terça-feira, 2 de junho de 2009

BASTIDORES DA HISTÓRIA
WANDERLEY DOS SANTOS
APRESENTAÇÃO:
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ÉDISON MOTTA
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Tal como o imenso oceano, que guarda em sua grandeza impenetráveis mistérios, a história também é uma porta aberta ao infinito. Raros brasileiros têm noção de que muitos de nós temos algum parentesco com João Ramalho, o primeiro homem branco que subiu a Serra do Mar e deu inicio à civilização do Planalto de Piratininga, hoje São Paulo.
Quando Martin Afonso de Souza navegava em direção a São Vicente, no comando de uma grande expedição portuguesa para inaugurar a primeira cidade do País, em 1532, foi socorrido por Ramalho, em Bertioga, que evitou um confronto com os índios canibais de então. Pelo nível de organização das aldeias e influência de Ramalho nossa história teria sido outra não fosse a diplomacia e apoio do judeu-português, genro do cacique Tibiriçá e marido da índia Bartira. Mais à frente, Ramalho também liderou a resistência do Pátio do Colégio e livrou da morte os jesuítas Anchieta, Manoel da Nóbrega e o povoado de São Paulo.
A saga de João Ramalho, pouco conhecida, foi uma das paixões de Wanderley dos Santos (Foto). Sua obstinada devoção à história trouxe à tona preciosas revelações, garimpadas nos arquivos da Cúria Arquidiocesana paulista.
Agora, com exclusividade, Ademir Médici, um dos grandes expoentes do jornalismo histórico do País, conta-nos um pouco da história de Wanderley. Alguém que fez um trajeto parecido com o de Edward de Souza, o autor deste Blog: saiu de Franca para a grande cidade e depois voltou. Ademir mantém há 19 anos a coluna diária “Memória”, do Diário do Grande ABC. A convite do Blog brinda-nos, em três capítulos, com um resumo da trajetória e obra de Wanderley, alguém que tive o prazer de conhecer pessoalmente e que nos deixou muito cedo.
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ADEMIR MEDICI
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PRIMEIRO CAPÍTULO- FRANCA AO ABC PAULISTA
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O menino da Vila Carrão revisa a história oficial
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Em 4 de novembro de 1995 Wanderley dos Santos enviou de Franca para São Bernardo do Campo uma carta manuscrita oferecendo algumas informações importantes e outras preocupantes. Vale sintetizar:
1 – Decidido: Wanderley iria retomar pesquisas sobre a formação histórico-social da região metropolitana de São Paulo.
2 – Uma boa descoberta para a história do Grande ABC: o livro de pintura de Miguelzinho Dutra, o autor de “Ruínas da Vila Velha de Santo André”, traz a informação que o pai deste pintor, chamado Tomás da Silva Dutra, nasceu na velha Borda do Campo, em 1738, sendo filho de Tomé da Silva Dutra, que fora dono de um sítio chamado Santo André e que é citado por Wanderley em seu livro clássico “Antecedentes Históricos do ABC Paulista: 1553-1892”.
Wanderley dá a informação e pergunta: “Esse achado merece artigo agora ou em abril de 1996”, que é a data em que a Santo André atual, do Grande ABC, comemora seus aniversários.
3 – A má notícia: a carta postada em Franca foi escrita às vésperas da internação de Wanderley na Santa Casa local. Admite ser portador de graves problemas neurológicos. Terá que ser submetido a uma cirurgia no cérebro, mas está otimista e confiante em Deus. Tão confiante que fazia planos para participar do IV Congresso de História do Grande ABC, marcado para 1996 na cidade de Diadema.
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Desde 1989 Wanderley dos Santos dirigia o Arquivo Histórico Capitão Hipólito Antonio Pinheiro, da Prefeitura de Franca, do qual foi o fundador. Anteriormente, desde 1974, chefiou o Arquivo da Cúria Metropolitana, respondendo diretamente ao então cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.
Wanderley manuseou e sistematizou a documentação histórica da Igreja de São Paulo, formada a partir da fundação da cidade, no quinhentismo. Mexendo com tantos papeis, fez muitas descobertas. Uma delas: a grande maioria dos municípios conta com muitas falhas a sua própria história.
A matéria-prima da pesquisa de Wanderley dos Santos foi a documentação da Igreja, mas ele nunca deixou de consultar outras fontes, cruzando informações, produzindo textos e monografias, difundindo seus achados pelos jornais da capital e do interior ou por meio de palestras.
Tornou-se uma referência. Virou citação constante. Criou um arquivo histórico próprio, centrado na documentação secundária – livros e teses conhecidas e sua biblioteca particular era imensa – mas, principalmente, de documentação primária, formada por registros manuais que trazem a sua caligrafia incomparável.

Seu último projeto seria o Dicionário Histórico e Geográfico do Estado de São Paulo. Não deu tempo de concluir.

O Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo fica na Avenida Nazareth. Antes ocupava um prédio da Igreja na Praça Clovis Bevilacqua, a poucos metros da Sé. Num almoço no restaurante que funcionava nos baixos desse prédio, indagamos o porquê de Wanderley nunca ter se casado. A resposta foi simples e calma, como era do seu temperamento: “Eu tenho uma missão que é a história, não posso pensar em projetos pessoais”.
Era 1981. Passaria quase toda a década de 1980. Mas como compreender as coisas do coração: a paixão de Rosimar foi mais forte. Veio o casamento – claro, na matriz da Vila Carrão, seu bairro em São Paulo. Chegaram os filhos. Wanderley teve que abrir mão do trabalho na Cúria e encontrar um emprego que lhe rendesse um salário suficiente para sustentar a família formada. Franca ganhou a corrida. Como tantos outros municípios, também a cidade conhecia o trabalho sério de Wanderley. Daí a mudança para o interior e um belo trabalho realizado na cidade que dera ao Grande ABC a figura envolvente do jornalista Edward de Souza, que se bandeou para São Paulo, e para o Grande ABC, e que agora, de volta ao ninho francano, nos possibilita lembrar a figura de um irmão que se foi melancolicamente, Wanderley dos Santos.

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Dezembro de 1995 passou; 1996, novo ano. Operado duas vezes do cérebro, Wanderley chegou a se recuperar parcialmente. Mas não resistiu e faleceu na madrugada de 16 de janeiro de 1996.

LINHA DO TEMPO
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1951, 19 de fevereiro – Wanderley dos Santos nasce em São Paulo, filho de Benedito Cruz dos Santos e de Lydia de Almeida Santos.
1966 – Fascinado pela história regional, inicia longa investigação dos episódios que culminaram na formação e evolução dos bairros paulistanos.
1972 – Decide prolongar suas pesquisas no Grande ABC.
Esposa: Rosimar Zotelli dos Santos; filhos: Elidia, Hosana e Wanderley José.
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NÃO PERCAM NESTA QUARTA-FEIRA O SEGUNDO CAPÍTULO DESSA SÉRIE ESCRITA POR ADEMIR MEDICI.
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*Ademir Medici é jornalista e escritor, formado pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalha na imprensa do Grande ABC desde 1968 e especializou-se na área de resgate e reconstituição da memória. Membro titular do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Possui um acervo de 32 livros escritos, sendo 24 publicados e oito inéditos. Ademir também ganhou, em 1976, o Prêmio Esso de Jornalismo, em parceria com o jornalista Édison Motta, pela série “Grande ABC: A metamorfose da industrialização”. Atua no jornal Diário do Grande ABC desde 1972. Foi repórter especial, editor de Cidades e Política e secretário de Redação. Atualmente é responsável pela coluna Memória, uma das mais lidas do jornal e do quadro "MEMÓRIA", no programa "ABCD Maior em Revista".
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27 comentários:

  1. Bom dia amigos (as) do blog.
    O Arquivo Histórico Municipal "Capitão Hipólito Antônio Pinheiro", de Franca, foi fundado em 1989 e, 20 anos depois, mantém sob guarda um acervo com seis mil caixas de documentos antigos que são utilizados pelos pesquisadores que procuram compreender a história do Nordeste Paulista. O fundador do Arquivo foi um historiador paulistano chamado Wanderley dos Santos, cuja história de vida escrita pelo amigo, Jornalista e historiador Ademir Medici, Prêmio Esso de Jornalismo, esse Blog começa a contar a partir desta terça-feira, em três capítulos.
    Um elo de ligação entre Franca e o ABC Paulista que poucos conhecem. Acompanhem toda essa série que começa hoje, com a apresentação nesse primeiro capítulo de Édison Motta, outro Prêmio Esso de Jornalismo.

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

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  2. Alguém disse que:“história é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo”.
    É certo que o estudo do passado vai ainda mais além. As minúcias, aquelas buscadas com “lente de aumento”, como é o caso de Wanderley dos Santos e Ademir Medici, entre outros, trazem o sabor de se ouvir e ler sobre a história regional.
    O Édison Motta, discorrendo sobre o “judeu-português”, João Ramalho, desperta curiosidade e vontade de se saber mais.
    O Ademir, discorrendo sobre as famílias que povoaram e desenvolveram o Grande ABC e agora o Wanderley, que dedicou toda uma vida para buscar detalhes desconhecidos na história oficial.
    O Nordeste paulista é rico nesses detalhes. Há vários livros que contam um pouco da história regional de Ribeirão Preto, Batatais, Franca, etc.
    Eu tinha em minha biblioteca, vários desses livros. Doei-os a biblioteca Municipal, que, segundo soube, não soube tratá-los com o devido respeito.
    História regional é um assunto cativante e absorve a atenção dos leitores justamente por suas minúcias.
    Obrigado Ademir e Motta por mais uma página de cultura.

    Paz. Muita Paz.
    J. Morgado

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  3. Ôi Edward, Ademir e Édison Motta...
    Nasci em Franca e nem sabia sobre a existência desse Arquivo Histórico aqui na cidade. Pelo menos agora que sei, vou tentar localizá-lo. Com essa série escrita pelo Ademir Medici sobre o Wanderley dos Santos, vamos aprendendo mais sobre coisas da nossa cidade. Obrigado a vocês por resgatar detalhes de nossa história que desconhecíamos.
    Beijos,

    Ana Flávia - Franca - SP.

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  4. A presença de Ademir Medici nesse blog, Edward, representa mais aprendizado para nós, estudantes de jornalismo. Acompanho, como muitas amigas minhas aqui da metodista, o trabalho sério desse jornalista faz algum tempo, através suas publicaçõs aqui no Diário do Grande ABC. Essa série já me agradou em seu primeiro capítulo e vou continuar seguindo. Parabéns a todos vocês pela iniciativa de trazer Ademir Medici para esse blog. Um reforço e tanto, juntando-se a todos esses talentos que aqui escrevem.
    Beijos a todos vcs.

    Renata Fláquer (Metodista) SBC

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  5. Luiz Carlos Fonsecaterça-feira, 02 junho, 2009

    Bom dia prezados jornalista Ademir Medici, Edward de Souza, Édison Motta e demais profissionais que escrevem nesse blog.
    Já é do conhecimento de todos que o brasileiro tem memória curta. Tanto que o nome de Wanderley dos Santos jamais foi citado em boletins distribuídos pela Prefeitura de Franca sobre o Arquivo Histórico Municipal “Capitão Hipólito Antônio Pinheiro.”
    Leiam esse texto do mês de maio que tenho em mãos, por favor:

    "O Arquivo Histórico Municipal “Capitão Hipólito Antônio Pinheiro” desenvolve um trabalho de digitalização de documentos que tem a pretensão de preservar a identidade histórica do município. A digitalização é a conversão de um suporte físico de dados, como papel ou microfilme, em um suporte digital, o que facilita o arquivamento e a disseminação de informações, tendo em vista o acesso instantâneo de imagens.

    Este mês (maio) será digitalizado um documento inédito da escravidão e colocado à disposição da comunidade francana. Um livro raro de compra e venda de escravos, datado de 1875, devido ao esforço do Promotor de Justiça e Defesa da Probidade Administrativa do Patrimônio Público, Histórico e Social, Paulo César Corrêa Borges e também do CONDEPHAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico de Franca).

    O Promotor de Justiça espera que outros cidadãos de Franca sigam o exemplo de Jonas Marcondes Luz Tofano, que disponibilizou o documento citado. “Assim, os proprietários permanecem com os documentos originais que não quiserem doar e, ao mesmo tempo, possibilita o acesso aos interessados e pesquisadores, preservando o patrimônio histórico da cidade”, disse Paulo Borges.

    Dentre os documentos já digitalizados pelo Arquivo Histórico há inúmeras raridades. Diversos mapas antigos de Franca passaram pelo processo, sendo o mais antigo um esboço de 1767, que o Capitão Hipólito Antônio Pinheiro trouxe quando veio para esta região.

    Além de mapas, plantas de projetos residenciais dos anos de 1914 a 1940. Destaque para o imóvel situado na rua Major Claudiano esquina com Voluntários da Franca, construído em 1922 e antigamente abrigava o Banco Comercial. Hoje este prédio é patrimônio histórico tombado.

    Segundo a chefe do Arquivo Histórico e presidente do CONDEPHAT, professora Graziela Alves Corrêa, ressaltou a importância da digitalização de documentos dizendo que “para teremos um futuro salutar e sustentável é necessário conhecer o passado construído”.

    Viram, Wanderley dos Santos, fundador desse arquivo histórico passa agora a ser conhecido graças ao trabalho de Ademir Medici, jornalista do ABC Paulista. Se depender da memória do francano, hummmmmmmmmmm.....

    Essa a fonte:Prefeitura de Franca.

    Um bom dia a todos e meus agradecimentos ao Ademir Medici e aos esforços de Edward de Souza para trazer esses esclarecimentos ao povo francano.

    Luiz Carlos Fonseca - Franca - SP.

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  6. Olá amigos do blog...
    Senhor Luiz Carlos, de Franca, por essa razão que nós, moradores do Grande ABC, sentimos orgulho de ter um jornalista do porte de um Ademir Medici, que há mais de 30 anos resgata nossa história. No mês passado recebeu o título de "Cidadão Diademense," pela luta em prol da memória de nossa região.

    Abçs...

    Gabriela ( Metodista) SBC

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  7. Prezados Ademir Medici e Edward de Souza...

    A memória é um museu com rico acervo de saudades e peças juntadas e colecionadas ao longo da vida. Permite visitas a qualquer instante, possibilita que o visitante evoque acontecimentos passados e relembre momentos marcantes da existência. Acrescente novas aquisições com realizações e muito sucesso nos empreendimentos em curso.

    Quanto à história propriamente, o registro de fatos passados é importante, sendo pois louvável o processo em curso, em Franca, de poder oferecer o acervo do que existe para que a população conheça mais de perto o processo de desenvolvimento e possa, caso queira, reverenciar vultos que contribuiram para a vida da cidade.

    Abraços,

    Guido Fidelis - Jornalista, escritor e advogado.

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  8. Ôi Ademir Medici, vc é o orgulho de todas nós aqui da Cásper Líbero, sabia? Outro dia a Fernanda disse brincando, quando chegamos para as aulas: "sabe essa cadeira onde me sento? Era do Ademir Medici." Viu só como vc é querido por aqui, onde se formou?
    Estamos, todas nós seguindo essa sua série aqui no blog, tá bom?
    Beijinhos...

    Larissa ( Cásper Líbero) S. Paulo

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  9. Olá Ademir...
    Este blog, que já conta com os mestres Edward de Souza, Édison Motta, Juliano Morgado, Nivea Andres e Guido Fidelis ganha mais um expoente do jornalismo independente e completa o time de celebridades da escrita.
    Medici, amigo e velho companheiro, memoralista, escritor e Prêmio Esso, congrega ainda a maior das virtudes: è torcedor do Timão.
    Chega mais, Ademir, uma honra ter você aqui.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  10. Imagino que não deve ser fácil ao Ademir Medici escrever sobre memórias. Esse relato de hoje mostra um homem, (Wanderley dos Santos), que passou sua vida dedicando-se às pesquisas e arquivamento de dados históricos e, ao que parece, estava até então no ostracismo. Por isso deve se louvar o trabalho de Ademir Medici. O resgate desse trabalho de Wanderley não foi em vão. Mais tempo, menos tempo, acaba agora sendo reconhecido. Será preciso também que a Prefeitura de Franca restaleça a justiça e faça constar de seu arquivo histórico o nome desse homem valoroso que deu início a todo esse trabalho. Esperamos que o Prefeito, homem bom e justo, que realiza grande administração na cidade em seu segundo mandato, tome essa iniciativa. Receberá o aplauso de todos nós!

    Paulo B. Mendonça - Franca - SP.

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  11. Olá Edward de Souza e Ademir Medici!
    Estava lendo alguns comentários, isso depois de acompanhar esse primeiro capítulo de hoje no blog, claro, e vi que a Ana Flávia disse que não conhece o arquivo histórico aqui de Franca. Tudo bem que a divulgação desse arquivo deixa mesmo a desejar, mas todas nós, estudantes de jornalismo, sabemos sobre sua existência e posso dizer à ela que o Arquivo Histórico está hoje no prédio do antigo Colégio Champagnat, onde fica a Secretaria de Educação, desmembrada do prédio da Prefeitura.
    Quanto ao Wanderley dos Santos não sabia de sua participação direta na formação desse importante arquivo histórico de Franca e lamento que isso não seja divulgado pelos órgãos de imprensa da cidade nem pela Prefeitura.
    Amanhã volto para acompanhar com atenção a sequência dessa série, mesmo com o frio em Franca, que surpreendeu todo mundo, ao chegar a quase 5 graus pela madrugada.
    Beijos a todos vocês e obrigada, Ademir Medici!

    Ana Paula - Franca - SP.

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  12. Ôi Ademir Medici, confesso-lhe, fiquei fã de seu texto, desde a primeira vez que li um artigo seu. Esses relatos sobre personagens que fizeram parte de nossa história são maravilhosos e sua missão de resgatá-los é Divina. Estou acompanhando toda a série, com muita atenção!
    Beijos

    Thalita (Santos)

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  13. Meu avô era dono de uma estalagem na cidade de franca, que segundo os relatos de algumas pessoas o imperador dom Pedro II teria hospedado lá.
    Segundo também a esses relatos, a cidade de Franca do Imperador tem esse nome, por que dom Pedro tinha uma cachorra que era chamada de franca, e conseqüentemente, a FRANCA DO IMPERADOR.
    Edward de Souza, você, um ser que armazena em seu poderoso cérebro, uma cultura invejável, seria capaz de me elucidar sobre este mistério?

    Padre.

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  14. Boa tarde, Padre Euvídio!

    Confesso-lhe que já ouvi mil versões sobre o nome "Franca do Imperador". Muitos amigos ainda me perguntam, vez ou outra, sobre a origem do nome da cidade. Essa da cadela do Imperador foi a primeira vez e é bem interessante. Que eu saiba, o Imperador jamais pisou em terra francana. E não existem relatos na história sobre sua cadela. Eu, pelo menos, não li nada a respeito.

    Atualmente nossa cidade é conhecida simplesmente por Franca. O nome Franca está ligado à homenagem ao Governador e Capitão Geral da Capitania de São Paulo - Antônio José da Franca e Horta.
    Deve-se ao citado governador, a fixação dos mineiros que imigravam para nossa região, no início do século XIX.

    Veja agora como sua pergunta foi importante padre, e tem a ver com o assunto tratado hoje nesse blog. Como fundador da cidade de Franca a homenagem é dada ao Capitão Hipólito Antônio Pinheiro. O Arquivo Histórico de Franca, fundado pelo Wanderley dos Santos, de acordo com relatos de Ademir Medici, também tem o nome do Capitão Hipólito, viu só?

    Ainda segundo a história, foi o Capitão Hipólito que liderou os mineiros a se estabelecerem em nossa região e darem início à construção de casas, que ocupariam somente nos finais de semana e nos feriados, isso porque suas atividades estavam vinculadas ao meio rural, com a lavoura e a criação de gado.
    Satisfeito, Padre Euvídio?

    Abraços...

    Edward de Souza

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  15. Olá Ademir Medici...
    Adoro memórias, principalmente quando são bem contadas, como as dessa série que começou hoje e estou acompanhando.
    Vamos aprendendo sempre, afinal, diz o ditado: "um povo sem memória é um povo sem história".
    Bjos a todos vcs,

    Andressa (Metodista) - moro em Santo André

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  16. Queridas amigas e amigos
    Falta-me vocabulário para classificar a preciosidade do trabalho de Ademir Medici, com esta série apresentada por seu parceiro histórico e também brilhante Édison Motta. Ao fazer justiça à memória de Wanderley dos Santos, Ademir abre um tema que precisa sensibilizar a sociedade de Franca, principalmente suas autoridades, como lembrou acima com pontaria certeira o Paulo Mendonça. Vou acompanhar e aprender com você, mestre Ademir.
    Beijos!
    Milton Saldanha

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  17. Já que o assunto dessa série do jornalista Ademir Medici envolve a cidade de Franca, seria interessante que alguém, e esse alguém poderia ser o Edward de Souza, que é jornalista conceituado em nossa cidade, levasse o nome de Wanderley dos Santos à Câmara Municipal. Poderia ser até com cópia dessa série que está sendo postada no blog. Nada mais justo que esse homem, que tanto ajudou nossa cultura, tivesse um nome de rua ou avenida na cidade, eu penso. Os "nobres" vereadores aqui de Franca são cheios de homenagear desconhecidos que nem aqui na cidade pisaram, porque não um que tanto fez pela cultura de nossa Terra? O Terminal Rodoviário de Franca, no centro, se chama Ayrton Senna. Tudo a ver? No meu modo de pensar, nada a ver. Um grande piloto que deu glórias imensas ao País, mas daí ter seu nome ligado à cidade onde nunca veio e nada fez, nada a ver. E são dezenas de ruas assim, só não tem ainda a Avenida Pelé, mas não demora. E então, Edward, que tal levar o nome de Wanderley dos Santos à Câmara? Se não virar nada, cobre, você tem a ferramenta nas mãos....
    Abraços a todos!

    Vicente Martins Mello - Franca -SP.

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  18. Guido Fidelis:
    Vê-lo restabelecido da cirurgia e trazendo aqui no blog do Esward de Souza sua valiosa contribuição cultural, como homem de letras e intelectual respeitado, causa-me uma alegria imensa.
    Grande e caloroso abraço,
    Milton Saldanha

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  19. Vicente Martins Mello:
    Parabéns por sua perfeita crítica. Isso que você descreve é o elitismo piegas de pessoas que não têm amor pela terra onde vivem. Os famosos, vivos e mortos, já estão mais do que homenageados nas grandes cidades, ou dando nomes às rodovias. Alguns, inclusive, mereceriam esquecimento e não homenagens. Valores locais são esquecidos e exaltam até genocidas, por pura ignorância da História, como foi Floriano Peixoto. É lamentável!
    Abraço solidário,
    Milton Saldanha

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  20. Ôi pessoal, vou entrar com minha colher de pau nessa conversa. Com razão os senhores Vicente e Milton Saldanha ao abordar o descaso de nossos vereadores com gente que tanto contribuiu para Franca e fica no esquecimento. O Wanderley dos Santos, eu aposto, podem fazer uma pesquisa, ninguém na cidade ouviu falar dele. Quem poderia imaginar que o Arquivo Histórico de Franca nasceu graças aos seus esforços? Segundo Ademir Medici, Wanderley teve importância maior, fundou esse arquivo em Franca. Não vai ter seu nome lembrado nem pra beco, quanto mais pra rua ou avenida, isso eu aposto. Sabe o que mais acontece aqui em Franca? Avenidas longas estão sendo divididas para se colocar mais nomes. Vou citar um exemplo e quem é daqui conhece. Umas das principais vias, a que leva o nome do ex-prefeito Hélio Palermo, em certo trecho, sem que o motorista perceba, já muda para Antonio Barbosa Filho, outro ex-prefeito. São de Franca, foram ótimos prefeitos, tudo bem, mas pra que dividir avenidas e bagunçar a cabeça de pedestres e motoristas? Mês passado deu no jornal que o Edward escreve, por sinal o melhor jornal da região, o Comércio da Franca, que cerca de 28 bairros novos surgiram em Franca só nesse ano. Quantas ruas e avenidas pra se colocar nomes, não? Que tal numa delas o do Wanderley dos Santos? É preciso dividir avenidas e ruas ao meio com tantas novas ruas que surgem? Oras bolas!

    Carla Nogueira - Franca - S.Paulo

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  21. Eu moro em Juiz de Fora, faço jornalismo na Universidade Federal daqui, mas tenho tios e tias, primas e primos que moram em Franca. Já enviei e-mail para que minhas primas acessem o blog para ler sobre essa série de Ademir Medici. Seria bom que elas acompanhassem e espalhassem o endereço do blog pela cidade, para que todos os francanos conheçam essa figura citada hoje no texto, o Wanderley dos Santos. Quanto aos problemas de dividir avenidas pelo meio com nomes, acho que é uma tremenda falta de respeito para com as famílias dos homenageados. Isso é coisa de vereador que não tem o que fazer.
    Parabéns pelas memórias Ademir, também eu, como tantas que postaram aqui, estou aprendendo!
    Abcs,

    Bia - Juiz de Fora/MG

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  22. “Papagaio come o milho e o periquito leva a fama”. É tudo o que eu tenho a dizer depois de todos os comentários aqui colocados.
    Políticos e seus prepostos... Barbaridade! Como diriam os gaúchos. O chupim, bota seus ovos no ninho do tico-tico, daí...não tem trabalho nenhum. Coitado do tico-tico!
    Wanderley, onde quer que você se encontre, pode ter certeza, qualquer dia, graças a iniciativas como a do Ademir, se descobrirá o chupim.

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  23. Descubra a vida e narre-a a quem não sabe entendê-la...

    -LUMEM-

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  24. Já faz cinqüenta e dois anos que eu nasci aqui em franca, e confesso que sei pouca coisa a respeito do passado da minha cidade.
    Meus avôs maternos e paternos vieram da Espanha e Itália, foram uns dos primeiros imigrantes europeus a chegarem à região.
    Vou pesquisar mais a respeito do assunto aqui abordado. Vai ser interessante!

    Valentim Miron Franca SP.

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  25. A coisa esquenta, maravilha
    O artigo do nosso Ademir Medici "buliu" com a cidadania dos bloquistas.
    Edward: Explica direito a história da cadela Franca, do Imperador, levantada pelo padre Euvideo. Não podem fazer isso com terra da nossa querida Veterana.
    Vicente Martins: Nota mil para suas observações sobre denominação de ruas, avenidas, praças, becos sem saída e pinguelas, motivo de precupação dos nossos "edis". No entanto, o senhor não precisava antecipar a morte do Rei Pelé.
    Um vereador aqui de São Bernardo, ainda vivo (bem vivo, diga-se), me disse uma noite num jantar no Florestal, famoso restaurante da cidade, que pretendia sugerir na Câmara que fosse concedido título de Cidadão Sãobernardense ao famoso estilista Ocimar Versolato. Ainda bem que o vereador me confidenciou ao pé d'ouvido, já tive a oportunidade de alertá-lo, em tempo, que o Ocimar não precisava dessa honraria. Ele é nascido em São Bernardo, portanto, filho da cidade.
    E ainda querem aumentar o número de vereadores, cuja casta a gente não sabe exatamente pra que serve, todos, acho. Pior; vários aqui no ABC são meus amigos. Mereço, claro.

    Abraços
    Oswaldo Lavrado -SBcampo

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  26. Excelente a iniciativa de trazer ao blog um expert na preservação da memória desta região e dar conhecimento a todos do brilhante trabalho realizado por Wanderley dos Santos. Isso é cultura!

    Terei prazer em ler e aprender mais sobre a história do ABC, narrada pela palavra abalizada de Ademir Médici.

    Uma observação, apenas, a respeito da "performance" dos vereadores, que se reproduz em qualquer lugar do país: Eles não fazem nada, a não ser cuidar dos próprios interesses e do que lhes convêm. Mas isso só acontece porque a a voz da cidadania está muda. Se os eleitores cobrassem serviço, sistematicamente, as coisas seriam diferentes...

    Parece que o povo de Franca resolveu levantar a sua voz! Muito bom!

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  27. Ana Célia de Freitas.terça-feira, 02 junho, 2009

    Olá Ademir Medici...
    Quanta riqueza nas palavras, adoro memórias, e você contou com muita maestria, continue nos brindando com esses belíssimos relatos.
    Abraçosssssssssssss.
    Ana Célia de Freitas.Franca/SP.

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