quarta-feira, 28 de abril de 2010

O ÍNDIO AMA A VIDA SEM TEMER A MORTE


"Aprendi com os índios a me contentar com o estritamente necessário, o amor pela preservação de todo o alimento que representava o sustento e não o acúmulo, o desperdício".


Meses antes de minha viagem a Europa, a Ilca teve um gesto surpreendente, só mesmo uma mulher apaixonada seria capaz de fazer. Isso ocorreu quando eu estava no Parque Nacional do Xingu para gravar as memórias dos irmãos Claudio e Orlando Villas Boas, sertanistas que dedicaram a maior parte de suas vidas em defesa dos índios brasileiros. Acompanhava-me o fotógrafo Gilberto Guimarães, o Guima, um excelente profissional. O trabalho era para a extinta revista Visão.

Fiquei alojado em uma cabana no Posto Leonardo Villas Boas – em homenagem a um dos irmãos, também sertanista, falecido vítima de doenças tropicais. Conhecera os irmãos sertanistas há pouco mais de dois anos, em 1972, quando o jornal O Estado de S. Paulo me destacou para acompanhá-los em uma expedição pelas florestas do Xingu para tentar o contato com os Kranhacãrore, mais conhecidos como índios gigantes, considerados os últimos primitivos a viverem isolados no Brasil. Desci de um Cessna, fretado pelo jornal, diretamente no acampamento aberto às margens do rio Peixoto de Azevedo, já divisa dos estados de Mato Grosso e Pará.
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A série de reportagens que fiz sobre essa expedição mereceu, no ano seguinte, o Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, na época a maior láurea concedida anualmente a um jornalista brasileiro. Foi com a passagem aérea incluída nesse prêmio é que fiz a viagem a Europa. Então, numa tarde, caminhava pelo Posto Leonardo, quando Orlando – o irmão mais velho e considerado o diplomata da família - , que estava se comunicando com São Paulo via rádio, me chamou e perguntou: “quanto pesa a sua noiva, a Ilca”?

A pergunta me deixou surpreso. Nesses últimos dias, isolado na selva, pensava mais na Eva, com quem era casado desde 1970, nos meus dois cachorros, e quase em nada mais. Tanto que não via a hora de regressar. Mesmo assim, procurei demonstrar tranquilidade. Como ela tinha pouco mais de 1,50 de altura, resolvi arriscar e respondi com firmeza: cinquenta quilos. Orlando, de imediato, repassou ao rádio:
Tire um saco de batatas e coloque-a no avião.
Depois, virando-se para mim:
- Autorizei a vinda de sua noiva, mas uma coisa você tem que me prometer: vai ter que casar com ela.
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Assim, solenemente, garanti ao sertanista que me casaria com a Ilca. A sua vinda ao Posto Leonardo seria uma surpresa que ela preparara para mim, mas frustrara em razão de estar esgotada a capacidade do avião do Correio Aéreo Nacional, um C-47 muito utilizado pelo governo norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial, que fazia a rota entre o Parque Nacional do Xingu e outras regiões do país.

Quem se surpreendeu ao descer do avião foi a própria Ilca. Ela desconhecia que o local era densamente povoado por piuns e borrachudos, mosquitos que infernizavam até os próprios índios, e, desprevenida, desceu vestida apenas de short e uma camiseta. Os insetos a atacaram, sem chance de defesa, mas ela suportou as picadas com galhardia. Só se irritou porque, depois, seu corpo ficou todo marcado de picadas.
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Passamos vários dias se divertindo no Xingu. Nadamos no rio Tuatuari, um afluente do Xingu, visitamos as tribos próximas ao Posto Leonardo e, muitas vezes, saímos para passear pela floresta. Num desses passeios, acompanhados de um pequeno índio, fomos até a aldeia dos Kamaiorá, às margens da lagoa Ipavu. Fomos recebidos pelo grande cacique Tacumã que, não fosse o mau tempo, teria nos levado a visita a Lagoa Sagrada – cujo leito é repleto de pedras das mais preciosas, abundantes na região. Numa tarde, antes de nos despedirmos da tribo, a Ilca e eu fomos, sozinhos, para as margens da lagoa, nos despimos e, assim como os índios, ficamos uma longa hora deixando-se levar por todas as seduções do amor. Sua visita ao Posto Leonardo foi, até hoje, um dos grandes presentes que recebi da Ilca em toda a minha vida.
FILÓSOFO DA SELVA

Das minhas idas ao Xingu ficou meu aprendizado com o sertanista Claudio Villas Boas, (foto) a quem eu me referia como o Filósofo da Selva. Ele mantinha uma vasta e selecionada biblioteca na cabana onde morava, junto à aldeia dos Txukarramãe, os índios de botoque, à margem esquerda do rio Xingu. Quando não era encontrado em companhia dos silvícolas, ele geralmente estava sentado à escrivaninha, escrevendo, fazendo anotações. Escreveu vários livros, em parceria com o irmão Orlando, sobre os costumes, os hábitos, a cultura, os mitos e as lendas dessa parte da civilização, que, em plena era da informática, ainda vive isolada do mundo moderno, habitando esse precioso recanto da selva brasileira. Recanto que se transformou no Parque Nacional do Xingu por decreto do então presidente da República Jânio Quadros. Atualmente, nesses primeiros anos do século XXI, esse parque abriga 17 tribos, que falam uma dezena de dialetos, indo do tupi ao grupo linguístico Gê, mais falado entre os Txukarramãe.
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Desses indígenas, alguns se destacaram pela inteligência, pelo espírito de liderança ou pelo porte físico, exibido, principalmente, nas comemorações do Quarup – festa em louvação aos mortos – que tem como um dos pontos altos a luta denominada Uka-Uka, que mede a força física e termina quando um dos índios é derrubado ao chão e imobilizado. O campeão mais conhecido era Aritana, que comandava uma das tribos. Megaron era outro índio que se projetava por entender de radiocomunicação, o único meio de contato entre a selva e as autoridades responsáveis pelo funcionamento do parque, com exceção dos contatos pessoais feitos semanalmente com a chegada de um avião do Correio Aéreo Nacional (CAN), da Força Aérea Brasileira.
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Outro que marcou bastante era Takumã, feiticeiro e cacique dos Kamaiorá, o índio que quis levar eu e a Ilca a conhecer a aldeia sagrada.
Com Cláudio Villas Boas apreendi um pouco da essência da vida, de aceitá-la como ela é, assim como faz o índio, que não projeta o dia de amanhã, mas é alegre. O índio, dizia Cláudio, não espera nada, só vive. O índio ama a vida sem temer a morte. E é nessa filosofia que pretendo me sustentar durante esse tratamento que, penso, deverá ser longo e dolorido.
Cláudio ainda me dizia: não temo a morte. Apenas não a desejo. É difícil, reconheço, não temer a morte, esse final de existência. Não a desejar, ah!, fica bem mais fácil.
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Hoje, olhando para o passado, me vejo navegando pelo rio Xingu, já perto de escoar no rio Amazonas, me extasiando com a fartura de peixes no local. E a advertência de Megaron: Vamos voltar para a aldeia. Meu questionamento: por que, se aqui há tanto peixe. Justificava a volta: já tínhamos pescado o suficiente para alimentar a todos naquele dia. Aprendi a me contentar com o estritamente necessário, o amor pela preservação de todo o alimento que representava o sustento e não o acúmulo, o desperdício.
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Assim como ocorria com os peixes, era com os animais da floresta, como os porcos-do-mato, os macacos e outros pequenos espécimes de carne comestível para os humanos. Assim ocorria com as árvores da floresta, que só eram derrubadas diante de extrema necessidade para a construção de novos alojamentos. Assim ocorria com as águas dos rios, que corriam límpidas e puras, sem receber os dejetos lançados pelos humanos. Assim, ocorria com os índios, que não precisavam de dinheiro para viver. A natureza lhes oferecia tudo de graça e eles retribuíam, protegendo-a. Mas, com o tempo, me parece que esses ensinamentos foram se diluindo em minha mente. Difícil praticá-los vivendo na grande cidade...
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Ficou a saudade dos ensinamentos do filósofo Cláudio Villas Boas, morto antes de realizar o seu sonho de viajar pela América do Sul, e dos índios, que, assim como eu, envelheceram e agora esperam a morte. É o que tento fazer e o caminho para enfrentá-la, acredito, é reviver o passado, usufruindo do momento presente, mas sem almejar nada para o futuro. Assim, espero a morte. Sem temê-la...
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*Na próxima quarta-feira, o quarto capítulo de Memória Terminal, do jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, falecido em 29/11/2008. (Edward de Souza / Nivia Andres) Arte: Cris Fonseca.
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30 comentários:

  1. Bom dia amigos (as) deste blog...

    Confesso a todos a emoção que sinto a cada capítulo postado aqui neste espaço. Com saudade recordo das histórias contadas pelo Marqueiz sobre sua passagem pelo Xingu, ao lado dos irmãos Villas Boas. Da chegada da Ilca a essa tribo de índios, claro, depois de catequisados, dos momentos maravilhosos que Marqueiz e Ilca curtiram naquela selva ainda desconhecida e destruída mais tarde pelos brancos. Seu sorriso ecoa em meu cérebro quando lembrava que Orlando Villas Boas dispensou um saco de batatas para que a Ilca pudesse embarcar no avião, rumo ao Xingu.

    Corajosa, Ilca enfrentou o desafio para se encontrar com aquele que foi seu amor por toda uma vida. Borrachudos, selvagens ainda sendo catequizados, nada disso a preocupou e seguiu firme naquele avião capenga, para os braços do seu grande amor. O capítulo de hoje é emocionante e Marqueiz relata o muito que aprendeu com os índios, que evitavam o desperdício e lutavam pela preservação da natureza.
    Demorou essa postagem, por conta das muitas paradas provocadas pelas lágrimas que, teimosas, insistiam em rolar pela face. Mas valeu a pena. Aí está mais esse capítulo dessa série especial e exclusiva, escrita por um homem maravilhoso e um jornalista excepcional.

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

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  2. Sensacional este novo capítulo das memórias do José Marqueiz. A reunião destes textos merece virar livro, sem dúvida, e tomo a liberdade de sugerir o jornalista e escritor, nosso querido amigo Hildebrando Pafundi, para fazer o prefácio. Ninguém melhor do que ele, além da Ilca, claro, que precisa tocar o projeto.
    Abraços a todos!
    Milton Saldanha

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  3. Esse despojamento dos índios, assimilado também pelo Marqueiz (e de fato ele era assim), é uma lição de vida fantástica. Essa barbárie da violência urbana que nos cerca tem tudo a ver com essa pregação consumista sem fim e sem limites, que leva as pessoas a acharem que a felicidade está na posse de bens, carros, tralhas eletrônicas, roupas de grife e outras bobagens. O cara sai por aí matando para comprar um par de tênis supostamente refinado. É inacreditável. Mas é assim.
    Beijos a todos!
    Milton Saldanha

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  4. Boa tarde, amigos e amigas!

    Olá, Edward!

    A série Memória Terminal, além de ser emocionante, representa, também, acúmulo de informação pertinente sobre a história do Brasil, em especial, sobre os índios, a descoberta de novas tribos e o trabalho dos irmãos Villas-Boas, que ensejaram a José Marqueiz o Prêmio Esso de Jornalismo.

    Lamento que hoje nossos indígenas estejam em avançado processo de despersonalização de seus costumes, pois o contato com o homem branco, dito civilizado, ocasiona um lento genocídio por doença, aculturação, miséria, desnutrição e péssima gestão da Funai. Em certos locais, principalmente na Amazônia, há tribos riquíssimas operando comércio ilegal de madeira, ouro, diamantes, minerais radiativos e outros produtos, até drogas - tem carros, GPS, armas, barcos etc.

    Me sensibilizou profundamente o legado de Marqueiz ao mencionar que incorporou a filosofia dos índios, aprendendo a aceitar a vida como ela é e a não pensar no futuro, alegrando-se com isso.

    Um abraço a todos!

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  5. Fascinante esse terceiro capítulo, repleto de aventura e de lição de vida. José Marqueiz aprendeu e nos ensinou que, assim como a natureza nos dá tudo de graça, basta apenas que façamos nossa parte, protegendo-a. E... Com os índios foi a sua escola. Maravilhoso ensinamento que veio das selvas.

    É preciso sim que o Edward e a Ilca tomem a iniciativa de publicar esse livro, depois das postagens neste blog. Quanto a Ilca, que maravilha, menina, sua coragem, deixar a cidade grande e se aventurar entre os índios e os pernilongos. Certamente foi recompensada pela ousadia.

    Beijos,

    Tatiana - Metodista - SBC

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  6. Oi Edward e Nivia, impressionou-me a facilidade como José Marqueiz escrevia nomes tão difíceis dessas tribos indígenas. Que relato lindo, meu Deus! Ilca, fiquei emocionada com a aventura que vc viveu ao lado do seu companheiro de toda uma vida. Deve ser, ou foi, um lugar maravilhoso, não Ilca? Esses índios, Kranhacãrore, eram mesmo gigantes? Qual será o significado desse nome?

    Beijinhos,

    Andressa - Cásper Líbero - SP.

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  7. Uma leitura imperdível. O texto é bárbaro e o relato espetacular. Deram aqui a sugestão para um livro. Vou mais além, uma novela das 8, como direito ao plim-plim. Parabéns, Ilca, por fornecer esse rico material para o Edward publicar neste blog. Melhor a cada capítulo, lindíssimo!

    Bj

    Karina - Unicamp - Campinas - SP.

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  8. Hildebrando Pafundiquarta-feira, 28 abril, 2010

    Boa tarde, amigo Edward.

    Acabei de ler o mais recente capítulo das memórias do saudoso amigo José Marqueiz. Concordo com os comentários publicados. Realmente este capítulo é emocionante, difícil segurar as lágrimas. Tem razão o meu amigo e grande professor de dança de salão, brilhante jornalista, Milton Saldanha: Memória Terminal merece virar livro. Fiquei emocionado pela sugestão do meu nome para escrever o prefácio. Não sei se terei capacidade. Acho que a própria Ilca é o nome mais indicado para redigir um brilhante prefácio para esse livro.

    Saudações

    Hildebrando Pafundi - escritor e jornalista

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  9. Boa tarde a todos!
    Parece-me que os velhos amigos jornalistas marcaram encontro neste blog para acompanhar a série do nosso José Marqueiz. Assim que cheguei em casa, depois do almoço, lembrei-me que hoje é o dia de mais um capítulo e, mesmo com tarefas a executar agora a tarde, corri para ler mais esse capítulo. Li duas vezes, lentamente, curtindo cada palavra, cada parágrafo. Todos devem ter percebido a facilidade como José Marqueiz escrevia. Assim era em redações de jornais. Nesta série ele nos prende no assunto de tal forma, que nos faz sonhar com rios piscosos, lindas cachoeiras e tribos de índios. Sempre falando de Ilca, seu grande e inesquecível amor. Parabéns, Edward e Ilca, por nos trazer esse tesouro e nos fazer recordar desse amigo querido!

    Abraços

    Flávio Soares - Jornalista - S.Bernardo

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  10. O capítulo de hoje mostra algumas das características mais marcantes do José Marqueiz: o despojamento, o amor à natureza e a paixão pelo viver aqui e agora com toda intensidade. O convívio com os índios só reforçou essa forma de ser e de viver. Ilka foi sua grande companheira nessa aventura e por toda a vida. É claro que a história merece virar livro. E ninguém melhor do que Hildelbrando Pafundi, companheiro inseparável de Marqueiz e escritor talentoso, para apresentá-lo.

    Beijos

    Sonia Nabarrete - Jornalista

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  11. Ilca, agora fiquei em dúvida como escrever seu nome. O Edward postou com C e a Sonia Nabarrete, também jornalista, com K. De qualquer forma, quero dizer que este relato é um dos mais lindos que li. Vc teve seus méritos ao ser levada para o Xingu, além da coragem de enfrentar o desconhecido. Permaneceu magrinha, com 50 quilinhos. Bastou um saco de batatas pra fora do avião e o problema foi resolvido.

    Na época deve ter sido engraçado contar esse caso, não, Ilca? Sabemos que o problema da troca pelo saco de batatas era por causa do peso máximo que o avião pode transportar, claro. Fico imaginando quantas emoções vc deve ter vivido no Xingu, ao lado do seu amor. E quantas e quantas lembranças isso lhe traz hoje. Boas e saudosas lembranças, isso é o mais importante.

    Beijos, querida, admiro muito vc!

    Carol - Metodista - SBC

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  12. Olá Andressa, os tais índios gigantes relatados nesta série pelo saudoso José Marqueiz se esconderam durante 200 anos no fundo da floresta do norte do Mato Grosso. Tão desconhecidos que nem nome tinham. Apenas com a expedição dos Irmãos Villas Boas, ganharam nome de krenacore, ou krenhakore. Depois ficou Kranhacãrore. Eram uma lenda: "os índios gigantes". Descobriu-se, então, que poucos eram altos. Não eram gigantes como o mito fazia supor. E tinham nome: chamavam-se Panarás.

    O jornalista Ricardo Arnt conta que os panarás eram os últimos descendentes dos kayapós do sul, grupo nômade que falava uma língua da família jê e habitava o Brasil Central, no século XVIII, do norte de São Paulo até o Mato Grosso. Lutaram muito contra os portugueses. A descoberta de ouro em Goiás, em 1722, em seu território, empurrou os que restaram para as matas ao norte. Até que foram encontrados pelos Villas Boas, entendeu? O significado de Kranhacãrore, anote aí: homem grande da cabeça redonda.

    Abraços...

    Edward de Souza

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  13. Alguns amigos e amigas estão me enviando, por e-mail, comentários sobre a série de José Marqueiz, pedindo para que eu faça a postagem, uma vez que ainda não aprenderam a técnica simples para isso. Já publicamos no blog Essas explicações, basta segui-las. Cliquem em postagens anteriores, no rodapé do blog que vão encontrar esse quadro com as explicações de como postar comentários. A Taynara, da Unifran de Franca, enviou um neste instante. Caso vc não conseguir, Taynara, faremos isso logo mais.

    Abraços...

    Edward de Souza

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  14. Olá Amigos

    É difícil escrever um texto para descrever nossas emoções quando lemos José Marqueiz.
    As lágrimas correm. Lembranças submergem de nosso íntimo, quando o saudoso jornalista fala dos Rios Peixoto de Azevedo, Xingu... Dos índios, da fartura de peixes da bacia amazônica e dos momentos felizes ao lado dos irmãos sertanistas e de sua amada.
    Conheço esses rios. Conheci os Irmãos Villas-Boas e o “modus vivendi” espiritualista de nossos indígenas quando puros. Hoje infelizmente, como disse a Nivia, o materialismo e consumismo chegaram entre eles.
    Na década de 1930, o mapa do Estado de São Paulo (Oeste) mostrava a seguinte frase: “Terra desconhecida habitada por índios”. Eram os Kaigangues que foram empurrados pelos “civilizados” construindo estradas de ferro.

    Um abraço Marqueiz

    Que a paz do Senhor esteja com você.

    J. Morgado

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  15. Obrigada pelas explicações, Edward, creio que consegui postar meu comentário. Estou adorando essa série e faz tempo quero participar. Para nós, estudantes de jornalismo, ler textos como esse é mesmo gratificante. Não foi por acaso que José Marqueiz ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo. Escreve muito bem.

    Bjs,

    Taynara - Unifran - Franca - SP

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  16. Oi Edward, Nivia, Ilca, parabéns a vocês pelo presente maravilhoso que nos concedem, poder ler essa série especial escrita pelo José Marqueiz que, infelizmente, não está entre nós. À medida que vamos lendo o texto, a emoção carrega nosso peito, porque começamos a imaginar o jornalista lutando contra a morte e mesmo assim, com força de vontade e muita luta, escrevendo todas essas belezas que viveu. Não desanimou nunca e escreveu, escreveu até o fim dos seus dias, deixando-nos essa obra preciosa que, espero, torne-se um livro disputado pela nossa juventude. Precisa ela aprender a dar valor a vida, a natureza e lutar até o fim pelos seus ideais. Simplesmente maravilhoso o capítulo de hoje.

    Bruna - UFJF - Juiz de Fora/MG.

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  17. O Edward é privilegiado, já deve ter lido toda essa série. Sempre me lembro do Marqueiz contando essas histórias do Xingu e a que ele mais achava engraçado era quando relatava sobre o saco de batatas que tiraram fora do avião para que a Ilca pudesse ser transportada até o Xingu. Marqueiz, recordo muito bem, quando ganhou o prêmio Esso de Jornalismo passou a ser assediado pelas melhores revistas e jornais do País, a Ilca pode confirmar isso e o Edward também. Ficou na dele, tranquilo, sem se apavorar com o assédio que sofria. Pagavam o passe de Marqueiz a peso de ouro. Empurrou tudo com a barriga, deixou o tempo passar, sempre escrevendo, não mais para as grandes empresas do País, mas era feliz assim. Saudades, Marqueiz!

    José Maria - ex-colega do Estadão

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  18. Emocionada com o texto do Marqueiz, acabei grafando de forma incorreta o nome da Ilca, a quem peço desculpas. O correto é com C, como observou a Carol.

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  19. Infelizmente não conheci o jornalista José Marqueiz, mas estou, não só acompanhando essa série, como também imprimindo todos os capítulos. Uma história maravilhosa, pena que agora tenho que esperar mais uma semana para ler o outro capítulo. Se tivesse como, acredite, Edward, eu leria tudo de uma só vez, tão gostosa está a história. Uma aventura e tanto ao lado dos índios no Xingu.

    Beijos a todos

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  20. Edward e Nivia, essa série de José Marqueiz está divina, belíssima, como está a postagem do capítulo de hoje. Eu e a minhas amigas aqui da Puc estamos seguindo todas as semanas, capítulo por capítulo. Chama também a atenção os amigos e amigas do jornalista, todos fazendo questão de se manifestar. Lindo isso, creia.

    Bj

    Vanessa - PUC - SP

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  21. Como escreveu Margareth Mitchel: "Uma civilização que o vento levou..." Teria sido melhor deixá-los isolados, inocentes. Marqueiz foi um privilegiado por tê-los visto, ainda naquela fase do despojamento e liberdade. Também somos, hoje, privilegiados por estarmos lendo esses relatos tão pulsantes de vida, muito embora o autor já tivesse a certeza do fim próximo.
    Abraços a todos
    Joao Gregório

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  22. Prezados amigos e amigas,

    Marqueiz viveu intensamente a aventura do jornalismo e do homem que consegue se superar. No Xingu, ao lado dos irmãos Villas Boas, recolheu o melhor que se pode aprender de uma verdadeira civilização, que se respeitava e vivia em harmonia com a natureza.
    Lamentável é que até mesmo o ambiente de pureza e beleza que o Marqueiz conheceu nos anos 1970 está se deteriorando. Hoje, as aldeias indígenas foram apossadas por Ongs internacionais que costuram um solerte movimento para transforma-las em "nações". Há tribos onde os brasileiros não têm acesso e onde predominam outros idiomas no lugar do portugues.
    Lembro-me de uma das últimas entrevistas de Orlando Villas Boas, em documentário para a TV Cultura, onde ele advertia que os interesses internacionais iriam se ocupar das riquezas dos territórios indíginas começando pela construção das tais "nações". No futuro, as "nações" vão solicitar reconhecimento da ONU e perderemos boa parte do território brasileiro, áreas já demarcadas como reservas.
    Ficção? Não, é a pura realidade.
    O relato de Marqueiz emociona porque o traz de volta, com seu jeito natural e despojado de ser. Os grandes valores que aprendeu com os índios e que lhe foram preciosos no inevitável encontro com a própria morte anunciada.

    Grande abraço a todos,

    édison motta
    Santo André, SP

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  23. ANA CÉLIA DE FREITAS.quarta-feira, 28 abril, 2010

    Boa noite pessoal...
    Essa série se mostra cada vez mais emocionante,e cada vez mais a Ilca se mostra uma companheira de todas as horas,uma mulher de fibra.
    Estou certa de que se essa série se transformar em livro,será um sucesso.
    Além de nos emocionar com essa belíssima história de amor,conhecemos um pouco mais a História do Brasil.
    Parabéns Ilca e agradeço por esses textos interessantes e pertinentes.
    Beijosssssssss.
    ANA CÉLIA DE FREITAS.

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  24. "Com carinho e a suavidade de uma flor" foi dessa forma que nosso querido amigo me fez a dedicatória em seu livro Villas Boas e os Índios, onde descrevia o trabalho desenvolvido no Xingu. E claro o livro foi dedicado à Ilca, mulher, amiga e companheira - sempre.
    Obrigada Ilca e Edward por nos reavivarem emoções tão contidas.

    Beth Pudles

    Santo André

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  25. Lindo esse texto do jornalista José Marqueiz, como os outros dois capítulos anteriores que li. Com tantos comentários, tantas manifestações de amigos e amigas, a maioria jornalistas, resta-me dizer, obrigada pela oportunidade que está sendo dada a nós, frequentadores habituais deste blog, poder ler essa obra maravilhosa.

    Daniela - Rio de Janeiro

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  26. Jamais deixaria de vir ao blog exatamente no dia do terceiro capítulo do jornalista José Marqueiz. Mesmo correndo, santista roxo que sou e vou ver o Peixe em minutos contra o Atlético, fiquei fã deste homem. José Marqueiz me cativou no primeiro capítulo, quando começou contando de sua doença e que estava condenado a morte. Pensei comigo: como pode um homem, condenado a morte, ainda escrever? E julguei que ele iria ficar apenas narrando sua doença. Curioso, voltei para ler o segundo capítulo e o assunto era bem outro. O jornalista, desculpem-me, com J maiúsculo, José Marqueiz, narrava seus romances, seu encontro com índios gigantes e me colocou na roda. Prendeu-me na leitura e hoje está fazendo até eu esquecer do meu Santos, para vir aqui prestar essa homenagem a ele e a sua companheira. Está valendo a pena, Edward, acompanhar essa série, parabéns.

    Tatiana, continuo querendo saber qual o seu signo, viu? Beijos a vc!

    Abçs, pessoal!

    Juninho - SAMPA

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  27. Nesse capítulo postado ontem/hoje no blog, também aprendemos muito com o relato do jornalista José Marqueiz sobre os índios, o respeito que dedicam a natureza e o cuidado para não desperdiçar alimentos. Peixes com fartura nos rios do Xingu, na época desse relato, no entanto, contou José Marqueiz, os índios pescavam apenas o necessário para que todos comessem. Que bom se aprendessemos essa lição dos "selvagens", o mundo seria bem melhor.

    Continuo acompanhando com muita atenção essa série maravilhosa.

    Um bom dia a todos!

    Liliana Diniz - FUABC - Santo André

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  28. Prezados amigos (as) deste blog...
    Infelizmente pessoas mal intencionadas continuam com brincadeiras inadmissíveis usando este espaço, a começar pelo senhor Ailã que, pelo modo abusivo de postar, podemos até identificá-lo. É preciso que se compreenda que estamos trazendo, com exclusividade ao blog, as memórias de um grande jornalista, que precisam ser respeitadas. Postamos sempre temas que podem propiciar brincadeiras, claro, desde que sadias, neste blog. Não é esse caso, basta ter um pouco de inteligência para perceber isso. Todos os comentários que visam desestabilizar os temas sérios aqui postados serão deletados, com certeza.

    Aproveito a oportunidade e peço aos amigos jornalistas, Luiz Antonio, o Bola e o José Maria, que imagino ser o Santana, da sucursal do ABC do Estadão, que entrem em contato comigo pelo meu e-mail: edwardsouza@terra.com.br
    Outros amigos e amigas jornalistas, saudosos, estão procurando contato. Obrigado.

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

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  29. Um texto muito bonito do jornalista José Marqueiz e uma série que pretendo seguir neste blog. Muito interessante, estou gostando!

    Obrigada,

    Karen - Campinas - SP.

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