
OS PSICOPATAS DA TECNOLOGIA

O uso crescente de equipamentos eletrônicos – celulares,
câmeras fotográficas, filmadoras, etc. – infelizmente, não está sendo acompanhado de manuais de boa educação

O único e grave problema é que essa nova onda de consumo e tecnologia sofisticada, infelizmente, não vem acompanhada de um manual de ética e boa-educação. Para começar, existem os casos de pura inexperiência, sem maldade, mas que incomodam muito. Exemplo explícito foi o comportamento da fotógrafa oficial contratada por um evento de dança, recentemente. Postava-se de forma totalmente inadequada na frente do palco durante as apresentações. E o pior: ali mesmo, atrapalhando a visão do público e o trabalho dos demais profissionais de imagens, subia em cadeiras, pasmem, para fazer suas fotos. Mais inexperientes ainda do que a moça, os organizadores permitiram esse absurdo.
As pessoas precisam aprender que um palco, durante um evento, transforma-se num local sagrado. E que o público pagante, ou não pagante, merece o máximo respeito. É inaceitável que fotógrafos e cinegrafistas, incluindo os oficiais de qualquer evento, se achem no direito de ficar circulando e, com isso, prejudicando o espetáculo e a visão das pessoas. Jorna


O problema é que essa verdadeira proliferação de máquinas fotográficas e filmadoras, de profissionais, semi-profissionais e amadores, passou a invadir todos os recintos e a maioria das pessoas não se educou para isso. Erguem suas filmadoras no meio da platéia, na maior cara de pau, e estão se lixando para quem sentou atrás. É mais uma demonstração da falta de educação que assola nosso país. Fruto, convém salientar, do individualismo exacerbado, que leva as pessoas a só enxergar sua própria face no espelho. Elas se acham no direito a tudo, os demais que se danem. Experimente reclamar desses grosseiros. Eles se enchem de razão e não raro partem até para a ignorância, como se o errado fosse aquele que pede educação. Nos workshops de dança é muito comum o professor pedir que não filmem durante a aula. No final, na maioria dos casos, eles dançam para essa finalidade. Pois bem, sempre tem um surdo que puxa a máquina da bolsa e manda ver. Ai o professor fica irritado, se desconcentra, tem que repreender o mal-educado, em prejuízo de todo o grupo, porque isso quebra a dinâmica da aula.

Um dos prazeres de fazer este jornal é saber que ele é parte ativa e influente de uma comunidade saudável e espetacular, aglutinada na dança de salão. Espetacular, contudo, não significa perfeita. Ainda temos problemas muito sérios, que precisamos reconhecer e combater, em questões básicas de educação e comportamento em ambientes coletivos. Há pessoas em nosso meio, infelizmente, que sequer sabem usar um banheiro. Não acionam descarga, deixam papel no chão, não lavam as mãos e depois vão dançar, entre outras atitudes feias. Não são poucas, e estão presentes em todos os segmentos, como o tango, salsa, zouk, samba, forró, etc. Algumas, de suposto nível social elevado e acima de qualquer suspeita, são as mais porcas. Não bastasse isso, agora começa a crescer essa legião despreparada, em termos de educação, para o uso da tecnologia. Aí você vai somando tudo e percebe que a situação é desanimadora. Há os que se salvam, ainda bem, espero que você esteja entre eles. Estes fazem a diferença, e que diferença!
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*Milton Saldanha é jornalista, escritor e tangueiro. Editor do Jornal Dance, especializado na divulgação da dança de salão. Acesse http://www.jornaldance.com.br/
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