quarta-feira, 25 de agosto de 2010

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Encontrava-me ainda empregado no grupo contábil do Nelson Pinheiro, quando me apresentaram o advogado João Leopoldo Maciel, responsável por editar um semanário em São Bernardo. Marcamos um encontro em uma padaria próximo da casa onde morava, em Santo André. Ele apareceu, de terno e gravata, e após rápida conversa, me ofereceu um salário, um pouco mais elevado do que recebia sem nada fazer no escritório, para ser o editor do seu jornal. Aceitei de pronto, tal a vontade de voltar a exercer a minha real profissão. Em poucos meses, cumpri a rotina de fazer reportagens, preparar matérias baseadas em releases enviados por Prefeituras e corrigir material enviado por colaboradores. Na sexta-feira, ia para São Paulo fazer a revisão final e acompanhar a impressão do jornal, que era distribuído gratuitamente aos sábados.
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O seu objetivo mais era político, direcionado e a maior parte das páginas continha ataques aos representantes do Partido dos Trabalhadores, a sigla partidária, que conquistaria o apoio de outras, responsável pela eleição e reeleição do ex-metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva, com quem cheguei a beber muitas doses de cachaça em bares próximos ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, instalado em São Bernardo.
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Ainda no primeiro ano em que estava nesse semanário, Maciel, como gostava de ser chamado, me convidou para fazer um jornal quinzenal em Iguape, no Litoral Paulista. Concordei, mesmo sem ter a garantia de nenhum adicional sobre o meu salário. Certo que teria hotel e refeições pagas e aproveitaria para me divertir na Ilha Comprida, que já promovia um movimento emancipacionista – queria se tornar autônoma, deixar de pertencer a Iguape. Tanto Iguape como a Ilha me encantaram. Durante dois anos seguidos ia quinzenalmente às duas localidades, entrevistava políticos, comerciantes, moradores e escrevia as reportagens em casa. Iguape é uma cidade tranquila, próxima de Registro e Cananéia. Seu território engloba a reserva ecológica de Jureia e a praia com o mesmo nome – uma das mais lindas praias brasileiras.
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A Ilha Comprida atrai pela extensão de sua orla e pela facilidade de acesso, melhorada com a construção de uma ponte sobre o rio que separa as duas cidades. Cidades, sim, porque a Ilha conseguiu a sua emancipação e tem o seu próprio prefeito, seus vereadores, com seus assessores e funcionários burocráticos. Tanto eu gostei dessas duas localidades que recentemente, num dia, diante da gravidade da minha situação, conversei com a Ilca sobre a minha morte que, eu pressentia, me rondava persuasiva. Ela, com seu otimismo de sempre, passou a mão pela minha cabeça lisa, de cabelos raspados, e com ternura na voz, disse que iríamos ainda viver muitos anos juntos em uma casa tranquila em Iguape, com quintal com árvores e área suficiente para abrigar quantos cachorros e gatos eu quisesse. E mais, todas às tardes, nós pegaríamos o carro e rumaríamos para a Ilha Comprida, onde poderíamos passear, descalços, pelas areias da praia. Essa visão futura da minha velhice me deu um certo alento, me confortava e me devolvia as forças para enfrentar a doença e alimentar a esperança de uma vida longa e com saúde, ao lado da Ilca.
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Desentendimentos com o Maciel provocaram a minha saída dos jornais por ele editados. Voltei a ficar desempregado, mas, desta vez, por pouco tempo. Indicado por Ademir Medici, uma missionária me procurou e propôs escrever um livro sobre o problema dos índios Macuxis, que viviam em uma ampla reserva em Roraima, extremo norte do país, em constantes conflitos com os fazendeiros, garimpeiros e os seus respectivos jagunços. Ofereceu-me um bom dinheiro, caso eu aceitasse ir até a região, de avião, e entrevistar os indígenas, em sua aldeia, e relatar tudo em um livro. O pedido tinha o aval de dom Aldo Mongiano, arcebispo daquele estado nortista. Aceitei e foi uma das experiências mais dolorosas de minha vida.
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Tinha decidido parar de fumar havia poucas semanas e planejava, também, deixar o vício do álcool. Diziam que era mais fácil se livrar do fumo do que do álcool. Eu, no entanto, não sentia muito a falta do tabaco, embora minha mulher tenha relatado, tempos depois, que eu virara uma “pilha de nervos”, me irritava com qualquer coisa e não cessava com reclamações, uma mais esdrúxula que a outra.
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Só tinha estado uma vez em Roraima, a serviço do Jornal do Brasil. Achava que Manaus era uma cidade quente, mas Boa Vista parecia superar capital amazonense em alta temperatura. No aeroporto, fui recebido por emissários da diocese, que me conduziram para um enorme casarão situado na zona central de Boa Vista. Não demorou muito, após um banho frio e troca de roupa, recebi a visita da missionária responsável pela minha vinda para essa nova missão relacionada com índios. Ela me informou que o arcebispo me esperava para uma reunião. Conversamos durante mais de uma hora e, como já estávamos no mês de abril, quando oficialmente há um dia dedicado ao índio, aproveitei para fazer uma entrevista sobre a situação dessa raça no Brasil e, em especial, em Roraima, com a tribo dos macuxis.
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Sobre esse tema, dom Aldo Mongiano me entregou artigo, escrito por ele, publicado no Jornal do Brasil, onde questionava, em certo trecho: "em Roraima, se diz que, sem as terras indígenas, o Estado se torna inviável. Essa afirmação não tem fundamento. Deverão os índios ser sacrificados para salvar a sociedade roraimense? Se pensarmos no atual sistema sócio-econômico do Brasil, mesmo ocupando as terras dos índios com muitas ou poucas riquezas naturais, não serão resolvidos os problemas da sociedade branca, nem em nível nacional nem regional, pois os bens produzidos serão sempre encaminhados para a minoria rica".
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Finalizava: "uma máquina foi montada de forma engenhosa para aliciar e fazer ver que entre índios e brancos há harmonia. São churrascadas, festas, corridas de cavalos para atrair o índio desprevenido e tentar mudar, artificialmente perante ele, a imagem da sociedade envolvente e invasora. Paralelamente, diz-se aos índios que se não aceitaram a demarcação recortada, como a sociedade envolvente quer, o governo deixará de auxiliar as comunidades indígenas nos setor de saúde, educação, agricultura. Como se vê, o método de sempre: aliciamento e ameaça. Também é um só o objetivo: ocupar terras indígenas".
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No dia seguinte ao encontro com o arcebispo, viajei em uma caminhonete até a aldeia dos Macuxis, denominada Maloca Santa Cruz, localizada no pé de uma montanha. Essa maloca se destaca como o principal núcleo da reserva indígena Raposa-Serra do Sol, onde viviam na década de 90 do século passado mais de 25 mil índios. Eles ocupavam quase 54 mil hectares, área geograficamente localizada no município de Normandia, na fronteira do Brasil com a República Cooperativa da Guiana, ex-possessão do governo britânico.
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Minha missão era gravar o relato dos indígenas mais expressivos da tribo e repercutir a situação por eles vivida, destacando o assassinato de dois índios: Damião Mendes e Mário, por jagunços a mando do fazendeiro Newton Tavares. Mas, sob o sol ardente e um calor de quase 40 graus, sem apetite e, portanto, sem me alimentar, tomava doses de cachaça, que havia trazido escondido. Era o vício a me perseguir nos rincões mais distantes. Esse abuso me levou a enfrentar violenta diarréia, resultando em uma infecção intestinal e, em seguida, sinais evidentes de hemorróida. Vou morrer aqui neste fim de mundo, longe das pessoas que mais quero, pensei, olhando para a imensidão da floresta a me rodear...
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Na próxima quarta-feira, o vigésimo capítulo de "Memória Terminal", do jornalista José Marqueiz, Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, falecido em 29/11/2008. O Prêmio Esso de Jornalismo é o mais tradicional, mais conceituado e o pioneiro dos prêmios destinados a estimular e difundir a prática da boa reportagem, instituído em meados da década de 50.
(Edward de Souza/ Nivia Andres).
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30 comentários:

  1. Bom dia amigos (as) deste blog...
    Perceberam neste capítulo de hoje? José Marqueiz era mesmo especialista em índios, tanto que mais uma vez se deslocou para Roraima, desta feita convocado por uma missionária para escrever uma série de reportagens sobre os conflitos entre a tribo dos Macuxis, ou também pode ser Makuxis, e fazendeiros. O arcebispo dom Aldo Mongiano estava à frente desta luta e teve até sua casa incendiada por jagunços, isso José Marqueiz não conta, mas sugiro a vocês que façam uma pesquisa sobre o caso na internet, vão encontrar um bom assunto a respeito deste conflito no extremo norte do país. Uma missão corajosa, até porque, caso os fazendeiros em pé de guerra contra os índios descobrissem que o jornalista ali estava para escrever um livro sobre esses problemas, poderiam mandar matá-lo. Alguns índios foram mortos neste conflito.

    José Marqueiz poderia, quem sabe, caso concluísse a reportagem como o fez no Xingu, ao lado dos irmãos Villas Boas durante a descoberta dos índios gigantes, até faturar mais um Prêmio Esso de Jornalismo, mas o vício da bebida estragou tudo, conforme ele começa a relatar no final do capítulo de hoje e termina na próxima quarta-feira. Não entro em detalhes sobre isso porque o relato está no vigésimo capítulo desta série. José Marqueiz falou sobre o Maciel, que não sei por onde anda. Possivelmente ainda com escritório de advocacia e com jornais em São Bernardo do Campo. Bom amigo e espero que mantenha contato conosco.

    Outro capítulo desta série inédita e pioneira na internet. Comentem!

    Um forte abraço a todos...

    Edward de Souza

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  2. De fato, Edward, José Marqueiz era mesmo um especialista em índios. Deve ter aprendido muito com os irmãos Villas Boas, não é mesmo? Vou aceitar sua sugestão e fazer uma busca sobre esse caso na internet, mas é uma mancha negra para o nosso país esses conflitos entre brancos e índios por causa de um pedaço de terra. Penso que a Funai camufla muitos casos violentos contra os índios, sempre perseguidos pelos brancos que buscam tomar sua terras. É vergonhoso! Continuo seguindo, está maravilhosa a série.

    Bjos

    Gabriela - Cásper Líbero - SP.

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  3. O capítulo de hoje, além deste relato sobre os índios macuxis, tem outra revelação que, com certeza, não é surpresa para a maioria dos frequentadores deste blog. Exatamente quando José Marqueiz escreve que tomou muitas cachaças com Lula, nosso Presidente da República, em bares perto do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. José Marqueiz faleceu em 2008, de acordo com os dados fornecidos no rodapé do blog. Com certeza teve tempo de ver Lula tomando só escocês de primeira linha e já no seu segundo mandato. Será que José Marqueiz não exclamou o famoso: "quem te viu, quem te vê?"

    Adoro esta série!

    Beijos a todos,

    Larissa - Santo André - SP

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  4. Larissa, com certeza o José Marqueiz acompanhou toda essa trajetória do Lula. Uísque escocês não é nada, menina! E a reforma que fez no Palácio do Alvorada, sua residência, e divulgada ontem pelo Jornal Nacional. Até me belisquei, pensando ter ouvido errado. Gastou mais de 100 milhões de reais, será que alguém ouviu? Com o nosso dinheirinho. Sem contar o jatinho da presidência, um verdadeiro absurdo para um país onde a pobreza impera. Nosso Lula nada em ouro como o tio Patinhas e a corja que o acompanhava, que alguns idiotas acham que foi afastada, como José Dirceu, Palocci, Genoíno e companhia, continua dando as cartas e jogando de mão. Cachaça, pode até ser que nosso presidente ainda toma, mas custa mais de mil reais a garrafa de 750 ml, segundo a revista Veja. É a tal de "Havana", fabricada em Salinas. Ou seja, mais de 100 reais a dose, pode?

    Por isso gosto da série de José Marqueiz, a cada capítulo mais revelações. Bom demais!

    ABÇS

    Birola - Votuporanga - SP.

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  5. Bom dia, amigos e amigas!

    José Marqueiz teve uma vida muito movimentada, pelos relatos que lemos, até agora, nos quase 20 capítulos de Memória Terminal. Como poucos, exercitou suas competências na profissão jornalística e não recusava trabalho duro! Para nós, que habitamos no sul do país, o clima da região norte é bastante agressivo - calor insuportável, umidade do ar sempre muito alta, chuvas constantes, o perigo das doenças infecciosas, como a gastroenterite e a malária...Mesmo assim, Marqueiz incursionou, várias vezes, pela região Amazônica! Corajoso! E, certamente, ávido de mostrar as vicissitudes dos indígenas, que sempre foram usados pelos ditos "civilizados".

    Esperemos o novo capítulo, ansiosamente, para conhecermos o desfecho de mais esta aventura de José Marqueiz.

    Um abraço a todos.

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  6. Concordo com vc, Nivia, é preciso muita coragem para enfrentar um clima destes. E os jagunços que no relato de José Marqueiz eram contratados pelos fazendeiros para eliminarem quem ousasse desafiá-los? Imagine se descobrem que o arcebispo e a missionária levaram um jornalista para relatar num livro todas as falcatruas que aprontavam contra os índios? Temos conhecimento que ainda nesta região se mata por qualquer tostão, não importa quem seja a pessoa. Atravessou o caminho deles, o risco de morte é iminente. Vamos ler o próximo capítulo, está muito boa a série.

    Beijos,

    Giovanna - Franca - SP.

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  7. Nivia, desculpe-me, esqueci de perguntar, mas o Edward anunciou em comentário na crônica do Milton Saldanha sobre economia, que você escreveria um texto ontem sobre política. Vim várias vezes ao blog para ler. Deixou para outro dia? Gosto muito de ler suas crônicas.

    Beijos,

    Giovanna - Franca - SP.

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  8. Oiê, amigos (as)...
    Como sempre, brilhante, elucidativo e até certo ponto emocionante, esta página do nosso glorioso Marqueiz, publicada hoje no blog. Tive o prazer de conviver com ele na Rádio Diario do Grande ABC em meados de l980. Uma inteligência diferenciada e profissional respeitado e competente mas, como ele relata, dominado pela bebida. Como ele, também convivemos alguns momentos com o Lula metalúrgico em roda de dominó e truco no Bar do Peixe, ainda hoje existente no Bairro São José, em São Caetano, e, ainda, degustando saborosa chuleta no Restaurante do Gijo, no Bairro Assunção, em São Bernardo. Era outro Lula, com certeza.
    Vamos acompanhando aqui pelo blog suas históricas e incursões pela história. Pela convivência, garanto que poucos conheceram tanto nosso saudoso Marqueiz como o amigo-irmão Edward de Souza.


    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  9. Olá Marqueiz

    Bom dia

    Neste capítulo de suas memórias você se supera ao confessar que a bebida causou um fracasso profissional.
    A cada confissão uma revelação e, em conseqüência, um aprimoramento espiritual.
    Tenho uma opinião muito particular a respeito de nossos indígenas.
    Não existe um futuro para os índios. Eles deveriam ser integrados a sociedade gradativamente através de seus descendentes.

    Um abraço

    Paz. Muita Paz.

    J. Morgado

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  10. Querida Giovanna,

    Não foi possível postar a crônica ontem. Avisei em comentário, ontem. Amanhã publicarei.

    Um abraço.

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  11. Bom dia amigo Edward, colega de jornalismo e de letras. Caros leitores e amigos.
    Como sempre o Marqueiz nos surpreende a cada capitulo de Memória Terminal, abordando grande variedade de assuntos. Mas vou comentar um trecho em que ele deixa o escritório de contabilidade e retorna para o jornalismo, justo na época em que o Lula começa a aparecer. Naquele tempo das greves e das manifestações contra a Ditadura Militar, os jornalistas não saiam de São Bernardo do Campo, e em especial da sede do Sindicato dos Metalúrgicos. As melhores matérias, a manchete, os "furos" de reportagens estavam ali. Naquele tempo, a gente saia só para dar uma volta, tomar um café, ou algum aperitivo no bar mais próximo e muitas vezes o Lula e outros diretores do sindicato iam juntos. Lembro que eu, José Marqueiz, Edward de Souza, e muitos outros jornalistas, éramos amigos íntimos do Lula. A minha ex-mulher, Alice, gosta de lembrar que, quando a gente encontrava o Lula, ele costumava me chamar de "mestre", talvez porque o meu nome é um pouco complicado para ser decorado.

    Mas havia tanto trabalho, que em 10 de maio de 1980, quando nasceu meu filho caçula, Thiago Vinicius de Lima Pafundi, não pude levar a Alice a maternidade. Quem o fez foi a nossa comadre Mirna. Eu trabalhava na Sucursal ABC do Estadão e consegui um dia de folga para ir ao hospital levar flores para a Alice e ver o meu garoto que nasceu com saúde e bem forte. O nome Vinicius, claro, foi homenagem ao poeta Vinicius de Moraes, que o Marqueiz gostava muito e com quem fez uma entrevista publicada no antigo News Seller, que lhe abriu as portas para o jornalismo. Por influência do Marqueiz, eu e a Alice também começamos a ler e comprar os livros com poemas do Vinicius. Mas meu filho não teve queda para o jornalismo e nem para a poesia. Meus cumprimentos pela série, Edward.

    Obrigado e saudações,

    Hildebrando Pafundi - escritor e jornalista.

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  12. Edward, pena que no capítulo de hoje José Marqueiz não cita a origem desta missionária que passou a ele a tarefa de escrever um livro sobre essa tribo indígena de Roraima, os Macuxis, isso? Certamente tinha dinheiro, fornecido por alguma organização internacional de proteção aos índios e não é brasileira, está claro. Não sei se você ou a Ilca poderiam me dizer alguma coisa sobre isso. Pagar um jornalista para ir tão longe e arriscar a vida, deve ter custado caro. Aproveitem, se tocarem neste assunto e me digam onde foi tirada a foto acima, que ilustra o capítulo de hoje. Teria sido em Roraima?

    Obrigada, gosto muito desta série de José Marqueiz. Não perco um só capítulo. Pena que sou muito curiosa, não? (rsrsrsrsrsrsrsrs).

    Bj

    Tatiana - Metodista - SBC

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  13. Olá, pessoal querido, olá Tatiana, não me lembro o nome da missionária. Era brasileira e trabalhava diretamente com o bispo D. Aldo. Devo ter alguma foto em casa, vou localizar. A foto da abertura é anterior, de 72/73, na base área do Xingu, Xavantina. Chegava-se ao Posto Leonardo somente pelos aviões do Correio Aéreo Nacional.

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  14. Neste capítulo de hoje um momento romântico, de muita beleza,quando José Marqueiz fala do carinho da Ilca e do sonho de viverem juntos muitos e muitos anos em uma casa tranquila em Iguape e também passearem descalços nas praias de Ilha Comprida. José Marqueiz confessa que sentiu-se confortado e com mais forças para enfrentar a doença que já lhe incomodava, com essa intervenção da Ilca. Você foi forte, Ilca e companheira do marido nas horas difíceis. Fiquei emocionada ao ler esse trecho. Lindo!

    Bjos

    Carol - SBC

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  15. Oi Carol, também fiquei vidrada nesta parte do capítulo de hoje. Cheguei a ler duas vezes. De fato é emocionante esse relato. Sonhar com a velhice num lugar lindo e tranquilo e deixar de lado os pensamentos ruins que o atormentavam por causa desta terrível doença que não perdõa.
    Admirável também a coragem do jornalista, enfrentando o desconhecido para escrever um livro sobre os sérios problemas que uma tribo indígena enfrentava. Lendo as explicações da Ilca, fiquei surpresa, uma missionária brasileira se unindo a um arcebispo nesta luta para o bem estar dos índios. Maravilhosa essa série. Já estou curiosa para ler a sequência no próximo capítulo.

    Beijos a todos,

    Cindy - São Caetano do Sul

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  16. Ilca, obrigada pelas explicações, vc é maravilhosa e José Marqueiz realmente um homem de sorte, por escolher uma companheira como você. Como a Cindy, fiquei surpresa em saber que a missionária era brasileira. Se encontrar a foto, Ilca, peça ao Edward e a Nivia para publicarem, seria ótimo saber de quem se trata.

    Beijos e obrigada mais uma vez.

    Tatiana - São Bernardo do Campo

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  17. O que me encanta seguindo esta série é a forma como José Marqueiz conduz seu texto. Confesso-lhes que quando começou a série, eu esperava que ele iria apenas falar de sua doença, seu sofrimento, sobre o tratamento a que era submetido, enfim... Enganei-me redondamente. Não só no capítulo de hoje como nos anteriores, José Marqueiz traz fatos novos, muitos surpreendentes, outros emocionantes e a maioria, novidade, como o caso desta reportagem que ele aceitou fazer em Roraima, correndo sérios riscos. Estou curiosa para ler a sequência, certamente com desfecho inesperado, como muitas vezes acontece. Nota 1000 para a série!

    Beijos,

    Tânia Regina - Ribeirão Preto - SP.

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  18. Olá Edward boa tarde tudo bem, estou vizitando seu blog, parabéns muito legal e de ótima qualidade, aproveito para convidar vc para vizitar e conhecer meu blog, se quiser seguir será bem vindo por lá, uma ótima semana, aguardo sua vizita abraço.

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  19. Olá Alexandre, certamente lhe visitaria com prazer, mas você se esqueceu do principal, não deixou o endereço do seu blog. Se tivesse entrado em meus seguidores, seria fácil ir lhe visitar. Espero que volte e nos passe seu endereço, certo, amigo?
    Ilca, querida amiga, muito obrigado pela ajuda, esclarecendo as dúvidas que não eram somente da Tatiana, mas também minhas e de outros leitores e leitoras do blog.

    Meu querido amigo-irmão Lavrado, você tem razão, convivi muitos anos com José Marqueiz. Trabalhamos juntos num jornal e éramos amigos também nas horas de lazer. O Garcia Netto, em um dos seus comentários, disse que jamais ouviu nenhum relato de violência praticada pelo Marqueiz por causa da bebida. Não só eu, mas a Ilca, Pafundi, Édison Motta, Milton Saldanha, Sonia Nabarrete, Betinha e você, Lavrado, além de outros amigos, podemos atestar isso. José Marqueiz era um homem de bem e pacífico. Se fez mal, foi apenas a ele. Uma figura carismática, triste vez ou outra, alegre sempre, com sua estrondosa gargalhada que chamava a atenção de todos.

    Perceberam quando Marqueiz escreve sobre a Ilca, a Ilha Comprida, um sonho que não se realizou? Cita um bando de cães e gatos lhe fazendo companhia nesta ilha paradisíaca. Pergunto: pode um homem sensível, que ama os animais, não ser um bom caráter? Marqueiz era um "cara" formidável e meu deu um cachorrinho, lembra-se, Ilca? Fui buscar na casa dele e da Ilca um pequinês, carinha para a frente, patinhas de leão, olhos enormes, marrons, da cor de seus pelos. Chamava-se Kadu. O Lavrado viajou comigo e com o Kadu lambendo-lhe a nuca, certa feita, foi muito engraçado esta passagem. Kadu morreu com mais de 15 anos de idade e foi meu companheiro fiel todos estes anos. Um presente do Marqueiz e da Ilca.

    Abraços...

    Não se esqueçam que amanhã tem uma bela crônica da Nivia Andres neste espaço.

    Edward de Souza

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  20. Edward, chego da faculdade e antes de tomar meu banho venho ler o capítulo escrito pelo José Marqueiz para depois imprimi-lo. E olha que faz 35 graus hoje aqui na Baixada. Tenho os 19 capítulos, com esse de hoje, impressos com as fotos e ilustrações. Vc trocou o logotipo acima que anuncia a série e eu achei que esse ficou mais bonito. Tem a ver com a série. Li o texto de hoje sobre a reportagem do jornalista em Roraima, que deverá se completar no próximo capítulo. Está empolgante, Edward. Muitas amigas minhas também estão acompanhando a série, viu?

    Beijinhos,

    Talita - Unisantos - Santos - SP.

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  21. Você tem toda a razão, Edward, José Marqueiz fez mal a ele, basta ler alguns capítulos anteriores e o final deste de hoje. Um calor de 40 graus, e o jornalista, sem se alimentar, bebendo cachaça, como ele afirma. O resultado não se fez esperar. Infecção intestinal e outras sérias complicações que teve que enfrentar. Vamos ler isso no próximo capítulo, não é?

    Achei uma barbaridade este relato da pressão que os índios sofriam por parte de fazendeiros e jagunços. Penso que J. Morgado tem mesmo razão, e repito o que ele disse no final do seu comentário: "não existe um futuro para os índios. Eles deveriam ser integrados a sociedade gradativamente através de seus descendentes". Está correto, apesar de ser injusto tirar deles seus costumes e suas terras.

    Beijos,

    Andressa - Cásper Líbero - SP

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  22. Oi Edward, são tantas lembranças boas e uma saudade imensa.

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  23. Oiê, meu caro Edward. Pensei que você tivesse esquecido do bendito Kadu, que cansou de me encher o saco em uma viagem de Franca de retorno ao ABC. Outra vítima do presente do Marqueiz foi o Agapito Assunção, operador de som da Rádio Diário. Nessa viagem, o seu Kadu fez o neguinho (Agapito) sofrer pra burro. Não fosse o aprêço que tenho por você e o Marqueiz, certamente teria torcido o pescoço do intrépido Kadu e entregue seu corpo pra fazer sabão, mas ele sobreviveu, e nós também.

    abraços
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  24. Boa noite a todos!
    Meu amigo Oswaldo Lavrado e Edward de Souza. Não digo que a série do José Marqueiz reúne amigos e traz assuntos esquecidos? É o caso do Kadu e faço aqui minha sugestão ao Edward. Escreva com seu texto satírico uma crônica sobre essa viagem, vai ser engraçado demais, porque conheço a história que você me contou em seu apartamento, no centro de Santo André. Por sinal, o personagem principal do assunto estava lá e vocês podem não acreditar. Estava um frio de derrubar qualquer um e o Kadu deitado num canto, claro, numa cama baixinha que era dele, com cobertores e de gorro. Juro que eu vi isso e o Edward que não me desminta. Vale a pena ser cachorro do Edward, tem vida boa...

    Com o nosso saudoso e querido amigo José Marqueiz a mesma coisa. Eu já vi Marqueiz socorrendo cachorro ferido na rua e encaminhá-lo a um veterinário, arcando com as custas do tratamento. Tem uma coisa, pensei que conhecia bem o Marqueiz, mas a cada capítulo, fico surpreso com os casos que ele relata, como esse dos índios de Roraima. Nunca soube disso. E como o pessoal mais assíduo que frequenta o blog, também estou esperando ansioso o próximo capítulo para saber o que virou essa incursão do Marqueiz no extremo norte do país. Sinto apenas a falta de muitos amigos, como o Renato Campos, Flavio Soares, Soninha Nabarrete e a Betinha. Onde andam?

    Abraços Edward e não fique nervoso com as revelações que fiz, senão volto e faço outras.

    Luiz Antonio ( Bola) - Jornalista – Santo André

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  25. Esta foi uma época cheia de episódios importantes e muito bem contados pelo autor. Lembro dos irmãos Vilas Boas e suas descobertas de novas tribos, os relatos de índios gigantes e ainda sem contato com a civilização. Pena que a cachaça faça das suas, tanto com o Marqueiz, como com o presidente. Os índios não fugiram à regra e os problemas de demarcação de terras ainda persistem.

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  26. Sigo este blog pelo alto nível de postagens e de comentários. Série como Memória Terminal, ou no mesmo estilo, não existe em blog algum, verifiquem. O blog do Edward e seus amigos é mesmo pioneiro ao lançar uma série de qualidade como essa. Quero parabenizar a Ilca e ao Edward por seguirem fielmente o texto escrito pelo José Marqueiz e editá-lo como o jornalista escreveu. E como sei que isso está sendo feito? Simples... Fosse ao contrário, muitas revelações de José Marqueiz, como por exemplo, seu vício com a bebida, não teria, pelo menos em grande parte, sido publicado. No próximo capítulo, seguindo as linhas que encerraram este texto de José Marqueiz, mais revelações sobre esse grande problema com o alcoolismo nos esperam, tudo leva a crer.

    Parabéns a todos deste blog pela série e meus cumprimentos, Ilca, por tornar público as memórias do homem que foi seu companheiro de toda uma vida.

    Michelle – Florianópolis - SC

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  27. Edward e Nivia, eu amo esta série e não perco um só capítulo. José Marqueiz tinha um texto maravilhoso. Também estou imprimindo todos os capítulos. Minha mãe, que nem chega perto do computador, fica me cobrando todas as quartas, assim que chego em casa, o capítulo do dia. Já está agora, no sofá, lendo com muito interesse.

    Obrigada,

    Katia R. Mendonça

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  28. Oiê, grande Bola, saudade cara...
    O bendito do Kadu era tratado como um rei pelo Edward. Como disse acima,esse cão azucrinou minha vida e do Agapito (você lembra dele, da rádio, né?). Aqui o tal de Kadu era um nababo e em Franca sua majestade. Segundo o Edward o cachorro morreu, em Franca, aos 15 anos de idade e com diabetes. Deve ter morrido e deixado sua diabetes para mim.
    Então, caro Bola,o Renato Campos está em Santo André numa boa, o Flávio Soares sinceramente não me lembro dele; a Sônia Nabarrete está em São Bernardo e a Betinha em Santo André. Quando estive internado, começo deste ano, as duas foram me visitar no Hospital Anchieta e quase me "mataram de rir" com as gozações, lembrando o pessoal dos anos 70 do Diário.

    abraços e saúde cara
    Oswaldo Lavrado - SBCampo

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  29. Gente, o Edward fica devendo mesmo as histórias do Kadu, estamos esperando.

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  30. Boa noite Edward, estou voltando p/ deixar o endereço de meu blog que da outra vez acabei esquecendo de deixar o endereço é: friendnovo,blogspot.com, aguardo sua vizita e de todos que, queiram vizitar meu blog abraço a todos.

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