantir conforto maior em hospitais.
    10. Redução dos gastos de governo combinada com redução da carga tributária para níveis civilizados.

    Que tal ?

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  13. Senhor Dirceu Pio, a "sesta" a que se refere não seria cesta? Com S me lembra a soneca depois do almoço, hábito do povo do nosso Estado.

    Obrigada,

    Marília - Três lagoas - MT

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  14. Sobre o Banco Central: essa independência é de caráter técnico, mas sob a vigilância do Congresso Nacional, que na teoria representa a sociedade. O Congresso, assim como concede, pode retirar a confiança do presidente da instituição. E seguidamente convoca para sabatinas, que a própria TV Senado transmite. Só que para isso teria que ocorrer todo um processo, com fundamentação ténica e jurídica, etc. Não seria num conchavo qualquer, a coisa é complexa. O Banco Central foi criado no final de dezembro de 1964 substituindo a antiga Sumoc - Superintendência da Moeda e do Crédito, que fazia algumas das suas atribuições atuais, juntamente com o Banco do Brasil, sociedade anônima de economia mista, com 51% do controle acionário do Estado. Para quebrar, só se o Tesouro Nacional também quebrar. O BB figura na lista das cem maiores instituições financeiras do mundo. Com a criação do BC, o BB pode se transformar mais intensamente num banco de fomento e também, nos últimos anos, comercial. Vou ter que sair para um compromisso. Volto mais tarde para mais conversa com vocês. Obrigado a todos!
    Milton Saldanha

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  15. Concordo com você, Milton, a economia deveria ser debatida entre presidenciáveis. Fico curiosa e queria muito ouvir a candidata do Governo, Dilma, e a oposição, Serra, os dois cujas chances de se elegerem são maiores, comentar sobre a dívida externa do Brasil. Recentemente li um artigo que a dívida interna do Brasil, que montava R$ 892,4 bilhões quando Lula assumiu o governo em 2003, atingiu em 2009 o montante de R$ 1,40 trilhão de reais e, segundo limites definidos pelo próprio governo, poderá fechar 2010 em R$ 1,73 trilhão de reais, quase o dobro. Crescimento de 94% em oito anos de governo. Alguém pode me explicar porque Lula prega aos quatro ventos que pagou essa dívida?

    O problema da dívida interna não é somente o seu montante, que já escapou do controle, mas sim qual o destino que estamos dando a esses recursos. Não tenho bola de cristal para adivinhar quem vai ser o próximo presidente da República: se vai ser ele ou ela, mas posso, com segurança, afirmar, seja quem for o eleito vai ter que pisar no freio, logo no início do governo e arrumar a casa, por isso essa questão econômica seria bem vinda, caso fosse debatida pelos presidenciáveis.

    Parabéns pelo texto, Milton. É importante assuntos como esse nestas semanas que antecedem as eleições majoritárias.

    Bj

    Tânia Regina – Ribeirão Preto – SP.

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  16. Boa noite, Tânia Regina.
    Você está citando nossa dívida interna. Que tal falarmos sobre a externa? É essa que o Lula esbraveja que está paga, não a interna. Se bem que, em época de eleições, se perguntarem a ele, irá dizer que pagou também. Estes dados são do BC e foram divulgados no mês passado. A dívida externa brasileira subiu em junho para US$ 225,172 bilhões, conforme estimativas divulgadas pelo Banco Central. Em maio, o BC estimava a dívida brasileira com o exterior em US$ 218,329 bilhões. Em março, último dado fechado pela autoridade monetária, a dívida externa somou US$ 211,532 bilhões. Um outro bom assunto para os debates dos presidenciáveis.

    Meus cumprimentos pelo texto, Saldanha!

    Abraços

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

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  17. Olá Pessoal...
    Muito interessante e propícia sua crônica, aprendi um pouco sobre economia, taxas etc.
    Não sei porque dizem que o Brasil é democrático se me obrigam a votar.
    Quanto aos candidatos que horror,não assisti horário político, prefiro me informar pelos jornais,mas recebi alguns e-mails, tiririca diz que pior do que está não fica, mas se entrar um desses babacas que não sabem nem mesmo o que é política, vai piorar e muito.
    O pior é sabe que:tiririca, mulher melão, quebra barraco,etc, podem ganhar o povo mais humilde e menos informados votam neles.
    Beijossssssssss.

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  18. Júlio Mattos Serranosegunda-feira, 23 agosto, 2010

    Boa noite Milton Saldanha. As dívidas, externa e interna, abordadas pelo Laércio e Tânia deveriam ser prioridade nos debates de presidenciáveis. Observa-se que essa questão é um assunto que não deixará de estar em pauta por muito tempo nas discussões dos cidadãos brasileiros, principais interessados neste assunto. Mas, pelo que tenho percebido, o que está havendo, de fato, é uma inversão da dívida (a externa pela interna) e quem sofre com isto é a camada mais carente da população de nosso país. E o governo ainda têm coragem de publicar propagandas eleitoreiras dizendo que a dívida externa foi paga, a fim de ludibriar a população e conseguir votos a custa dessas inverdades, além de muitas outras. Por isso, sou sim, a favor de se discutir economia nestes debates. Se o próprio Banco Central declarou a dívida externa de 225 bilhões de dólares, com que cara pode o governo dizer que pagou?

    Gostei muito do seu texto, parabéns.

    Júlio Mattos Serrano - Miguelópolis - SP.

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  19. Desculpe-me, jornalista Milton Saldanha. O assunto seu é que os candidatos não falam sobre economia nos debates presidenciais, sei disso, mas a discussão acabou vindo parar no blog. Eu estou convicto que Lula não pagou dívida externa nenhuma. Esta, aliás, bateu um novo recorde em agosto, chegando a US$ 277 bilhões. Não confundamos dívida externa com uma pequena parcela desta (a do FMI) que foi trocada por títulos da dívida interna às vésperas das eleições de 2006. Conveniente, não? A dívida externa está sendo camuflada assim como a dívida pública federal com os dólares que aportaram aqui, já que no primeiro mundo os juros estão próximos de zero. Os títulos estão todos lá, sendo pagos nos prazos e com juros estabelecidos.

    A diferença é que agora os “investidores” não querem mais títulos em dólares. A moda é Real que paga juros bem mais "compensadores". A queda na relação dívida PIB só ocorreu porque a dívida líquida externa está sendo calculada como se a dívida externa estivesse NEGATIVA em US$ 273 bilhões (em agosto de 2009), quando a dívida bruta é de US$ 277 bilhões POSITIVOS. Ou seja, temos aí uma diferença de US$ 550 bilhões. Naturalmente ninguém que tenha um mínimo de noção de valor acredita que o Governo Lula conseguiu US$ 550 bilhões para pagar a dívida externa e ainda ficar com saldo quase do mesmo tamanho da dívida original em apenas 3 ano, concordam?

    Amilton Aquino

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  20. Boa noite, Milton, Edward e Nivia.
    Como não recebi a já conhecida chamada do Edward para o assunto do dia, acabei me atrasando e só agora acesso o blog e encontro uma cerrada discussão, nesta parte final dos comentários, sobre dívida externa do Brasil. E com novos leitores no blog. Sejam bem vindos ao nosso espaço, amigos! Eu também gostaria muito de ver e ouvir um debate sobre economia, principalmente entre Serra, Marina e Dilma. E porque não, que falassem também da nossa dívida, interna (absurda) e externa (impagável). final, três assuntos o brasileiro gosta de discutir: futebol, religião e dívida externa. Na semana passada, numa lanchonete com amigos, presenciei uma discussão destas. Dois rapazes debatiam com outros dois sobre o pagamento da dívida. Enquanto dois deles gritavam que Lula havia pago tudo, os outros diziam que não. Por pouco essa discussão não acaba em pancadaria. As eleições estão se aproximando e toda essa discussão aqui no blog e a presença de novos leitores trocando ideias sobre economia é gratificante, sinal que estamos procurando nos informar para assim escolher conscientemente nosso próximo presidente. Gostei também dos 10 compromissos assinalados pelo Sr. Dirceu Pio, para que nosso futuro presidente assumisse. De preferência, registrando tudo em cartório, caso aceitasse respeitá-los quando eleito.

    ABÇS

    Birola - Votuporanga - SP.

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  21. Milton, estou acompanhando agora, pelo portal Terra, mais um debate entre presidenciáveis. A Dilma não compareceu. Estão o Serra, a Marina e o Plínio. Aproveitei o intervalo e vim ao blog, uma vez que tinha lido, no final da tarde, sua crônica. E veja só a coincidência. O tema para o Serra é sobre a economia brasileira. A questão é se o candidato está satisfeito com a atual situação da economia nacional. O candidato afirmou que a estrategia errada é a dos juros. De acordo com Serra, o consumo está se expandido bastante, o que agrada a população. Disse que temos três recordes que não apresentam orgulho para nós: a maior taxa de juros do mundo, a maior carga tributária do mundo em desenvolvimento e, apesar disso, a taxa de investimentos do governo é a penúltima ou antipenúltima do mundo.

    Para quem consegue sintonizar, o debate passa na Rede Canção Nova/Aparecida. Eu acompanho pela internet, beijos...

    Tatiana - SBC

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  22. Tatiana, a Rede Vida também retransmite o debate, estou assistindo agora. Depois de economia, falam agora sobre homossexualismo. O mediador é um padre e está muito interessante o debate, mesmo sem a Dilma. Com as eleições ganha, não vai mesmo aparecer em debates.

    Beijos,

    Sandra - Santo André

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  23. Obrigado a todos que até agora compareceram ao nosso debate particular, aqui no blog, com intervenções inteligentes, de alto nivel e boas informações. Voltei agora de compromisso de trabalho e li com atenção cada comentário. Uma alegria especial ver aqui a presença do Dirceu Pio, um dos melhores jornalistas deste país, dono de excelente currículo e vasta bagagem cultural. Achei muito interessantes tuas propostas, sem necessariamente concordar com todas. Mas dariam um belo debate uma vez colocadas na mesa para análise dos candidatos. A questão da cesta básica vinculada à frequência escolar é perfeita mas esbarra numa dificuldade da realidade na periferia, ocorrida com o Leve Leite. Os professores sofrem pressão, para não dizer ameaças mesmo, caso declarem que a criança foi (criminosamente) retirada da escola. Eles exigem o beneficio de qualquer forma. E quem vai brincar com ameaças, ainda mais na periferia? Com a cesta básica aconteceria o mesmo, iriam matricular filhos só para receber. E pobre do professor se contar a verdade. E, em lugar da grande anistia proposta, eu colocaria um escalonamento longo e suave da dívida, para não premiar indiretamente a inadimplência. A isenção, um ano em cada dez, por exemplo, seria um prêmio aos pagadores pontuais. Precisamos sair da cultura da punição, vide multas de trânsito. É preciso premiar também a virtude. Um proprietário de carro que ficasse 5 ou 6 anos sem nenhuma multa e com todas as taxas pontualmente pagas teria uma isenção de um ano. Não seria interessante? Não seria educativo? Todo mundo iria se esforçar para andar na linha, sabendo que isso também é recompensado.
    Abraços a todos!
    Milton Saldanha

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  24. Sobre dívida externa: cuidado para não acharem que é tudo uma coisa só. A dívida externa é composta por dívidas do governo, das estatais, empresas privadas e até pessoas físicas. Quando uma empresa importa, por exemplo, tem o aval do governo, que vai garantir as divisas para o pagamento nos prazos de vencimento. Ninguém paga em reais, tem que pagar em dólares, através do mercado de câmbio, via Cacex. É por isso que as oscilações do dólar ora favorecem os importadores/exportadores, ora desfavorecem. Dívida com FMI é apenas parte da dívida externa e não o total. Dívida externa sempre vai existir, a não ser que o país pare completamente de negociar com o mundo, o que seria impossível.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  25. Ainda sobre dívida externa: de vez em quando, para estimular algum setor a exportar, o governo cria algo chamado "crédito prêmio", que vem a ser uma isenção fiscal. A empresa recebe em reais o que pagaria de tarifas, calculadas sobre o montante exportado em dólares. A indústria automobilistica é um exemplo de setor que foi bem favorecido por esse mecanismo. Isso viabiliza o preço competitivo na concorrência por mercados lá fora, porque nosso país pode oferecer preços mais baixos do que alguns concorrentes. Como a mão de obra aqui é mais baixa, a vantagem competitiva fica expressiva. Foi assim que vendemos veículos para a Finlândia, Iraque, México, entre outros, e até para Alemanha e Estados Unidos, por incrível que pareça. E não foi ruim para nós, foi bom, porque isso garantiu muitos empregos dos nossos trabalhadores, além do prestígio do carro, pick-up, caminhão e ônibus feitos aqui serem exportados.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  26. Para quebrar um pouco a aridez do tema, vou contar aqui um episódio: eu era editor-chefe do Jornal do Economista e da Carta de Conjuntura, publicações mensais do Corecon - Conselho Regional de Economia. Eu me reportava diretamente ao presidente da entidade, eleito a cada dois anos pelos economistas do Estado/SP. Certo dia agendamos uma entrevista com o Delfim Netto, que foi homem de ultra confiança da ditadura. Foi secretário da Fazenda, ministro da Fazenda (governos Costa e Silva e Médici), arquiteto do chamado "milagra brasileiro", foi embaixador em Paris, ministro da Agricultura, famoso por manipular índices, entre outras coisinhas mais. Hoje é aliado do Lula, um bajula o outro. Chegamos lá, o presidente e eu, num belíssimo escritório ali no Pacaembu, e começamos a entrevista. Delfim desandou a falar num economês complicado, que a gente não entendia nada. Caramba, a entrevista era para um jornal dirigido a economistas. Como eu poderia pedir para o cara traduzir? Saí de lá furioso, com a sensação de ter sido enrolado. O jeito foi tirar a gravação na íntegra e publicar. A maior parte dos economistas leitores também não entendeu bulhufas. Que diferença do Celso Furtado, o grande gênio da esquerda intelectual, que explicava a economia de uma forma que até uma simples dona de casa podia entender. Fez até um livrinho com essa finalidade. Ou seja, Celso Furtado nada tinha a esconder. Tive o prazer de fazer uma capa com ele.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  27. Bom dia, Milton, Delfim Netto não só enrolou você nesta entrevista, como a todos nós brasileiros, há muitos anos, quando pregou a política da "panela cheia", plano econômico de apelo popular que vazou água. O povo continuou com a panela vazia e sem o gás para fazer a comida. Nunca gostei de Delfim Netto, para mim um embromador de mão cheia que sempre conseguiu se eleger Deputado Federal, ou então ser nomeado para altos e bons cargos. Um filhote da ditadura militar esperto que cobra caro uma palestra sobre economia. Coitado de quem assiste sua fala, sai de lá com a mesma sensação que você saiu ao entrevistá-lo, de ter sido enganado. Creio que nem ele entende o que explica sobre economia, mas é assim no Brasil, conseguiu fama, deita na cama.

    Peço desculpas a você e a todos os nossos leitores, mas ontem não pude enviar a chamada de seu texto porque todos os endereços estão na memória do meu computador central, que até agora não me foi entregue. Está passando por uma rigorosa formatação e troca da memória, que o deixava lento e com queda constante, prejudicando o meu trabalho. Continuo, pelo menos até depois do almoço, usando o notebook. E que sacrifício, meu amigo, um teclado de notebook. Você tem que redigir e verificar quantas palavras ficaram faltando. Trabalho dobrado. Mas...

    Um forte abraço, parabéns pelo texto. Hoje é bem possível que a Nivia Andres edite uma crônica dela, nesta mesma linha, política, e amanhã, mais um capítulo da série "Memória Terminal", do saudoso amigo José Marqueiz.

    Um forte abraço...

    Edward de Souza

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  28. Bom dia, Milton, Nivia e Edward!
    Eu adoro economia, embora entenda que não é nada fácil. Da maneira como vc escreveu, Milton, não tem como não comprender. Ontem assisti pela Rede Vida parte do debate organizado por emissoras católicas de TV. A Dilma não compareceu e Serra falou sobre economia. Pouca coisa, apenas criticou os juros altos do Brasil. Interessante seria uma discussão sobre economia entre ele, Dilma e Marina. Ou então Serra e Dilma, penso que a Marina está fora da disputa. Mas, caso tenha um segundo turno, Marina pode ser decisiva. Creio que apoiaria a Dilma, não sei o que pensam a respeito.
    Milton, Nivia e Edward, seria oportuno que mais matérias sobre economia fossem publicadas no blog, pensem nisso.

    Obrigada,

    Giovanna - Franca - SP.

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  29. Pois é, Edward, se na época em que Lula era dirigente sindical alguém fizesse tal previsão, de que seria aliado do Delfim Netto, seria internado como demente. E o pior de tudo é que o Delfim hoje fala com insuportável arrogância, esquecendo-se do péssimo ministro que foi.
    Abraço!
    Milton Saldanha

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  30. Prezada Giovanna: há bons e simples caminhos para a gente começar a "entender" de economia. Uso as aspas porque entender, de fato, nunca será possível, tal a vastidão desta ciência. Dá para comparar com a medicina, existem especialistas para tudo, além dos generalistas, que sabem um pouquinho de cada coisa, mas nada em maior profundidade. Dicas: livros do Celso Furtado para leigos; do Gilson Menezes, idem; Dicionário de Economia do Paulo Sandroni; leitura de bons cronistas, como o Sardenberg, Miriam Leitão, Celso Ming, Tamer e outros, com seus diferentes estilos e pensamentos. Ler só o preferido vicia o pensamento.
    Abraço!
    Milton Saldanha

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  31. Olá, amigos e amigas!

    Infelizmente, não consegui postar a crônica que havia prometido ao Edward para hoje. Compromissos me prenderam demasiado e agora já se faz tarde. Então, pretendo postar na quinta-feira o novo texto, que também versa sobre política e eleições.

    Nosso colega Milton Saldanha deu uma bela aula de Economia, aliás, todos nós temos obrigação de ter noções básicas do assunto, pois a economia move o país e a política econômica governamental decide o rumo da nossa vida.

    Quero crer que há muitos outros assuntos que os candidatos deveriam abordar, como: o que fazer para estancar a corrupção que grassa, solta, em todos os escalões do governo; que tipo de acordo farão para aprovar as leis necessárias para que o país mude, tipo, a Reforma Tributária, a Reforma Política? Que tipo de alianças serão celebradas? A última descambou no Mensalão...Vai continuar a troca de verbas do orçamento da União por votos no Legislativo? E os cartões corporativos, vão continuar a ser utilizados sem que haja qualquer controle sobre os gastos destemperados do Executivo?

    Como vemos, a lista é enorme!

    Um abraço a todos e aproveitem o dia!

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  32. Luiz Gustavo Marquesinterça-feira, 24 agosto, 2010

    Essa arrogância de Delfim Netto é compreensível, Milton e Edward. Faz muitos anos assumiu sua homossexualidade. Vive jogando pétalas para que caiam sobre sua cabecinha dourada. Uma desvairada total.

    Luiz Gustavo Marquesin - São Paulo

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