quarta-feira, 2 de junho de 2010


"Não posso negar que o Prêmio Esso, pela importância no jornalismo brasileiro, mudou minha vida e serviu, durante anos, para sustentar o meu nome, inclusive em minhas fases mais agudas de decadência, moral e física, causadas pelo abuso de bebidas alcoólicas. De início, causou surpresa, tanto pela minha idade – era considerado jovem, com 24 anos, para ganhar o Prêmio Esso principal e, também, pelas reportagens terem sido julgadas por uma comissão integrada por escritores e publicitários. O Pasquim, um jornal alternativo com sede no Rio de Janeiro, chegou a ironizar propondo que os concursos literários fossem, agora, julgados por jornalistas".
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Fiquei lisonjeado, anos mais tarde, com um artigo do escritor Adonias Filho, um dos integrantes da comissão julgadora, publicado no livro “25 Anos de Imprensa no Brasil – Prêmio Esso de Jornalismo”, quando ele escreve: "mas, até que estabeleça esse acampamento às margens do rio Peixoto de Azevedo, a expedição se movimenta, dias após dias, picada a picada, sob o testemunho do repórter José Marqueiz. Não perde um só detalhe e, embora minucioso, por isso mesmo, reprojeta a viagem em todos os acidentes. A primeira impressão é como se um Jack London estivesse a escrever, é a de que ele – o repórter – visualiza a selva nos cenários e nos perigos. A segunda impressão é a de que, seja qual for o impulso imaginativo, jamais trairá a verdade”.
Prossegue: “A impressão definitiva, porém é a de que – assim na selva e a esperar o índio para o contato – José Marqueiz nos faz recuar até o século XVI. A nossa reação psicológica, em verdade, não deve ser muito diferente da de um Jean Lery ou de um Hans Staden”.
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Com o prêmio, eu que até então caíra no anonimato e vivia esquecido em Santo André, acabei despertando o interesse dos principais jornais e revistas do país. Estavam interessados em me contratar e ofereciam bom salário. Talvez por estar mal orientado, recusei a todos. Cometi um grande erro, é verdade. Culpo, hoje, essa minha atitude à indiferença com a estabilidade e o fato de não saber conviver com a colocação do meu nome entre os grandes da imprensa brasileira.
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Tanta é efêmera a glória que, meses depois, estava desempregado e, devido ao meu jeito de agir, as portas que antes se abriram me oferecendo nova oportunidade, haviam se fechado. Eu as fechara, minha inabilidade em prorrogar uma decisão reduzira meus horizontes e eliminara minhas perspectivas de se fixar numa grande empresa de comunicação e continuar trabalhando para ganhar cada vez mais prestígio. Diante dessa situação, acabei por fazer umas reportagens estrambólicas para o jornal Noticias Populares e contribui, dessa forma, para a criação do Bebê-Diabo, um fenômeno inventado que acabou influenciando o imaginário popular. Era uma farsa criada por um grupo de jornalistas comandados por Ebrahim Ramadan, diretor de redação do jornal, e, como chefe de reportagem, Lázaro Campos, com quem já havia trabalhado no News Seller (atual Diário do Grande ABC).
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Até hoje, passados mais de trinta anos, o bebê-diabo ainda é lembrado. Tanto é verdade que, em março de 2007 – as reportagens foram publicadas na década de 70 do século passado – no Observatório de Imprensa, registrou, na internet, artigo assinado por Bruno Brasil, com o título “Paira no ar um cheio de enxofre”, abordando o assunto. Assinala: "tudo nasceu a partir de rumores de que em São Bernardo do Campo e em Lençóis Paulista teriam nascido crianças deformadas, parecidas com diabos. Em 11 de maio de 1975, a manchete do NP seria: “nasceu o Diabo em São Paulo", assinado pelo jornalista Edward de Souza. Falta de assunto, jornalistas alegaram mais tarde. Se a manchete “Podre o pé do Papa”, do Diário da Noite de São Paulo, é a estrela no Hall da Fama do sensacionalismo na imprensa brasileira, o causo Bebê-Diabo é uma supernova”.
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E um trecho que me atinge diretamente: “possuído por uma entidade malévola, provavelmente estava o jornalista José Marqueiz, um dos criadores do bebê e autor das “reportagens”. Depois de passar pela redação do NP, ele se mudou para Manaus, onde passaria a infernizar os leitores com outra notícia inventada em série, a do Bebê-peixe. Vale ressaltar que, segundo a matéria de Movimento, Marqueiz ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo em 1974 (!)”. O jornalista Bruno Brasil, que não conheço, foi infeliz ao afirmar que eu sou o autor da série de reportagens. Fiz apenas algumas reportagens - free-lance - e fui o responsável pelo suicídio do Bebê-Diabo no encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Outro deslize: fiz as reportagens depois de ter ganho o Prêmio Esso e não antes. Ao final, gostaria de saber o porquê ele, Bruno Brasil, colocou um sinal de exclamação ao citar essa minha conquista.
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Depois dessa série sobre o Bebê-Diabo, fiquei mais alguns meses em Santo André, desempregado, ganhando algum dinheiro com colaborações esporádicas. Continuava indo para São Paulo, procurando emprego, mas sentia que eu já era um nome esquecido ou renegado, talvez por ter, logo no início, rejeitado as ofertas de emprego. Sem nada a fazer, bebia e bebia cada vez mais, contribuindo assim para perder ainda o pouco de credibilidade que me restava. Já era visto como um bêbado, irresponsável, sem que os editores pudessem contar para a realização de um trabalho sério. Em vez de me resguardar, expunha-me sem nenhum escrúpulo.
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Mesmo quase caído, consegui emplacar duas grandes reportagens na extinta revista Visão, que seguia mais uma linha dirigida a assuntos econômicos. Mas agora, com uma nova direção na redação – o jornalista Ewaldo Dantas Ferreira, que trouxera vários colegas do Jornal da Tarde – abria espaço para uma diversidade de assuntos. As duas reportagens que fiz ganharam capa da revista, fato que mostrava que eu poderia ainda me reabilitar. A primeira abordou a situação da arte no Brasil, tendo como âncora o estado em que se encontrava os murais pintados por Eméric Marcier em uma pequena capela de Mauá, um dos sete municípios do ABC Paulista. Consegui convencer da importância da matéria ao mostrar artigo publicado em 1952, na revista Habitat, em que Pietro Maria Bardi, um dos fundadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo, escrevera: “os afrescos murais pintados por Emeric Marcier na pequena capela constituem a mais bela, a mais expressiva e mais importante obra mural religiosa existente no Brasil. Os afrescos da lavra do pintor Marcier estão condenados ao desaparecimento... Os afrescos de Marcier assumem, para a minguada história da arte brasileira, uma importância sem precedentes. Trata-se de um ciclo de pinturas que ilustram temas do Novo Testamento, com uma paixão exagerada, talvez exasperada, mas sem dúvida uma verdadeira e vivida paixão”.
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Sem dúvida, essas considerações convenceram o então editor de Artes da revista, o jornalista Vladimir Herzog – este seria assassinado meses depois nos porões da ditadura militar – que me autorizou a fazer a reportagem, destacando outros repórteres para ampliar a cobertura do tema. Eméric Marcier, que faleceu em 1991, em Paris, possuía um ateliê na capital francesa e uma fazenda em Barbacena, em Minas Gerais. Ele realizou os murais em Mauá entre os anos de 1946 e 1947, atendendo convite do padre Eduardo Roberto Batista. Antes, já havia participado de três exposições individuais, uma no Rio de Janeiro, e três coletivas em Milão e Londres.
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Eméric Marcier – jamais poderia esquecê-lo – foi quem me recebeu naquela noite em seu apartamento na rue de Plantes, em Paris, ficou com vários exemplares da revista Visão, com ele na capa, e simplesmente me dispensou, entregando-me um mapa da capital francesa. Sem saber para onde ir ou ficar, acabei me hospedando em um pequeno hotel em Montparnasse. Salvo engano, no dia seguinte retornaria para Lisboa, de trem.
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A segunda reportagem que ganhou a capa da Visão se constituiu nas memórias dos irmãos Cláudio e Orlando Villas Boas. Para desenvolver esse trabalho, fui designado para ir até o Posto Leonardo Villas Boas, tendo como companhia o fotógrafo Guilherme Guimarães. Ao chegarmos ao Xingu, Orlando não se encontrava e, Cláudio, ficava distante, na aldeia dos Txucarramães, à margem esquerda do rio Xingu. Por alguns dias ficamos rondando as aldeias localizadas em volta do parque, acompanhando os índios em suas caçadas e pescaria e praticando a paciência. Quando Orlando aterrissou no posto, começamos a gravar as suas memórias. Foi um relato demorado, longo, que, depois, tive que resumir para ser editado. Por não contar com a participação do irmão Cláudio, a matéria não saiu completa, uma vez que só tinha o testemunho de Orlando. Durante a estada no Xingu, há dias em que ficava a pensar nas duas mulheres que havia deixado em Santo André. A Eva, em companhia de meus dois cachorros. O que estaria ela fazendo? Nem sequer fazia idéia. Apenas eu sentia que, na solidão da selva, o amor cresce infinito no coração do homem.
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Assim, depois das duas grandes reportagens para a revista Visão, fiz a minha rápida viagem a Lisboa e Paris, com a ajuda da equipe da revista, mas por iniciativa do jornalista Carlos Brickmann. Devo ter recebido a fundo perdido o equivalente, hoje, a mil dólares, diretamente das mãos de Ewaldo Dantas. Usei a maior parte dessa verba para pagar dívidas.
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De volta ao Brasil, ainda desempregado, aceitei convite do jornalista Juarez Bahia, editor nacional do Jornal do Brasil, e segui para Manaus, como correspondente no Amazonas. Por princípios ou por vergonha, omiti do Bahia a minha precária situação financeira. Na sucursal do Jornal do Brasil, em São Paulo, peguei a passagem aérea. O jornalista. Rubens Rodrigues dos Santos, do Estadão, redigiu um bilhete, a mão, endereçado a um empresário de Manaus, me solicitando ajuda, caso eu necessitasse. Paulo Markun, também do “Estado”, chegou a me oferecer uma espécie de adiantamento, o suficiente para deixar com minha mulher fazer as compras para alimentação por um mês. E, assim, parti para Manaus. Só e quase sem dinheiro...
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Na próxima quarta-feira, o oitavo capítulo de Memória Terminal, do jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, falecido em 29/11/2008.
O Prêmio Esso de Jornalismo é o mais tradicional, mais conceituado e o pioneiro dos prêmios destinados a estimular e difundir a prática da boa reportagem, instituído em meados da década de 50, num contexto desfavorável à marca do patrocinador, então associada à campanha contra a nacionalização do petróleo do qual participavam várias multinacionais. Originalmente chamava-se Prêmio Esso de Reportagem e contemplava apenas a mídia impressa, mesmo a Esso possuindo um programa radiofónico (O Repórter Esso), mais tarde exibido também na televisão, o mais importante informativo eletrônico da época. A partir de 2001 foi criado um prêmio Especial de Telejornalismo. Também há premiações regionais, instituídas desde a segunda versão. (Edward de Souza/ Nivia Andres) Arte: Cris Fonseca.
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39 comentários:

  1. Bom dia amigos (as) deste blog...

    Outro capítulo emocionante narrado pelo saudoso jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo. Marqueiz mostra como a glória é efêmera. Convidado por grandes jornais e revistas do Brasil, depois de ganhar o maior prêmio do jornalismo brasileiro, Marqueiz acomodou-se. Esnobou os convites e não percebeu que o tempo passava. Quando acordou já era tarde. Passou enormes dificuldades e precisou se contentar com “bicos” em jornais para sobreviver.

    Como já escrevi neste espaço, eu leio apenas os capítulos que são postados na semana, como aconteceu agora e, para minha surpresa, José Marqueiz fala sobre o Jornal Notícias Populares, sua passagem como convidado no jornal e algumas poucas reportagens que fez por ocasião da série que mais vendeu jornais em bancas deste País, o “bebê-diabo”. Não citou, e faço isso agora, a reportagem que fez em Marília sobre o caso, já no final desta série que teve início com uma matéria que eu escrevi, com o título “Nasceu o diabo em São Paulo”. Eu não tinha nenhuma intenção em causar pânico e meu texto não era sensacionalista. Apenas narrava o que se comentava na Região do ABC sobre o nascimento de uma estranha criatura num hospital de São Bernardo.

    José Lázaro Borges Campos, outro saudoso amigo exagerou na manchete, o jornal estourou num domingo nas bancas e a direção do jornal exigiu mais. Assim surgiram várias outras manchetes sensacionalistas até que, depois de inúmeros processos, o jornal resolveu dar um fim no bebê-diabo. Em Marília, Marqueiz entrevistou um carroceiro que afirmava ter carregado o diabinho em sua carroça. O jornalista não perdeu a oportunidade e lascou: “carroceiro de Marília carrega o bebê-diabo”. A foto do homem, com um baita chapéu, ilustrava o texto. O primeiro dos muitos processos que sofreu a NP. O Dr. Rangel Pestana correu como louco para resolver todos eles. Para o jornal, valeu a pena, ficou na história como o jornal mais vendido em bancas no País e jamais será esquecido por causa dessa série escandalosa, que apavorou o Brasil.

    Acompanhem esse capítulo e comentem.

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

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  2. Olá, Bom dia...
    Adorei este capítulo...
    Não é mesmo de se duvidar que em cada capítulo, Marqueiz nos surpreende.
    Talvez, como citou Edward, José Lázaro atingiu no exagero o objetivo de muitos.
    Com o bebê-diabo está mais que comprovado, que o desejo dos meios de comunicação de masssa em si gira em torno do sensacionalismo, para gerar os lucros que almejam...
    Quem não gostaria de saber o que era o bebê-diabo? Tudo é notícia, mas são mais interessantes para os veículos aquelas que vendem!
    Abraço amigo!
    Até a próxima... ;)

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  3. Bom dia, amigos e amigas!

    Olá, Edward!

    Extremamente emocionante este relato-confidência de José Marqueiz. A mim sensibilizou porque Marqueiz desnudou-se e, ao mesmo tempo, mostrou as grandes dificuldades que um profissional da imprensa passa para exercer a sua profissão. É certo, pelo depoimento, que Marqueiz levava vida desregrada, bebia muito e isso tinha consequências, afetava sua vida e o seu orçamento. De outra parte, infelizmente, desdenhou boas ofertas de trabalho, após o Prêmio Esso, o que interferiu na sua trajetória de brilhante jornalista. Poderia ter tido uma carreira muito mais brilhante...

    A história da reportagem sobre os murais pintados por Eméric Marcier em uma pequena capela de Mauá denota a sensibilidade do repórter e evidencia a consciência da preservação do belo, da arte e da cultura. Nas igrejas do Brasil e de todo o mundo encontra-se um acervo fantástico de obras de arte, muitas, infelizmente, já perdidas, deterioradas e destruídas pela ação do tempo e pelo descaso de quem devia por elas velar; ou furtadas, para serem vendidas do mercado negro da arte, onde rola muito dinheiro. Aqui no Sul, há Igrejas que conservam afrescos maravilhosos. Em Caxias do Sul, Porto Alegre, Rio Grande e Santa Maria, há afrescos do grande pintor italiano Aldo Locatelli que são obras de arte divinas. A catedral de Santa Maria foi recentemente restaurada pelo artista peruano Juan Torres Amoretti, professor da UFSM, radicado aqui há muitos anos. (Tenho a honra de ter o meu retrato pintado por ele, assim como minhas irmãs Marcia e Nina. É a imagem que uso no perfil do meu blog e que aparece quando comento). Esse patrimônio cultural e artístico precisa ser preservado a todo custo. Marqueiz sabia disso. O que demonstra os sólidos conhecimentos que detinha, mesmo tão jovem.

    Quanto à história do bebê-diabo, claro está que nem o Marqueiz, nem o Edward puderam deter o rumo tomou a série de reportagens sobre o fato porque o que seus chefes queriam era vender jornal, açulados pelo interesse e pela crendice popular.

    Edward, parabéns! É difícil controlarmos a emoção a cada capítulo. Creio que é um presente semanal de recebemos, particularmente os jornalistas. Marqueiz torna visível como é difícil, ainda hoje, a vida de quem exerce essa profissão - um jornalista não tem hora, está sempre à disposição do seu ofício, enfrenta mil dificuldades, a família fica em segundo plano, o stress é permanente, a grana é curta etc.

    Um abraço a todos e aproveitem a bela leitura!

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  4. Interessante mencionar que os jornalistas da época, como mostra a imagem do Marqueiz e do Pafundi, tinham um visual arrojado - cabelos e barba longos... O Edward também já apareceu, na semana passada, com idêntico visual! Era a moda, creio...

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  5. Edward, tudo bem? Em sua palestra na Unifran, acompanhei com atenção o seu relato sobre o bebê-diabo e todo o sensacionalismo que girou em torno dessa criatura fictícia, que povoou a mente do povo por algum tempo. Lembro-me quando vc contou sobre as participações dos repórteres nessa série, parece-me com duração de quase um mês, não foi isso? Só não me recordo se vc citou o José Marqueiz. De qualquer forma, com esse capítulo maravilhoso de hoje, acabei entendendo um pouco mais dessa história que, até hoje, professores de jornalismo fazem questão de abordar. Cada um com seu modo de interpretação, claro.

    Acabamos aprendendo, principalmente eu que faço letras e jornalismo, que não podemos, nesta profissão, dar as costas às oportunidades que chegam. É abraçá-las com vontade, para que não aconteça o mesmo que aconteceu com José Marqueiz, extraordinário jornalista, basta ler seu texto, que se viu, repentinamente, na rua da amargura. Como disse a Nivia, sensacional esta série, não vejo a hora de ler o próximo capítulo.

    Bjos,

    Giovanna - Unifran - Franca - SP.

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  6. Espero que esteja tudo bem com você, Edward!
    Nivia, realmente, boa parte dos jornalistas dos anos 70/80 eram irreverentes no seu modo de trajar, o Edward e outros amigos podem confirmar. Alguns com seus cabelos longos, outros com bigodes enormes e barba longa, como o Marqueiz e Pafundi gostavam sempre de usar. Mas, tinha também os que trajavam ternos, gravatas, sapatos social bem engraxados e cabelos bem cortados. O Milton Saldanha, Renato Campos, Édison Motta e muitos amigos, que devem ainda vir ao blog hoje, eram assim.

    O capítulo de hoje escrito pelo José Marqueiz impressiona porque ele não procura encobrir nenhum dos seus defeitos e sérios problemas que foi obrigado a enfrentar e que nós, seus amigos, certamente lembramos. O problema do Marqueiz é que ele, em dificuldades, se fechava, não se abria com aos amigos porque sempre se recusou a receber ajuda. Calado, limitava-se a beber e isso acabou, conforme ele relata, atrapalhando em muito sua vida profissional e familiar. Mas, um grande profissional, jornalista excepcional e um amigo fiel. Impossível não se emocionar a cada capítulo que é apresentado neste blog.

    Abraços a todos!

    Luiz Antonio (Bola) - Jornalista

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  7. Simplesmente emocionante esse relato, e sem dúvida bastante corajoso.
    José Marqueiz se mostrou um grande profissional,fiquei triste pelo fato da fase em que ele, penso que pelo ego, entrou em uma pior, mas ele agiu como a grande maioria,que bom seria se ele tivesse agarrado todas as oportunidades,mas a vida é assim, as vezes nos prega peças.
    Mesmo com todos essas dissonâncias Marqueiz foi um herói,e parte de tudo é de sua fiel e companheira Ilca.
    Já conhecia a história do bebê diabo, através de meu amigo Edward, mas agora percebo o quanto envolveu as pessoas.Não sabia que a repercussão tinha sido tanta.
    Parabéns ao Edward, a Nívia, a Cris e a Ilca que colaboraram para que essa história fosse compartilhada.
    Beijosssssssssssss.

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  8. Olá Marqueiz

    Boa tarde

    O capítulo hoje inserido no Blog do Edward e seus amigos é um “mea culpa” fantástico. Servirá para os profissionais de jornalismo e para todas as pessoas que pretendem fazer uma carreira.

    Um abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  9. Lendo o texto e olhando as fotos, estou cá, pensando com meus botões... A década de sessenta foi realmente revolucionária, grandes conquistas e liberações. A juventude se esbaldava, ante tantas novidades e permissividade trazidas pela liberação sexual e pela revolução musical, não obstante a repressão política. Após esse deslumbramento inicial, na década seguinte, surgiu uma juventude mais politizada e contestadora. Ao mesmo tempo, apresentava um desprendimento e desprezo total pela estabilidade econômica ou compromissos com a sociedade estabelecida. Éramos os cabeludos e barbudos, com roupas extravagantes e ares de desleixo. A maconha corria solta e, talvez, no desconhecimento da cocaína ou do crack, bebíamos muito, toda espécie de bebidas alcoólicas. Queríamos ser artistas, cantores ou híppies, desprezando sempre o "bom emprego" e a caretice de um casamento. Alguns deram-se bem e muitos deram-se mal e infelizmente, inúmeros talentos "morreram no ninho" tomados pela lassidão etílica ou pelo auto isolamento inconformista. Vivi essa época e tive muitos amigos assim: inteligentes e "boas praças" mas que desapareceram na poeira da tristeza e solidão.
    O Jornalista J Marqueiz, ao menos, conquistou glórias em vida e soube cultivar e preservar um grande amor.
    João

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  10. Reparando, ainda, mais a fundo as ilustrações, vi naquele exemplar do "Notícias Populares" três manchetes que retratam um pouco da nossa época:Chegaram a inventar a maconha líquida; o célebre "delegado da ditadura" Erasmo Dias, prendia motoristas em pleno trânsito e o famoso Dudú da Loteca, acertava na loteria, levando os vinte milhões de prêmio (acho que o maior prêmio até então). Sua primeira providência foi comprar uma dentadura. rsrs
    João

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  11. Já ouvi falar muito sobre essa publicação falando sobre o bebê-diabo. Até um documentário certa feita apresentaram na faculdade sobre o jornal e o diabinho. Mas, não podia nem imaginar que você e José Marqueiz, Edward, estavam envolvidos nesta trama, que delícia! Quando contar para minhas colegas vão correr ao blog para conhecer um dos criadores desta lenda urbana. Por isso o Professor João Paulo de Oliveira faz essas brincadeiras sobre o "mimoso bebê-diabo". Agora entendo.

    Li todos os capítulos, Edward. Enganei-me. Achei que José Marqueiz iria abordar somente sobre sua doença, tratamento, sofrimento, etc. e tal. A cada capítulo, mais e bombásticas revelações, essa de hoje como exemplo para que aprendamos a não perder as oportunidades que a vida nos concede. Deixar para amanhã, ou desprezá-las pode significar o fim de nossas esperanças. Está muito boa essa série, mostrando que esse blog tem qualidade e é um dos melhores da Internet.

    Bjos,

    Daniela – Rio de Janeiro

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  12. Vou contar uma verdade. Fiquei e estou revoltadíssimo depois de ler o relato de José Marqueiz falando sobre esse tal de Bruno Brasil, um jornalista de araque que teve a ousadia de criticá-lo por ter participado de reportagens sobre o bebê-diabo. Pergunto aqui a todos vocês, maioria jornalistas. Quem é esse tal de Bruno Brasil? Ganhou algum Prêmio Esso de Jornalismo? Teria ele a capacidade, ao invés de criticar colegas, de escrever como José Marqueiz, Edward de Souza, Nivia Andres, Milton Saldanha, J. Morgado, nosso JB e outros deste blog? É um frustado que deveria receber o repúdio de todos nós. Só faltava essa, um desconhecido na área criticar um Prêmio Esso de Jornalismo. Sou jovem, mas sei admirar quem tem talento e aplaudir. José Marqueiz, pelo texto que acompanho nesta série espetacular, é o CARA!

    ABÇS

    Juninho - SAMPA

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  13. Mais um detalhe. Esse capítulo de José Marqueiz conseguiu trazer a Carol de volta ao blog, que legal! Espero que as coleguinhas dela, da Metodista, venham ler e comentar, vale a pena, meninas!

    Juninho - SAMPA

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  14. Juninho, você vai mesmo para a África do Sul, assistir a Copa? Se for, por favor, mande-me um e-mail para niviaandres@gmail.com que preciso conversar com você a respeito de um projeto.

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  15. Oi Nivia, vou na terça-feira, dia 8 de junho. Vou lhe mandar um e-mail agora.

    Juninho - SAMPA

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  16. As oportunidades são com a vida.
    Se não arriscarmos, elas passam.
    Assim como tudo passa.
    Até a vida passa.

    Padre Euvideo.

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  17. Oi Edward, acho que fui a primeira a ler o capítulo de hoje do José Marqueiz, pouco antes das 10 horas da manhã. Mas sai correndo, porque descobri que os cartuchos de minha impressora estavam sem tinta. Vc sabe, estou imprimindo todos os capítulos. Acabei de fazer isso agora. Concordo com o Juninho, que coisa mais feia um jornalista desconhecido querer aparecer malhando um companheiro premiado. Mais ainda, sem saber os problemas que o afligiam e que ele, José Marqueiz, não teve nenhum receio em tornar público, graças a Ilca que nos cedeu suas memórias. Se por um lado é comovente ler essa série, por outro é apaixonante, creia. Divino o texto e todo esse relato de José Marqueiz.

    Beijinhos,

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  18. Edward, bem você disse que eu iria cair dura com as fotos. Mais uma de sua coleção particular, e, cá entre nós, quantas garrafas heim, 51, Velho Barreiro e muitas outras! Seria no bar proximo ao Diário ou na adega da Vila Assunção?

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  19. Eu também concordo com o Juninho.
    Tem pessoas que ficam incomodadas com o sucesso das outras.

    “O Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante e tradicional programa de reconhecimento de mérito dos profissionais de Imprensa do Brasil, está completando 55 anos de existência, sem qualquer interrupção. Foi criado em 1955, com o nome de “Prêmio Esso de Reportagem”, passando posteriormente a se chamar “Prêmio Esso de Jornalismo”.
    A premiação vem ocorrendo ininterruptamente desde 1995. Desde então, segundo a empresa, concorreram ao Prêmio Esso mais de 27 mil trabalhos jornalísticos.
    A Esso também teve importância na história do jornalismo brasileiro por patrocinar, durante mais de 30 anos, o programa Repórter Esso no rádio e na televisão”.

    Entenderam o porque do Esso?

    Padre euvideo

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  20. Meu amigo Edward, mais um belo relato do nosso querido e saudoso José Marqueiz. Bem ao seu estilo, transferiu sua vida para o papel e nos deixou um legado precioso, suas memórias. Fazemos parte delas, isso me orgulha muito, pelo fato de ter conhecido e trabalhado ao lado desse grande profissional de imprensa, como você e muitos outros. Essa foto de hoje mostra os dois bons amigos, Pafundi e Marqueiz em nossa "sucursal", o Jequibal, só pode ser. Época em que o Pafundi ainda gostava de tomar seus tragos. Já deixou faz um bom tempo e hoje se dedica a escrever seus livros de contos, o Édison Motta me contou.

    Marqueiz, neste texto de hoje, revela o que, para seus amigos como nós, não é novidade. Quantas vezes, soube dos convites que recebia de grandes jornais e revistas e ele empurrava para depois. Cheguei a tentar convencê-lo a aceitar um deles, usando como argumento que passado um ano, teríamos novo prêmio Esso e o dele acabaria sendo esquecido. Com seu jeito conhecido, coçava a barba, pensava com seriedade e logo soltava sua gargalhada e dizia que pensaria nisso mais tarde. E acabou sendo mesmo muito tarde, mas em momento algum o mundo ruiu sobre ele, mesmo tendo reconhecido que errou ao rejeitar tantas e boas propostas. Duvido que algum amigo tenha visto algum dia Marqueiz reclamar de algo. Talvez, só a Ilca, depois da doença que o vitimou. Parabéns mais um vez, Edward, todos os amigos e amigas comentam sobre o blog e essa série, de encher os olhos.

    Abraços

    Flávio Fonseca - Jornalista

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  21. Olá Ilca, o Flávio acabou de postar um comentário e bagunçou minha cabeça. Disse ele que o Hildebrando e Marqueiz estavam no Jequibal, que você conhece bem, na Senador Fláquer, ao lado da antiga sucursal do Estadão, mas não pode ser. Pelo jeito estavam em outra sucursal nossa, atrás do prédio do Diário do Grande ABC. Vamos esperar o Hildebrando aparecer, está sumido, para esclarecer essa dúvida, tá bom? Falando em fotos, Ilca, tenho outras que você nem imagina que estão comigo. Você e Marqueiz, distantes de Santo André... Bem distantes!

    Vou aproveitar para dar mais um alô. Agora para a Daneila, do Rio de Janeiro e suas colegas, também jornalistas e estudantes de jornalismo. Olha, Dany, sobre o bebê-diabo, escrevi um texto contando toda a história real dessa série que bateu recorde em bancas do Brasil, já publicado em várias revistas e jornais, mas aqui no blog você pode ter acesso. Só ter paciência e procurar em "postagens mais antigas", no final desta página, lado direito. Vá clicando e você vai encontrar meu texto com várias fotos do Jornal Notícias Populares onde trabalhei alguns anos.

    Rosiane Braga, querida amiga jornalista, é mesmo por aí. Foi grande o interesse da direção do NP em dar sequência nesta série, mesmo a custa de alguns processos. Na época, você pode não acreditar, mas era um corre-corre danado e muita gente apavorada com o, chamado pelo Mestre João Paulo, "mimoso bebê-diabo". Rosiane, você pode ler também minha matéria em "postagens mais antigas". Lá tem tudo sobre o caso "bebê-diabo".

    Caro João Gregório, você está correto. Marqueiz, com todos os vícios e defeitos, e quem é santo?, conquistou glórias em vida e ainda hoje recebe aplausos de todos nós, seus amigos e amigas, pelo ser humano maravilhoso que sempre foi. Uma época de longos cabelos, João Gregório e Nivia, botas com saltos altos, camisas abertas no peito, alguns com longas barbas, outros com vistosos ternos e passamos bons tempos nestes anos dourados.

    Volto logo mais.

    Um forte abraço...

    Edward de Souza

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  22. O capítulo de hoje me trouxe à lembrança o dia em que encontrei Marqueiz em um hospital público de Santo André. Eu estava lá para fazer uma matéria; ele, para conter mais uma crise de malária. Estava triste e abatido, quando contou que tinha decidido mudar-se para Manaus. Achei estranho que fosse embora depois de ganhar o principal prêmio de jornalismo e ter recebido tantos convites de publicações de prestígio.
    - Vou embora porque aqui só sou gente no banheiro.
    - Como assim?
    - Quando alguém bate na porta, eu falo: tem gente.
    Ele não perdia o humor nem nos piores momentos. Foi para Manaus, fez grandes reportagens para o Jornal do Brasil, retornou, e ao longo do tempo provou que era um grande talento. E gente da melhor qualidade em qualquer lugar.

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  23. Isso já foi dito várias vezes, mas cada capítulo que leio, acho que um livro sobre "Memória Virtual" de José Marqueiz faria enorme sucesso, Edward. Principalmente para estudantes de jornalismo, como eu e minhas amigas. Além das experiências no jornalismo narradas nesta série pelo José Marqueiz, também as lições de que não se deve nunca desprezar oportunidades neste campo, como aconteceu com ele. Observo também, Edward, que em todos os capítulos, são citados pelo Marqueiz grandes nomes do jornalismo que a gente conhece apenas através de livros ou na faculdade. Hoje,por exemplo, José Marqueiz citou Vladimir Herzog, cujo fim trágico conheço porque li um livro sobre sua prisão, tortura e morte. Maravilhosa essa série.

    Bjos

    Tatiana - Metodista - SBC

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  24. Hildebrando Pafundiquarta-feira, 02 junho, 2010

    Boa tarde, amigo Edward, colegas jornalistas e demais leitores dos capítulos de Memória Terminal, do José Marqueiz, meu companheiro de jornalismo e amigo inseparável por muitos anos. Lembro bem dessa reportagem do Bebê-Diabo. O Jornal Noticias Populares era conhecido pelo sensacionalismo, e a criação do tal bebê diabo pelo Edward, Lázaro Campos e pelo Marqueiz contribuíram ainda mais para essa fama. Não resta dúvida que foi a criação de uma personagem de autoria de três mestres, digna de um teatro de terror, que não tem nada a ver com a realidade, e fez muito sucesso. E até causou certa inveja, o que também era normal nos meios jornalísticos. Quanto a esse Bruno Brasil, nunca ouvi falar.

    E naquela época, anos 60/70 do século passado, éramos, como diz o João Gregório, e mostram as fotos que muitos ainda guardam: cabeludos, barbudos, meio desleixados nos trajes. O importante era a filosofia "paz e amor". E bebíamos muito. Embora fosse relativamente fácil conseguir drogas como maconha e cocaína, mas não era a nossa praia, felizmente.

    Eu parei de beber faz alguns anos, mas lembro dessa foto, e acho que é a segunda opção das duas citadas pela Ilca. A adega da Vila Assunção, na Praça Almeida Júnior, embora quase todos os bares fossem muito parecidos. Pode até ser outra adega, uma que havia no antigo Mercado Municipal de Santo André, que ficava no centro. Ainda vamos descobrir, tenha calma, Ilca.

    Até o próximo capitulo.

    Saudações - Hildebrando Pafundi, escritor e jornalista.

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  25. Amigas e amigos: Ufa! Fechei a edição de junho do Dance e posso voltar ao blog, depois da pauleira. Já está com o Edward, que vai repassar para vocês. É um convite, entrem na dança, porque quem dança é mais feliz! Antes de tudo, parabéns ao João Batista Gregório por sua segunda crônica da Cornualha. Fiquei impressionado com as confissões do Marqueiz. Pouca gente teria coragem para se expor dessa forma. Era um tremendo talento, sem dúvida, os textos aqui provam isso, mas creio que se perdeu no alcoolismo, que no começo da carreira era visto nas redações como um hábito charmoso. Trabalhei no antigo Diário Popular, ali na rua do Carmo, em SP, em 1969, como repórter. Tinha acabado de chegar em São Paulo, vindo do RS. E ficava espantado: todas as noites o fechamento da edição era acompanhado pelo consumo de um ou dois litros de uisque, inteiros. Os próprios editores-chefes promoviam essa bebedeira. Entrando na onda, passei a tomar um trago com a turma no final de expediente, até que me dei conta que naquele horário pintava a vontade de beber. Parei imediatamente, com medo de virar alcoolatra. Outros, que vi começarem assim, meio na brincadeira, se ferraram.
    Abraços!
    Milton Saldanha

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  26. Edward, confesso-lhe, estou apaixonada pela série escrita pelo José Marqueiz. Como é gostoso ler um relato assim. Estou torcendo para que sejam muitos os capítulos, para que possamos curtir por um bom tempo essa leitura. Simplesmente divino esse capítulo de hoje e como no anterior, José Marqueiz abre o jogo de uma forma corajosa e emociona quando conta suas dificuldades para sobreviver depois de tantas e tantas oportunidades desperdiçadas. O jogo da vida retratado de uma maneira direta.

    Bjos,

    Andressa - Cásper Líbero - SP.

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  27. Milton, estou ansioso para receber a edição do "Dance" deste mês. Ainda não nos animamos a viajar para a capital, conferir os charmosos "points" de dança que você recomenda mas, logo, logo, iremos.
    Hoje à noite estaremos bailando a todo vapor, eu e minha esposa (depois da aposentadoria, posso dar-me ao luxo de ir a bailes de meio de semana).
    Grande abraço
    João batista

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  28. Acompanhei todo aquele processo que o próprio Marqueiz classificou aqui como a fase da sua decadência. Eu e todos os demais colegas daquela geração, lá no ABC. Num dia qualquer, fui duramente insultado aqui no blog por uma pessoa porque contei que tinha oferecido serviço de "frila" ao Marqueiz. Como se isso fosse vergonhoso para ele. Calei-me, ele não estava aqui para explicar. Hoje explicou. Eu era o chefe da Sucursal do ABC do Estadão, o Hildebrando Pafundi era um dos repórteres, deve lembrar. Começaram as greves dos metalúrgicos, surgia Lula, um alvoroço, repressão. Precisava de reforço na equipe, vieram repórteres de São Paulo e Santos, e também chamei o Marqueiz. Era uma forma de ajudá-lo. Quando as matérias dele começaram a cair na matriz, veio uma ordem da produção para pagar e não contratar mais. O regime hierárquico do Estadão naquele tempo era pesado, ninguém ousava questionar, nem por curiosidade, as decisões da direção. E naquele sufoco da super cobertura, trabalhando 24 horas por dia, sem tempo sequer para fazer a barba e almoçar, não dava nem tempo para se concentrar em nenhum assunto que não fosse a greve. Eu tinha certa autonomia na Sucursal, mas certamente havia algum antecedente que comprometia as relações do Marqueiz com a empresa. Eu nada mais podia fazer.
    Milton Saldanha

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  29. Caro Luiz Antonio: você tem razão, eu era do grupo mais arrumadinho. Aquele visual era moda na época e só adotei quando fiquei quatro meses viajando de mochila pela Europa, em 1974. Por uma questão de praticidade, era melhor usar barba longa e não cortar o cabelo, que deixei bem curtinho quando sai do Brasil. A gente usava também bolsa enorme, de couro, que carregava pendurada no ombro. Para repórter, tendo que carregar muita coisa, e ter as mãos livres para anotações, era bem prático. Ah, havia também cinturões, largos, com grandes fivelas.
    Abração!
    Milton Saldanha

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  30. Essa série do jornalista José Marqueiz é ótima e os comentários, a maioria de amigos e amigas do jornalista, nos ajudam a conhecer um pouco mais sobre ele e seu trabalho. Estou gostando e vou continuar seguindo...

    Obrigada a todos,

    Anna Claudia - Uberaba - MG

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  31. Estava aflita para chegar em casa e ler este sétimo capítulo escrito pelo José Marqueiz. Depois de um belo banho quente, como faz frio hoje aqui em Ribeirão Preto, preparei meu sanduíche natural e acompanhei essa sequência que está ótima. Eu acredito que se tivesse mais uns 10 capítulos postados eu continuaria a ler com muito gosto. Como a Anna disse acima, os comentários são inteligentes e nos ajudam nesta leitura. A quarta-feira, Edward e Nivia, nunca mais será esquecida neste blog por causa desta série de José Marqueiz.

    Boa noite e obrigada!

    Tânia Regina - Ribeirão Preto - SP.

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  32. Edward, Nivia e Cris.
    • Se disseres a verdade, perderás as amizades. (anônimo)

    Pode qualquer pessoa com sensibilidade, qualificar como glorioso o nível de um blog que obteve o privilégio de divulgar o último magistral trabalho de José Marqueiz.
    Não participo do pensamento que este ou aquele capítulo de sua narração, legado aos pósteros, tenha maior ou menor qualidade. O fato de ser publicado em uma série não divide em partes o todo de uma história, verdadeira, fiel, honesta, com o testemunho de muitos que partilharam com ele a coexistência.
    Marqueiz revelou antes de partir, suas qualidades profissionais, seu apego ao amor recebido e doado, aos prazeres da vida e seu desprendimento aos objetivos materiais. Não precisou de nenhuma ajuda para apontar suas mazelas que assumiu com independência, hombridade e altivez na obra literária que agora divide com todos nós.
    Como avaliar sua compunção do relato em “Memória Terminal”? Seria apenas um ato de coragem a desculpar-se com os mais próximos?
    Pode não ser somente isto. A grandeza de seu espírito pode ter atinado com a urgência nobre, — como era seu silencio e ausência de queixas — de passar mensagem de previdência com a sólida base de comedimento para o futuro.
    Como ninguém morre tendo aprendido tudo, estou aprendendo com Marqueiz. Garcia Netto

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  33. Percebam a grandeza de alma de José Marqueiz. Muitos leitores se revoltaram contra esse tal jornalista de sobrenome Brasil, (que não se perca pelo nome), que o insultou. Neste capítulo postado nesta quarta-feira, podem notar, José Marqueiz, que deveria ser o maior ofendido, apenas escreve: "O jornalista Bruno Brasil, que não conheço, foi infeliz ao afirmar que eu sou o autor da série de reportagens". Viram? Fosse outro, derrubaria um caminhão de melancias sobre o autor dessas ofensas gratuitas. Marqueiz, escreve apenas: "foi infeliz". Um grande homem, cuja série é digna de aplausos.

    Laércio H. Pinto - São Paulo - SP.

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  34. Uma série fantástica essa apresentada neste blog. O capítulo anterior e o desta semana mostram a coragem do jornalista José Marqueiz, ao revelar seus vícios e fraquezas. Humilde, desnudando sua vida, nos dá uma lição, mostrando que as oportunidades surgem e é preciso abraçá-las. Seu texto é maravilhoso e fico na expectativa do próximo capítulo.

    Bom fim de semana a todos!

    Bruna UFJF - Juiz de Fora/MG

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  35. Também estou seguindo essa série maravilhosa do Jornalista José Marqueiz. Quem sabe um dia eu aprenda a escrever como ele....

    Beijinhos a vcs!

    Marcinha - Unicamp - Campinas

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  36. Boa tarde, Edward e Nivia!
    Lindíssima essa série de José Marqueiz. Como já disse acima, estou acompanhando com muito interesse. Uma perguntinha: hoje não seria o dia da crônica de J. Morgado?

    Bjs

    Gabriela

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  37. Nosso querido Marqueiz independente das fases de sua vida comprova a todos o quanto era sensível. Coisa rara nos dias atuais. Abraços!!!

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